sexta-feira, 15 de novembro de 2013

A EMIGRAÇÃO PORTUGUESA versão substituída (Visão)


1 - A emigração portuguesa distingue-se de todas as outras, na Europa e, porventura, no mundo, pelo seu carácter persistente e pela dispersão universal. E ainda por uma extraordinária propensão associativa, a par de uma tradição de convivialidade com outros povos e costumes – duas coisas que pareceriam antagónicas e que explicam uma grande capacidade individual e coletiva de integração e, consequentemente de sucesso. Sucesso comum, talvez possamos ousar dizer mesmo" regra geral" - com as suas exceções… Até daqueles de quem menos se esperaria – por exemplo, dos que partiram “a salto”, no século passado, e que Eduardo Lourenço, três décadas depois, em jeito de balanço, qualificou como “uma geração de triunfadores".
A emigração é, neste sentido lato da palavra, um fenómeno, cujo início remonta à época da "Expansão", mas que se prolongou para além do seu tempo histórico, e do seu âmbito geográfico. Cerca de um terço da nossa população tem vivido, desde então, fora das fronteiras europeias do País. E não certamente apenas pelo gosto das viagens e do movimento, mas por causas mais prosaicas e confrangedoras. – atraso económico, desigualdade social, pobreza…Um êxodo infindável, não todavia uniforme, antes em ciclos que se encadeiam –princípio, meio, fim …E recomeço…
Estamos agora em pleno recomeço de ciclo – quem diria há três ou quatro anos apenas? É, de todos, o mais imprevisto, o mais dececionante…porque sobrevém depois de ter sido oficialmente anunciado o fim dos tempos da emigração portuguesa… De facto, pouco depois da adesão à CEE, num discurso ufanista, que , em boa verdade nem sequer tinha total ajustamento à realidade, Portugal, era apresentado como um novo país de imigração, que tinha deixado de ser um velho país de emigração.
Uma forma de significar que nos colocávamos no restrito clube europeu dos mais prósperos e dos  ricos. Essa Europa da solidariedade e da coesão, a Europa democrática da "távola  redonda", já não existe e esse Portugal cheio de autoconfiança também não,,,
Com um governo que tem por meta confessada empobrecer o país, destruindo inevitavelmente as classes médias, o único escape é partir, outra vez, talvez para sempre...
1  -Fala-se da nova emigração, jovem e qualificada (enfim, o que nos  faltava ainda, o "brain.drain"!).
Mas a fuga à pobreza é bem mais abrangente do que se diz - vão todos, os mais e os menos qualificados, os mais e menos jovens, os homens (os tradicionais protagonistas deste processo) e as mulheres, autonomamente, em pé de igualdade (na emigração mais qualificada, acrescente-se -  que não , por exemplo, na temporária, em que o sexo masculino predomina, como dantes, largamente).
Um parêntesis, para salientar esta tendência portuguesa para sobrevalorizar o que é inédito, mesmo quando coexiste som o que vem de trás. O mesmo aconteceu quendo  da transição das migrações transoceânicas para aa europeias, em meados de novecentos. Colocou-se o enfoque na  França, como o" novo Brasil", e é certo que foi o grande polo de atração, mas esqueceu-se a emigração em massa, através do Atlântico, para a Venezuela e para o Canadá, precisamente  nos anos 50 e 60... Assim como a que havia ainda, mais limitada embora, para os EUA, para a África do Sul ou para a Austrália.
Coexistência de destinos próximos e longínquos que, curiosamente,  podemos constatar hoje em dia, com as centenas de milhares de portugueses que procuram e encontram trabalho não só na Europa , mas no Brasil e em Angola, e, em menor número, num sem número de outros países.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Bienal - o Encontro


  • Maria Manuela Aguiar Neste esplêndido cenário das Galerias Amadeo Souza Cardoso, cheias de obras de Mulheres de muitos países teve a Associação de Estudos Mulher Migrante o privilégio de iniciar as comemorações dos seus 20 anos. O título genérico dos colóquios e encontros que esperamos levar por diante em 2013 é "Expressões Femininas da Cidadania". Havia que começar pela Cultura, pelas Artes, que são uma expressão maior da cidadania!

  • Maria Manuela Aguiar As Caravelas, que são muito bonitas não integram propriamente a Bienal - são trabalho colectivo e "paritário" de alunos da Escola Domingos Capela de Espinho. E estes jovens vão colaborar connosco, fazendo a história de vida das diferentes artistas da diáspora presentes na Bienal - através de questionário escrito, porque não houve tempo para o fazer "in loco".

  • Maria Manuela Aguiar Gostamos de envolver os mais jovens nas nossas iniciativas e , aqui em Espinho, isso tem sido possível graças à colaboração de Arcelina Santiago, que é associada da Mulher Migrante e professora daquela escola. Uma mulher extraordinária, também ela vinda da Diáspora (Macau).

  • Maria Manuela Aguiar O Secretário de Estado, Dr José Cesário, esteve connosco de princípio a fim do Encontro, fez várias excelentes intervenções, algumas em resposta a perguntas da audência e já o sol tinha descido sobre o mar quando um grupo de jovens fez questão de lhe mostrar as caravelas (todas construidas com material reciclado). Há por ali futuras Joanas Vasconcelos!...