Maria Manuela Aguiar disse...
Sobre as Mulheres Migrantes e a Media, realizou-se, a 18 de Fevereiro, em New Bedford, um seminario organizado pela Consul de Portugal, Dra Fernanda Coelho e pela Dra Gloria Sa da Universidade de Massachussets.
Um sucesso!
Participamos o Dr. Antonio Pacheco e eu, respectivamente, da Fundacao Pro Dignitate e da Associacao Mulher Migrante.
Vamos, em brev e, dar noticia do debate, e da sua relevancia para a discussao do tema no proximo Encontro de Espinho.
21 DE FEVEREIRO DE 2009 15:06
Maria Manuela Aguiar disse...
Sobre o programa do seminario de New Bedford, uma proposta das instituiçoes referidas, patrocinada pela SECP, e organizada pela Prof. Gloria de Sa (UMD Ferreira-Mendes Portuguese-American Archives e pelo Prof. Franck F. Sousa (UDM Center for Portuguese Studies and Culture) e por Gina Reis, do mesmo Centro de Estudos, na qualidade de "associate coordinator".
"Sponsors":
O consulado de Portugal, o Centro de Estudo Portugueses, Os Arquivos Luso Americanos Ferreira- Mendes, e o Programa de Estudos sobre as Mulheres ("The Women Studies Program").
A abertura foi feita por Franck Sousa, pela Consul de Portugal e por Gloria de Sa.
Falei sobre "A imagem da Mulher na Media", e o Dr. Antonio Pacheco sobre "A Media e os problemas da comunidade: o ponto de vista da media em Portugal e as comunidades de imigrantes portugueses".
A breves introduçoes aos temas seguiram-se horas de debate, muito participado - o que, na minha experiencia destas coisas, poucas vezes vi acontecer...
Durante a pausa para almoço, tivemos connosco a Reitora desta Universidade ( pela primeira vez, na sua historia, uma Mulher).
Visitamos, de seguida, o espaço dos "Arquivos Ferreira-Mendes" - tao recentes que ainda nem foram inaugurados oficialmente!
Uma grande obra, de uma enorme importancia para a nossa comunidade, para o seu conhecimento e reconhecimento.
Estou ainda nos EUA e, por isso, escrevo sem acentos, que nao encontro no teclado americano... Sorry!
21 DE FEVEREIRO DE 2009 15:58
Maria Manuela Aguiar disse...
Muito interesante uma intervençao da Consul Dra. Fernanda Coelho, a salientar uma certa "cultura europeia de trabalho feminino", que as Portuguesas trouxeram para esta area de Massachussets, dando as americanas um exemplo de compatibilizaçao entre a profissao e a maternidade - altura para eu lembrar a vontade expressa pelo legislador nacional, em diplomas recentes, de encorajar, tambem, os homens a assumirem a "paternidade", nomeadamente, atraves de licenças para se ocuparem dos filhos recem-nascidos.
De resto, a nossa Consul, ela mesma, da um exemplo a seguir, na forma como se relaciona com a comunidade.
Parece-me que nunca tinha ouvido uma diplomata dizer que se "sente emigrante"!
Isso aconteceu durante uma entrevista de radio, que demos, "a tres", no dia seguinte ao do seminario (a Dra. Fernanda, o Antonio Pacheco e eu).
Nesse dia, visitamos, igualmente, o jornal "Portuguese Times". Trata-se de um dos melhores periodicos da nossa diaspora, e a visita permitiu-me rever bons amigos, de muitos anos.
Vim a ler a ultima ediçao, na viagem de comboio, no "Acela Express" para Newark. Excelente e duravel leitura, com alguns textos de nomes celebres, como Mayonne Dias e Onesimo.
Na coluna do leitor, artigos bem construidos sobre uma questao que, pelo visto, apaixona os emigrantes: a forma de voto, presencial ou por correspondencia. E pendendo, a cem por cento para esta ultima...
Porem, sobre a vida e realizaçoes das mulheres, nao encontramos nada de especial - como, em regra, acontece com a imprensa portuguesa, em geral, dentro e fora de fronteiras.
Essa tinha sido uma das observaçoes feitas no seminario da Universidade de Dartmouth - Massachussets.
Assim parece ser, apesar de, como ai concluimos, serem muitas e cada vez mais as mulheres presentes nos meios de comunicaçao, em diversas qualidades, directoras, redactoras, articulistas, etc.,etc...
21 DE FEVEREIRO DE 2009 16:42
Maria Manuela Aguiar disse...
Esta iniciativa, que esteve ameaçada, e so veio a realizar-se, graças a prontidao de resposta e empenhamento da nossa consul e a extraordinaria capacidade de organizaçao dos professores portugueses de Dartmouth, vai possivelmente, revelar-se como uma das mais fecundas, de todas aquelas em que temos estado envolvidos, a partir dos "Encontros para a Cidadania".
O tema dos estudos sobre a mulher portuguesa na emigracao tem sido pouco cuidado, pelas nossas autoridades, assim como pelas proprias comunidades. E ha, sobretudo em paises como os EUA, um enorme interesse pela materia, que contrasta com a subvalorizaçao que continua a sofrer em Portugal. Em Dartmouth, fomos, de imediato, convidados a voltar, com novas iniciativas!
E falou-se tambem muito de investigaçao no dominio das historias de vida ' outro dos grandes temas do nosso
Tem a palavra a família Aguiar e os seus amigos. Vamos abrir o "Círculo", com duas alternativas, que proponho: Este "Aguiaríssimo" ou o "blogguiar.blogspot.com"
quarta-feira, 15 de agosto de 2012
CV
MARIA MANUELA AGUIAR DIAS MOREIRA
E-mail:mariamanuelaaguiar@gmail.com
Formação académica:
É licenciada em Direito pela Universidade de Coimbra. Pós-graduação em Direito (“Diplôme Supérieur d' Études et de Recherche en Droit”) pela Faculdade de Direito e Ciências Económicas do Instituto Católico de Paris.
