Tem a palavra a família Aguiar e os seus amigos. Vamos abrir o "Círculo", com duas alternativas, que proponho: Este "Aguiaríssimo" ou o "blogguiar.blogspot.com"
sábado, 9 de agosto de 2025
LENINHA E XANA
MÃE LENINHA E XANA
Maria Manuela Aguiar
domingo, 20/12/2020, 17:18
para mariamanuelabarbara133, Eduarda
Com o seu carismático caracter e férreo temperamento, conseguiu uma proeza épica: Agregar toda a família AGUIAR. Dos mais aos menos jovens todos temos agradáveis momentos para recordar. Ao seu lado era fácil passar do sorriso às gargalhadas; o tempo passava depressa quando nos contava histórias do passado; e o imenso carinho e respeito que nos ensinava a ter por todos os parentes que foram os personagens dessas histórias. A sua força de viver fazia-nos pensar que afinal a vida é um filme onde nós, os protagonistas, devemos investir toda a força de vontade, para que o fim seja a nosso contento.
Nunca a esqueceremos querida tia Giginha
Leninha
Querida Tia
Q saudades!Saudades daqueles sábados em que se comia broa de Avintes, com muito vinho verde. Que saudades dos pequenos almoços à 1.00 da tarde, na Latina, em Espinho. Que saudades de ouvir a Tia quando me falava no dia dos meus anos e invariavelmente dizia:"Não te esqueças que quem fez o paro foi o Tio Manuel, mas quem cortou o cordão umbilical fui eu..."
Mas Tia, estou zangada com a Tia, porque dias antes de ter partido falámos ao telefone e a Tia prometeu-me que esperava por mim para o seu 100º aniversário. Eu cumpri, cá estou, mas a Tia foi embora, sem me dizer nada.. Contudo, como a Tia nunca se despedia com um "adeus", mas sim com um "até logo, penso que logo nos havemos de rever. Até logo!
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Carolina Rosa
Os nomes não foram escolhidos ao acaso ou na procura de uma conjugação particularmente harmoniosa, mas por serem os das avós, materna e paterna.
Brasileira de naturalidade, nascida no centro histórico do Rio de Janeiro, Rua 7 de Setembro, em fevereiro de 1912, perdeu oito anos depois, no regresso definitivo a Gondomar, o bonito sotaque carioca, aprendido no colégio, sem perder nunca o afeto nostálgico pela Pátria grande.
Criança de uma beleza delicada, pele muito branca, cabelo escuro e olhos imensos, sonhadora e alegre, via-se como a "morgada", com direitos de primogenitura no coração do "Papá". Sabia que ele nunca lhe dizia "não", quando os seus belos olhos verdes, parecidos com os dele, se enchiam de lágrimas.
Em São Cosme não havia externato, perto de casa como no Rio, e, terminado o ciclo primário, para continuar estudos, a solução achada foi um colégio no Porto, que já não se sabe qual foi, mas só podia ser excelente, porque o pai, em tudo, escolhia sempre o que houvesse de melhor, mas onde não ficou por muitos anos.. Com queixas e lamentos conseguiu, por fim, que o Papá a retirasse de lá. Enviava cartas pungentes, pintando o ambiente de um seleto internato, com as cores do inferno, ou de um campo de concentração juvenil. Saiu, a tempo de, gozar, por uns meses. do seu convívio quotidiano, ao ritmo de vida livre e movimentado da Vila Maria, onde novo bébé era esperado. Recebia lições de piano, lia os bons autores e dedicava-se a enfeitar os altares da Igreja e a obras pias, no que foi, afinal, a precursora da própria mãe, então mais ocupada em tarefas familiares e sociais. .
Para além da prosa delirantemente excessiva, dirigida ao pai (deduz-se que na abertura materna aos seus pedidos de regresso a casa não confiava, de todo), terá escrito sobre o seu desaparecimento? Talvez sim, poemas, à semelhança do irmão António. Só os dele chegaram até nós, único testemunho de época, surpreendentemente realista na descrição de um quotidiano sofrido, que só o tempo foi, de algum modo, suavizando. Porém, as marcas profundas ficaram, fazendo a diferença no percurso de cada um, e mais ainda no de Carolina, que nunca se nunca se recomporia inteiramente do abalo. Ficou-lhe um sentido trágico da vida, do amor e da morte, um gosto pelo excesso, visível nos seus sonetos românticos, inspirados um Florbela, mestre espiritual de todas as jovens poetisas daquela geração. Os versos perderam-se quase todos, quando os seus livros, onde tinha por hábito deixá-los escritos numa folha onde houvesse espaço em branco, foram , todos, deitados ao lixo, como causa suposta do desequilíbrio emocional e depressão, que os médicos lhe diagnosticavam. Gesto anacrónico, bárbaro, que custa a crer ter sido perpetrado pelo um irmão, o quase médico, o mais próximo em idade e, também, sempre, no relacionamento relacionamento, em parceria com o marido. Restam dois sonetos, salvos pela Mariazinha, talvez copiados da pagina de um dos romances que, muitas vezes, lhe emprestava, e conservados numa gaveta pela habitual guardiã dos tesouros afetivos da familia, (que só não soube conservar os seus,poemas segundo ela, tão bons que até os confundia com os autenticamente saídos da pena de Espanca ...). E, assim, bastante mais abundantes são as epístolas da colegial Carolina, tão cómicas, roçando pelo seu tom desmesurado, a caricatura, num português infantil e rudimentar, do que as inspiradas composições poéticas da idade madura..
O seu sentimento de orfandade também a levou, ao reforço da prática religiosa, Era a única a acompanhar a mãe em ações de voluntariado. Durante a guerra foi enfermeira da Cruz Vermelha, com diploma oficial e louvores obtidos, de que há notícia em jornais portuenses. Sabe-se que, mais tarde, chegava a vender jóias suas para ajudar gente dos bairros pobres do Porto e Gondomar... Excessivamente caritativa, até pelos elevados padrões maternos... Chegou a pensar na vida conventual, que a Mãe, curiosamente, não encorajou, pelo contrário, tratou de a casar, com 17 ou 18 anos, com um jovem muito católico, solista do coro da Igreja de Gondomar, dono de uma voz assombrosa e de muito boa figura. - Serafim Caetano Pereira - sendo que o Pereira não é o mesmo da família da Gandra. Parentesco não havia. Perfeita sintonia também não houve pela vida fora, embora ele a admirasse e apreciasse uma súbita e inesperada tendência para trajar, luxuosamente, vestidos e capelines vistosos, seguindo o último figurino. Não havia na vila de Gondomar senhora que pudesse rivalizar com ela. Serafim, politicamente conservador e militante monárquico, sentia-se bem ao lado de uma figura aristocrática, sabendo que formava um belo casal.
Só mais tarde, já os dois filhos eram jovens, na casa dos vinte anos, haveria de descurar, excessivamente, a aparência, e os 11 netos jamais a puderam ver ou imaginar como foi no seu tempo de feliz anfitriã e patrona de boas causas. As festas que dava eram famosas, animadas pela seu entusiasmo juvenil, tocando piano ou cantando com uma bela voz. A presença de padres, seminaristas, gente da igreja foi engrossando, os lanches tornaram-se cada vez mais populares, e, contudo, não resistiram a críticas veladas, mexericos de terra pequena. Serafim, que sempre vira com bons olhos a franca hospitalidade da sua sala de visitas, acabou por ser sensível ao falatório, foi fazendo pressão para pôr termo às benignas tertúlias já enraízadas na agenda dos convivas e, em breve, para Carolina, os dias de risos, música e boa mesa e companhia se foram volvendo em rotina solitária, O fim das festas foi o início de uma época negra, agitada por crises de neurastenia.O escape passou a ser o aumento da frequência das idas ao Porto, ora para cuidar dos seus pobres, ora, apenas, para lanchar na Ateneia, por vezes com a Mariazinha, um hábito que já tinha muitos anos, desde os tempos em que a irmã deixara o colégio, e não fora interrompido pelo seu casamento com o João. Ambas eram leitoras fiéis da romancista portuense Aurora Jardim, uma mulher lindíssima, sempre impecavelmente vestida, com quem se cruzavam, de vez em quando, na pastelaria, sem terem jamais ousado dirigir-lhe a palavra, o que as boas maneiras, nesse tempo não autorizavam
Entre os romances de Aurora Jardim em que a,que a personagem principal tinha um fim feliz e os sonetos de Espanca, que nunca o foi, Carolina viveu um pouco de tudo, em altos e baixos, e em baixo ficou na velhice atormentada pela doença do marido
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(sem assunto)
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Maria Manuela Aguiar
Anexos
quinta, 15/08/2019, 13:04
para mim
Maria Madalena
Enfim, uma Aguiar suave, tranquila, eminentemente sensata. Viria a ser, sem ter tido filhos - um desgosto para o casal harmonioso que formou por meio século com David de Almeida Ribeiro - a autêntica matriarca da família, rodeada da admiração de sucessivas gerações de sobrinhos, que nela viam uma super avó. Partilhando os genes com os irmãos, pode dizer-se que a Leninha não partilhou o ambiente em que cresceu. Com três meses na data da morte do pai, talvez a precária saúde da mãe, nos meses de depressão e desespero que se seguiram, tenha sido a principal razão para ficar entregue aos cuidados dos tios Hermínia e Alexandre. Tudo foi facilitado pela geografia das moradas, que eram tão próximas que das janelas de uma se podia falar ou acenar mensagens para as da outra. E, embora a mãe teimasse em a ter sempre em sua casa à noite, em convívio com os irmãos, o certo é que a Leninha parecia filha da sereníssima Hermínia e do bondoso Alexandre e prima, a prima bem comportada, dos terríveis manos da Vila Maria.
