sábado, 13 de junho de 2020

W38 ERNESTO ANTÓNIO AGUIAR DA FONSECA revisto

W38 - ERNESTO ANTÓNIO AGUIAR DA FONSECA


O Super-Homem volta a Angola!


Ernesto António Aguiar da Fonseca - Nascido a 7 de Novembro de 1943, em Gondomar.
Em família, o "Nestó".
Em crianças, nós os filhos do Tónio, sempre o vimos como o super-homem, com a sua farda da Policia Militar. Foi em Angola que fez o serviço militar, quando isso implicava risco de vida.
E agora está de novo em Angola, em missão de paz!
Para nós continua a merecer o título Super-homem, super primo, super ENGENHEIRO!

Convidamos a comentar e/ou contar histórias passadas com ele, a partir do dia do seu aniversário.

Beijinhos da Nónó

  CV BREVÍSSIMO:
Primária na Escola da Freixeda, com a Profª D. Zélia.  Exame final na cidade de Bragança.
Curso do liceu, até ao 5º ano no Colégio da Formiga, em Ermesinde. Nessa altura, vivia na "Casa da Torre" em Rio Tinto, com Avós paternos.
6º ano em Setúbal, 7º ano num colégio do Porto (em Sta Catarina).
No campo desportivo, distinguia-se na natação, remo, e futebol...
O serviço militar obrigatório atrasa o curso de Engenharia Civil, repartido por diversas universidades. Começa em Lisboa, onde fazia tropa. Prossegue em Luanda, depois de terminado o serviço militar obrigatório,  em zona de guerra, no norte e nas chanas do interior.
Termina, brilhantemente, o curso na UC - Universidade do Porto!
Criou, há anos, a sua própria empresa de fiscalização de obras, que se impôs na vanguarda deste sector, e que, actualmente, o ocupa no sul Angola, Gove, a uns 100 km do Huambo. (fiscalizando a recuperação de barragem, a cargo da brasileira Oderbrecht  - ou seja, um empreendimento luso- brasileiro - angolano. Engenharia lusófona. 
A FAMÍLIA
Conheceu a Mulher, Maria José do Amaral Gomes da Fonseca, em Luanda, quando eram, ambos, funcionários da TAP, ele no sector do Trafego, ela Assistente de terra. Casaram em 1971. Dois filhos lindos – a Maria João, nascida em 26 de Julho de 1972, em Angola, e o Pedro Manuel, que veio ao mundo no Porto, Hospital de Santa Maria, nem pleno dia de Natal de 1980.
   



FOTOS
















































































































































































Publicada por em 22:40   

28 comentários:

MA disse...
Este é o grande Primo Nestó, que tantas vezes associo à imagem do meu Pai, não só pelas parecenças físicas - que são muitas - mas pela sua presença após a morte do meu Pai. Desde pequenina que o seu espírito aventureiro me fascina...
Lembro-me bem de entrar mar adentro na praia de Miramar com a bandeira vermelha e o Nestó a "conduzir-nos", um de cada vez, pelas ondas gigantescas num verdadeiro "mergulho de adrenalina".
Ainda agora, aí em Angola, provas mais uma vez esse teu espírito aventureiro e empreendedor...
Muitos Parabéns Primão!
bjs
sexta-feira, 07 novembro, 2008 
Isabel Aguiar disse...
É verdade, jamais vou esquecer essa tarde de verão em Miramar com o super primo Nestó! Ondas assustadoras... mas com ele tudo se descomplica!
Sabes que tenho um encanto e carinho grande por Ti...não só pelas parecenças físicas com o meu pai, mas também por seres um ser humano muito especial! Transmites-me força, coragem e determinação.
Toda a minha vida está marcada por momentos inesquecíveis passados contigo, a tua encantadora Zé e os teus meninos M. João e Pedro.