Foi bolseira da Fundação Gulbenkian, em Paris, e das Nações Unidas, da OCDE, e da OIT em estágios realizados em vários países da Europa. (entre 1968/1976)
Actividade Profissional:
Advogada (1967/1972); Assistente do "Centro de Estudos" do Ministério das Corporações e Segurança Social - Direito do Trabalho (1967-1974); Assistente da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica de Lisboa - Sociologia - (1971/72); Assistente da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra - Direito Civil, regeu o curso de "Introdução ao Estudo do Direito", deu aulas práticas de "Teoria Geral do Direito" (1974/1976); Docente da Universidade Aberta, Mestrado de Relações Interculturais, regeu a cadeira de "Políticas e Estratégias para as Comunidades Portuguesa" (1992/1995); Assessor do Provedor de Justiça (1976/2002)
Actividade Política:
Secretária de Estado do Trabalho (1978/1979); Secretária de Estado da Emigração e das Comunidades Portuguesas (1980); Idem (1981); Deputada eleita pelo Círculo de Emigração Fora da Europa (1980/1985, em efectividade de funções entre Agosto de 1981 e Junho de 1983); Secretária de Estado da Emigração (1983/1985); Deputada Eleita pelo Círculo da Europa (1985/1987); Secretária de Estado das Comunidades Portuguesas (1985/1987); Deputada eleita pelo Círculo do Porto (1987/1991); Vice-presidente da Assembleia da República (1987/1991); Presidente do Conselho de Administração da Assembleia da República (por inerência); Presidente da Comissão Parlamentar da Condição Feminina (1987/1989); Deputada eleita pelo Círculo de Aveiro (1991/1995); Representante de Portugal na Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa (APCE) e na Assembleia da UEO (1992/2005); Presidente da Subcomissão das Migrações da APCE (1994/1995); Presidente da Comissão das Migrações, Refugiados e Demografia da APCE (1995/1997); Vice- Presidente do Grupo Liberal e reformista na Assembleia do Conselho da Europa; Deputada eleita pelo Círculo de Emigração Fora da Europa (995/1999;1999/2002: 2002/2005); Presidente da Delegação Portuguesa à APCE e UEO (2002/2005); Vice -Presidente da Assembleia da UEO; Vice-Presidente do PPE na APCE; Presidente da Subcomissão para a Igualdade (APCE);
Membro do "Gabinete sombra" de José Manuel Durão Barroso (pelouro das Comunidades Portuguesas).
Membro honorário da Assembleia da UEO e da APCE.
Em 1980, presidiu à Delegação Portuguesa à Meia Década das Nações Unidas para a Igualdade da Mulher (Copenhaga).
Em 1985, presidiu â Delegação Portuguesa e foi eleita Vice-Presidente da 2ª Conferência de Ministro do Conselho da Europa para as Migrações (Roma).
Em 1984, presidiu à Delegação Portuguesa à 1ª reunião de Ministros do Conselho da Europa para a Igualdade de Mulheres e Homens (Estrasburgo).
Em 1987, presidiu à Delegação Portuguesa e foi eleita presidente da 3ª Conferência de Ministros do Conselho da Europa para as Migrações (Porto).
Entre 1987 e 1991, foi a primeira mulher a presidir aos plenários da Assembleia da República e a chefiar delegações parlamentares, a primeira das quais se dirigiu ao Japão.
Legislação e instituições cuja criação ou reforma impulsionou:
Comissão para a Igualdade no Trabalho e Empresa (CITE), 1979; Instituto de Apoio à Emigração e Comunidades Portuguesas (IAECP), 1980; Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP), 1980; Lei da Nacionalidade, 1981; Centro de Estudo do IAECP e "Fundo Documental e Iconográfico das Comunidades Portuguesas" (1984); "Regionalização" do CCP (1984); Comissão Interministerial para as Comunidades Portuguesas (1987). Estatuto de Igualdade de Direitos e Deveres entre Portugueses e Brasileiros (reciprocidade), 1989-2001; Lei da Nacionalidade (recuperação automática), 2004; Direito de voto generalizado nas eleições para o Parlamento Europeu (fora do espaço da UE), 2004.
Participação Associativa
Fundadora e Presidente da Assembleia Geral da Associação "Mulher Migrante". Fundadora e Membro do Conselho de Curadores da Fundação Luso-Brasileira. Fundadora e Membro do Instituto Francisco Sá Carneiro; Membro do Conselho de Delegações e Filiais do FCP.
Membro honorário da Assembleia da União da Europa Ocidental e da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa.
Publicações
Política para a Emigração e as Comunidades Portuguesas (1986); Portugal - País das Migrações sem Fim (1999); Círculo de Emigração (2002); Igualdade de Direitos entre Portugueses e Brasileiros – A questão da Reciprocidade (2005); Comunidades Portuguesas - Os Direitos e os Afectos (2005); Migrações - Iniciativas para a Igualdade de Género (2007) coord. Problemas Sociais da Nova Emigração (2009) coord; Cidadãs da Diáspora– Encontro em Espinho (2009) coord
Relatórios apresentados nas Assembleias do Conselho da Europa e UEO (cuja colectânea aguarda publicação) e numerosos artigos publicados em revistas da especialidade sobre Direitos Humanos, Igualdade de Direitos, Direito do Trabalho, Migrações. Colaboração regular em jornais nesses e outros domínios - feminismo, desporto, política, defesa e relações internacionais.
Condecorações
Nacional: Grã-Cruz da Ordem do Infante Dom Henrique
Estrangeiras - Grã Cruz: Ordem do Cruzeiro do Sul, Ordem do Rio Branco (Brasil); Ordem do Império Britânico (Honorary Dame); Ordem de Mérito (Itália); Ordem de Mérito (Alemanha); Ordem de Mérito (Luxemburgo); Ordem de Leopoldo II (Bélgica); Ordem Fénix (Grécia); Ordem Francisco Miranda (Venezuela);
Grande Oficial: Ordem de Mérito (França); Ordem da Estrela Polar (Suécia), entre outras.
E-mail:mariamanuelaaguiar@gmail.com
Formação académica:
É licenciada em Direito pela Universidade de Coimbra. Pós-graduação em Direito (“Diplôme Supérieur d' Études et de Recherche en Droit”) pela Faculdade de Direito e Ciências Económicas do Instituto Católico de Paris.
Foi bolseira da Fundação Gulbenkian, em Paris, e das Nações Unidas, da OCDE, e da OIT em estágios realizados em vários países da Europa. (entre 1968/1976)
Actividade Profissional:
Advogada (1967/1972); Assistente do "Centro de Estudos" do Ministério das Corporações e Segurança Social - Direito do Trabalho (1967-1974); Assistente da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica de Lisboa - Sociologia - (1971/72); Assistente da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra - Direito Civil, regeu o curso de "Introdução ao Estudo do Direito", deu aulas práticas de "Teoria Geral do Direito" (1974/1976); Docente da Universidade Aberta, Mestrado de Relações Interculturais, regeu a cadeira de "Políticas e Estratégias para as Comunidades Portuguesa" (1992/1995); Assessor do Provedor de Justiça (1976/2002)
Actividade Política:
Secretária de Estado do Trabalho (1978/1979); Secretária de Estado da Emigração e das Comunidades Portuguesas (1980); Idem (1981); Deputada eleita pelo Círculo de Emigração Fora da Europa (1980/1985, em efectividade de funções entre Agosto de 1981 e Junho de 1983); Secretária de Estado da Emigração (1983/1985); Deputada Eleita pelo Círculo da Europa (1985/1987); Secretária de Estado das Comunidades Portuguesas (1985/1987); Deputada eleita pelo Círculo do Porto (1987/1991); Vice-presidente da Assembleia da República (1987/1991); Presidente do Conselho de Administração da Assembleia da República (por inerência); Presidente da Comissão Parlamentar da Condição Feminina (1987/1989); Deputada eleita pelo Círculo de Aveiro (1991/1995); Representante de Portugal na Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa (APCE) e na Assembleia da UEO (1992/2005); Presidente da Subcomissão das Migrações da APCE (1994/1995); Presidente da Comissão das Migrações, Refugiados e Demografia da APCE (1995/1997); Vice- Presidente do Grupo Liberal e reformista na Assembleia do Conselho da Europa; Deputada eleita pelo Círculo de Emigração Fora da Europa (995/1999;1999/2002: 2002/2005); Presidente da Delegação Portuguesa à APCE e UEO (2002/2005); Vice -Presidente da Assembleia da UEO; Vice-Presidente do PPE na APCE; Presidente da Subcomissão para a Igualdade (APCE);
Membro do "Gabinete sombra" de José Manuel Durão Barroso (pelouro das Comunidades Portuguesas).