Apesar de uma saúde mais frágil do que a das robustas irmãs, fez os estudos no colégio Liverpool e foi a única a completar o curso de piano. Muito bonita, com os longos cabelos escuros e os olhos claros, azuis, muitos foram os seus pretendentes gondomarenses, mas o escolhido, foi um portuense, David , que encontrou por acaso nas festas da Senhora do Rosário, no pavilhão da Cruz Branca, onde as meninas de boas famílias providenciavam os lanches ou cafés e, onde, se bem me lembro de ouvir contar, se dançava, também, Maria Madalena tinha 20 anos, David 15 ou 16 anos mais. A família. era do alto Douro, o pai republicano e sindicalista, legando ao filho uma fama, que se viria a constatar não ter fundamento, de anticlerical, e até também de boémio. Qualquer uma das duas suspeitas, por si só, bastava para o atirar para a lista negra da mamã, Não, porém para a dos tios, sobretudo para a da romântica Tia Hermínia, que foi, durante alguns meses, até a a sobrinha atingir a maioridade, a protetora do noivado secreto. No dia seguinte, a ter, perante a lei o direito de decidir a sua vida, ela não hesitou. Fez a mala e partiu para o Porto. Ao casamento assistiu um reduzido círculo de familiares, e, do lado da noiva, apenas a Mariazinha, o marido e a Tia Hermínia, Os receios da mamã, que só aceitou uma reconciliação com o casal, passado bastante tempo, talvez mais de ano não se justificaram, de todo. Passaram os, dias, os anos, as décadas como o exemplo de uma perfeita união de amor sem fim. David, homem de trabalho, sabia, igualmente, divertir-se, em passeios, jantares, teatros, cinemas, corridas de automóveis - um novo membro que se integrou rapidamente na exuberante família Aguiar, participando nas discussões políticas, com posições irredutíveis e no campo contrário ao das antigas previsões - muito à direita, sempre pelos valores tradicionais e conservadores. Muita admiração pelo pai sindicalista, mas do outro lado da situação de classe... Fez,-se com uma pequena unidade industrial de douragem, um empresário muito próspero. Tiveram tudo o que queriam da vida, exceto filhos, mas eram , ambos os mentores e os ídolos de uma multidão de sobrinhos
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Constancia Nery
quinta, 15/08/2019, 17:21
para mim
Caríssima Dra. Maria Manuela Aguiar: assumi a responsabilidade do Curso de Arte na simpática CAN, que já vinha a ajustar, há algum tempo, com o presidente, Dr. Ponciano Oliveira. Até cheguei a comentar com você sobre o Curso e nós aventamos a possibilidade de fazermos um evento sobre a Festa do Divino dos Açores, lembra ? Temos que o fazer, o que acha ?
Por agora, o motivo deste e-mail é convidar e pedir o favor, à Dra. Manuela Aguiar, de nos honrar com a vossa presença e intervenção, na exposição que vamos realizar, na Casa dos Açores Norte-Porto, cuja direcção lhe dedica grande simpatia e respeito. O Dr. Ponciano escolheu o dia 28 de Setembro, por estar impossibilitado para os meses de de Outubro e Novembro. Como sabe, acertar datas para eventos é sempre meio complicado. Abaixo anexamos a programação, para apreciação e esperamos, ansiosa, pela resposta positiva para mim e para os artistas que a estimam muito.
Caros amigos artistas:
Gostaríamos de contar com a vossa presença e participação, com uma obra, para a exposição de arte que reunirá 20 artistas e será realizada em Setembro, dia 28, das 15:00 às 19:00 horas. Pedimos desculpas pelo curto espaço de tempo no envio deste convite, mas consideramos interessante marcar, ainda este ano, com uma primeira exposição, a presença da arte no agradável espaço da Casa dos Açores Norte, Rua do Bonfim, 163, Porto, onde acabamos de assumir a responsabilidade pelo curso de arte para os associados.
Esta programação está a ser ajustada com o formato do quotidiano da CAN e poderá, portanto, sofrer modificação, em alguns ítens pela Direcção. Mesmo assim adiantamos o envio,pois sabemos que já está muito curto o tempo para que o artista disponha de uma obra, mesmo que a mesma já esteja pronta. A obra pode ser inédita ou não, no formato aproximado máximo de 060X080 vertical ou horizontal. Pedimos que seja tela ou similar, ou madeira muito leve, com as bordas, laterais tratadas, apresentáveis. Para vossa apreciação, enviamos os nomes dos expositores convidados. Reitero meu pedido de desculpas pelo tempo curto:
*Alina Palamarciuc, *Ana Pedro, *Antónia Porto, *Artur Santos, *Constância Nèry, *Dulce Taborda, *Ester de Souza e Sá, *Helena Sengo, *Isabel Sengo, *Luis Rebelo, *Marisa Vidigal, *Nelson Maia, *Olga Santos, *Olga (ele), *Olga (ele) *Regina Mehler, *Robert Nicolau, *Sandra Hiromoto, *Silvana Violante, *Teresa Gautier, * F. Viana (?).
- (veja histórico da Casa dos Açores no google)
- Palavra do Presidente
- Uma palavra sobre a Arte Intervenção de... (a confirmar)
- Flauta ou violino com ...
- A voz do poeta - um e uma declamador
Estrutura:
- % de 20%, no caso de venda
- a Curadora não recebe comissão;
- Convite e cartaz da exposição pela CAN;
- Porto d'Honra pela CAN;
- Informação para a imprensa pela CAN;
- Distribuição de convites e cartazes, por internet, pela CAN e pelos artistas;
- Pequeno impresso (1/4 de A-4 preto-branco), para distribuir;
- Horário para visitação: das 9:00 às 15:00 horas, de segunda a sexta.
Meu sincero abraço, Constância Nèry
Constância Nèry
225 023 683 - 915 668 768
Maria Manuela Aguiar
sexta, 16/08/2019, 01:07
Querida Amiga Muito interessante! Vamos falar sobre isso Bjinhos
Constancia Nery
sexta, 16/08/2019, 12:43
Querida Dra. Manuela Aguiar: independentemente de falarmos dos futuros projetos, gostaria de saber se aceita fazer uma intervenção durante a exposição que reali
Constancia Nery
sexta, 16/08/2019, 12:45
para mim
Dra. Manuela: envie-me os números do fixo e do móvel. Não há meios de eu os encontrar, nem nos papelinhos, nem no caderno, nem na agenda electrónica. Não sei o que aconteceu e eu não os sei decorados.
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VOTO DOS PORTUGUESES DO ESTRANGEIRO
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Maria Manuela Aguiar
terça, 23/07/2019, 13:19
para mim
VOTO DOS PORTUGUESES DO ESTRANGEIRO
1 - Há um antes e depois da REVOLUÇÃO DE 1974
Em nenhum domínio terá a revolução sido mais concludente, mais radicalmente em rutura com o passado
ANTES DE 1974, domínio integral do princípio da TERRITORIALIDADE para o exercício da cidadania, dos direitos políticos. .
A ausência do país era considerada incompatível com os direitos políticos da nacionalidade, que aliás se perdia automaticamente pela aquisição voluntária de outra, e, para as mulheres pelo casamento.
(note-se que o regresso definitivo no Código de Seabra permitia a automática recuperação da nacionalidade, por simples inscrição da morada na junta de freguesia, e o pleno exercício de todos os direitos)
DEPOIS DE 1974
Pela primeira vez na história multissecular da emigração portuguesa a inteira liberdade de circulação para e do estrangeiro - para sair e regressar.
(art.º 44 º)
Fim das políticas de restrição ou proibição de emigrar, continuadas, invariavelmente, na passagem da monarquia tradicional para a constitucional, do regime monárquico para o republicano (revolução de 1910) e da 1ª República para o auto.proclamado "Estado Novo" (que chegou a crimonalizar a emigração clandestina, com Salazar, já não com Marcelo Caetano)
E, também, a consagração tendencial e progressiva de um estatuto de Igualdade de Direitos entre residentes e emigrantes. A "desterritorialização" do sufrágio em eleições democráticas, consagrado na Constituição de 1976.
Art º 14 º
"Os cidadãos port. que residem no estrangeiro gozam da proteção do Estado Port. para o exercício dos direitos que não sejam incompatíveis com a ausência"
Incompatíveis, numa mais generosa interpretação do conceito, passam a ser, menos, ainda assim se entendam em vários processos eleitorais
Deixa de o ser, antes de mais, a votação para a eleição de deputados à AR
Art.º 152 º
"O nº de deputados, por cada círculo do território nacional é proporcional ao nº de cidadãos nele inscritos"
O inciso abre a porta à existência de deputados por círculos fora do território, assim como à não aplicação do método proporcional na sua eleição. Forma hábil de dar um voto, sim, mas de menor peso ou ponderação, como a Lei Eleitoral para a AR veio a determinar. criando dois círculos de emigração - Europa e Resto do Mundo - com um teto fixo e extremamente baixo, dois deputados por círculo, num total de apenas quatro, qualquer que seja o nº de leitores recenseados.
Situação que ainda hoje se mantém (apenas mudou a designação Europa, Fora da Europa - continua a ser linguagem eurocêntrica, que eu própria tentei corrigir para círculo da emigração transoceânica, projeto que não consegui fazer agendar
atempadamente....),
Só 23 anos depois da Revolução o VOTO NO PR deixou de ser considerado incompatível com a ausência do território.
Na negociação extra-parlamentar, que antecedeu a revisão de 1997 (acordo PSD/PS), o PSD (Marques Mendes) colocou o voto presidencial, como condição "sine qua non", intransponível. Mas cedeu na negociação para que o voto fosse permitido em condições mais restritivas, obrigando à coexistência de 2 cadernos eleitorais, um para a AR e outro para o PR e para os referendos.
O art.º 124 º, foi aprovado nestes termos
1 - "O PR é eleito por sufrágio universal, direto e secreto dos cidadãos eleitores recenseados no território nacional (formulação anterior do art 121 da CRP de 1976) bem como dos cidadãos port. residentes no estrangeiro, nos termos do nº seguinte
2 - A Lei regula o exercício do Dº de voto dos cidadão port. residentes no estrangeiro, devendo ter em conta a existência de LAÇOS DE EFETIVA LIGAÇÃO Á COMUNIDADE NAC.
(É a redação ainda atual, que não foi alterada pela revisão de 2004).
Os partidos não se entendiam quanto aos requisitos comprovativos dos laços de ligação exigíveis - o PSD entendia que para tal bastava o ato voluntário do recenseamento, à esquerda as exigências eram maiores. Por ex. limitação temporal, 10 ou mais anos, interrompida pela vinda a Portugal (desigualdade entre Europa e os continentes mais distantes). Sem acordo para o condicionamento do voto, na véspera de cada eleição presidencial, aceitava-se o caderno eleitoral com a composição que tinha então, nada mais se exigindo, de facto, do que a inscrição voluntária. Não era, contudo a solução futura, para a qual prosseguiria o debate.
Atualmente, a única diferença entre a eleição para a AR e para o PR é o modo de votação - por correspondência para aquela, presencial para esta.