um abraço muito forte
Isabel
quinta-feira, 13 novembro, 2008 
Maria Manuela Aguiar disse...
Já que estamos em temas marítimos, aproveito a "onda", para lembrar um Nestó ainda mais jovem, mas não menos arrojado: teria ele uns 15 anos, e nesse verão distante,de 58 ou 59, no mar tempestuoso das marés vivas de Espinho, nadou de paredão a paredão, acompanhado por um amigo da mesma idade, com a mesma força, a mesma sumptuária audácia (o Moutinho). Porque fariam eles coisa tão espantosa? Perguntei, e fiquei sabendo que o meu primo era o autor da iniciativa (naturalmente...), inspirado em perigosa literatura para rapazes, que o convenceu da necessidade de correr grandes e voluntários riscos, para vir a ser um grande homem! Não sei se seria preciso tanto, mas, de qualquer modo, neste caso resultou. Parabéns, Primo!
quinta-feira, 13 novembro, 2008 
Lélé disse...
Querido Primo
Falar de ti é fácil! Lembrar e recordar férias, passeios, jantaradas, almoçaradas, passeios a pé e de barco, subir montanhas, voar e nadar …só contigo por perto!!! Qualquer um se sente seguro na tua companhia… é inesquecível!
Tenho muitas saudades destes momentos que vivemos juntos, momentos de aventura, alegria e prazer…
Agora que resolveste viver mais outra aventura…muito arriscada! … (para mim que sou uma “medricas”), não te esqueças que continuo pronta a embarcar contigo de férias para portos mais seguros.
Muitos parabéns e muitos beijinhos da Lélé
domingo, 16 novembro, 2008 
Maria Manuela Aguiar disse...
Uma improvável coincidência acaba de acontecer. Estava eu a tentar acertar, cronologicamente, o ordem das fotos neste "blog", pois havia uns "Nestós" pequenos, de calções, misturados com o jovem oficial Fonseca, ou o jovem pai Ernesto,de roupa "sport", como gosta, quando ouço bater nos vidros da porta da sala. Esgueira-se a foto, que procurava fazer retroceder no tempo ao qual pertencia. Levanto-me, à espera de ver a Olívia a dar um recado urgente, e deparo com a Zé e o Super Homem em pessoa! Prestes a voltar a Angola, já na 6ª feira próxima. Vinha buscar o saco que a mana Docas, uma hora antes, esquecera na estação de comboio, e que eu tinha recolhido. Já o Intercidades arrancava, de portas fechadas. Lá dentro, a Docas gesticulava, dando mostras de desusada agitação. Percebi que tinha perdido alguma coisa no cais. A sua maleta de tintas, que pesam arrobas, e valem uma fortuna. Com elas, poderia ter operado maravilhas, numa ou duas telas . Desta vez, nem as abriu. Primeiro esteve com a Mãe, muito constipada (a mãe, não a filha), depois veio aqui para casa, onde tem um "estúdio", mas como só ficou uma semana, metade da qual eu tive de passar em reuniões em Lisboa, não houve quem a incentivasse a trabalhar, e com 4 dias na linha do horizonte de partida, quando cheguei, já não conseguia pô-la em frente a uma tela. Tentei... Perante a recusa, insisti que voltasse a atenção para o "blog", e comentasse episódios da vida do Pai. Revelou-se uma verdadeira jornalista! O Tio Eduardo está, assim, merecidamente, no "top", em número de comentários. Mais uns dias e seria o Nestó, a ter a sua trajectória profissional e familiar contada a preceito... Fica para a próxima, depois do Natal. Se a Docas é talentosa a manejar pincéis ou na escrita, nesses domínio ninguém bate o Nestó.  Foi uma criança superdotada... Os seus desenhos, aos 6 ou 7 anos, eram espectaculares. Um rosto de "árabe",de turbante, que eu guardei durante décadas e dei à Mª João, parecia obra de adulto talentoso. As cartas, mesma redigidas ao correr da pena, revelam domínio da língua e um sentido de humor, que é, seguramente, herança paterna...Vamos publicar algumas. Esta minha mania de guardar tudo, como a Tia Rosaura, tem algumas vantagens. Quase 50 ou 60 anos depois, dezenas e dezenas dessas divertidas epístolas de infância e juventude, aí estão, para quem as quiser ler.
segunda-feira, 24 novembro, 2008 
Maria Manuela Aguiar disse...
No sábado,dia 22, tivemos as habituais e sempre muito apreciadas visitas da Tia Lola e Zé, desta vez acompanhadas do Nestó, já quase em fim de férias (passadas, em larga medida, em reuniões de trabalho a na luta burocrática pela renovação do "visto" angolano), da Xaninha, Nó (já de caracóis de cabeleireiro - que esplêndido  cabelo!), Tózinho e Tété, Carlos e Káká, Tó (que tem aparecido pouco, mas é sempre uma alegre companhia) e, tarde, mas ainda a tempo de dar um abraço ao "super primo", a Kika. Com a anfitriã Mª Antónia, comigo e com a Docas, (sem falar nos 7 gatos), uma casa cheia, como a Mãe gosta! Fiz fotos e video para mais tarde recordar. Depois, quando da retirada da Tia Lola, levando filho e nora, fui fazer as despedidas até à Rua 16, onde estava o carro, e o Nestó lembrou-se que foi, precisamente, ali ao lado, na esquina das ruas 62 e 16, que acordamos o plano de lançar uma revista, que se chamaria "O ovo". Há cartas dele, a desenvolver esse sugestivo projecto - porém nunca levado a cabo, como tantos outros dos nossos sonhos. Imaginação nunca nos faltou. Outros foram os óbices!
segunda-feira, 24 novembro, 2008 
Guilherme Gayoso disse...
Os meus parabéns "GANDA MALUCO!!!!!" e viva as férias em IBIZA, montados no touro mecânico e a engatar a nossa amiga Matumbina