Membro honorário da Assembleia da UEO e da APCE.
Em 1980, presidiu à Delegação Portuguesa à Meia Década das Nações Unidas para a Igualdade da Mulher (Copenhaga).
Em 1985, presidiu â Delegação Portuguesa e foi eleita Vice-Presidente da 2ª Conferência de Ministro do Conselho da Europa para as Migrações (Roma).
Em 1984, presidiu à Delegação Portuguesa à 1ª reunião de Ministros do Conselho da Europa para a Igualdade de Mulheres e Homens (Estrasburgo).
Em 1987, presidiu à Delegação Portuguesa e foi eleita presidente da 3ª Conferência de Ministros do Conselho da Europa para as Migrações (Porto).
Entre 1987 e 1991, foi a primeira mulher a presidir aos plenários da Assembleia da República e a chefiar delegações parlamentares, a primeira das quais se dirigiu ao Japão.
Legislação e instituições cuja criação ou reforma impulsionou:
Comissão para a Igualdade no Trabalho e Empresa (CITE), 1979; Instituto de Apoio à Emigração e Comunidades Portuguesas (IAECP), 1980; Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP), 1980; Lei da Nacionalidade, 1981; Centro de Estudo do IAECP e "Fundo Documental e Iconográfico das Comunidades Portuguesas" (1984); "Regionalização" do CCP (1984); Comissão Interministerial para as Comunidades Portuguesas (1987). Estatuto de Igualdade de Direitos e Deveres entre Portugueses e Brasileiros (reciprocidade), 1989-2001; Lei da Nacionalidade (recuperação automática), 2004; Direito de voto generalizado nas eleições para o Parlamento Europeu (fora do espaço da UE), 2004.
Participação Associativa
Fundadora e Presidente da Assembleia Geral da Associação "Mulher Migrante". Fundadora e Membro do Conselho de Curadores da Fundação Luso-Brasileira. Fundadora e Membro do Instituto Francisco Sá Carneiro; Membro do Conselho de Delegações e Filiais do FCP.
Membro honorário da Assembleia da União da Europa Ocidental e da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa.
Publicações
Política para a Emigração e as Comunidades Portuguesas (1986); Portugal - País das Migrações sem Fim (1999); Círculo de Emigração (2002); Igualdade de Direitos entre Portugueses e Brasileiros – A questão da Reciprocidade (2005); Comunidades Portuguesas - Os Direitos e os Afectos (2005); Migrações - Iniciativas para a Igualdade de Género (2007) coord. Problemas Sociais da Nova Emigração (2009) coord; Cidadãs da Diáspora– Encontro em Espinho (2009) coord
Relatórios apresentados nas Assembleias do Conselho da Europa e UEO (cuja colectânea aguarda publicação) e numerosos artigos publicados em revistas da especialidade sobre Direitos Humanos, Igualdade de Direitos, Direito do Trabalho, Migrações. Colaboração regular em jornais nesses e outros domínios - feminismo, desporto, política, defesa e relações internacionais.
Condecorações
Nacional: Grã-Cruz da Ordem do Infante Dom Henrique
Estrangeiras - Grã Cruz: Ordem do Cruzeiro do Sul, Ordem do Rio Branco (Brasil); Ordem do Império Britânico (Honorary Dame); Ordem de Mérito (Itália); Ordem de Mérito (Alemanha); Ordem de Mérito (Luxemburgo); Ordem de Leopoldo II (Bélgica); Ordem Fénix (Grécia); Ordem Francisco Miranda (Venezuela);
Grande Oficial: Ordem de Mérito (França); Ordem da Estrela Polar (Suécia), entre outras.
EDMUNDO MACEDO sobre MMA
Date of addition: 2011-07-01 02:43
Comment author: Edmundo Macedo
Author E-mail: edmacedo@aol.com
Comment text: Conheci a Ilustre Secretária de Estado da Emigração, Dra. Manuela Aguiar, em 1980, quando veio ao Sul da Califórnia visitar as Comunidades Portuguesas e Luso-Americanas.
Ao recordá-la, jamais esquecerei o passo acelerado, a dinâmica contagiante, a presença amiga, o sorriso franco, a vontade de melhorar, o interesse em modernizar.
Os nossos imigrantes jamais esquecerão a Secretária de Estado Dra. Manuela Aguiar.
E eu jamais esquecerei a Dra. Manuela Aguiar. Que tinha Uma Consciência!
Que exsudava Uma Alma!
Que em representação do nosso País me ensinou que uma Nação sem Consciência é uma Nação sem Alma!
Edmundo Macedo
Comment author: Edmundo Macedo
Author E-mail: edmacedo@aol.com
Comment text: Conheci a Ilustre Secretária de Estado da Emigração, Dra. Manuela Aguiar, em 1980, quando veio ao Sul da Califórnia visitar as Comunidades Portuguesas e Luso-Americanas.
Ao recordá-la, jamais esquecerei o passo acelerado, a dinâmica contagiante, a presença amiga, o sorriso franco, a vontade de melhorar, o interesse em modernizar.
Os nossos imigrantes jamais esquecerão a Secretária de Estado Dra. Manuela Aguiar.
E eu jamais esquecerei a Dra. Manuela Aguiar. Que tinha Uma Consciência!
Que exsudava Uma Alma!
Que em representação do nosso País me ensinou que uma Nação sem Consciência é uma Nação sem Alma!
Edmundo Macedo
Da Califórnia, palavras de um amigo
Senhora Doutora, Querida Amiga,
Peço que, por favor, não demore as suas belas palavras sobre a Mary, que só honrariam a Comunidade. E se as fizesse chegar ao quinzenário "Tribuna Portuguesa" - que percorre o inteiro Estado californiano e de que é director/editor José Ávila - tanto melhor.