Art.ª 115 (REFERENDOS)
"12 - Nos referendos são chamados a participar cidadãos residentes no estrangeiro regularmente recenceados ao abrigo do nº 2 do artº 121, quando recaiam sobre MATÉRIAS QUE LHES DIGAM TB ESPECIFICAMENTE RESPEITO
13 - Os referendos podem ter âmbito regional, nos termos previstos no nº 2 do art 232.
A TERRITORIALIDADE DO VOTO MANTÉM-SE NAS AUTARQUIAS LOCAIS e nas REGIÕES AUTÓNOMAS, COM EXCLUSÃO DA PARTICIPAÇÃO ATIVA DOS EMIGRANTES
(votam os residentes na área da Região, do Município ou da Junta de Freguesia, ao contrário do que acontece por exemplo, em Espanha, sendo de notar a particular ligação de toda a ordem dos expatriados à sua terra de origem - o mesmo se diga das R.A.)
Art.º 252 . Câmara Municipal
A Câmara Municipal é o órgão colegial do município eleito pelos cidadãos eleitores residentes na sua área
Art.º 246 - Junta de Freguesia
1º -A Assembleia de Freguesia é eleita pelos cidadãos eleitores residentes na área da freguesia
Art.º 231- 2.º - Assembleias Legislativas das Regiões Autónomas:
A Assembleia Legislativa Regional é eleita por sufrágio universal, direto e secreto, de harmonia com o princípio de representação proporcional
(a capacidade eleitoral ativa não é restrita ao território, pelo que pode ser legislada no Estatuto Político- Administrativo de cada uma das Regiões - iniciativa da ALR, por ela elaborados, e enviados para a AR, à qual compete a deliberação final, nos termos dos nºs 1,2 e 3 do art 226º)
PARLAMENTO EUROPEU
Quando Portugal aderiu à CEE, em 1985, o Governo (de Cavaco Silva) apresentou um projeto de lei no sentido de conceder o direito de voto aos Port residentes fora do espaço comunitário, como os Tratados permitem, por decisão do Estado Nac.
O projeto foi aprovado, com os votos do PSD e CDS, contar os restantes partidos, O PR suscitou a inconstitucionalidade e o TC, num Acordão, deu-lhe vencimento, por maioria. Argumento principal: a CRP só permitiria o sufrágio dos emigrantes em condições desiguais, num voto não proporcional, com menor ponderação, como acontece na AR. Em círculo nacional o voto é de de igual peso.
Desde 1997, a CRP consagra o seu voto para o PR, em círculo único, pelo que o argumento invocado em 85 deixou de valer. Apresentei em 2004 o meu último projeto para o reconhecimento do voto de todos os Port no PE. Foi aprovado por todos os partidos, exceto o PCP, que se absteve. - quase duas décadas após a adesão europeia do País
Desde 1980 - CONSELHO DAS COMUNIDADES PORTUGUESAS (CCP)
Órgão consultivo de representação específica dos Port da Diáspora
Inspiração francesa - o CSFE, de 1948, visava dar aos expatriados uma forma representação política, que lhes era negada (como por todo o lado, então - pioneiros na reivindicação- Wengler, Pr da Fed das Franceses do Estrangeiro), o Cons passou a eleger de entre os seus membros os senadores da emigração, mas não deputados). Em Portugal, em 1980, já havia rep pol, o objetivo fundamental era o diálogo e organização do mov associativo, inexistente a nível mundial, ao contrário do que acontecia , desde a primeira metada do sec XX em toda a Europa
Eleição dentro do universo associativo entre 1980 e 1987. Depois de um hiato de quase uma década, em 1996, novo modelo de eleição por sufrágio universal (primeiro de entre todos os inscritos nos consulados, depois pelos recenseados nos cadernos eleitorais).
Note-se que o francês passou do sufrágio pela via associativa para o sufrágio universal em 84.
Como órgão consultivo do Governo, o CCP é o 2º mais antigo da Europa. no modelo inicial era considerado um órgão de consulta do Governo da República e dos Governos das Regiões Autónomas, que, mais tarde criaram as suas prórprias estruturas. Continuam com representação institucional no CCP, mas sem a visibilidade que tinham np 1º Conselho.
O próprio òrgão continua, apesar do imenso tarbalho realizado em conjunto, com um défice de reconhecimento e de visibilidade. Apesar do seu curriculum muitíssimo menor, os media dão muito mais atenção, por ex, ao Conselho da Diáspora, que reúne, de longe a longe, com o PR
UM CAMINHO ASCENDENTE NO PERCURSO DOS DIREITOS DOS EMIGRANTES
De uma primeira fase. com uma duração de mais de 3 décadas de progressão gradualista, difícil, embora sem recuos, com uma divisão clara entre direita e esquerda, num clima de desconfiança de um dos lados em relação ao sentido de voto (considerado conservador) entrámos, em tempos mais recentes num notável movimento de convergência na facilitação do exercício de direitos.
O que se comprova tanto no domínio da aceitação da dupla nacionalidade plena, isto, é inclusiva da DUPLA PARTICIPAÇÃO POLÌTICA, como no que respeita à questão chave do RECENSEAMENTO,
A prova de que, no início se aceitava, em certos quadrantes, com relutância, a participação dos emigrantes, procurando sempre limitá-la, na prática era o facto de se colocar os maiores obstáculos à efetivação do recenseamento no estrangeiro. (caso da votação, a única perdida pela AD na AR, qd pretendia apenas alargar o período aberto ao recenseamento no estrangeiro de um para dois meses
E a prova de que o preconceito está ultrapassado é a alteração que o atual governo introduziu, dando condições iguais a residentes e emigrantes, num recenseamento automático a todos os que têm cartão de eleitos. Com essa justa medida o universo eleitoral das comunidades da Diáspora , que era de apenas cerca de 300.000 cresceu para 1.400.000 elitores!
O mesmo governo revogou uma absurda restrição à capacidade eleitoral passiva dos duplos nacionais, no círculo da emigração onde fossem nacionais de um dos países estrangeiros englobados no círculo (absurdo pois no nosso sistema const os deputados representam a Nação, não apenas o círculo).
PROBLEMAS NOVOS: A ABSTENÇÃO (na última eleição, PE, ascendeu a mais de 99%) E A DESPROPORÇÃO NA REPRESENTAÇÃO DO ESTRANGEIRO (4 deputados para quase um milhão e meio de portugueses)
1 - ABSTENÇÃO
Facilitar o exercício do voto, não obrigando obrigatoriamente ora a votar em urna (PR, PE, CCP, aquelas onde a abstenção é superior) ora por correspondência (AR), mas dando a opção de escolha aos
votantes. e. logo que possível, introduzir o voto eletrónico.
Simultaneamente, campanhas de informação nos media locais, apelando ao meio associativo....
2 - AGRAVAMENTO DA DESPROPORCIONALIDADE DA REPRESENTAÇÃO....
Alternativa:
- Aumento do numero de deputados.... alternativa que será difícil de encarar, atendendo ao baixíssimo nível de participação efetiva, se esta não melhorar bastante
ou
- Adoção do sistema corrente em Direito Comparado: voto para os círculos territoriais (conforme a naturalidade ou última residência, por ex), o que de per si garante a proporcionalidade, mas deve ser compensado com a criação de uma Comissão Parlamentar (vantagens - aumento do leque partidário, proporcionalmente à votação de cada partido a nível nacional e do nº deputados responsáveis pelas matérias da emigração para cerca de 25 ou mais
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segunda, 15/07/2019, 13:36
para mim
Maria Manuela Aguiar
sexta, 5/07, 11:41 (há 10 dias)
para eu
POR UM MUSEU DE AVINTES
1 - Um Museu na zona ribeirinha?
Todas as terras, todas as comunidades em sentido orgânico, deviam, idealmente, ter a sua monografia, a sua imprensa, o museu do seu acervo, da história coletiva e das memórias de que se faz uma identidade carreada de geração em geração. No mundo novo a que alguns chamam "aldeia global", esta será, porventura, uma das formas de participarmos em pleno num movimento irresistível de confraternização planetária, sem nos perdermos nele.
A Avintes não tem faltado estudo e reconhecimento de um percurso mais do que milenar e excelentes publicações, entre as quais se conta, número a número, esta Revista, como uma ponte de passagem entre o passado e o presente, a tornar-se devir. Notáveis contributos a que podem servir, agora, um grande projeto da Junta de Freguesia, um projeto museológico focado numa das atividades em que ganhou renome nacional: a broa de Avintes, que não tem igual, nem no país, nem no mundo.
Sobre ele, a Revista Caminho Novo me desafiou a fazer um pequeno depoimento. talvez pelo facto de poder vir a estar, de certo modo, ligada à criação do condicionalismo para um arranque rápido da iniciativa. Na verdade, uma casa rural da minha família paterna, com localização privilegiada, na marginal do Douro, junto ao Areínho, é uma das sedes possíveis para a localização física do museu. E é sabido que estou recetiva a doa- la ao Município, para esse fim, para que a ideia possa, a breve prazo, concretizar-se ali mesmo, no lugar do Paço, que é tão bonito, e naquele conjunto assimétrico, mas harmonioso de edificações de pedra antiga, com o lagar, o forno caseiro, a eira de granito e o espigueiro, em que hibernam reminiscências de séculos de agricultura ribeirinha, de quando o milho bordejava as águas do rio, e aí deixava, ao correr dos ventos, um reflexo ondulante. Ainda era assim, nos anos da minha juventude, a marginal de Avintes, um dos trechos mais idílicos do Douro num curso de correntes fortes e vagarosas, como se não tivesse pressa de chegar ao Porto, já tão perto. Paisagem não muito diferente da que avistava, no quotidiano, meu bisavô João Dias Moreira, que não conheci, mas imagino a calcorrear aqueles caminhos, na direção daquela casa, na companhia do meio - irmão, Padre Manuel Pinto da Silva, ambos vultos imponentes, com quase dois metros de altura, falando da sorte das colheitas, ou,talvez, da sorte do país, que atravessava as crises e os afrontamentos de um período revolucionário. Ao Padre Manuel, monárquico, convicto defensor de valores cristãos tradicionais, se deve a fundação e direção do primeiro jornal da terra , o "Aurora de Avintes", e a João, menos movido pelo proselitismo religioso, a reconstrução, em fins do século XIX, da casa que herdara, triplicando a área da sua matriz (muito mais antiga)) e acrescentando-lhe, do outro lado do terreiro, três pisos de aidos, lojas e arrumos, a aproveitar o declive íngreme da colina, com a eira e o espigueiro no patamar superior. Tudo cercado de muros, dentro dos quais o granito austero dominava, nas escadas, nas paredes e até no chão, emergindo aqui e ali, irregularmente, entre terra batida e até na fachada, de um discreto beije. Todavia, menos severo terá sido o ambiente humanos ali vivido, pois João, ele mesmo pessoa serena e de bom feitio, era casado com Quitéria Francisca Pinto, mulher que sabia combinar perfeitamente os ritmos de labor intenso e de diversão, incomparável contadora de lendas e histórias e poetisa repentista, imbatível na arte de "cantar ao desafio". O pai andara pelo Brasil e de lá trouxera uma maneira alegre e otimista de estar em família e em sociedade, além de capital para investimentos e para construir uma vivenda, situada perto da que viria a ser da filha Francisca (Reis pelo casamento), na rua 5 de outubro, atualmente a sede dos "Plebeus Avintenses". A irmã, Esperança, casara com um jovem Adolfo Marques, dos Marques que a Avintes deram alguns dos seus famosos escultores da madeira. Do marido, João, sabe-se que os antepassados também eram de Avintes, mas a alcunha "patrão" parece indiciar que seriam gente ligada, não à agricultura mas à pesca ou a estaleiros, que ali terão florescido. Certo é que, em boa hora, ele se dedicou à lavoura, com um sucesso que o tornou figura lendária para a descendência, constando que terá adquirido, ao longo da vida, 99 propriedades, entre pequenas courelas e matas, pinheirais e quintas. Contudo, mais importante do que o seu rasgo empresarial é a aura de lisura de trato e generosidade, em particular para com quem estava ao seu serviço, que terá originado este dito curioso: "Mais vale ser cão na casa do João Patrão do que criado nas outras quintas".