Um grande abraço

Guilherme
terça-feira, 16 dezembro, 2008 
Ernesto Fonseca  disse...
Você como companheiro de viagem é excepcional, mas como chefe de grupo, a MAIOR DESGRAÇA possível.
Um Abraço
sábado, 20 dezembro, 2008 
Docas disse...
 Na Freixeda, as correrias que fazíamos, quantas vezes eu ganhava, apesar de ser mais nova, mais baixa e muito magrinha! E tu, ainda hoje, falas nisso - tais foram os traumas - (mas com ternura, evidentemente!).
Aliás, desde sempre te preocupaste com as tuas irmãs, um sentimento protector, sem egoísmos  - por seres o mais velho, sentias responsabilidade em relação às mais novas.
quinta-feira, 26 fevereiro, 2009 
Docas disse...
Na escola primária, de vez em quando, eu e o Nestó, não íamos à escola - andávamos a passear pelos campos, muito entretidos. Uma vez em que a Mãe veio ao Porto, deixou uma amiga a tomar conta de nós (a Julieta, ou a Olímpia) e, nós faltamos às aulas. Tive vontade de fazer as minhas necessidades e pousei a carteira à beira do caminho. Entretanto, o Nestó explicava-me que o rabo se pode limpar com uma pedrinha lisa, escolhida nos meios dos campos (já tinha aprendido com os teus colegas da escola)... Assim fiz, e, quando fui buscar a minha carteira da escola, ela tinha desaparecido. Eu, chorava, comprometida... Não podiamos confessar que tinhamos faltado às aulas. O Nestó sugeriu: "Vamos dizer que te esqueceste da carteira, na escola". Assim foi. Só que a resposta da amiga da Mãe, veio pronta: "Então, vão a casa da professora pedir a chave e buscar a carteira à escola". Nova choradeira na rua - já não havia justificação plausível a dar.
Por fim, lá tivemos que contar a verdade e só depois de confessarmos, nos foi dito que a pasta estava lá em casa, porque um dos miúdos, quando saiu da escola depois de nós, viu a carteira e reconheceu-a, levando-a a nossa casa!
quinta-feira, 26 fevereiro, 2009 
Docas disse...
 A partir dos meus 7 anos de idade, eu e o Nestó, andávamos nas nossas brincadeiras, quase sempre juntos, mas as lutas e bofetadas eram frequentes. Brincámos aos "polícias e ladrões". Numa das vezes trepou para o telhado da casa de arrumações. Eu, dei conta e, escondi-me na parte debaixo, com uma mão cheia de areia, à espera que ele saltasse. Assim foi. Quando o Nestó se sentiu seguro, deu um grande salto para o chão, o que o fez abrir a boca no meio do ar - aproveitei e, nesse momento, lancei a mão cheia de areia para a boca aberta...
Quando havia outros rapazes (Nestó, Tavinho e Rui), não me deixavam participar nessas brincadeiras. Lembro-me, pelo menos de uma das vezes, ter ficado muito ofendida a chorar muito alto. O Pai, obrigou os "meninos" a que me deixassem brincar com eles, aos "polícias e ladrões". Furiosa, por ter sido excluída, de início, por eles, empenhava-me em os superar e em lhes ganhar,  nessas guerras.
quinta-feira, 26 fevereiro, 2009 
Docas disse disse...
Docas comenta: No quintal a um canto da nossa casa, aproveitando o muro, construímos uma cabana com restos de  tábuas de madeira (Nestó, eu, Tavinho, Rui e Xana). Por alguma razão, que já não me lembro, todos se zangaram comigo e fui expulsa da cabana. Chorei outras vez, muito alto... O Pai, veio ter comigo e disse: "Não te importes, que vou fazer-te uma cabaninha mais bonita que a deles". Foi à arrecadação trouxe uma grande arca, tirou-lhe o fundo e colocou-a ao alto (a tampa fazia de porta). Colocou tábuas de lado e em cima, com caixilho de uma janela e montou uma campainha na porta de entrada (na tal tampa da arca) - brinquedo de electricidade que tinha sido oferecido ao Nestó. A minha cabana estava situada mesmo em frente à deles - e era só minha - um luxo!
quinta-feira, 26 fevereiro, 2009 

