sexta-feira, 19 de junho de 2020

W71 CAROLINA ROSA BARBOSA AGUIAR revisto

uarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

W71 - CAROLINA ROSA BARBOSA AGUIAR - A Tia Lina

A ALMA NUM POEMA

Carolina Rosa Barbosa Aguiar nasceu no dia 25 de Fevereiro de 1912, no Rio de Janeiro.
Os nomes das Avós, Carolina a materna. Rosa a paterna.
Os pais moravam, então, no centro da cidade, na rua 7 de Setembro, bem perto da Joalharia Aguiar, situada na principal rua de comércio, a Rua do Ouvidor -  onde  muitos dos estabelecimentos comerciais pertenciam a portugueses.
A menina era lindíssima, com olhos claros e imensos de Aguiar e grande vivacidade ! Na primeira fotografia, está ao colo do Pai -visivelmente orgulhoso -  num vistoso carro descapotável. Foi sempre a favorita do "Papá", num  perfeito entendimento, que nunca se desfez.
Foi feliz a sua infância, na "cidade maravilhosa", reinando sobre os irmãos, com o seu "direito de primogenitura".
Frequentou o colégio Lindley, um externato. Quando regressou a Portugal, falava "à brasileira". Nunca mais lá foi ao seu país tropical, e nunca o esqueceu. Considerava-se brasileira, ou, quando muito, luso-brasileira. Gostava de cantar - e com que voz!... - o "Luar do sertão" e outras suavíssimas modinhas, que lhe lembravam a sua terra.
No Porto, viu-se internada num Colégio, certamente muito bom (não se sabe qual), que detestou! Há cartas lancinantes, radicais, excessivas (traço de temperamento imutável), a queixar-se, a pedir socorro. Ao Pai, naturalmente. E tanto insistiu e persistiu, que ele, vendo-a triste e saudosa nas "lonjuras" do Porto, cedeu, deixou-as frequentar um externato do Porto, o "Joana d' Arc",  e o curso do Conservatório de Músicasica .
Era a mais religiosa, a mais sensível, a mais vocacionada para o "voluntariado", vocação que a própria Mãe descobriria, em si, depois que ficou viúva .
A morte do Pai, quando tinha 14 anos, deixou-a destroçada. Foi um choque que a Mãe, também ela inconsolável, viúva aos 38 anos, com 7 filhos, entre os 14 anos e os dois meses de idade, não pode compensar.
A ninguém , o Avô António fez tanta falta como às duas...
Com ele, o que teria sido sua filha, tão talentosa, sensível, de uma infinita generosidade?....
Das centenas de poemas que escreveu, restam apenas os dois que aqui estão reproduzidos. Salvos, por puro acaso, pela irmã Mariazinha. a que tudo guardava... - 
A Tia Lina era leitora compulsiva de romances. e de poesia. E usava uma das páginas em branco de cada livro , para deixar os seus pensamentos ou sonetos. Emprestava os livros às irmãs, e foram alguns desses versos que a minh amãe copiou.

Eis três pequenas quadras soltas:

Se os meu olhos te incomodam
Quando estou na tua frente,
Hei-de arranca-los um dia,
Para te amar cegamente

Se me deixares, eu digo
O contrário a toda a gente.
E neste mundo de enganos
Fala verdade quem mente.

Afirmas que a vida é breve.
Mentira! A vida é comprida.
Cabe nela amor eterno
E ainda sobeja vida...

E um soneto:

Eu amo os olhos tristes de gazela
E o silêncio nostálgico do mar.
A chuva branda, a rir e a cantar
E o meigo cintilar de cada estrela.

Eu amo a luz, tão dolorida e bela
No silêncio da tarde a agonizar
E o vento, sem repouso, que, a chorar,
A sua dor fantástica revela.

Mas, acima de todos os fulgores
Eu amo esses teus olhos sonhadores
- gotas de mel em límpidas opalas!

E ao vento, à chuva, à onda murmurante,
Prefiro o sortilégio perturbante
Da música, sem par, das tuas falas...