O espaço que poderá, em dias não muito distantes, albergar o museu de que se fala, fez, pois, genuinamente, parte do ciclo do milho e da broa, "ex-libris" de Avintes
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2 - Incursões no campo da experimentação museológica...
Penso, naturalmente, num museu de "nova geração", com work-shops, suportes digitais, ações formativas e pedagógicas - não um daqueles que, quando era jovem, esgotavam, para mim, praticamente, o seu conceito, sinónimo de coleções de arte, "templos das musas", no sentido etimológico da expressão, que eu gostava de visitar, embora conservassem quadros e estatuária, sempre ali, imutáveis e estáticos, dados à nossa contemplação. Hoje é coisas comum imprimir-lhes dinâmicas em várias direções, até ao cerne da vivência das comunidades e da interpretação das suas particularidades..
Não esperava ver-me, anos mais tarde, envolvida em "aventuras museológicas", como aconteceu em função do meu trabalho no campo das migrações. Cedo me apercebi que a longa aventura da Diáspora portuguesa, feita de uma infinidade de aventuras individuais, que ainda prosseguem, imparavelmente, merecia honras de um museu nacional, capaz de testemunhar a realidade económica, política, sócio - cultural, intercultural, e as suas formas (externas e, também, internas, de presença e representação, ao longo de séculos. Estávamos no princípio dos anos oitenta e a ideia parecia, então, pouco menos do que peregrina e irrealista. O interesse académico na área da emigração andava esmorecido, se se comparar com o que despertava no auge do êxodo para o Brasil, e com o que desperta atualmente. Na demanda de modelos inspiradores, pedi, durante uma viagem oficial a Estocolmo, para visitar o museu sueco da emigração, em Vaxjo, no sul do país, e de lá regressei com ensinamentos preciosos e impressionada, sobretudo, com o rigor na procura e obtenção sistemática de dados individuais, imagens, objetos, cartas, registos paroquiais e milhares e milhares de entrevistas, cada uma com duração de horas. Ali, ao dispor de visitantes, tanto como de futuras investigações multidisciplinares, estava o pulsar de várias gerações de migrantes, não apenas de alguns notáveis, mas de pessoas comuns. No lugar central estava o Emigrante, enquanto protagonista do movimento coletivo - uma outra forma de escrever história.
Na impossibilidade de importar, sem mais, o modelo original, para um país sem preexistência de semelhantes preocupações e pesquisas, havia que as promover e aprofundar e, com esse propósito, se instituiu o "Fundo Documental e Iconográfico das Comunidades Portuguesas". O "Fundo" teve, um rápido trajeto ascencional, porém, assaz abreviado, pois quando se consolidava, já com muitas dezenas de obras publicadas, terminava o meu mandato, e no executivo seguinte, como é de regra entre nós, até dentro do mesmo quadrante partidário, o programa nascente foi imediatamente abandonado....
Atravessamos agora conjuntura bastante propícia ao lançamento das mais diversas configurações museológicas, mas no terreno quase inexplorado da emigração, só vingaram as que se devem a ação municipal, caso do Museu da Emigração Açoriana, na Ribeira Grande, e do Museu das Migrações e das Comunidades, em Fafe, concelho por excelência, de "brasileiros" de "torna-viagem" (que, aliás, também em Avintes e em toda a região do Porto, deixaram a sua marca e não só em bonitas mansões familiares).
A nível de sucessivos governos, o tema tem sido, espaçadamente, retomado, ainda que apenas no discurso, apesar de alguns deles terem conseguido levar a bom termo exposições temáticas de tal qualidade e dimensão que, como afirmou, recentemente, a Prof,ª Miriam Halpern Pereira, teriam podido constituir o embrião ou o primeiro polo de uma experiência museológica... Esse queria ser e podia já sido o destino da exposição "Os emigrantes e o mar" , que, há mais de 30 anos, foi o "canto de cisne" do referido Fundo Documental e Iconográfico - uma exposição que, em espaço próprio, se converteria, facilmente, de temporária em permanente.
O paradigma sueco levou-me, igualmente, como dirigente de ONG' s, a incentivar, no âmbito do movimento associativo das comunidades do estrangeiro ou nas regiões de origem dos emigrantes, a recolha de depoimentos individuais, que, em algumas ( Rio de Janeiro, Buenos Aires, Nova York, Chaves) se traduziu em relevantes estudos e publicações. O que falta é a sua generalização, e um esforço de coordenação científica. Daí a esperança veio trazer um ambicioso projeto da Universidade Nova de Lisboa, patrocinado pela FCT, e dirigido pela historiadora Maria Fernanda Rollo, (antiga Secretária de Estado da Investigação Científica), que tem por título "Memória para todos" e a todos lança um apelo aliciante: "Faça história, partilhando a sua".
Para quem queira participar, saliento a abertura da projeto a quaisquer domínios, períodos, quadrantes geográficos, acontecimentos, festas e rituais, artesanato... A broa de Avintes, o círculo da sua produção, teria no vasto conjunto já estudado, o mais perfeito cabimento...e falámos de mais de cem comunidades, de centenas de entrevistas, e de milhares de objetos pessoais recolhidos, de memórias das guerras mundiais, da primeira República, da guerra colonial, da ópera, de corporações como a polícia, de aldeias e vilas. As possibilidades são infinitas, assim haja entusiasmo popular, solicitações, que, confio, hão-de chegar também das comunidades do estrangeiro.
3 - Diversidade cultural e museus municipais
No nosso país, assiste-se, neste começo do século XXI, a uma expansão de pequenos ou grandes museus municipais - e refiro-me aos que são, de facto, de vocação especificamente local, não os que resultam de uma apressada forma de descentralização, a remeter para a órbita autárquica alguns dos sedeados fora da capital. Há, evidentemente, importantíssimos museus nacionais, fora de Lisboa, (o da emigração terá de ser um deles...)..
Municipais devem, pois, considerar-se os que valorizam e divulgam as singularidades do seu espaço próprio. no que respeita a instituições, artes e artífices tradicionais, comunidades de trabalho e de empreendimento... São, hoje, muitos, entre eles: o Centro Interpretativo do Património da Afurada, voltado para a pesca e para o rio Douro, o Museu de Espinho, dedicado à arte xávega e à indústria conserveira, o Museu do Ouro em Travassos, Póvoa do Lanhoso, o Museu da Chapelaria e o Museu do Calçado, em São João da Madeira, o Museu Mineiro de São Pedro da Cova, o Museu do Móvel de Paços de Ferreira, o Museu Marítimo de Ílhavo, (com os núcleos da faina da Ria e da pesca do bacalhau nos mares do Norte, um navio- museu e um recentemente inaugurado aquário de bacalhaus).
Encontram, todos, a razão de ser no caráter singular de um património material e imaterial, e são, nesta perspetiva, uma celebração da diversidade cultural, do direito à sua afirmação e da responsabilidade de a cultivar e aprofundar. O que é extraordinário, único tem de ser preservado e partilhado, constituindo responsabilidade não só dos poderes públicos, como da sociedade civil e dos cidadãos.
Em Avintes, a absoluta raridade dá um claro favoritismo ao fenómeno cultural e gastronómico, que é a sua broa, afamada no país inteiro e a merecer, sem dúvida, o esforço da internacionalização, que será enormemente facilitada pela existência de uma unidade museológica ou "centro interpretativo".
Quando, como e onde isso acontecerá, é, de momento, pergunta sem resposta. Há, contudo, já promissores sinais de uma tomada de consciência e vontade política, fatores determinantes para o seu arranque, num contexto em que não falta a imprescindível pesquisa da comunidade académica, recetividade popular, artefactos, empresas de fabrico artesanal, comunidades guardiãs das tradições e do segredo de um sabor inimitável. A meu ver, pode ser lido como muito significativo o gesto da Câmara Municipal, de distinguir, no dia da Cidade, com a medalha de Mérito Cultural, classe ouro, um fundador da Confraria da Broa, Joaquim da Costa Gomes, e quatro tradicionais obreiras da Broa de Avintes (Padaria Arminda e Neto, Padaria Broa da Manelinha, Padaria Maria Cristina e Padaria Climana) pela "produção da Broa de Avintes. símbolo identitário e de cultura gastronómica da freguesia de Avintes e do Concelho de Vila Nova de Gaia"
A fundamentação da homenagem, serve, igualmente, de justificação para a criação do Museu da Broa, em palavras que podem ser vistas como a sua pedra angular. Palavras ditas precisamente neste ano de 2019, em que não vemos mero acaso, antes pressentimos, a intenção política de passar aos atos.
Há muitas maneiras de começar a delinear um museu, de concretizar a sua caminhada. Em Avintes é boa a probabilidade de fazer, neste domínio, "caminho novo".
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SNU - O FILME
1 - O filme passou em Espinho, neste mês de março, depois de uma série da RTP, (TRÊS MULHERES), nos ter dado, em 2018, um outro retrato de Snu, como uma de três grandes mulheres da resistência à ditadura portuguesa..