Docas disse...
 As nossas refeições eram sempre muito divertidas - uma risota constante. Eu achava sempre graça às anedotas do Pai e às palhaçadas do Nestó! Ria com facilidade. Era uma criança alegre. Uma vez, já mais velha (talvez 10 ou 11 anos) fui com o Nestó ver um filme do Cantinflas, no Porto. Ri de tal maneira e tão alto, com as lágrimas a correrem pela cara, de tanto rir (sem dar conta do exagero), que o Nestó, envergonhado, me dava cotoveladas para que me portasse com mais compostura. Quando saímos do cinema disse-me que um casal sentado ao nosso lado, nem via o filme a olhar para mim e também a rir, do espectáculo da miúda de 10 anos, acompanhada pelo irmão mais velho e mais sereno.
quinta-feira, 26 fevereiro, 2009 
Docas disse...
 Na Freixeda, o Nestó tinha um grande amigo, o Pedro. Vivia só com o pai (não tinha mãe). Eram muito pobres. Quando passeávamos de jeep, algumas vezes, o Pedro ia connosco. Há fotografias nossas na Serra de Bornes e o Pedro ao lado, todo encolhido de frio. Mais tarde, o meu Pai levou-o para trabalhar na quinta dos meus avós, em Rio Tinto. Depois, soubemos que tinha emigrado para França, onde conseguiu ganhar bem e juntar algum dinheiro - casou, teve filhos e construiu uma casa próximo da Freixeda (suponho que de férias).
quinta-feira, 26 fevereiro, 2009 
Docas disse...
 O Nestó tinha um espingarda para ir à caça sozinho, ou com o Pai. Muitas vezes o Pedro acompanhava-o. Uma dia, a brincarem com a arma, o Nestó pensou que estava descarregada - sem cartuchos. O Pedro apontou a espingarda para o peito do Nestó e desviou-a: não tem graça apontar para o peito! Então, aponta para a cabeça, sugeriu o Nestó. Apontou, mas voltou a baixar a espingarda: quero fazer pontaria a um alvo mais longe e pequeno. O Nestó disse: aponta para aquele buraco ali na parede. O Pedro puxou o gatilho e à volta do buraco, a parede ficou crivada de chumbo.
quinta-feira, 26 fevereiro, 2009 
Docas disse...
O Nestó fez a 4ª classe na Freixeda e o exame em Bragança. Depois foi estudar para o Colégio da Formiga, semi-interno. Ficou em casa dos avós paternos, em Rio-Tinto. No colégio teve um grande amigo, o Moutinho, que passava algumas férias em nossa casa, na Mina da Bica. Frequentemente, ele e o Nestó iam à caça, com o cão Nerú -  perdizes e coelhos - andavam o dia todo, debaixo de um sol escaldante e chegavam a casa estafados. A mina fica na cova da Beira, com muito frio no inverno e muito calor no verão. Quando o Nestó regressava a Rio Tinto e ao colégio, o Nerú aninhava-se no hall de entrada da casa, onde ficava dependurada a espingarda e passava horas a chorar.
quinta-feira, 26 fevereiro, 2009 
Docas disse...
Quando eu e a Xana, acompanhávamos o Nestó nas caçadas, levávamos um bocado de sal, um frasquinho de azeite e fósforos. Os passarinhos eram depenados, postos num espeto de pau, com sal, azeite e comidos, logo ali, no meio dos campos Fazíamos uma fogueirinha, um churrasco. Sabia melhor do que uma refeição em casa, o arroz de pardais!
quinta-feira, 26 fevereiro, 2009 
Docas disse...
