quinta-feira, 2 de junho de 2011

ÁFRICA REAL 1991

Sul da Africa 1991

Uma visita esplêndidamente organizada por um dos poucos monárquicos que conheço nas comunidades portuguesas da região - o Senhor Castro, grande amigo do Rei Goodwill Zulu.

Convite dirigido ao Duque de Bragança e, porque tinha um passado já longo de vida ligado à emigração, à Vice-Presidente da Ar (eu própria, nesse ano a terminar um mandato de quatro anos no cargo, que é mais representativo do que outra coisa qualquer). E porque é representativo e definitivamente republicano, achei que devia declinar o convite. Porém, quando o referi ao PAR Victor Crespo, insuspeito de simpatias monárquicas, ele surpreendeu-se com a recusa. Não via nenhum obstáculo a que fosse. Pedi uma segunda opinião a outro não menos insuspeito republicano, o líder do grupo parlamentar do PSD, Montalvão Machado
. Deu a mesma insólita resposta. Não quis ser mais papista do que aqueles "Papas", eu que até sou monárquica - à sueca, naturalmente, desde que as mulheres tenham igualdade de direitos sucessórios. E parti, acompanhando o Senhor Dom Duarte e o seu secretário, num périplo com o Senhor Castro, a advogada DrªEulália Salgado e o fotógrafo Luís (excelente fotógrafo e homem muito divertido ), pela África do Sul, Reino da Suazilândia e Kwazulu. Pelo meio, contactos com refugiados moçambicanos em Kang'wane - com o Padre Lesecour, o Pedro, todo um grupo de verdadeiros "missionários " de uma boa causa.



O Rei Suazi recebeu-nos, juntamente com o Cônsul honorário de Portugal, depois de ter estado reunido com o seu Conselho, com todos os membros, incluindo ele próprio, trajados à maneira tradicional - o que deu particular encanto à fotografia que o Luís tirou, depois de ter, por lapso, interrompido a parte final da cerimónia quando ainda decorria...



Do Kang'wane para a primeira entrada na fronteira suazi, a burocracia foi grande, mas, depois, como repetimos o trajecto e o "Rolls" azul do senhor Castro se tornou familiar, os guardas de fronteira, mal nos viam, acenavam em largos gestos amigáveis, para que passassemos, sem paragem!



O Rei, uma simpatia!



O mesmo se diga com o Rei Goodwill Zulu, com quem almoçamos, dias depois, no palácio. Tanto conversámos, que saímos tardíssimo e. apesar dos esforços da escolta que nos acompanhou à fronteira e da velocidade dos condutores, acabamos por perder o avião para Capetown - nada de grave, fomos horas mais tarde, o que me permitiu visitar a Associação Portuguesa de Natal, cujas novas instalações ainda não tinha visto (vira, sim, a obra em pleno progresso, que me despertava enorme curiosidade, como sempre acontece, pois gosto muito de "obras", mesmo que não sejam minhas...)



Em Joanesburgo, Pretória, Capetown, o programa com as associações das comunidades portuguesas era-me, claro, muito mais familiar. O Senhor Dom Duarte, que tem um grande facilidade de palavra,´e tem muita facilidade de se aproximar das pessoas, nos ambientes mais populares, fez sucesso (como reconheceria, em conversa que teve comigo - já durante a parte em que prolonguei a estada para contactos com o meu próprio círculo de amigos - o Embaixador Cutileiro). Creio que o Embaixador é o mais militante republicano que conheço, pelo menos no que respeita ao relacionamento com o Duque de Bragança, que, como é sabido, goza de imensas simpatias no campo republicano, a começar no Dr Mário Soares. Em Joanesburgo, onde o Senhor Dom Duarte participou no grande Baile da Debutantes a convite da Sociedade de Beneficência, que o organiza (e dele tira contributo importante para o seu orçamento anual...), Cutileiro opôs-se a que o Príncipe discursasse, o que foi pena, pois teriam gostado de o ouvir. Falou, e muito bem, o MNE da RAS Pick Botha. Dom Duarte ficou impressionado!



Eu tinha recebido e oferecido um almoço a Pick Botha, no Palácio das Necessidades (em substituição do MNE português, que, mesmo no fim do regime do "apartheid", não queria aparecer demais junto do colega - suponho... não que mo tenham confessado...-). A relação era excelente - ele era um político muito extrovertido, e muito culto também e, de facto um formidável orador, como mostrara mesmo na intervenção informal que fizera nesse almoço. Daí que me tenha perguntado, a mim, como seria melhor dirigir-se publicamente ao Duque de Bragança. Respondi que o PR de Portugal, Dr Soares, lhe dava sempre o tratamento de "Alteza Real". Assim fez, obviamente felicíssimo com a solução encontrada,o MNE Pick Botha...

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