A novela da televisão sobre Natália Correia, Vera Lagoa e Snu é, a meu ver, mais conseguida do que o filme de Patrícia Sequeira, não só pela adequada contextualização política do pensamento e da ação de cada uma, como pela caraterização cénica das personalidades, que no ecrã ganham a densidade humana em que as reconhecerão os que as conheceram de perto - e que são ainda muitos. Os factos poderão, aqui e ali, divergir da realidade, cruzando a fronteira da ficção - de qualquer modo, elas surgem-nos como eram.
O filma centra-se no romance verídico, fascinante e trágico que uniu Snu, a intelectual dinamarquesa, a Francisco, o político carismático, que foi Primeiro-Ministro de Portugal. É boa e ousada a ideia de contar uma história, que nunca foi transposta para o cinema. E por isso, embora fique longe de ser uma obra prima, vale a pena ver e eu já vi duas vezes.
A cronologia dos factos de que se faz o guião é correta, no essencial, todavia parece-me falhar o recorte psicológico dos protagonistas, sobretudo o de Sá Carneiro. Falta a magia da descoberta mútua de dois seres absolutamente excecionais, a natureza e a força de um relacionamento em que o amor cresceu no espaço das afinidades culturais e políticas, durante breves anos em que ambos queriam mudar uma sociedade tão retrógrada e tinham pressa em a ver transformada, a par e passo com construção de uma democracia de inspiração sueca. Neste aspeto, que é crucial. deparámos apenas com ficção em diálogos sem conteúdo credível, salvando-se pela qualidade, as reproduções de discursos de Sá Carneiro (na figura e voz dele próprio ou nas do ator, numa alternância, que é um dos achados muito positivos desta, apesar de tudo, louvável aventura cinematográfica).
.
2 - Convivi, desde janeiro de 1980, com as quatro personagens agora biografadas nos ecrãs - embora muito menos com Snu Abecassis.
Considero genial a representação dos papéis de Natália e de Vera pelas duas atrizes que as encarnaram na televisão, como se fossem elas, com o seu jeito, graça e espírito. Ainda eram assim, brilhantes, charmosas e dominadoras quando, anos depois, com ambas, (já bem mais velhas), dialogava em ambientes de tertúlia.
Snu é, pelo visto, um desafio maior. Intangível, inimitável! Pela beleza, os imensos olhos azuis, límpidos e expressivos, tristes também, pela postura discreta, sereníssima, a um tempo, distante e gentil. Humana e atenta aos problemas das pessoas, tanto do ponto de vista ideológico, como nos pormenores do quotidiano (em perfeita sintonia com Francisco, o homem e o político) . A primeira frase que me disse, com um sorriso, quando eu conversava à entrada do Palácio da Vila em Sintra, com ela, o Primeiro Ministro e o casal Mizé e Diogo Freitas do Amaral, (que ali, à porta, bem agasalhados, recebiam os convidados, num dia gélido e ventoso), foi: "Está muito frio, é melhor entrar, pois pode apanhar uma gripe". De vestido de "chiffon" e já sem o abrigo de um casaco invernoso, apressei-me a seguir o avisado conselho. É um pequeno detalhe, todavia não o esqueci, por ser revelador da sua genuína preocupação com os outros.
3 - Na verdade, a intérprete do filme. Inês Castel- Branco personifica uma Snu muito mais autêntica do que a vedeta da televisão - uma Mulher mais amável e sensível, menos rígida, escapando, habilmente, a confundir a firmeza, determinação e o rasgo com a quase arrogância da outra Snu.
Menos cuidado terá merecido, aparentemente, a figura de Sá Carneiro! Estranho numa produção que faz desfilar grande número de figuras públicas, quase todas bem escolhidas, reconhecíveis à primeira vista. O ator principal, fisicamente, não tem grandes semelhanças com Sá Carneiro, exceto de perfil, graças a um nariz proeminente e à baixa estatura física. Olhos castanhos e expressão doce contrastam com o olhar intenso do Sá Carneiro real, a primeira coisa que nele nos atraía. Uns cintilantes olhos claros, que espelhavam o que lhe ia na alma, a crença de visionário, a força de desafiar o destino (ou o interlocutor!) a alegria de viver vertiginosamente. No filme, Snu diz-lhe que, no primeiro encontro, foi surpreendida pelo seu magnetismo. (Quem não foi? Eu sim,e de imediato...). Ora, ao lado de Snu, vemos em cena apenas um homem romântico, invariavelmente tolerante no círculo íntimo - e Francisco terá sido, de facto, um homem de paixões assumidas e de bom trato, depois das ruturas - mas, no polo oposto, intratável, agreste, colérico, na sua faceta de figura pública. Imagens que, obviamente, não combinam entre si. Sabemos que os inimigos de tempos passados (e presentes...) gostam de o caricaturar assim, e foi pena que, neste aspeto, a realizadora se tenha ficado por um estereótipo criado com um propósito político, numa determinada conjuntura, mas ainda hoje amplamente divulgado, apesar de desajustado. Perdeu a oportunidade de traçar um retrato com traços genuínos - os mesmos, aliás. no universo familiar e no da "res publica".
Francisco de Sá Carneiro era extremamente bem educado, dotado de uma invulgar capacidade de auto-controlo, que nunca perdia, mesmo durante a mais acesa das discussões. Os argumentos podiam ser contundentes, as palavras duras como aço, a determinação inabalável, contudo, o tom era invariavelmente cortês. Porventura cortante, sibilino, e sempre cortês! Ao contrário de vários políticos portugueses abertamente temperamentais, ele, sem dúvida, também temperamental, era contido nas reações, como um "gentleman" britânico. Ao contrário de tantos outros, mesmo em discursos de campanha eleitoral, privilegiava a racionalidade das propostas e o comedimento no tom de voz. Era popular, não populista, Não cedia nunca em questão de princípios ou na linha estratégica que considerava certa. Era obstinado, corajoso, destemido - um oponente formidável. Vencido, como foi algumas vezes por maiorias, dentro e fora do partido, sempre aceitou a legitimidade democrática dos vencedores. Mesmo quando batia com a porta, fazia-o com dignidade e,com elegância. Sim, foi algumas vezes vencido, não convencido. Tinha a visão de futuro, ou, como alguns preferem dizer, "tinha razão antes do tempo" . A sua insubmissão aos preconceitos de uma sociedade anacrónica e das suas "elites" que o levava, se preciso fosse, a colocar a sua livre e sincera ligação a Snu à frente de uma carreira ascensional, era tanto um ato de amor como um gesto político de apelo à modernidade e, antes de mais, de respeito pela verdade, que norteou a sua vida, no domínio público, como no privado.
---SNU - O FILME
1 - O filme passou em Espinho, neste mês de março, depois de uma série da RTP, (TRÊS MULHERES), nos ter dado, em 2018, um outro retrato de Snu, como uma de três grandes mulheres da resistência à ditadura portuguesa..
A novela da televisão sobre Natália Correia, Vera Lagoa e Snu é, a meu ver, mais conseguida do que o filme de Patrícia Sequeira, não só pela adequada contextualização política do pensamento e da ação de cada uma, como pela caraterização cénica das personalidades, que no ecrã ganham a densidade humana em que as reconhecerão os que as conheceram de perto - e que são ainda muitos. Os factos poderão, aqui e ali, divergir da realidade, cruzando a fronteira da ficção - de qualquer modo, elas surgem-nos como eram.
O filma centra-se no romance verídico, fascinante e trágico que uniu Snu, a intelectual dinamarquesa, a Francisco, o político carismático, que foi Primeiro-Ministro de Portugal. É boa e ousada a ideia de contar uma história, que nunca foi transposta para o cinema. E por isso, embora fique longe de ser uma obra prima, vale a pena ver e eu já vi duas vezes.
A cronologia dos factos de que se faz o guião é correta, no essencial, todavia parece-me falhar o recorte psicológico dos protagonistas, sobretudo o de Sá Carneiro. Falta a magia da descoberta mútua de dois seres absolutamente excecionais, a natureza e a força de um relacionamento em que o amor cresceu no espaço das afinidades culturais e políticas, durante breves anos em que ambos queriam mudar uma sociedade tão retrógrada e tinham pressa em a ver transformada, a par e passo com construção de uma democracia de inspiração sueca. Neste aspeto, que é crucial. deparámos apenas com ficção em diálogos sem conteúdo credível, salvando-se pela qualidade, as reproduções de discursos de Sá Carneiro (na figura e voz dele próprio ou nas do ator, numa alternância, que é um dos achados muito positivos desta, apesar de tudo, louvável aventura cinematográfica).
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2 - Convivi, desde janeiro de 1980, com as quatro personagens agora biografadas nos ecrãs - embora muito menos com Snu Abecassis.
Considero genial a representação dos papéis de Natália e de Vera pelas duas atrizes que as encarnaram na televisão, como se fossem elas, com o seu jeito, graça e espírito. Ainda eram assim, brilhantes, charmosas e dominadoras quando, anos depois, com ambas, (já bem mais velhas), dialogava em ambientes de tertúlia.
Snu é, pelo visto, um desafio maior. Intangível, inimitável! Pela beleza, os imensos olhos azuis, límpidos e expressivos, tristes também, pela postura discreta, sereníssima, a um tempo, distante e gentil. Humana e atenta aos problemas das pessoas, tanto do ponto de vista ideológico, como nos pormenores do quotidiano (em perfeita sintonia com Francisco, o homem e o político) . A primeira frase que me disse, com um sorriso, quando eu conversava à entrada do Palácio da Vila em Sintra, com ela, o Primeiro Ministro e o casal Mizé e Diogo Freitas do Amaral, (que ali, à porta, bem agasalhados, recebiam os convidados, num dia gélido e ventoso), foi: "Está muito frio, é melhor entrar, pois pode apanhar uma gripe". De vestido de "chiffon" e já sem o abrigo de um casaco invernoso, apressei-me a seguir o avisado conselho. É um pequeno detalhe, todavia não o esqueci, por ser revelador da sua genuína preocupação com os outros.
3 - Na verdade, a intérprete do filme. Inês Castel- Branco personifica uma Snu muito mais autêntica do que a vedeta da televisão - uma Mulher mais amável e sensível, menos rígida, escapando, habilmente, a confundir a firmeza, determinação e o rasgo com a quase arrogância da outra Snu.
