domingo, 21 de junho de 2020

W87 TIA LENA REVISTO

sábado, 16 de maio de 2009

W87 - MARIA MADALENA BARBOSA AGUIAR DE ALMEIDA RIBEIRO - a TIA LENA

Maria Madalena Barbosa Aguiar ( Almeida Ribeiro, por casamento), foi a primeira Aguiar nascida na "Vila Maria", em 16 de Maio de 1926. A última de 8 irmãos, tinha apenas dois meses, quando o Pai morreu.
A casa tinha sido inaugurada e habitada, pouco antes. Ainda tudo estava em crescimento: as rosas, as árvores, as vinhas... tudo tinha, praticamente, poucos tempo mais do que a menina.
Tão bonita, tão calma, com os seus grandes olhos azuis!
Nem parecia irmã dos irmãos, tão indisciplinados e propensos à asneira!
Uma das teses para explicar o fenómeno, é o facto de ter sido criada "a meias", entre a Avó, na altura, naturalmente, uma jovem viúva amargurada, e os tios Hermínia e Alexandre, pilares de bonomia. Moravam em frente à Vila Maria ao mirante da casa.
O Tio Alexandre foi o verdadeiro segundo pai para todos, mas encarregou-se, em especial, da educação do rapaz mais velho, o Tio Manuel (a quem insistiu em pagar os estudos, do colégio e do curso de Medicina) e da menina mais nova, a Leninha.
Passava o dia com eles, regressava à companhia da Mãe e manos ao fim da tarde. Aprendeu a encarar a vida, com o pragmatismo característico da Tia Hermínia.
 É, também, de admitir que fosse naturalmente, por  temperamento, mais ponderada e tranquila, em que à predisposição se acrescentava o factor cultural da educação.
Estudou num colégio, no Porto, e foi a que mais longe levou os estudos de piano, no Conservatório de Música.
Teve muitos problemas de saúde na adolescência, mais do que uma pleurisia grave - tudo superado na idade adulta.
Na breve história de vida do Tio David, já contei como aconteceu o romance que ou uniu - para. Usando uma linguagem que o Cavaquismo lançou, noutros domínios, "um casamento de sucesso".
A Tia Lena e o Tio David, foram para tantos e tantos sobrinhos "Aguiar" os "segundos pais", à maneira do Tio Alexandre e da Tia Hermínia. Queridíssimos!...
Quantos dias passados na casa da Rua Firmeza, no Porto!
Quantos passeios, almoços, jantares, cinemas, festas". Quantas recordações!
Depois que enviuvou, a Tia foi viver para casa do Mário, em Gondomar, continuando no mais esplêndido ambiente familiar, rodeada de cuidados e de carinho - como merece!
Eternamente jovem, porque se mantém com um espírito vivo, sempre muito atenta aos problemas de todos, sempre participativa, sempre a grande amiga e confidente!












Publicada por MA em 10:22   

13 comentários:

Maria Manuela Aguiar disse...
A Tia Lena faz tudo bem, bordados, rendas complicadas, bolos deliciosos - uma sorte para o Tio David, que era um grande apreciador. Como nós éramos, a Lecas e eu. Quantas vezes almoçámos com eles, na casa da Rua Firmeza, brincámos com os cães - o Bobby e a Fusca - e com os gatinhos. Havia os de dentro (como o o Pinóquio e o "Bolinhas"), e os de fora, que alimentavam, viessem de onde viessem!
Outros atractivos eram os "bibelots" da Tia Lena,  e as suas histórias, que eu, criança, ouvia enlevada, com predilecçao por um lindíssimo canarinho, muito amarelo. A Tia, quando desfez a casa e foi morar com o sobrinho Mário, em Gondomar, não se esqueceu e deu-mo. Está guardado, entre as preciosidades, com direito a estante especial...
O quarto grande dos Tios dava para a rua, então muito animada. Para a Lecas e para mim era como ir ao cinema. Eu, com 5 ou 6 anos, entretinha-me a anunciar as marcas de todos os carros que passavam - e nunca falhava! Para espanto geral e particular interesse do Tio David.
Tinha uma paixão pelo automobilismo, que não veio a confirmar-se na idade adulta. Estava habituada a ir com estes Tios e os Pais, a todas as corridas, do Porto a Vila Real... Hoje, distingo, apenas, um ou outro dos meus favoritos. Como regredi!
quarta-feira, 20 maio, 2009 
Maria Manuela Aguiar disse...
Na segunda meia década de 40 e na de 50, dávamos passeios de carro, todos os fins-de-semana, a Braga, Viana, ao Douro... - e eu queria ir sempre no carro do Tio David e da Tia Lena, que era o mais veloz. Um daqueles lendários "Citroen", famosos pelas suas linhas e estabilidade. Nas mãos de um fantástico volante, como o Tio David, voava! Com tangentes aos obstáculos humanos ou materiais, com ultrapassagens emocionantes. E a Tia imperturbável, nunca sugeria abrandamentos!
quarta-feira, 20 maio, 2009 
Maria Manuela Aguiar disse...
Um dia, sem querer, preguei um grande susto à Tia Lena. Estava na Suíça, num estágio de vários meses, em pleno inverno. Recebia muita correspondência, cartas, postais do Porto, para mostrar aos colegas - e a Tia era das mais assíduas escritoras. Numa dessas cartas ou postais, perguntou-me os preços dos casacos de "astrakan", lá em Genebra. Chegamos à conclusão que eram mais baratos do que no Porto e eu fui encarregada de lhe comprar um, preto.
Coisa complicada, porque não sabia distinguir bons ou maus cortes, nem a qualidade das peles. Guiei-me pelo aspecto e prestígio das lojas, e fui fornecendo detalhes. Falei de um, que achava bonito e em óptimo preço, mas que tinha mais partes "rapadas" do que os outros.
Resposta aflitíssima da Tia Lena, logo secundada pela minha mãe, postal atrás de postal, a recomendar que não escolhesse o do pêlo rapado! Nem que fosse de graça! Fora má escolha do adjectivo, não do casaco: eu queria dizer partes mais "lisas", menos encaracoladas.
Quem acabou por escolher, competentemente, o casaco foi a prima Cristina, num fim de semana, que veio passar a Genebra. Que sorte para a Tia Lena!  Aterrei com ele vestido, no Aeroporto da Portela - chiquérrima!
segunda-feira, 25 maio, 2009 
Maria Manuela Aguiar disse...
Noite de festa, em casa da Tia Lena... Todos, incluindo Oo meus pais, a Lecas e eu, estávamos a brindar, com um cálice de Porto - os nossos, crianças, naturalmente, quase vazios, a "fazer de conta" - e a Lecas, não sei como, "trincou" o copo e logo começou a retirar com a mão e a mostrar pedacinhos de cristal! Foi um alvoroço, a averiguar se não restava alguma partícula de vidro na boca da menina!...
Eu lembro-me de ter tido. além dessa preocupação, um desgosto por ver deitar ao lixo um cálice tão bonito, finíssimo,  de casa da célebre avó mais do que centenária do Tio David... Sempre gostei de antiguidades...
segunda-feira, 25 maio, 2009 
Maria Manuela Aguiar disse...
Ainda relacionados com uma bebida, recordo os bons momentos passados na antiga cervejaria Cuf, ali bem perto de onde agora mora o Paulo (o conjunto de prédios Mota Galiza). Foram os primeiros "finos", bebidos em local público, já com uns 14 ou 15 anos. Era um local muito "in", sempre cheio, cerveja óptima, uma animação que nos dava a sensação de estarmos em Munique!
Os tios eram uns aliados e companheiros maravilhosos, sempre a descobrir distracções próprias para a nossa idade e gostos das sobrinhas. Às vezes, os meus pais também alinhavam, mas outras vezes, não - íamos com os tios, depois de ter almoçado e jantado com eles. Oh, que saudades!!