Não sei nem nunca tive jeito para lisonjear , mas terei de dizer-lhe que o nome "Manuela Aguiar" ficou indelevelmente gravado no "Pensamento das Comunidades Portuguesas no Mundo". De tal forma que se o tópico da conversa for, por exemplo, "Secretários de Estado da Emigração", a Comunidade, sem pestanejar, responderá em uníssono: Manuela Aguiar! Quer dizer, Manuela Aguiar chegou e ficou perpetuada - repito, ficou perpetuada - em inumeráveis corações
Lusitanos; sem querer desmerecê-los, os restantes Secretários de Estado -
e já são em número considerável - chegaram, partiram e foi como se nada tivesse acontecido no seio das Comunidades. Chegaram, partiram e nenhum deles lhes ocorre hoje, ontem, ou amanhã. Manuela Aguiar, sim, está sempre com eles, ficou "dentro" deles, É que Manuela Aguiar falou-lhes doutra maneira.
Não lhes trouxe discursos para outros "palcos". Nem discursou ante eles.Simplesmente, falou-lhes sempre como se de amigos de longa data se tratasse.
Escolheu sempre palavras ao alcance de todos. Nada de catedratice. Mostrou-lhes até certo incómodo sempre que o insaciável protocolo obrigava ao flutuar do "Sua Excelência". Também nada lhes prometeu que não pudesse mandar-lhes, mas disse-lhes enfaticamente: "contem com tudo quanto estiver ao meu alcance".
E depois cumpriu. Rigorosamente cumpriu.
Pelo que se o tópico da conversa for, por exemplo "Secretários de Estado da Emigração", a Comunidade, sem pestanejar, responderá em uníssono: Manuela Aguiar ...
Querendo, poderá a Querida Amiga dar estas minhas palavras ao conhecimento de quem entender.
Um abraço especial do Edmundo Macedo
Peço que, por favor, não demore as suas belas palavras sobre a Mary, que só honrariam a Comunidade. E se as fizesse chegar ao quinzenário "Tribuna Portuguesa" - que percorre o inteiro Estado californiano e de que é director/editor José Ávila - tanto melhor.
Não sei nem nunca tive jeito para lisonjear , mas terei de dizer-lhe que o nome "Manuela Aguiar" ficou indelevelmente gravado no "Pensamento das Comunidades Portuguesas no Mundo". De tal forma que se o tópico da conversa for, por exemplo, "Secretários de Estado da Emigração", a Comunidade, sem pestanejar, responderá em uníssono: Manuela Aguiar! Quer dizer, Manuela Aguiar chegou e ficou perpetuada - repito, ficou perpetuada - em inumeráveis corações
Lusitanos; sem querer desmerecê-los, os restantes Secretários de Estado -
e já são em número considerável - chegaram, partiram e foi como se nada tivesse acontecido no seio das Comunidades. Chegaram, partiram e nenhum deles lhes ocorre hoje, ontem, ou amanhã. Manuela Aguiar, sim, está sempre com eles, ficou "dentro" deles, É que Manuela Aguiar falou-lhes doutra maneira.
Não lhes trouxe discursos para outros "palcos". Nem discursou ante eles.Simplesmente, falou-lhes sempre como se de amigos de longa data se tratasse.
Escolheu sempre palavras ao alcance de todos. Nada de catedratice. Mostrou-lhes até certo incómodo sempre que o insaciável protocolo obrigava ao flutuar do "Sua Excelência". Também nada lhes prometeu que não pudesse mandar-lhes, mas disse-lhes enfaticamente: "contem com tudo quanto estiver ao meu alcance".
E depois cumpriu. Rigorosamente cumpriu.
Pelo que se o tópico da conversa for, por exemplo "Secretários de Estado da Emigração", a Comunidade, sem pestanejar, responderá em uníssono: Manuela Aguiar ...
Querendo, poderá a Querida Amiga dar estas minhas palavras ao conhecimento de quem entender.
Um abraço especial do Edmundo Macedo
Colóquios sobre a Guerra Colonial - em Espinho
As comemorações do centenário da República, na cidade de Espinho, estenderam-se durante meses, a partir de Março de 2010, ao ritmo de duas a três iniciativas mensais.
Foi um esforço espantoso para as unidades do pelouro da Cultura, todos sub-dimensionadas quantitativamente.
Em 2011, não me atreveria a exigir outro tanto para comemorações que também merecem ser uma grande oportunidade de olhar o passado e de reflectir sobre uma realidade que nos marcou decisivamente, condicionando a revolução de Abril e, com ela, o nascimento de novos Estados lusófonos. Falo da guerra colonial, como é evidente.
O repto foi-me lançado por um ilustre membro da Assembleia - o Deputado Municipal Pina.
Como dar-lhe uma resposta condigna, sem sobrecarregar os serviços?
Não foi propriamente o "ovo de Colombo", mas é uma solução fácil e pragmática - a rentabilização de um espaço e de uma parceria, que estão perfeitamente disponíveis para colaborar e podem suprir as nossas referidas dificuldades; a Feira do Livro!
A "Calendário de Letras", que tem a seu cargo a organização da Feira, aceitou prontamente a nossa sugestão de convidar especialistas e autores de livros sobre esta temática, para a apresentação das suas obras, seguida de um debate - ali mesmo no acolhedor recanto da "Alameda", um "open space" devidamente protegido das nortadas de verão.
Eis a primeira proposta feita para a realização de Colóquios sobre a Guerra Colonial:
* Associação 25 de Abril – com a presença do Coronel David Martelo.
* Associação de Deficientes das Forças Armadas com a participação de Abel Fortuna e apresentação do Livro “Dias de Coragem e Amizade”.
* Miguel Urbano Rodrigues – “A Guerra Colonial e os Movimentos de Libertação”.
Em agenda, para fins de Agosto,está ainda o lançamento na Feira de uma edição da Câmara Municipal de Espinho sobre a guerra de 1916/18 - "A coluna do Lago Niassa", memórias do Alferes Jacinto. Nessa data, um debate, com enfoque na guerra colonial em Moçambique, será moderado pelo Mestre Teixeira Lopes, e terá como um dos intervenientes o Coronel Jacinto, a quem se deve a descoberta e a divulgação do texto de seu Avô.
É um esquema que aguarda mais conferencistas - e muitos participantes de Espinho, à semelhança do que aconteceu na 1ª edição da Feira ou "Festa do Livro"...
terça-feira, 7 de agosto de 2012
As Academias do Bacalhau - um breve testemunho
As Academias de Bacalhau estão hoje espalhadas no mundo, como verdadeiros padrões
de presença portuguesa, cumprindo uma vocação matricial de convivialidade, que vem
marcando o seu trajecto devárias décadas, sempre a irradiar alegria, a expandir a nossa
cultura e os nossos costumes, a oferecer solidariedade a quem precisa.
A ideia que lhes deu origem é, em si mesma, uma ideia felicíssima e singular: partir de uma
simples tertúlia de amigos, reunidos num almoço habitual, e juntar-lhe - numa fórmula que
faz toda a diferença - as componentes essenciais da cultura e da beneficência.