Menos cuidado terá merecido, aparentemente, a figura de Sá Carneiro! Estranho numa produção que faz desfilar grande número de figuras públicas, quase todas bem escolhidas, reconhecíveis à primeira vista. O ator principal, fisicamente, não tem grandes semelhanças com Sá Carneiro, exceto de perfil, graças a um nariz proeminente e à baixa estatura física. Olhos castanhos e expressão doce contrastam com o olhar intenso do Sá Carneiro real, a primeira coisa que nele nos atraía. Uns cintilantes olhos claros, que espelhavam o que lhe ia na alma, a crença de visionário, a força de desafiar o destino (ou o interlocutor!) a alegria de viver vertiginosamente. No filme, Snu diz-lhe que, no primeiro encontro, foi surpreendida pelo seu magnetismo. (Quem não foi? Eu sim,e de imediato...). Ora, ao lado de Snu, vemos em cena apenas um homem romântico, invariavelmente tolerante no círculo íntimo - e Francisco terá sido, de facto, um homem de paixões assumidas e de bom trato, depois das ruturas - mas, no polo oposto, intratável, agreste, colérico, na sua faceta de figura pública. Imagens que, obviamente, não combinam entre si. Sabemos que os inimigos de tempos passados (e presentes...) gostam de o caricaturar assim, e foi pena que, neste aspeto, a realizadora se tenha ficado por um estereótipo criado com um propósito político, numa determinada conjuntura, mas ainda hoje amplamente divulgado, apesar de desajustado. Perdeu a oportunidade de traçar um retrato com traços genuínos - os mesmos, aliás. no universo familiar e no da "res publica".
Francisco de Sá Carneiro era extremamente bem educado, dotado de uma invulgar capacidade de auto-controlo, que nunca perdia, mesmo durante a mais acesa das discussões. Os argumentos podiam ser contundentes, as palavras duras como aço, a determinação inabalável, contudo, o tom era invariavelmente cortês. Porventura cortante, sibilino, e sempre cortês! Ao contrário de vários políticos portugueses abertamente temperamentais, ele, sem dúvida, também temperamental, era contido nas reações, como um "gentleman" britânico. Ao contrário de tantos outros, mesmo em discursos de campanha eleitoral, privilegiava a racionalidade das propostas e o comedimento no tom de voz. Era popular, não populista, Não cedia nunca em questão de princípios ou na linha estratégica que considerava certa. Era obstinado, corajoso, destemido - um oponente formidável. Vencido, como foi algumas vezes por maiorias, dentro e fora do partido, sempre aceitou a legitimidade democrática dos vencedores. Mesmo quando batia com a porta, fazia-o com dignidade e,com elegância. Sim, foi algumas vezes vencido, não convencido. Tinha a visão de futuro, ou, como alguns preferem dizer, "tinha razão antes do tempo" . A sua insubmissão aos preconceitos de uma sociedade anacrónica e das suas "elites" que o levava, se preciso fosse, a colocar a sua livre e sincera ligação a Snu à frente de uma carreira ascensional, era tanto um ato de amor como um gesto político de apelo à modernidade e, antes de mais, de respeito pela verdade, que norteou a sua vida, no domínio público, como no privado.
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SNU - O FILME
1 - O filme passou em Espinho, neste mês de março, depois de uma série da RTP, (TRÊS MULHERES), nos ter dado, em 2018, um outro retrato de Snu, como uma de três grandes mulheres da resistência à ditadura portuguesa..
A novela da televisão sobre Natália Correia, Vera Lagoa e Snu é, a meu ver, mais conseguida do que o filme de Patrícia Sequeira, não só pela adequada contextualização política do pensamento e da ação de cada uma, como pela caraterização cénica das personalidades, que no ecrã ganham a densidade humana em que as reconhecerão os que as conheceram de perto - e que são ainda muitos. Os factos poderão, aqui e ali, divergir da realidade, cruzando a fronteira da ficção - de qualquer modo, elas surgem-nos como eram.
O filma centra-se no romance verídico, fascinante e trágico que uniu Snu, a intelectual dinamarquesa, a Francisco, o político carismático, que foi Primeiro-Ministro de Portugal. É boa e ousada a ideia de contar uma história, que nunca foi transposta para o cinema. E por isso, embora fique longe de ser uma obra prima, vale a pena ver e eu já vi duas vezes.
A cronologia dos factos de que se faz o guião é correta, no essencial, todavia parece-me falhar o recorte psicológico dos protagonistas, sobretudo o de Sá Carneiro. Falta a magia da descoberta mútua de dois seres absolutamente excecionais, a natureza e a força de um relacionamento em que o amor cresceu no espaço das afinidades culturais e políticas, durante breves anos em que ambos queriam mudar uma sociedade tão retrógrada e tinham pressa em a ver transformada, a par e passo com construção de uma democracia de inspiração sueca. Neste aspeto, que é crucial. deparámos apenas com ficção em diálogos sem conteúdo credível, salvando-se pela qualidade, as reproduções de discursos de Sá Carneiro (na figura e voz dele próprio ou nas do ator, numa alternância, que é um dos achados muito positivos desta, apesar de tudo, louvável aventura cinematográfica).
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2 - Convivi, desde janeiro de 1980, com as quatro personagens agora biografadas nos ecrãs - embora muito menos com Snu Abecassis.
Considero genial a representação dos papéis de Natália e de Vera pelas duas atrizes que as encarnaram na televisão, como se fossem elas, com o seu jeito, graça e espírito. Ainda eram assim, brilhantes, charmosas e dominadoras quando, anos depois, com ambas, (já bem mais velhas), dialogava em ambientes de tertúlia.
Snu é, pelo visto, um desafio maior. Intangível, inimitável! Pela beleza, os imensos olhos azuis, límpidos e expressivos, tristes também, pela postura discreta, sereníssima, a um tempo, distante e gentil. Humana e atenta aos problemas das pessoas, tanto do ponto de vista ideológico, como nos pormenores do quotidiano (em perfeita sintonia com Francisco, o homem e o político) . A primeira frase que me disse, com um sorriso, quando eu conversava à entrada do Palácio da Vila em Sintra, com ela, o Primeiro Ministro e o casal Mizé e Diogo Freitas do Amaral, (que ali, à porta, bem agasalhados, recebiam os convidados, num dia gélido e ventoso), foi: "Está muito frio, é melhor entrar, pois pode apanhar uma gripe". De vestido de "chiffon" e já sem o abrigo de um casaco invernoso, apressei-me a seguir o avisado conselho. É um pequeno detalhe, todavia não o esqueci, por ser revelador da sua genuína preocupação com os outros.
3 - Na verdade, a intérprete do filme. Inês Castel- Branco personifica uma Snu muito mais autêntica do que a vedeta da televisão - uma Mulher mais amável e sensível, menos rígida, escapando, habilmente, a confundir a firmeza, determinação e o rasgo com a quase arrogância da outra Snu.
Menos cuidado terá merecido, aparentemente, a figura de Sá Carneiro! Estranho numa produção que faz desfilar grande número de figuras públicas, quase todas bem escolhidas, reconhecíveis à primeira vista. O ator principal, fisicamente, não tem grandes semelhanças com Sá Carneiro, exceto de perfil, graças a um nariz proeminente e à baixa estatura física. Olhos castanhos e expressão doce contrastam com o olhar intenso do Sá Carneiro real, a primeira coisa que nele nos atraía. Uns cintilantes olhos claros, que espelhavam o que lhe ia na alma, a crença de visionário, a força de desafiar o destino (ou o interlocutor!) a alegria de viver vertiginosamente. No filme, Snu diz-lhe que, no primeiro encontro, foi surpreendida pelo seu magnetismo. (Quem não foi? Eu sim,e de imediato...). Ora, ao lado de Snu, vemos em cena apenas um homem romântico, invariavelmente tolerante no círculo íntimo - e Francisco terá sido, de facto, um homem de paixões assumidas e de bom trato, depois das ruturas - mas, no polo oposto, intratável, agreste, colérico, na sua faceta de figura pública. Imagens que, obviamente, não combinam entre si. Sabemos que os inimigos de tempos passados (e presentes...) gostam de o caricaturar assim, e foi pena que, neste aspeto, a realizadora se tenha ficado por um estereótipo criado com um propósito político, numa determinada conjuntura, mas ainda hoje amplamente divulgado, apesar de desajustado. Perdeu a oportunidade de traçar um retrato com traços genuínos - os mesmos, aliás. no universo familiar e no da "res publica".
Francisco de Sá Carneiro era extremamente bem educado, dotado de uma invulgar capacidade de auto-controlo, que nunca perdia, mesmo durante a mais acesa das discussões. Os argumentos podiam ser contundentes, as palavras duras como aço, a determinação inabalável, contudo, o tom era invariavelmente cortês. Porventura cortante, sibilino, e sempre cortês! Ao contrário de vários políticos portugueses abertamente temperamentais, ele, sem dúvida, também temperamental, era contido nas reações, como um "gentleman" britânico. Ao contrário de tantos outros, mesmo em discursos de campanha eleitoral, privilegiava a racionalidade das propostas e o comedimento no tom de voz. Era popular, não populista, Não cedia nunca em questão de princípios ou na linha estratégica que considerava certa. Era obstinado, corajoso, destemido - um oponente formidável. Vencido, como foi algumas vezes por maiorias, dentro e fora do partido, sempre aceitou a legitimidade democrática dos vencedores. Mesmo quando batia com a porta, fazia-o com dignidade e,com elegância. Sim, foi algumas vezes vencido, não convencido. Tinha a visão de futuro, ou, como alguns preferem dizer, "tinha razão antes do tempo" . A sua insubmissão aos preconceitos de uma sociedade anacrónica e das suas "elites" que o levava, se preciso fosse, a colocar a sua livre e sincera ligação a Snu à frente de uma carreira ascensional, era tanto um ato de amor como um gesto político de apelo à modernidade e, antes de mais, de respeito pela verdade, que norteou a sua vida, no domínio público, como no privado.
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Os 100 exemplares - emails
Maria Manuela Aguiar
segunda, 21/01/2019, 01:05
para arcelina, gracaguedes, Nassalete, Bcc:Victor, Bcc:Ana, Bcc:Filipa, Bcc:Maria, Bcc:Ester
Aqui vão os emails trocados.E mais uma informação: antes do pedido da Arcelina, já eu tinha pedido à Nassalete para me reservar 20 exemplares, (para mim, para eu pagar, de imediato, como é óbvio). Mas, como a Arcelina queria 200 (e até pensava em pedir aumento de tiragem, o que revelava ser enorme urgência da decisão!...) e como a Nassalete só podia entregar 100, eu desisti da minha pequena encomenda.
