segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

MULHERES D ' ARTES

De uma conversa breve pode nascer um projecto com futuro longo, como esperamos que seja esta 1º Bienal. Foi numa exposição de pintura que me encontrei entre "mulheres d'artes", uma das quais, notando a circunstância de estarmos ocasionalmente num círculo 100% feminino, se lembrou de sugerir uma "colectiva" em que elas e outras artistas participariam. Em Espinho, nas esplêndidas galerias do Museu, propôs Nassalete Miranda. A ideia que nunca me teria ocorrido, logo ali me pareceu não só excelente como exequível, contando antecipadamente com a invariável abertura do Director do Museu Municipal a propostas inovadoras.
E ei-la aqui, tão prontamente concretizada – oferecendo-nos a possibilidade de contemplar obras de artes várias, como em outras mostras que este espaço vem acolhendo por vocação, mas com a singularidade de dar azo a uma pergunta que não quero eximir-me a colocar à partida: há uma relação entre o género e a forma de expressão artística? Em algumas das Artes que aqui nos encantam a dúvida caminhará a par de certezas, num ou outro sentido, enquanto em outras que a tradição marcou como especificamente femininas (e em que os arcanos da divisão de trabalho segundo o sexo prevalecem) a imagem parece não poder ainda desligar-se de um estereotipo "sexista". Nestas factores culturais determinam ou condicionam a criatividade artística do outro sexo e interessante seria tentar aliciar os homens à experimentação de dotes que provavelmente possuem.
O que nos é dado ver nesta nova e surpreendente transfiguração dos espaços do FACE, pelo feito exclusivo de Mulheres, não será, porventura, conclusivo, mas temos a expectativa de que seja sugestivo.
O propósito não é excluir, segundo o "género", é, sim, o de procurar caminhos de compreensão e valorização mútua. Por tempo demais, o masculino vem sendo o "padrão", o feminino a alteridade. Todos os exercícios que contribuam para o reconhecer vão no sentido de um verdadeiro encontro de metades separadas e, através dele, de universalização da vida cultural.