Mas por muito interessante que fosse este "achado", ao colocar uma forma de
associativismo lúdico ao serviço dos mais nobres objectivos da sociedade, os seus
autores não terão, com certeza, imaginado a assombrosa aventura humana em que haveria
de se traduzir!
O mundo da Diáspora portuguesa era formado por um sem número de comunidades
engendradas pela mesma vontade de preservar a identidade nacional e de conservar os
laços afectivos de ligação à Pátria, mas que, não obstante o que as unia, permaneciam
distantes e incomunicáveis entre si.
Era preciso dar um passo em frente para formas mais englobantes de cooperação entre
instituições congéneres, entre Portugueses dispersos no espaço geográfico dos cinco
continentes. Uma meta que, face à experiência do passado, parecia inatingível. Seriam os
portugueses, ao invés de tantos outros povos europeus da emigração, definitivamente,
avessos ao envolvimento num amplo movimento de convergência? As Academias do
Bacalhau vieram provar que não. Ao longo de mais de quatro décadas, mostraram tanto
uma enorme capacidade plástica de se moldarem à situação e características das
sociedades em que se inseriam, como uma surpreendente facilidade de vencer as
distâncias geográficas, estabelecendo a ligação permanente entre todas, pontuada por
congressos mundiais, que juntam centenas e centenas de "compadres", em sessões de
trabalho e em convívio fraterno.
Do acolhimento se encarrega, com invariável eficiência, a Academia anfitriã.
Este movimento converteu-se, assim, em paradigma de diálogo e articulação de
projectos a nível intercontinental, e é também o único actuante, em simultâneo, com o
mesmo espírito e as mesmas regras, na Diáspora e em Portugal.
E pensar que tudo começou, em Março de 1968, num restaurante de Joanesburgo, durante
um almoço oferecido por quatro amigos a Manuel Dias, o mítico jornalista portuense!
Aí surgiu a ideia, segundo nos conta o fundador e presidente honorário das Academias,
Dr. Durval Marques. Depois, os quatro (Dr. Durval Marques, Eng.º José Ataíde, Ivo Cordeiro
e Rui Pericão) suscitaram adesões e trabalharam em conjunto para dar configuração ao
projecto, definindo os princípios informadores, as particularidades e formato original da
futura agremiação. A Academia do Bacalhau de Joanesburgo seria lançada logo a 10 de
Junho desse ano, durante a primeira grande comemoração do Dia Nacional na capital do
Gauteng. Estava bem gizada e pronta a dinamizar acções mobilizadoras em seu redor, com
o seu exemplo, promovendo, a disseminação das Academias em outras cidades.
A designação "Academia" não tem conotações elitistas - as regras de tratamento no seu
interior excluem, aliás, o uso de quaisquer títulos universitários ou profissionais - antes apela
à camaradagem, à união, sem excluir a dose certa de irreverência, que quadra na perfeição
com as praxes e rituais adoptados, a fazerem lembrar os das nossas organizações
académicas, sobretudo as do Porto, do Orfeão Universitário, de onde vem o "gavião de
penacho", que se canta em coro, em momentos altos.
A "Academia-tertúlia" não tem sede, o seu património são as pessoas, que podem reunir
em qualquer lugar, à volta de uma mesa de restaurante, em frente a um prato de bacalhau,
"o fiel amigo". A focagem na amizade revela-se, igualmente, na denominação de cada um
dos seus membros: " compadre", sinónimo de "melhor amigo", aquele que se convida para
padrinho dos filhos. Ali não há "doutores" todos se tratam, familiarmente, por "compadres".
As suas mulheres, as chamadas "comadres", desde sempre, estiveram presentes nas
festas especiais, como convidadas, não inicialmente como sócias.
Este é um aspecto que não gostaria de omitir, e que, do meu ponto de vista, deve ser
situado no seu contexto histórico. A génese da tertúlia de Joanesburgo explica "de per si"
o "porquê" da estrutura ser, na origem, exclusivamente masculina, e afasta a hipótese de
qualquer intenção deliberadamente discriminatória: eram os homens que conviviam, entre si,
na pausa de trabalho, ao almoço. As mulheres, simplesmente, não estavam lá, não
partilhavam o mesmo círculo de actividades ou de camaradagem profissional. Por isso,
quando essa factualidade se alterou, com as mulheres a surgirem, lado a lado, com os
homens no campo profissional ou associativo, foram sendo admitidas, em muitas das
Academias, como filiadas de pleno direito, e logo as vimos em lugares de direcção ou
mesmo na presidência, por exemplo, em Toronto, na Nova Inglaterra, em Brasília. O que
não tem paralelo em outros ramos do nosso associativismo mais antigo e tradicionalista.
Refiro-me ao acesso em massa das mulheres, que aconteceu, primeiramente, em países,
onde a igualdade de género era mais conseguida. Mas, de facto, a título excepcional,
algumas senhoras haviam sido, muito antes, admitidas, como membros da Academia Mãe
de Joanesburgo, mulheres de Artes, de Letras, como Amália Rodrigues (a primeira de
todas), Vera Lagoa, Graça Sousa Guedes, ou oriundas da política, como eu mesma. Aceitei
, com entusiasmo, esse estatuto por um lado, porque estava ciente da importância de abrir
precedentes e confiava na capacidade de ajustamento daquele modelo organizacional a
uma realidade em evolução, (não só, mas também, no que respeita à colaboração igualitária
de mulheres e homens) e, por outro lado, porque admirava as Academias e acreditava nas
suas virtualidades de fazerem coisas cada vez mais extraordinárias.
O lugar ímpar e cimeiro a que as Academias ascenderam no universo da emigração,
ficou, evidentemente, a dever-se à qualidade dos seus dirigentes. Tanto os pioneiros,
como os que lhes sucederam eram (são!) líderes de larga visão, conhecedores da
importância de conjugar esforços para consolidar e engrandecer verdadeiras comunidades
em terra estrangeira. Sabiam bem que estas podem datar o seu nascimento e formação do
início do associativismo. Podem mesmo, a meu ver, sintetizar a sua história numa frase
lapidar: "Associo-me, logo existo".
Este poder criador e estruturante de comunidades, em sentido orgânico, está, de há
muito, estudado e definido e é corrente distinguir, de acordo com as finalidades principais,
as instituições de assistência e solidariedade, as agremiações de fins culturais, os
clubes e centros e recreativos. Todavia, as Academias do Bacalhau escapam a essa
divisão clássica, devido ao ecletismo e pluralidade dos seus fins e à singularidade dos
meios utilizados para lhes dar cumprimento. Conseguem ser, do lado da Diáspora, um elo
de ligação à Pátria, e, também, a partir das Academias existentes no nosso país, um meio
de compreensão e de convivência ecuménica com a Diáspora.