Agora fico não com 20 exemplares, mas com 100. Ótimo!
As minhas saudações
Manuela
Arcelina Santiago
08/12/2018, 15:01
Cara Manuela,
Não seria melhor a Manuela falar à Nasselete para fazer mais alguns
exemplares para poderem ser vendidos nas sucessivas apresentações
da iniciativa dedicada a Natália correia ? Poderá até dizer-lhes que
eventualmente poderá ser aceite pela direção ( vamos contactar o parecer
r dos membros ) a compra de alguns? Isto porque será na impressão da
edição que terá de ter tomada em conta o total de exemplares porque
depois , fazer nova edição já ficará mais caro , ou não - sou eu a pensar alto .
Bjnho
Arcelina
Sobre A proposta enviada através do Antonio Pacheco vamos aceitar reunir
ou entsinpor conferência via Skipe .
Bjnho
Maria Manuela Aguiar
08/12/2018, 16:22
Olá Arcelina
Falei com ela ontem sobre isso. A edição está a ser um sucesso, tem imensas
encomendas suplementares. O máximo que nos pode reservar é 100 exemplares, que poderemos vender ou oferecer
Bjinhos
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Maria Manuela Aguiar
domingo, 27/01/2019, 01:36
para Maria
Maria Manuela Aguiar
00:48 (há 14 horas)
para gracaguedes, Nassalete, Mulher, Bcc:Maria, Bcc:Ana, Bcc:Filipa, Bcc:Ester, Bcc:Victor
Boa noite
Esclareço apenas que não propus a compra dos jornais. Se encontrar os emails sobre o assunto envio e verá...
Não, Arcelina, não ficarei à espera da venda dos jornais, um a um, dois euro hoje, mais dois amanhã, Que ideia!!!
Esqueça.
Vou oferecer eu própria , em meu nome, à pintora e a alguns amigos. Os 200 euros não me fazem assim tanta falta.
As minhas saudações
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Maria Manuela Aguiar
domingo, 27/01/2019, 01:36
para Maria
Maria Manuela Aguiar
00:48 (há 14 horas)
para gracaguedes, Nassalete, Mulher, Bcc:Maria, Bcc:Ana, Bcc:Filipa, Bcc:Ester, Bcc:Victor
Boa noite
Esclareço apenas que não propus a compra dos jornais. Se encontrar os emails sobre o assunto envio e verá...
Não, Arcelina, não ficarei à espera da venda dos jornais, um a um, dois euro hoje, mais dois amanhã, Que ideia!!!
Esqueça.
Vou oferecer eu própria , em meu nome, à pintora e a alguns amigos. Os 200 euros não me fazem assim tanta falta.
As minhas saudações
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CÍRCULO MARIA ARCHER
Maria Manuela Aguiar
sexta, 1/02/2019, 02:17
para olga
Cara Amiga
Em conjunto com vários amigos, estou a pensar organizar um fórum de debates, informal, sem estatutos, sem burocracias, e sem chefes. Uma tertúlia de amigos, para refletir sobre igualdade, questões de género, lusofonia... Pensei dar-lhe a designação de "Círculo Maria Archer", lembrando-me do "Círculo Eça de Queiroz", que é, evidentemente, coisa bem diferente . Ou de uma antiga associação que fundei nos anos 90, Associação Ana de Castro Osório. Admiro imenso AC Osório, mas Maria Archer é muito mais atual, mais moderna ...
O que acha? Seria bom, ou não, para a relembrar?
Se não considerar boa ideia, não o farei. Continuaremos a recordá-la em colóquios, e congressos,
As minhas cordiais saudações
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Olga Archer Moreira
segunda, 4/02/2019, 18:45
para mim
Sra. Dra. Manuela Aguiar,
Que agradável surpresa.
Como tem passado?
A sua ideia é excelente e é claro que concordo.
Um abraço
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Maria Manuela Aguiar
terça, 5/02/2019, 00:22
para Olga, Bcc:Nassalete, Bcc:Constancia, Bcc:gracaguedes
Cara Drª Olga
Fico tão contente por achar boa a ideia!.
Maria Archer queria que o futuro lhe fizesse justiça, lembrando-a, Este será apenas um pequeno contributo para que isso vá acontecendo,
Ela é ainda espantosamente, "uma mulher moderna"! Uma grande escritora intemporal.
Há já largos meses que não falava com o meu ex-marido (e colega de Direito, em Coimbra). Telefonou-me, há dias, e, a certa altura, disse-me: " Sabes, descobri há pouco uma escritora extraordinária, que ando a ler. Chama-se: Maria Archer".
Fiquei encantada, e contei-lhe as múltiplas iniciativas em que participei, de homenagem a Maria Archer, a primeira das quais, em 2010, na exposição "Rostos da República" da Câmara de Espinho.
E, assim, descobri uma inesperada sintonia com o meu "ex".. Depois de divorciados há mais de 50 anos, as sintonias abundam...
Espero que aceite pertencer ao "Circulo Maria Archer". Será uma tertúlia sem organização, sem hierarquias, sem estatutos, sem quotas, sem responsabilidades. Criado o núcleo de fundadores, cada um promove, como e quando puder, colóquios, palestras, tertúlias, sobre as causas maiores de Maria Archer - a lusofonia (ou as lusofonias), o feminismo, o diálogo democrático, as artes...
Vou convidar as especialistas da obra de Maria Archer, Elizabeth Battista e Dina, é claro.O Prof Pádua é um "must". A diretora do jornal "As Artes entre as Letras", Nassalete Miranda e o Reitor Salvato Trigo, também, E até o meu "ex", que é um homem muito criativo, muito "avant.garde", especialista e "e-learning", e professor (da Lusófona ou da Autónoma, ou das duas - o que eu soube, mas não fixei, precisamente, pelo linkedin),
A Rita gostaria deste projeto. Pena foi eu não ter pensado nele há mais tempo.
Darei notícias.
Um abraço
Manuela
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Maria Manuela Aguiar
quarta, 23/01/2019, 00:26
para Teresa
Olá Tagi
Obrigadíssima! Agradece por mim ao Carlos. É um alívio ver-me livre desta nave de loucos...
Já redigi o texto da minha própria demissão , que enviei a todos os membros dos órgãos Sociais. Não dei alternativas à Arcelina - nem à Graça, Não creio que gostem desta solução, mas quem tem o poder de fazer a convocatória é mesmo a AG, não a direção.
Bjinhos
Manuela
Convocatória da AG - Eleições
Maria Manuela Aguiar
00:17 (Há 7 minutos)
para Ana, gracaguedes, Maria, Teresa, Ana, Natalia, Berta, Filipa, luisa, nelma, Ester, Teresa, Cristina, Flávio, Sarolta, virginia_estorninho
Senhora Presidente da Direção da AMM, Drª Arcelina Santiago
Senhora Secretária-Geral da AMM, Profª Doutora Graça Guedes
Caras Amigas
Em resposta ao email da Senhora Presidente, direi que a única situação que poderia gerar polémica seria fazer uma eleição para um único órgão - neste caso a AG. Eliminamos todo e qualquer problema se, como aconselhou a advogada consultada pela Doutora Graça Guedes realizarmos eleições para todos os órgãos. A necessidade de renovar a Mesa da AG, impõe, nesta prudente interpretação da letra dos Estatutos, a reeleição dos outros Órgãos. Não a alteração da sua composição atual, que está em perfeita conformidade com as exigências Estatutárias. Nem sequer se perde mais tempo, ou se tem mais trabalho. Vota-se a lista, ou as listas, numa sequência que, em princípio, será fácil e rápida.
A necessidade estatutária de recompor a Mesa da AG não é novidade. Está bem expressa no "draft", que enviei às duas, há já uns tempos, contendo o projeto de convocatória da AG, do qual consta.a eleição da nova Mesa da AG. Esta poderá incluir alguns dos membros da atual, mas não a presidente e o Vice.Presidente demissionário. Dr Álvares de Carvalho.
Entendo que devo sair porque estou em exercício há mais do que os dois mandatos, permitidos pelos Estatutos. Só me mantive na eleição de 6 de agosto de 2018, porque se vivia uma situação excecional, em que a AMM corria o risco de extinção. Com a Direção paralisada, depois da perda da nossa saudosa Amiga Drª Rita Gomes, foi tarefa árdua organizar, praticamente sozinha, o processo eleitoral, de que a Drª Rita sempre tão competentemente se encarregava. Foi difícil encontrar substituição para muitas vagas, (umas conhecidas, outras absolutamente inesperadas), na Direção e no Conselho Fiscal. A Mesa, a que presidia, nessa situação complexa, ficou em funções para assegurar a estabilidade da AMM - o objetivo essencial. .
Era minha vontade convocar apenas a eleição da Mesa da AG, como se vê no "draft" que vos remeti. A informação jurídica pedida e obtida pela Senhora Secretária-Geral, (não por mim, o mérito é todo dela e deve ser reconhecido), foi-me transmitida. anteontem. Concordo com ela, e, como Presidente da AG, convocarei eleições para todos os órgãos. Assim acautelaremos situações dúbias e impasses no funcionamento normal da Associação, nomeadamente por parte da banca.
A demissão do Senhor Vice-Presidente Dr Alvares de Carvalho (um dos fundadores da Associação), nesta data, tem, a meu ver, o significado de manifestar, por razões pessoais, indisponibilidade de integrar a futura Mesa da AG. É o meu caso, também. Estou, tal como ele, indisponível para continuar nas atuais funções, pelas razões acima indicadas, a partir da próxima AG,
Tudo, como é óbvio, no interesse da AMM.
Com as minhas mais cordiais saudações
Maria Manuela Aguiar
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A sucessão de emails e de contradições da Senhora Presidente
Caixa de entrada
Maria Manuela Aguiar
segunda, 21/01/2019, 17:02
para mim
anuela,
Nunca disse que não fui eu que tive a ideia. Tudo para bem da iniciativa e Amm , e ajuda a nassalete . veja o email que me enviou navyeoca de correspondência ; uma edição extra seria mais caro e aí seria para anular a ideia.
Nunca ficou decidido naquela altura se seria para vender ou dar até porque eu disse a minha opinião : era mais simpático dar . A direção decidiria . Mandei email que lhe remeti também . Ninguém respondeu.
Nunca mais me meto noutra, é caso para dizer para tanta confusão e gasto de energias.