E este poema, com um "final feliz":

Rosas murchas, são murchas, são sequinhas
Como as folhas que morrem no outono
E que andam, tristemente, ao abandono,
Correndo pelo céu sem andorinhas

Rosas murchas, imagens denegridas
De tanto sonho e dor, tanta alegria
E aos sentimentais da litania
Lembrando o ardor ditoso de outras vidas

São estes pobres versos que eu te mando.
Nada valem, eu sei, mas quando os leias
Quebra da minha dor as mil cadeias,
Sorri de compaixão, de quando em quando.

A cinza de uma flor é sempre flor
E o seu sorriso, que eu procuro
Em místicos jardins, os do futuro,
Talvez façam florir rosas de amor!


Tudo o mais foi queimado na fogueira... em pleno século XX... Com os livros destruídos foram os versos, quase todos... A depressão de que sofria foi atribuída à literatura... Incompreensão difícil de aceitar...
 Incompreendida foi, desde que perdeu o pai - pela  própria Mãe, que a induziu a casar cedo demais, pelo marido, que tanto gostava dela... Por filhos e netos... 
Sim, era uma personalidade complexa, de extremos. Alegre, jovial, extrovertida, sociável. Infeliz, agreste, agressiva. Muito magra ou muito gorda. Moderna, com os fatos mais elegantes, quando de bem com a vida, vulto negro e descuidado, em caso contrário...
Os netos não conheceram a verdadeira Carolina Aguiar: a que sabia ser compassiva e bem humorada, a que gostava de música, de flores, de crianças, a grande anfitriã de belas festas na Vila Maria, senhora de uma beleza e de uma graça, que deslumbrava.
Viram sempre, somente a velha sem ânimo, (mal) vestida de preto... não a jovem mãe de família que, durante a guerra, tirou o curso de enfermagem, da Cruz Vermelha. A melhor aluna, segundo a minha Mãe. Ou a que corria bairros pobres, a cuidar de doentes e crianças (diz-se que chegava a vender as suas jóias para lhes valer). E que, nem por isso deixava de frequentar a Ateneia e os cinemas da cidade... O marido encorajava-a. Gostava de a ver activa e vestida pelo último figurino. Anos bons! Olhamos as fotos dos passeios de fim de semana, com irmãos e cunhados, e só vemos rostos sorridentes, como o seu...
Porque mudou depois? Pergunta sem resposta.
Sempre adorei esta Tia, cedo me apercebi da sua essencial singularidade. E ela comigo nunca se zangou! E defendia-nos, a mim e à Lecas, do conservadorismo dos nossos pais! Não se ralava com o barulho que fazíamos, com as cantilenas repetitivas da Lecas, com as minhas asneiras.
Íamos para casa dela - quando morava no último andar da Vila Maria - brincar com o Tónio e o Mário. Tudo nos era permitido. Até usar os chapéus de côco e os fraques do Avô, guardados nos armários do "quarto grande". E ela ria! Vou ouvir, para sempre, o som das suas gargalhadas.































































































Publicada por em 10:23   

15 comentários:

Maria Manuela Aguiar disse...
A Inês, que foi, também, uma mulher muito bonita, muito inteligente, e não tão feliz como merecia, no dia do funeral da Tia, mesmo em frente ao jazigo, disse-me:
A Tia Lina foi a pessoa mais infeliz que conheci!
E depois acrescentou:
O próximo enterro é o meu.
E foi.
Um cancro levou-a, com pouco mais de 40 anos. Nessa altura, estava já doentíssima, e sabia o que tinha. Mas ninguém diria. O aspecto era óptimo, um rosto jovem, embora já precisasse de uma bengala para se apoiar.
quarta-feira, 25 fevereiro, 2009 
Maria Manuela Aguiar disse...
A Docas diz que eu conto histórias tristes. Ela só regista as divertidas.
Desta última categoria, aqui deixo uma:
Na Páscoa, a Tia Lina comprava cartuchos de amêndoas gigantescos. Nunca vi coisa igual. Três pacotes - num as brancas, noutro as de licor, figurando bonecos animais e outras coisas fascinantes, e, no terceiro, as castanhas, de cacau.
Escondia-as dos gulosos filhos, dentro dos armários do tal "quarto grande".
O Nestó e eu descobrimos esse "tesouro" e, como eramos muito pequenos e os velhos armários de pau santo muito grandes, sentamo-nos lá dentro, fechando a porta. Comíamos amêndoas às mãos cheias. Mas, fizemos barulho demais. Veio a Tia, abriu a porta e apanhou-nos em flagrante.
O que ela se riu!
Levou-nos para a sala, juntamente com as amêndoas, que continuamos a comer, sem limites.
quarta-feira, 25 fevereiro, 2009 
Maria Manuela Aguiar disse...
Por puro acaso,ontem à noite, quando procurava o 2º soneto da Tia Lina, encontrei poemas de infância do Tio António - da época da morte do Pai.
É simplesmente terrível, porque nos dá o ambiente em que aquelas crianças estavam mergulhadas. Com a Mãe a chorar o tempo todo, e eles, os mais velhos também. Não foram poupados. A Mãe não conseguiu ultrapassar o seu próprio drama de jovem viúva, para lhes dar um pouco de alegria ou de normalidade.
Os mais novos sentiram menos. A Tia Lena, que tinha apenas dois meses, e depois passaria os dias com a Tia Hermínia e Tio Alexandre, praticamente nada.
A Tia Lina ficou, para sempre, a "mais orfã" de todos.
quinta-feira, 26 fevereiro, 2009 
Maria Manuela Aguiar disse...
O referido poema infantil do Tio Tónio está publicado no texto em que falámos dele.
Mas deixo aqui um extracto:

Partiste...morreu tudo neste mundo...
E a minha Mãe, oh Pai, sempre a chorar
quinta-feira, 26 fevereiro, 2009 
Maria Manuela Aguiar disse...
A Tia tinha dois filhos fortes e pujantes, mas preocupava-se, enormemente, com a sua saúde. Obrigava-os a comer pratadas gigantes de tudo o que o organismo humano precisa! Demais...
Não foi por causa da dieta, mas por contágio, no colégio João de Deus, que o Tónio contraiu uma quase fatal tuberculose.
A Tia não o deixou sair de casa. Foi a sua enfermeira permanente, e salvou-lhe a vida.
Mais tarde, tratou o Tio Serafim, durante anos. após o AVC, que o deixou paralisado.
Depois dele morrer, morreu também, como se já não tivesse uma razão para viver...
segunda-feira, 02 março, 2009 
Maria Manuela Aguiar disse...
Conta a minha Mãe que era muito frequente ser convidada pela irmã Lina para passar a tarde no Porto.
O Porto era, naturalment, a cidade de muitas atracções, e Gondomar uma simples vila rural.
Iam passear pelas ruas, ver as montras, fazer compras nas lojas modernas, ou a uma sessão de cinema. O programa variava, mas terminava, invariavelmente, no lanche, numa confeitaria tradicional, como a Villares.
A Tia Lina, com a sua preocupação quase obssessiva de alimentar o próximo, começando por filhos e irmãs mais novas, insistia com a Maria Antónia para comer muitos bolos. E ela fazia-lhe gostosamente a vontade. E ainda hoje se recorda desses bons momentos.
Antes de casar, com 13 ou 14 anos, ainda adolescente e mesmo depois, já casada, no tempo em que vivia em casa da Mãe, e a Tia Lina na Cónega.
A Tia Lina era 8 anos mais velha e, nessa fase, nota-se mais a diferença de idades...
quarta-feira, 01 julho, 2009 
Maria Manuela Aguiar disse...
Era o tempo em que a Tia Lina ainda era feliz. Os meninos cresciam, sem problemas. Os negócios do Tio Serafim prosperavam.
Ele gostava de ser casado com uma beldade, uma mulher moderna, chique, vistosa.
Usava os tacões mais altos, os chapéus mais ousados.
Por onde passava, náo passava despercebida.
Tanto assim era, que o meu Pai, sempre conservador, neste aspecto, e bastante ciumento também - muito "português de época" - não era nada adepto dos passeios da Mulher com a espectacular Irmã Lina...
Mas nunca conseguiu impedi-los. As Aguiares unidas tinham muita força.
quarta-feira, 01 julho, 2009 
Maria Manuela Aguiar disse...
Noutro dia falava-se da família alargada e antiga, da qual pouco sabemos.
Por exemplo, da prima Beatriz, prima direita da Avó Maria, que teve 3 filhos, o João Frederico, o José Emílio e a Mª Emília (Lulu).
O primeiro era um cabulão, o segundo não - acabou professor universitário. A Lulu não foi professora, mas foi casada com um prof.
Viviam na bonita casa dos correios, que, mais tarde, quando foram viver para Lisboa, mantinham como casa de verão.
Outras primas da Avó: a Maria Harbertz - que, ao longe se confundia com ela - e a Judith Ramos Lobão, mãe da Fernanda Lobão, muito nossa amiga.
A Tia Lina gostava imenso do João Frederico, o seu primo predilecto, uns 6 anos mais novo do que ela.
Andou com o meu Pai no Colégio dos Carvalhos, e até partilhavam a carteira: eram da mesma idade, do mesmo ano, evidentemente, tinham o mesmo nome e um 2º nome com a mesma letra - F, de Fernandes e F, de Frederico. Pequenos detalhes soltos de um passado impossível de reconstituir, perdidos os testemunhos de toda esta gente... Excepto o da Maria Antónia, que do que sabe, se recorda ainda, na perfeição. Uma preciosidade. Basta sintonizá-la, o que nem sempre consigo, por ignorância do que devo perguntar.