segunda-feira, 25 maio, 2009 
Maria Manuela Aguiar disse...
Sempre conheci a Tia Lena bem disposta e de boa saúde, mas lembro-me de ouvir contar as histórias das suas doenças de criança e adolescente. Em particular de uma que muito me impressionou, e que tem como protagonista
a Tia Rosaura: entrou no quarto da doentinha, olhou para ela e disse: "desta não escapa". Em voz audível! Valeu a fibra da Tia Lena... Se fosse eu, morria mesmo -  de susto... Pela vida fora, quando a Tia Rosaura fazia um vaticínio fatal, nós davamos um desconto.
sábado, 30 maio, 2009 
Docas disse...
A casa da Dona Cândida, onde eu vivia, enquanto estudava no Porto, ficava pertíssimo da da Tia, quase ao virar da esquina da Rua Firmeza. Passava em frente a caminho das aulas, e visitava-a, constantemente. Muitas vezes, ía almoçar. O ambiente era muito calmo e agradável. Nunca se ouvia uma palavra mais alta. O Tio David era muito carinhoso com a Tia, chamava-lhe sempre "Leninha" ou "a minha Leninha".
Às vezes, eu saía com ela, lembro-me, sobretudo, de a acompanhar a casa da Laís, uma senhora muito alegre, dinâmica e divertida. Uma das filhas, a mais velha, era da minha idade. Brincávamos as duas. Em dias de festa, havia muitas crianças! A menina tinha tido um problema na coluna e usava um colete até ao pescoço - mas acho que ficou completamente boa.
sábado, 08 agosto, 2009 
Docas disse...
O quarto dos Tios era muito grande, com uma mobília antiga, e, em cima da cómoda, no tampo de mármore branco, a Tia Lena espalhava inúmeros "bibelots" de porcelana, em miniaturas, que faziam o meu encanto. A colecção crescia, porque todos lhe ofereciam, mais e mais miniaturas. Até que a Tia Lena teve de prevenir que já não tinha espaço para tantas prendas!
sábado, 08 agosto, 2009 
Docas disse...
Agora passa-se muito tempo sem ver a Tia Lena. Tenho pena, porque me sinto muito próxima dela, penso nela muitas vezes. Convivi com poucos dos meus tios do lado materno e paterno: desta forma, para além da Tia Lena e Tio David, só com a Tia Mariazinha, o Tio João e o Tio Zé, meu padrinho. Não pude ir a Gondomar em Maio. Espero ir lá, dar um abraço, na próxima semana!
sábado, 08 agosto, 2009 
Maria Manuela Aguiar disse...
Também eu me sentia fascinada pelas miniaturas de porcelana da Tia Lena, sobretudo o canário amarelo - gordo e redondinho, parecia vivo, embora muito quieto!
E a Tia Lena não o esqueceu. Tantos, tantos anos mais tarde (meio século!) A Tia Lena não tinha esquecido essa admiração. Quando, depois da morte do Tio David, fechou a casa e foi morar em Gondomar, com o sobrinho Mário, ofereceu-me o canário!
Guardo-o como uma recordação maravilhosa da minha infância, das visitas excitantes ao "paraíso" da Tia Lena, como uma prova da atenção e da amizade que tinha e tem por nós.
domingo, 09 agosto, 2009 
Maria Manuela Aguiar disse...
Guardo, também, como verdadeiras obras de arte, muitas rendas feitas pela Tia Lena. Uma artista, como a Tia Rosaura! Na minha geração, a única continuadora destes saberes antigos é a Xana. Depois, não sei se haverá alguém...
Quando fui viver no apartamento da Avenida do Uruguai, a Tia Lena, depois de uma visita que me fez, com o Tio David, tricotou uma colecção completa de almofadas de lã, de cores e formatos variados, que combinavam perfeitamente, com o sofá e os maples, cor de cinza. Ainda as conservo, mas recolhidas, como recordação, para não se estragarem. Já não existe o sofá cinzento. Em Lisboa, o sucessor é demasiado florido, para as receber. Em Espinho, sim, há três, de cores lisas, onde elas assentam perfeitamente. Mas, com sete gatos tolos em casa, estavam demasiado expostas. Quando eles envelhecerem e se tornarem mais pacatos as almofadas vão regressar a cena. São muito originais.
segunda-feira, 10 agosto, 2009 
Maria Manuela Aguiar disse...
Hoje, falei pelo telefone com a Tia Lena - acaba de regressar das férias de Marbella, onde esteve com o Paulo, Marta e meninos. Vem felicíssima e, no próximo fim-de-semana, parte, de novo, com eles, a passar uns dias nas praias da Galiza!
  A Tia Lena, durante as férias, encontra sempre tempo para nos mandar um postal, com as vistas da cidade onde está!
Cá recebemos um para nós e outro para a afilhada Lelé, que não tem aparecido e, por isso, o vai ler depois de já ter conversado pessoalmente com a madrinha...  
quarta-feira, 28 julho, 2010 

Sem comentários:

Enviar um comentário