Há, entre os seus membros muitos emigrantes ou ex-emigrantes, considerados justamente
“gente de sucesso”. É excelente lembrar o percurso individual de cada um, mas sem
esquecer o que tende a ser mais subestimado: as suas realizações colectivas..
Um longo relacionamento com as comunidades, leva-me a acreditar no papel insubstituível
do associativismo, em que vejo," um ímpeto de Portugal", de que falava Pessoa - o ímpeto
que despertou para a acção concreta os fundadores das Academias,no sul da África, e,
depois, um pouco por todo o lado, em instituições que avançaram e cresceram à medida
dos desafios com que foram deparando.
Julgo que o processo de descolonização de Moçambique e Angola, e, com ele, a
necessidade de valer a dezenas de milhares de refugiados, foi um dos factores decisivos
de uma rápida evolução para patamares de actuação cada vez mais elevados, com a
criação da Sociedade de Beneficência de Joanesburgo e do Lar Santa Isabel, na
segunda metade da década de 70. Um passo de gigante, que centrou a acção das
Academias definitivamente na acção humanitária.
E o regresso, em grande número, da África do Sul, anos mais tarde, terá sido determinante
na constituição de novas Academias no nosso próprio País. Os "compadres" retornados
trouxeram consigo a saudade de África e a determinação de retomar o convívio e o trabalho
beneficente, em terras portuguesas.
O Porto foi uma das primeiras cidades do país em que isso aconteceu - como não poderia
deixar de ser, já que, através de ilustres portuenses, havia estado presente em
Joanesburgo, no momento verdadeiramente genesíaco, e em todo o processo em que tão
grande aventura se veio a desenvolver. E bem pode dizer-se que a imagem de marca da
cidade - força de trabalho, poder de iniciativa, extroversão da alegria de viver - se
evidencia, hoje, na dimensão e no dinamismo da sua Academia.
A fase seguinte foi a de expansão em novos destinos da Diáspora, o que nos leva a
perguntar: e agora, que futuro para as "Academias"?
Em tempo de crise sem fim à vista, num ponto de partida de grandes vagas migratórias
- a chamada "nova emigração", fenómeno recorrente em Portugal, em ciclos que se
encadearam, inparavelmente, nos últimos cinco séculos - quantos desafios vemos pela
frente!
É o momento de pormos nas Academias do Bacalhau as maiores esperanças, apostando
na sua experiência para enfrentar conjunturas difíceis e, como é da sua natureza, fazer
história em gestos de solidariedade e simpatia.
Afirmação que avançamos, de caso pensado, com segurança, pois estamos a falar, afinal,
naquele que se transformou no mais moderno e dinâmico movimento de união dos
Portugueses do mundo inteiro.
de presença portuguesa, cumprindo uma vocação matricial de convivialidade, que vem
marcando o seu trajecto devárias décadas, sempre a irradiar alegria, a expandir a nossa
cultura e os nossos costumes, a oferecer solidariedade a quem precisa.
A ideia que lhes deu origem é, em si mesma, uma ideia felicíssima e singular: partir de uma
simples tertúlia de amigos, reunidos num almoço habitual, e juntar-lhe - numa fórmula que
faz toda a diferença - as componentes essenciais da cultura e da beneficência.
Mas por muito interessante que fosse este "achado", ao colocar uma forma de
associativismo lúdico ao serviço dos mais nobres objectivos da sociedade, os seus
autores não terão, com certeza, imaginado a assombrosa aventura humana em que haveria
de se traduzir!
O mundo da Diáspora portuguesa era formado por um sem número de comunidades
engendradas pela mesma vontade de preservar a identidade nacional e de conservar os
laços afectivos de ligação à Pátria, mas que, não obstante o que as unia, permaneciam
distantes e incomunicáveis entre si.
Era preciso dar um passo em frente para formas mais englobantes de cooperação entre
instituições congéneres, entre Portugueses dispersos no espaço geográfico dos cinco
continentes. Uma meta que, face à experiência do passado, parecia inatingível. Seriam os
portugueses, ao invés de tantos outros povos europeus da emigração, definitivamente,
avessos ao envolvimento num amplo movimento de convergência? As Academias do
Bacalhau vieram provar que não. Ao longo de mais de quatro décadas, mostraram tanto
uma enorme capacidade plástica de se moldarem à situação e características das
sociedades em que se inseriam, como uma surpreendente facilidade de vencer as
distâncias geográficas, estabelecendo a ligação permanente entre todas, pontuada por
congressos mundiais, que juntam centenas e centenas de "compadres", em sessões de
trabalho e em convívio fraterno.
Do acolhimento se encarrega, com invariável eficiência, a Academia anfitriã.
Este movimento converteu-se, assim, em paradigma de diálogo e articulação de
projectos a nível intercontinental, e é também o único actuante, em simultâneo, com o
mesmo espírito e as mesmas regras, na Diáspora e em Portugal.
E pensar que tudo começou, em Março de 1968, num restaurante de Joanesburgo, durante
um almoço oferecido por quatro amigos a Manuel Dias, o mítico jornalista portuense!
Aí surgiu a ideia, segundo nos conta o fundador e presidente honorário das Academias,
Dr. Durval Marques. Depois, os quatro (Dr. Durval Marques, Eng.º José Ataíde, Ivo Cordeiro
e Rui Pericão) suscitaram adesões e trabalharam em conjunto para dar configuração ao
projecto, definindo os princípios informadores, as particularidades e formato original da
futura agremiação. A Academia do Bacalhau de Joanesburgo seria lançada logo a 10 de
Junho desse ano, durante a primeira grande comemoração do Dia Nacional na capital do
Gauteng. Estava bem gizada e pronta a dinamizar acções mobilizadoras em seu redor, com
o seu exemplo, promovendo, a disseminação das Academias em outras cidades.
A designação "Academia" não tem conotações elitistas - as regras de tratamento no seu
interior excluem, aliás, o uso de quaisquer títulos universitários ou profissionais - antes apela
à camaradagem, à união, sem excluir a dose certa de irreverência, que quadra na perfeição
com as praxes e rituais adoptados, a fazerem lembrar os das nossas organizações
académicas, sobretudo as do Porto, do Orfeão Universitário, de onde vem o "gavião de
penacho", que se canta em coro, em momentos altos.
A "Academia-tertúlia" não tem sede, o seu património são as pessoas, que podem reunir
em qualquer lugar, à volta de uma mesa de restaurante, em frente a um prato de bacalhau,
"o fiel amigo". A focagem na amizade revela-se, igualmente, na denominação de cada um
dos seus membros: " compadre", sinónimo de "melhor amigo", aquele que se convida para
padrinho dos filhos. Ali não há "doutores" todos se tratam, familiarmente, por "compadres".
As suas mulheres, as chamadas "comadres", desde sempre, estiveram presentes nas
festas especiais, como convidadas, não inicialmente como sócias.
