segunda-feira, 31 de agosto de 2015

EMIGRAÇÃO novos destinos no espaço da lusofonia

1 - A emigração portuguesa distingue-se de todas as outras, na Europa e, porventura, no mundo, pelo seu carácter persistente e pela dispersão universal. E ainda por uma extraordinária propensão associativa, a par de uma tradição de convivialidade com outros povos e costumes – duas coisas nem sempre fáceis de harmonizar - e que explicam uma grande capacidade individual e coletiva de integração e, consequentemente de sucesso. Sucesso comum (talvez possamos ousar dizer, a regra geral, com as suas exceções…). Até daqueles de quem menos se esperaria – por exemplo, dos que partiram “a salto”, em meados do século passado e que Eduardo Lourenço, três décadas depois, em jeito de balanço, qualificou como “uma geração de triunfadores".
A emigração é, neste sentido lato da palavra, um fenómeno, cujo início remonta à época da "Expansão", mas que se prolongou para além do seu tempo histórico, e do seu âmbito geográfico. Cerca de um terço da nossa população tem vivido, desde então, fora das fronteiras europeias do País. E não certamente apenas pelo gosto das viagens e do movimento, mas por causas mais prosaicas e constrangedoras. – atraso económico, desigualdade social, pobreza…Um êxodo infindável, não todavia uniforme, antes em ciclos que se encadeiam –princípio, meio, fim …E recomeço…
Estamos agora em pleno recomeço de ciclo – quem diria há três ou quatro anos apenas? É, de todos, o mais imprevisto, o mais dececionante…porque sobrevém depois de ter sido oficialmente anunciado o fim dos tempos da emigração portuguesa… De facto, pouco depois da adesão à CEE, num discurso ufanista, que , em boa verdade nem sequer tinha total ajustamento à realidade, Portugal, era apresentado como um novo país de imigração, que tinha deixado de ser um velho país de emigração.
Uma forma de significar que nos colocávamos no restrito clube europeu dos mais prósperos e dos ricos. Numa Europa de solidariedade e de coesão que já não existe... Aquele Portugal também não,,,
Agora, com com um governo que tem por meta empobrecer o país, destruindo irremediavelmente as classes médias, o único escape é partir, outra vez, talvez para sempre...
1 -Fala.se da nova emigração, jovem e qualificada (enfim, o que nos faltava ainda, o "brain.drain").
Mas a fuga à pobreza é bem mais abrangente - vão todos, os mais e os menos qualificados, os mais e menos jovens, os homens (os tradicionais protagonistas do processo) e as mulheres, agora em pé de igualdade (na emigração mais qualificada, acrescente-se, que não , por exemplo, na temporária, em que o sexo masculino predomina, como dantes, largamente).
Um parêntesis, para salientar esta tendência para sobrevalorizar o que é inédito, mesmo quando coexiste com o que vem de trás. O mesmo aconteceu quendo da transição das migrações transoceânicas para aa europeias, em meados de novecentos. Olha-se a França, como o novo Brasil e é certo que foi um polo de atração maioritário, mas esquece-se a emigração em massa, através do Atlântico, para a Venezuela e para o Canadá, igualmente nos anos 50 e 60... Assim como a que havia ainda, mais limitadamente embora, para os EUA, para a África do Sul ou para a Austrália
Coexistência de destinos próximos e longínquos que, curiosamente, podemos constatar hoje em dia, com as centenas de milhares de portugueses que procuram e encontram trabalho não só na Europa , mas no Brasil e em Angola.

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