O Nestó tem, ainda hoje, guardado um cartão meu, de Boas-Festas, que lhe enviei para Angola, num dos Natais. Só muitos anos depois é que ele contou: aquele cartão era o seu talismã de boa sorte, que o acompanhava sempre que ia numa incursão de mato, a comandar um batalhão (ou pelotão, não sei), como alferes miliciano. Uma das vezes saiu , ao comando, para uma operação perigosa e a meio do caminho, quando deitou a mão ao bolso, reparou que se tinha esquecido do cartão no acampanhamento. Fez os militares voltarem para trás, com ele, já muitos quilómetros andados, a buscar o seu talismã de boa sorte na guerra (o meu cartão de Boas-Festas).
quinta-feira, 26 fevereiro, 2009 
Docas disse...
 Muitas vezes, na Freixeda, também brincávamos dentro da mina, ao domingo, que era o dia de folga dos mineiros. Entrávamos lá dentro, com a um grupo de miúdos dentro de uma vagoneta que, era empurrada em cima dos carris, por um deles. Os mineiros usavam um gasómetro, dentro das galerias, mas nós, como íamos sem a autorização do nosso Pai, não tínhamos gasómetros. Sem luz, não víamos um palmo à frente do nariz... Eu e o Nestó, íamos a frente da vagoneta, pé ante pé, a bater com um pau à nossa frente, para inspeccionar o caminho, não fosse de repente surgir um poço, ou uma das várias galerias que atravessavam o interior da mina.
Hoje, vejo os perigos que, inconscientemente, corremos na nossa infância! Mas são estas aventuras, que ficam para sempre, gravadas nas nossas memórias.
segunda-feira, 02 março, 2009 
Docas disse...
 Estávamos ainda na Freixeda e, um dia, o Nestó correu grande perigo, numa ida a Mirandela, de camioneta, conduzida por um indivíduo de Frechas que tinha ido à mina, mas, entretanto, precisava de ir buscar qualquer coisa a Mirandela. Como era só uma viagem de ida e volta, o Nestó quis acompanhá-lo. Foi pedir autorização à Mãe. Primeiro, disse que não. Mas ele insistiu tanto, que a Mãe acabou por ceder um pouco: está bem, vai pedir ao teu Pai e se ele concordar, podes ir. O Pai disse que sim - seria uma viagem pouco demorada.
No caminho, o condutor parou, para convidar um vizinho de Frechas, que regressava a casa, depois de um dia de trabalho no campo. Atrás, na caixa aberta, o Nestó sentou-se num saco de batatas. Como o condutor seguia a grande velocidade, o homem disse ao Nestó: "É melhor o menino não ir aí sentado, é perigoso". O Nestó levantou-se e foi agarrar-se aos ferros da parte da frente, com um vidro a separar a caixa aberta da cabine do condutor, por onde podia observar a estrada. De repente, numa curva, o condutor, com excesso de velocidade, perde o controlo da carrinha e vai embater contra uma árvore. No meio da poeirada, quando tudo serena, o Nestó olha para o lado e vê: a cabeça do companheiro estava espalhada pela árvore... Um horror! Lembro-me de que a Mãe, nesse dia, teve um mau pressentimento (eu estava ao seu lado dela), quando parou um carro no alto da mina e exclamou: "Trazem o meu filho morto!" Mas não! Depois de se ter dado o acidente, quem passava por ali, parava, a ver que tinha acontecido. Alguém reconheceu o Nestó. Ficou admirado por ele ter saído ileso do acidente e levou-o a casa, são e salvo. Traziam-lhe o filho vivo... Foi por um triz... Coitado do homem!
segunda-feira, 02 março, 2009 
Docas disse...
 "Tal pai, tal filho". Fala-se muito das distracções do nosso Pai, mas o Nestó não lhe fica atrás. A Zé conta que uma vez, entrou em casa, sem o filho. Pergunta-lhe pelo Pedro. "Vinha comigo. Não entrou já em casa?". Veio a verificar-se que não - o Nestó saiu do elevador, largou a porta, não reparou e, o Pedro, pequenino, ficou lá dentro sozinho, até ser recolhido!