Este é um aspecto que não gostaria de omitir, e que, do meu ponto de vista, deve ser
situado no seu contexto histórico. A génese da tertúlia de Joanesburgo explica "de per si"
o "porquê" da estrutura ser, na origem, exclusivamente masculina, e afasta a hipótese de
qualquer intenção deliberadamente discriminatória: eram os homens que conviviam, entre si,
na pausa de trabalho, ao almoço. As mulheres, simplesmente, não estavam lá, não
partilhavam o mesmo círculo de actividades ou de camaradagem profissional. Por isso,
quando essa factualidade se alterou, com as mulheres a surgirem, lado a lado, com os
homens no campo profissional ou associativo, foram sendo admitidas, em muitas das
Academias, como filiadas de pleno direito, e logo as vimos em lugares de direcção ou
mesmo na presidência, por exemplo, em Toronto, na Nova Inglaterra, em Brasília. O que
não tem paralelo em outros ramos do nosso associativismo mais antigo e tradicionalista.
Refiro-me ao acesso em massa das mulheres, que aconteceu, primeiramente, em países,
onde a igualdade de género era mais conseguida. Mas, de facto, a título excepcional,
algumas senhoras haviam sido, muito antes, admitidas, como membros da Academia Mãe
de Joanesburgo, mulheres de Artes, de Letras, como Amália Rodrigues (a primeira de
todas), Vera Lagoa, Graça Sousa Guedes, ou oriundas da política, como eu mesma. Aceitei
, com entusiasmo, esse estatuto por um lado, porque estava ciente da importância de abrir
precedentes e confiava na capacidade de ajustamento daquele modelo organizacional a
uma realidade em evolução, (não só, mas também, no que respeita à colaboração igualitária
de mulheres e homens) e, por outro lado, porque admirava as Academias e acreditava nas
suas virtualidades de fazerem coisas cada vez mais extraordinárias.
O lugar ímpar e cimeiro a que as Academias ascenderam no universo da emigração,
ficou, evidentemente, a dever-se à qualidade dos seus dirigentes. Tanto os pioneiros,
como os que lhes sucederam eram (são!) líderes de larga visão, conhecedores da
importância de conjugar esforços para consolidar e engrandecer verdadeiras comunidades
em terra estrangeira. Sabiam bem que estas podem datar o seu nascimento e formação do
início do associativismo. Podem mesmo, a meu ver, sintetizar a sua história numa frase
lapidar: "Associo-me, logo existo".
Este poder criador e estruturante de comunidades, em sentido orgânico, está, de há
muito, estudado e definido e é corrente distinguir, de acordo com as finalidades principais,
as instituições de assistência e solidariedade, as agremiações de fins culturais, os
clubes e centros e recreativos. Todavia, as Academias do Bacalhau escapam a essa
divisão clássica, devido ao ecletismo e pluralidade dos seus fins e à singularidade dos
meios utilizados para lhes dar cumprimento. Conseguem ser, do lado da Diáspora, um elo
de ligação à Pátria, e, também, a partir das Academias existentes no nosso país, um meio
de compreensão e de convivência ecuménica com a Diáspora.
Há, entre os seus membros muitos emigrantes ou ex-emigrantes, considerados justamente
“gente de sucesso”. É excelente lembrar o percurso individual de cada um, mas sem
esquecer o que tende a ser mais subestimado: as suas realizações colectivas..
Um longo relacionamento com as comunidades, leva-me a acreditar no papel insubstituível
do associativismo, em que vejo," um ímpeto de Portugal", de que falava Pessoa - o ímpeto
que despertou para a acção concreta os fundadores das Academias,no sul da África, e,
depois, um pouco por todo o lado, em instituições que avançaram e cresceram à medida
dos desafios com que foram deparando.
Julgo que o processo de descolonização de Moçambique e Angola, e, com ele, a
necessidade de valer a dezenas de milhares de refugiados, foi um dos factores decisivos
de uma rápida evolução para patamares de actuação cada vez mais elevados, com a
criação da Sociedade de Beneficência de Joanesburgo e do Lar Santa Isabel, na
segunda metade da década de 70. Um passo de gigante, que centrou a acção das
Academias definitivamente na acção humanitária.
E o regresso, em grande número, da África do Sul, anos mais tarde, terá sido determinante
na constituição de novas Academias no nosso próprio País. Os "compadres" retornados
trouxeram consigo a saudade de África e a determinação de retomar o convívio e o trabalho
beneficente, em terras portuguesas.
O Porto foi uma das primeiras cidades do país em que isso aconteceu - como não poderia
deixar de ser, já que, através de ilustres portuenses, havia estado presente em
Joanesburgo, no momento verdadeiramente genesíaco, e em todo o processo em que tão
grande aventura se veio a desenvolver. E bem pode dizer-se que a imagem de marca da
cidade - força de trabalho, poder de iniciativa, extroversão da alegria de viver - se
evidencia, hoje, na dimensão e no dinamismo da sua Academia.
A fase seguinte foi a de expansão em novos destinos da Diáspora, o que nos leva a
perguntar: e agora, que futuro para as "Academias"?
Em tempo de crise sem fim à vista, num ponto de partida de grandes vagas migratórias
- a chamada "nova emigração", fenómeno recorrente em Portugal, em ciclos que se
encadearam, inparavelmente, nos últimos cinco séculos - quantos desafios vemos pela
frente!
É o momento de pormos nas Academias do Bacalhau as maiores esperanças, apostando
na sua experiência para enfrentar conjunturas difíceis e, como é da sua natureza, fazer
história em gestos de solidariedade e simpatia.
Afirmação que avançamos, de caso pensado, com segurança, pois estamos a falar, afinal,
naquele que se transformou no mais moderno e dinâmico movimento de união dos
Portugueses do mundo inteiro.
quarta-feira, 1 de agosto de 2012
Mensagem para a Academia de Bacalhau de Paris
Fui, desde a primeira hora, uma incondicional admiradora das Academias
de Bacalhau. Ou seja, desde a tomada de conhecimento do modelo
associativo que representam e do primeiro contacto com os Fundadores
da Academia "mãe de todas as outras", que é a de Joanesburgo. Foi o
próprio Dr Durval Marques quem me explicou o modo de funcionamento, os
grandes objectivos e as grandes realizações que, já então, numa fase
ainda inicial, levavam a cabo os auto denominados "Compadres".
Estava, sem sombra de dúvida, perante um desenvolvimento absolutamente
original e extraordinário do movimento associativo português na
Diáspora. A ideia era genial: partir do convívio de amigos, festivo e
informal, enquadrado, porém, em rituais inspirados em divertidas
"praxes" de inspiração académica, para recolher fundos que permitissem
responder a projectos culturais e a necessidades e problemas sociais
sentidos na comunidade. Mas, claro, não bastava a "ideia" - para lhe
dar vida eram necessários os "idealistas". Ora, felizmente, desde o
momento da criação da primeira Academia até aos nossos dias, foi o que
nunca faltou!