Que lástima não poder questionar a Tia Lina, o Tio Manuel, a Avó Maria, que tqnto gostavam de contar episódios de outras vidas, de outras épocas...
quarta-feira, 01 julho, 2009 
Maria Manuela Aguiar disse...
Que abismo separa esse tempo de plenitude, dos dramas e desentendimentos do casal, e da Tia Lina com o mundo em geral, a partir da meia-idade, dos 45 ou 50 anos.
A partir daí, descuidou-se da aparência ou cultivou o descuido, com fatos velhos e negros, que são a imagem de marca que os netos guardam dela.
Uma lástima.
E, depois, foi cada vez pior, com o AVC que incapacitou o Tio Serafim.
Paralisado, na cama, durante anos, em que ela o tratou, com enfermeiros permanentes, ao lado, evidentemente.
Quando ele morreu, ela morreu, pouco depois. Desistiu de viver.
Complicações de rins, um internamento no hospital, um fim rápido, doloroso, solitário.
quarta-feira, 01 julho, 2009 
Maria Manuela Aguiar disse...
Vi-a tão pouco, nesses últimos tempos, e hoje lamento-o imenso...
Fazia-me impressão ver a decadência de um homem como o Tio Serafim. E andava pelos ares, constantemente, envolvida nas missões políticas, que não valeram nada, perdendo o contacto até com a família mais chegada.
Falava-lhe pelo telefone, e ela ficava encantada.
Quando o Tio Serafim morreu, eu estava na Hungria, chefiando uma delegação da Assembleia da República, Nem consegui estar presente no funeral.
A Tia Lina desapareceu nas vésperas do casamento do seu neto mais querido, o Tozinho.
Ele decidiu não adiar o acto, e fez bem, porque ela não teria querido "atrapalhar".
Que paixão tinha por aquele menino!
A Avó Maria, também. Achava que ninguém o compreendia.
quarta-feira, 01 julho, 2009 
Maria Manuela Aguiar disse...
Quando aos 8 anos regressou do Brasil, para não mais voltar, falava com pronúncia brasileira!
O Tio Manuel, também.
Mas, enquanto a ele nunca lhe ouvi referências ao paraíso tropical da infância, ela era uma brasileira de alma e coração! Tinha orgulho em o ser, sem deixar de ser portuguesa.
A pronúncia originária, essa, reservava-a para cantar "O luar do sertão" e outras modinhas, ou mesmo o hino longo do País.
E com que voz!
Até me parece que a estou a ouvir...
quarta-feira, 01 julho, 2009 
Maria Manuela Aguiar disse...
Os últimos dias de alegria e animação foram os que passou em curtas viagens a Lisboa, onde, então vivia a irmã Lola.
Ia, também, visitar um padre paralítico, salvo erro, o Padre Manuel, que tinha andado por Gondomar, e com quem gostava de conversar, de se aconselhar e desabafar consumições.
Encontrei-a, por acaso, mais do que uma vez, no comboio rápido, que eu frequentava muito.
Para essas deslocações vestia-se um pouco melhor, a lembrar, remotamente, a elegante Carolina.
Ficava, logo, com outra graça!
Era óptimo viajar com ela, aquelas horas. Sabia falar, era comunicativa e divertida.
Muito inteligente, e culta, embora um pouco ingénua.
Até nas crenças religiosas.
Lembro-me de a Mãe contar que lhe disse, um dia : "Temos de ir bem arranjadas no caixão. Nada de levar vestidos apertados, que rasgam atrás, para assentarem bem.