segunda-feira, 02 março, 2009 
Maria Manuela Aguiar disse...
Tinha eu 6 ou 7 anos, e o Nestó menos um quando aconteceu o que vou contar:
O Avô Ernesto levou o Nestó ao circo, no Coliseu. Ele veio entusiasmadíssimo e passou a descrever, e mesmo a exemplificar, o que tinha visto. Com tanta graça e detalhes, que nós até nos sentíamos a assistir ao espectáculo. O Circo Nestó!
O pior foi quando ele resolveu mostrar o equilíbrio numa travessia em cima do arame. Pegou num fio, atou-o a duas cadeiras da Avó Maria, de costas voltadas uma para a outra, à distância de um metro e tal, e, com toda a audácia e firmeza, avançou, de pé direito, sobre o nagalho, bem esticado. Mal pousou o sapato no fio, ambas as cadeiras desabaram, inesperadamente, sobre ele.. Não houve lesões. O que nos rimos!...
segunda-feira, 02 março, 2009 
Maria Manuela Aguiar disse...
A Docas, como se vê, ou se lê, cumpriu a promessa de contar pequenas histórias saborosas sobre o mano. (Oh, a infância partilhada!).
Não trouxe as tintas e pinceis, e, por isso, para além do "footing" à beira-mar, a sua única tarefa obrigatória é escrever no blog. Missão que vai cumprindo!
Ontem, saiu com o Nestó e Zé até Aveiro. Tão grande foi o dia, como a romaria. Não produziu uma linha.
Mas, na véspera, o Nestó, durante uma divertida tarde espinhense em família, enquanto tomávamos o nosso "royboos tea", descreveu cenas hilariantes, sobre a sua vida nos confins de Angola, (onde está a fiscalizar as obras de recuperação de uma grande barragem, que Savimbi tentou, em vão, destruir - não ruiu completamente, era muito sólida!). Histórias que hão-de aparecer aqui, um pouco mais adiante. Ele tem imensa graça... parece o Tio Eduardo! E, tal como o seu Pai, tem paixão pela África.
segunda-feira, 02 março, 2009 
Docas disse...
Na Freixeda, o meu Pai fez assinaturas das revistas "O Cavaleiro Andante" e "Tim Tim", em nome do Nestó. Eram enviadas por correio, mensalment, suponho. Uma dia, eu e o Nestó, decidimos fazer cinema, com essas histórias "aos quadradinhos" - cortadas e depois coladas em tiras de folhas de papel, por fim formando uma única tira com vários metros de comprimento, enrolada numa manivela (fazia parte de um brinquedo, " O Mecanico") e colocada numa caixa de sapatos, onde foi aberta um espécie de janela a fazer de écran. A minha Mãe pôs à nossa disposição a casa de arrumações, que era também o quarto da empregada. A caixa foi posta em cima de uma mesa, com duas velas, uma de cada lado. Em frente, várias cadeiras em fila (uma autêntica sala de cinema). Entretanto, a Xana, fez o anúncio, contactando os miúdos da aldeia e distribuindo os bilhetes, cujo preço, obrigava cada um deles, a entregar fruta, à entrada. Nesse dia, as crianças da aldeia subiram às árvores, para roubar fruta. Eu, à porta da sala, com a mala da escola, guardava a fruta na "sacola", conforme os miúdos iam entrando.
O filme começou, com as janelas fechadas e à luz das velas. O Nestó contava a história. Era grande o entusiasmo da miudagem - riam e batiam muitas palmas. No fim, eu e o Nestó, fomos para o palheiro comer a fruta toda. Alguma ainda não estava muito madura e, o resultado não foi brilhante!...