As Academias não precisam ,para funcionar, de sedes de pedra e cal -
elas estão onde está a sua gente, actuante e dinâmica, pronta a reunir
em encontros que podem acontecer em qualquer lugar - à imagem do
próprio País, que é mais a sua Cultura, a coesão de um projecto
nacional, o seu Povo, a sua Diáspora, do que o seu pequeno
território...
Achando o esquema perfeito, não podia, porém, nessa época, adivinhar o
crescimento e a dimensão universal que este paradigma associativo
assumiria no futuro. Uma feliz evolução, que se iniciou, de uma forma
espontânea e natural, quando emigrantes regressados da África do Sul
trouxeram consigo a boa tradição convivial e benemerente das
Academias, que logo se espalharam pelo País. E, nesse "élan", não
pararam nas nossas fronteiras geográficas, depressa chegaram às
comunidades da Diáspora. E aqui assumiram um papel singular e
verdadeiramente único no domínio do movimento associativo português,
que é forte por todo o lado, grandioso, mesmo, em vários países e
continentes, mas ao qual faltava, o que existe nos outros países
europeus de emigração: a vertente de diálogo e de ligação
internacional entre comunidades dispersas no mundo inteiro.
Hoje, os Congressos das Academias do Bacalhau são verdadeiros
congressos universais de Portugalidade, de afirmação da cultura e da
solidariedade.
Que fantástica história de sucesso!
E como mostra virtualidades de responder aos desafios dos novos
tempos, em França, na Europa e em outros continentes, agora que emerge
uma emigração portuguesa tão diferente da que marcou o século XX! Uma
emigração inesperada (pelo menos para alguns, para os mais desatentos)
nas características, no volume, na forma de de relacionar com a
sociedade de destino e com a terra de origem.
O associativismo tradicional tem o seu lugar, com um património
histórico e uma capacidade demonstrada de estruturação da vivência
colectiva de muitos, mas novas fórmulas são essenciais para trazer
outros, também muitos e cada vez mais, para a vida comunitária. A
Academia da Bacalhau de Paris está numa verdadeira "linha da frente"
para atrair e congregar uma nova geração de mulheres e homens, capazes
de grandes empreendimentos pessoais e, também, colectivos, se tiverem
ao dispor os instrumentos adequados.
Foram momentos inesquecíveis, os que passei, com os Compadres e
Comadres da Academia de Paris numa dessas belas Associações, que chamo
"tradicionais", em Puteaux, e espero que encontros nas "casas
portuguesas" da Diáspora possam, assim, prosseguir - em boa harmonia e
cooperação.
Agradeço essa oportunidade de convívio inesquecível, e também, a de
lhes poder dar a minha visão pessoal da importância de todas as
"Academias" e da de Paris em particular.
Celebrar alegria de viver, num círculo de amigos, e fazer beneficência
e progresso no círculo alargado dos que de nós precisam, é um belo
projecto, que convosco partilho.
de Bacalhau. Ou seja, desde a tomada de conhecimento do modelo
associativo que representam e do primeiro contacto com os Fundadores
da Academia "mãe de todas as outras", que é a de Joanesburgo. Foi o
próprio Dr Durval Marques quem me explicou o modo de funcionamento, os
grandes objectivos e as grandes realizações que, já então, numa fase
ainda inicial, levavam a cabo os auto denominados "Compadres".
Estava, sem sombra de dúvida, perante um desenvolvimento absolutamente
original e extraordinário do movimento associativo português na
Diáspora. A ideia era genial: partir do convívio de amigos, festivo e
informal, enquadrado, porém, em rituais inspirados em divertidas
"praxes" de inspiração académica, para recolher fundos que permitissem
responder a projectos culturais e a necessidades e problemas sociais
sentidos na comunidade. Mas, claro, não bastava a "ideia" - para lhe
dar vida eram necessários os "idealistas". Ora, felizmente, desde o
momento da criação da primeira Academia até aos nossos dias, foi o que
nunca faltou!
As Academias não precisam ,para funcionar, de sedes de pedra e cal -
elas estão onde está a sua gente, actuante e dinâmica, pronta a reunir
em encontros que podem acontecer em qualquer lugar - à imagem do
próprio País, que é mais a sua Cultura, a coesão de um projecto
nacional, o seu Povo, a sua Diáspora, do que o seu pequeno
território...
Achando o esquema perfeito, não podia, porém, nessa época, adivinhar o
crescimento e a dimensão universal que este paradigma associativo
assumiria no futuro. Uma feliz evolução, que se iniciou, de uma forma
espontânea e natural, quando emigrantes regressados da África do Sul
trouxeram consigo a boa tradição convivial e benemerente das
Academias, que logo se espalharam pelo País. E, nesse "élan", não
pararam nas nossas fronteiras geográficas, depressa chegaram às
comunidades da Diáspora. E aqui assumiram um papel singular e
verdadeiramente único no domínio do movimento associativo português,
que é forte por todo o lado, grandioso, mesmo, em vários países e
continentes, mas ao qual faltava, o que existe nos outros países
europeus de emigração: a vertente de diálogo e de ligação
internacional entre comunidades dispersas no mundo inteiro.
Hoje, os Congressos das Academias do Bacalhau são verdadeiros
congressos universais de Portugalidade, de afirmação da cultura e da
solidariedade.
Que fantástica história de sucesso!
E como mostra virtualidades de responder aos desafios dos novos
tempos, em França, na Europa e em outros continentes, agora que emerge
uma emigração portuguesa tão diferente da que marcou o século XX! Uma
emigração inesperada (pelo menos para alguns, para os mais desatentos)
nas características, no volume, na forma de de relacionar com a
sociedade de destino e com a terra de origem.
O associativismo tradicional tem o seu lugar, com um património
histórico e uma capacidade demonstrada de estruturação da vivência
colectiva de muitos, mas novas fórmulas são essenciais para trazer
outros, também muitos e cada vez mais, para a vida comunitária. A
Academia da Bacalhau de Paris está numa verdadeira "linha da frente"
para atrair e congregar uma nova geração de mulheres e homens, capazes
de grandes empreendimentos pessoais e, também, colectivos, se tiverem
ao dispor os instrumentos adequados.
Foram momentos inesquecíveis, os que passei, com os Compadres e
Comadres da Academia de Paris numa dessas belas Associações, que chamo
"tradicionais", em Puteaux, e espero que encontros nas "casas
portuguesas" da Diáspora possam, assim, prosseguir - em boa harmonia e
cooperação.
Agradeço essa oportunidade de convívio inesquecível, e também, a de
lhes poder dar a minha visão pessoal da importância de todas as
"Academias" e da de Paris em particular.
Celebrar alegria de viver, num círculo de amigos, e fazer beneficência
e progresso no círculo alargado dos que de nós precisam, é um belo
projecto, que convosco partilho.
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