Não podemos entrar no céu, nessa figura ridícula".
Di-lo-ia a sério ou a gozar?
Não sei.
quarta-feira, 01 julho, 2009 
Maria Manuela Aguiar disse...
A 1ª casa em que morou a Tia Lina, depois do casamento, era a que foi, depois, da Mª Ernestina.
A Tia Lola e a minha Mãe passavam lá muitos dias - só não dormiam.
A Mãe lembra-se de um dia de muita chuva e trovoada em que lhes diziam;
Esperamos que a chuva pare. Depois vamos leva-las a casa.
Se esta história ficou na memória é, com certeza, porque estavam mortas por regressar, logo que caiu a noite...
É assim, normalmente, com as crianças. O dia é para sair de casa. A noite é para estar em casa...
domingo, 15 novembro, 2009 
Maria Manuela Aguiar disse...
Foi esta a sucessão das casas em
viveram os Tios Carolina e Serafim:
A da Mª Ernestina - lá deram os meninos os primeiros passos;
A casa da Avó Maria, no Souto (perto de onde fica a Capelinha de Santo António);
A Vila Deolinda - na Praça com o nome do Tio-Bisavô Manuel Guedes - onde estavam quando os meninos fizeram a comunhão. Estudavam no terraço. As tias davam-lhes explicações e umas bofetadas, quando estavam distraídos. Eles fugiam pelo monte Castro acima.
A Vila Deolinda era da prima Beatriz, que a arrendou quando foi morar em Lisboa.
Seguidamente, a da Cónega, que, muitos anos mais tarde, seria arrendade, depois comprada pela Xaninha. A certa altura, em meados de 90, fiquei eu com ela, por troca do andar que tinha lá perto, e onde ainda mora a Xaninha com a Isabelinha.
Finalmente na Villa Maria.
domingo, 15 novembro, 2009 
Maria Manuela Aguiar disse...
Parece impossível, mas é o que se vê: nenhum dos netos, incluindo aqueles que mais contacto tinham com a Avó, fez qualquer comentário neste blogue!
Mas alguns fizeram depoimentos , que recolhi.
Caso da Lélé. Iam passar as tardes à Villa Maria, mas preferiam ficar no 1º andar com a bisavó...
A Tia Lina atravessou muitas fases na vida e foi entrando em plano inclinado, do ponto de vista psicológico... No meu tempo de criança, era muito alegre e divertida, e muito activa, também - na igreja, nas boas obras, na ajuda aos pobres, aos doentes.
Depois, tornou-se solitária, isolou-se. Deixou de ser uma mulher elegante e atraente. Gostava imenso dos netos, em particular do Tó e da Lélé, mas não os cativava. A excepção será o Tó!
Conta a Lé que a bisavó as ensinava a bordar - ponto de pé de flor - e oferecia, invariavelmente, um programa bem preenchido: jardinar, vendo a bisavó a apanhar flores, a podar ou cortar as rosas; preparar compotas, deliciosas compotas, que depois podiam experimentar, em quantidade; tinha para cada uma um cestinho com paninhos e linhas para bordar e um banquinho pequeno, à dimensão delas. Actividades, assim, fascinantes!
A Avó, pelo contrário, não as compreendia - queria vê-las a brincar com caixinhas de remédios e coisas a que não achavam graça nenhuma. Coisas de outra idade, já ultrapassada.
Chamava-as lá de cima. Reclamava a presença delas, ou deles, pelo menos , à hora do lanche.
Quando a Avó não estava zangada com a Bisavó (o que acontecia periodicamente) subiam todas ao 2º andar. Mas tinham que comer muito - alimentar bem as crianças (exageradamente) foi uma constante preocupação da Tia Lina. Nisso não mudou nunca.
domingo, 15 novembro, 2009 

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