terça-feira, 03 março, 2009 
Docas disse...
Na Freixeda tivemos um cão "de raça "transmontana", o Dragão - cão muito grande, pelo curto, bege, com manchas castanho claro e pernas altas. Em bebé era um terror... Roubava os nossos sapatos e levava-os para brincar num palheiro, próximo de casa. Agarrava os meus vestidos e os da Xana, com os dentes abanava para um lado e para o outro, até se rasgarem. Comia um grande panalão de sopa - quando acabava a refeição, lá ia com a panela nos dentes, até ao palheiro. Era o nosso querido cão! Cresceu...
São muito dóceis, mas têm necessidades de acompanhar rebanhos. Estavam, até há pouco, em vias de extinção, parece-me que, presentemente, querem recuperar esta raça. Quando regressávamos das férias, no mês de Agosto, passado em Espinho, ele parecia maluco: corria de alegria à volta da nossa casa, vezes sem fim , saltava, os arbustos de plantas e flores do jardim! Depois, de vez em quando, desaparecia de casa durante uma ou duas semanas. Sabíamos que andava nos montes com um pastor e o seu rebanho - era o seu instinto, a sua missão... De uma das vezes, apareceu em casa com grandes peladas no pescoço. O meu Pai fazia-lhe o curativo todos os dias e depois pôs-lhe uma coleira no pescoço, com bicos aguçados. O pastor contou que tinha lutado com lobos esfomeados! Sei que alguns pastores ofereceram ao meu Pai bom dinheiro pelo Dragão. Mas ele, evidentemente, nunca o quis vender. Até que deixamos a Freixeda e nunca mais soube dele. Espero que tenha ficado bem, com um dos pastores. Durante muito tempo, não pensei no Dragão, mas ultimamente, ando a recordá-lo, com muita ternura. Não me lembro se acompanhava o meu Pai e o Nestó, nas caçadas, Tenho uma vaga ideia que sim...
Já na Mina da Bica, tivemos um rafeiro, cão pequenino, cheio de pelo, muito querido. Fomos buscá-lo à Mina da Quarteira, no jeep. Veio ao meu colo, tremia todo. Chamava-se Nerú. Ia sempre com o Nestó à caça, durante as férias de Natal, Páscoa e Verão. Quando o Nestò ia estudar para Rio Tinto, para estudar no Colégio da Formiga, a espingarda ficava dependurada na Entrada da casa e o Neru deitava-se debaixo da espingarda e chorava durante dias. Foi bárbamente assinado, por vingança, quando estávamos ausentes, de férias em Agosto (os meus pais e nós). Que ele nos perdoe, por não ter sido protegido pelos donos... Agora, também me lembro, com saudade, deste grande companheiro! Sim, é verdade, os animais que vivem connosco, passam a fazer parte da nossa família! E quando envelhecemos, as recordações mais próximas ficam - o Dragão e o Neru, são os animais que amámos, os nossos grandes amigos de infância.
segunda-feira, 20 julho, 2009 
Docas disse...
Depois de ver a fotografia do "Dragão", a sua imagem ficou-me na memória mais nítida: o pelo dele não era beije, mas sim branco, com manchas de cor beije -  muito lindo!
Quanto ao Nerú, tenho a acrescentar o seguinte: apesar de ir à caça com o Nestó, espantava todas as perdizes, pássaros, coelhos, etc. Ficava muito quietinho atrás de um arbusto com o Nestó, mas quando aparecia algo que mexesse, começava a correr e a ladrar atrás da caça, sem apanhar nada...
O Neru parecia um ursinho em miniatura - era muito peludo, de cor castanha. As fotografias do Dragão e do Neru estão no BlogDocas
terça-feira, 21 julho, 2009 
Maria Manuela Aguiar disse...
Não cheguei a conhecer o Nerú - mas, pelos relatos, de que me lembro bem, imagino que devia ser um cãozinho encantador. E nem posso pensar no que lhe fizeram. Na altura, a Tia Lola escreveu-nos, a contar, e eu fiquei chocadíssima. Sempre gostei muito de animais e não suporto vê-los maltratados - o castigo devia ser semelhante ao dos maus tratos a pessoas - de que são igualmente capazes! Esses monstros deviam ser, no mínimo, sujeitos a internamento psiquiátrico!
O caso do Dragão é bem diferente. Todos os pastores da aldeia o conheciam e gostavam dele, queriam compra-lo. Por isso, de certeza, o Tio Eduardo deu-o a um deles. Imagino que terá sido sempre um cão feliz e "realizado".
Recordo-me dele perfeitamente. Era lindo - uma estampa! - gigante, manso, simpático. Brincávamos muito com ele, foi um verdadeiro parceiro nas férias de sonho transmontanas.
terça-feira, 21 julho, 2009 
Maria Manuela Aguiar disse...
É curioso constatar que embora tenhamos tido, e mantenhamos, relações de muita amizade com outros "primos direitos", aqueles com os quais convivemos mais de perto, desde a infância e ao longo da vida, foram os filhos das irmãs, Carolina, Mariazinha e Lolita: Tónio e Mário, Madalena e eu, Nestó, Docas e Xana.  Preponderância da linha feminina.... Os factos o mostram.  As causas  serão menos evidentes, podem dividir-se as opiniões... Dir-se-ia que teve influência a ligação mais estreita à Vila Maria (à Mamã, ou, para nós, a Avó Maria Aguiar). Sim , no caso das manas mais velhas. Não no da Tia Lola, que andou sempre por longes terras, de norte a sul do país, e a África., sem diminuir a especial proximidade do convívio, que se conseguia, vencendo a distância. As férias faziam-se em conjunto, no mês de agosto, em Espinho, às vezes partilhando a mesma casa, ou nessas aldeias pitorescas onde a exploração mineira levava o Tio Eduardo, o engenheiro nómada... Quando estávamos separados, a correspondência jorrava entre as manas - e, depois, entre as crianças, logo que aprenderam as primeiras letras. Destes três primos, migrantes imparáveis, as cartas que guardo, se publicadas, davam um volumoso livro. Maior ainda seria o das missivas enviadas pela Lolita à Mariazinha, algumas engraçadíssimas, pois escrevia bem, e muito! (com a sua letra firme, bonita e de fácil leitura). As filhas são bastante mais parcas - sobretudo a Xana. A Docas escreve muitas vezes, mas é, quase sempre, minimalista na informação... O Nestó, esse, é o  máximo! Muitas das suas cartas são obras primas da língua pátria... e de uma graça queiroziana! 
Maria Manuela Aguiar disse...
O Nestó e a Xana foram os meus padrinhos de casamento, em 1965. Estavam os dois chiquérrimos! Na década seguinte, fui a madrinha da primeira filha, a Maria João, que veio a revelar-se um fenómeno do atletismo português. Foi campeã junior de 800m barreiras. com um recorde que se manteve mais de uma década! (logo depois, foi para a Universidade de Aveiro e abandonou a carreira desportiva, com grande pena da madrinha - licenciado, qualquer cidadão comum pode ser, campeão de 800m barreiras, não!... ) 

terça-feira, 14 setembro, 2010 

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