Vamos esquecer isto e avançar pois eu não tenho paciência nem tempo para estas confusões
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Olá Graça
Estou farta desta guerra de alecrim e manjerona...
Primeiro, a Arcelina argumenta que não refere esta dívida (ou "empréstimo", segundo ela, embora empréstimo forçado...), porque não se trata de despesa corrente (na qual inclui uma coima...).- Até parece que o empréstimo muda de valor, conforme seja para despesas correntes ou não correntes...
Depois, dita as condições de pagamento do "empréstimo" que será feito à medida que os exemplares forem vendidos (como se eu fosse uma espécie de "ardina" a vender jornais!).
Seguidamente, todavia, declara que será mais simpático a AMM oferecer os jornais do que vende-los, nos colóquios sobre Natália (mas nesse caso, como seriam entregues, euro a euro, os 200 euros, que dependiam da venda dos ditos jornais?)
Proclama, categoricamente, que a ideia da encomenda dos jornais foi minha, mas, após eu ter mandado emails da correspondência trocada, que provam a sua iniciativa, assume que a ideia foi dela, mas como se nunca tivesse dito outra coisa,
Incompreensível é a alusão
À Trump ou, mais benignamente, à Cavaco, que nunca se engana.
Tenho que começar a ver o lado lúdico destas coisas.
E o lado bom, também: tenho um cento de magnífico jornais para oferecer!. Quem quiser um exemplar é só dizer!
Um abraço
Manuela
Caros membros da Direção da AMM
Gostaria de vos dar a conhecer alguns aspetos sobre a regularização da AMM:
Na Actividade Tributária ficou tudo já tratado com a substituição da anterior lista da direção. Daí ter-vos pedido os números de contribuintes.
No Banco o processo tem-se arrastado e não tem sido fácil ( falta de informação e alguns aspetos que o departamento jurídico chamou a atenção)
Quero, no entanto, descansar-vos porque a operacionalidade da conta da AMM mantém-se apesar de só se poderem fazer depósitos e consultas de conta.
Aguardamos impacientemente ( embora sem fazer alaridos) a autorização do Banco pois tivemos os seguintes contratempos
1-foram rejeitadas as actas ( por duas vezes) por não conterem os elementos necessários e suficientes para a mudança das pessoas que podem movimentar as contas.
2-Após correcção das actas e entrega no banco o processo foi recusado por falta da entrega da publicação dos estatutos em DR e tal facto não foi comunicado inicialmente. Daí termos entregue apenas a brochura dos estatutos da AMM
3- Foi entregue o suplemento do DR e neste momento aguardamos resposta/autorização do banco
A AMM não tem sido lesada em nada.Os Únicos lesados com esta situação:
Filipa Menezes pois tem suportado as despesas correntes (renda, água e electricidade etc despesas que poderiam por em causa o funcionamento e multas para a AMM)
Vitor Gil também suportou as contas do Mês de Dezembro
Resumindo- A questão bancária não afeta a Associação pois nada impede o seu normal funcionamento prejudica sim quem tem suportado asdespesas correntes.
A Filipa tem feito muito esforços em estabelecer contactos com o Banco no sentido de ultrapassarmos os vários constrangimentos que foram surgindo e que não estávamos à espera.
Por isso, enviaremos a todos/as os /as associados/as para poderem começar a pagar as quotas de 2019 enviando para o efeito o NIB da AMM.
Tirando isto, e isto é apenas um contratempo, que não nos impediu de trabalhar como tem acontecido desde a tomada de posse.
Espero na próxima dar-vos boas notícias.
Com amizade
Arcelina Santiago
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306 de 1 301
Recibo jornais encomendados pela AMM
Caixa de entrada
Maria Manuela Aguiar
segunda, 21/01/2019, 06:40
para Nassalete, Bcc:arcelina, Bcc:gracaguedes, Bcc:Ana, Bcc:nelma, Bcc:Victor, Bcc:Berta, Bcc:Filipa, Bcc:virginia_estorninho, Bcc:luisa, Bcc:Ester, Bcc:Maria
Querida Amiga
Não é preciso qualquer recibo, pois todos os exemplares ficarão para mim. Suponho que não é obrigatório o recibo, e, se não, for, não quero documentação a que não saberia dar utilidade.
Houve um mal entendido. A Arcelina afirma que fui eu que tive a ideia e que fiz a encomenda. De facto, ela talvez não se lembre, mas não só teve a ideia, mas até aventava pedir o aumento das tiragens, etc etc, coisa que, como sabemos, a ser possível, é inadiável. Nunca me passou pela cabeça pedir o tal aumento de tiragem, mas quando ela pôs essa hipótese, achei, naturalmente, que tanto o interesse como a urgência, que manifestava, eram enormes!. E, por isso falei, de imediato à Nassalete, que fez o favor de deixar em minha casa, não os 200 pedidos pela Arcelina, mas os 100 exemplares, que restavam de uma edição esgotada-
Propõe agora a Arcelina que eu vá recuperando a verba que adiantei à AMM com a eventual venda dos jornais, um a um. É solução que não aceito, de modo algum! Não tenho vocação nem idade para ardina, com todo o respeita pela classe,(normalmente jovem e expedita).
E, uma vez que a Arcelina declina a responsabilidade de ter feito a encomenda, e a remete para mim, eu fico com ela, a título pessoal, pois não estou eleita para responder pelas dívidas da AMM. De resto, tenho muito o gosto em ficar com todos os 100 exemplares que paguei, que são meus e tenciono oferecer (as primeiras dezenas à pintora Do Carmo, que, com certeza lhes dará o melhor destino!).
A Nassalete lembrar-se-à que mesmo antes de surgir esta questão. já eu lhe tinha pedido que me reservasse uma vintena, E dela estava disposta a abdicar, para que a AMM recebesse o máximo de exemplares, que era, metade do que solicitara
Assim, recupero a minha encomenda, multiplicada por 5,. e não me faltam planos para os fazer chegar à boas mãos, na nossa Diáspora, (Não em qualquer dos colóquios para evitar que haja novas confusões.)
Fico feliz com esta solução!
Bjinhos
Manuela
ET
Ainda estou acordada a esta hora, porque estive a ver, às 5-12 o singular eclipse da Lua, Diziam que seria vermelha, mas não - era uma bola de cor mais neutra, bem bonita, entre o castanho e a cor de tijolo.
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aria Manuela Aguiar
segunda, 21/01/2019, 17:12
para gracaguedes
Olá Graça
Estou farta desta guerra de alecrim e manjerona...
Primeiro, a Arcelina argumenta que não refere esta dívida (ou "empréstimo", segundo ela, embora empréstimo forçado...), porque não se trata de despesa corrente (na qual inclui uma coima...).- Até parece que o empréstimo muda de valor, conforme seja para despesas correntes ou não correntes...
Depois, dita as condições de pagamento do "empréstimo" que será feito à medida que os exemplares forem vendidos (como se eu fosse uma espécie de "ardina" a vender jornais!).
Seguidamente, todavia, declara que será mais simpático a AMM oferecer os jornais do que vende-los, nos colóquios sobre Natália (mas nesse caso, como seriam entregues, euro a euro, os 200 euros, que dependiam da venda dos ditos jornais?)
Proclama, categoricamente, que a ideia da encomenda dos jornais foi minha, mas, após eu ter mandado emails da correspondência trocada, que provam a sua iniciativa, assume que a ideia foi dela, mas como se nunca tivesse dito outra coisa,
Incompreensível é a alusão
À Trump ou, mais benignamente, à Cavaco, que nunca se engana.
Tenho que começar a ver o lado lúdico destas coisas.
E o lado bom, também: tenho um cento de magnífico jornais para oferecer!. Quem quiser um exemplar é só dizer!
Bjinhos
Manuela
EMAIL CONTRA EMAIL
1 - Caros membros da Direção da AMM
Gostaria de vos dar a conhecer alguns aspetos sobre a regularização da AMM:
Na Actividade Tributária ficou tudo já tratado com a substituição da anterior lista da direção. Daí ter-vos pedido os números de contribuintes.
No Banco o processo tem-se arrastado e não tem sido fácil ( falta de informação e alguns aspetos que o departamento jurídico chamou a atenção)
Quero, no entanto, descansar-vos porque a operacionalidade da conta da AMM mantém-se apesar de só se poderem fazer depósitos e consultas de conta.
Aguardamos impacientemente ( embora sem fazer alaridos) a autorização do Banco pois tivemos os seguintes contratempos
1-foram rejeitadas as actas ( por duas vezes) por não conterem os elementos necessários e suficientes para a mudança das pessoas que podem movimentar as contas.
2-Após correcção das actas e entrega no banco o processo foi recusado por falta da entrega da publicação dos estatutos em DR e tal facto não foi comunicado inicialmente. Daí termos entregue apenas a brochura dos estatutos da AMM
3- Foi entregue o suplemento do DR e neste momento aguardamos resposta/autorização do banco
A AMM não tem sido lesada em nada.Os Únicos lesados com esta situação:
Filipa Menezes pois tem suportado as despesas correntes (renda, água e electricidade etc despesas que poderiam por em causa o funcionamento e multas para a AMM)
Vitor Gil também suportou as contas do Mês de Dezembro
Resumindo- A questão bancária não afeta a Associação pois nada impede o seu normal funcionamento prejudica sim quem tem suportado asdespesas correntes.
A Filipa tem feito muito esforços em estabelecer contactos com o Banco no sentido de ultrapassarmos os vários constrangimentos que foram surgindo e que não estávamos à espera.
Por isso, enviaremos a todos/as os /as associados/as para poderem começar a pagar as quotas de 2019 enviando para o efeito o NIB da AMM.
Tirando isto, e isto é apenas um contratempo, que não nos impediu de trabalhar como tem acontecido desde a tomada de posse.
Espero na próxima dar-vos boas notícias.
Com amizade
Arcelina Santiago
2 - Maria Manuela Aguiar
12/01/2019, 02:46 (há 9 dias)
para virginia_estorninho, Berta, gracaguedes, Victor, Maria, Mulher, Filipa, Ana, luisa, nelma
Caras Amigas
Dizer que a situação bancária está normalizada porque é possível consultar contas e fazer depósitos é uma coisa espantosa. Pois o que o banco quer é precisamente encaixar dinheiro que não deixa movimentar!.
A Senhora Presidente não refere o débito que, ou a AMM ,ou ela própria, tem para comigo: 200 euros que paguei à Drª Nassalete Miranda e que correspondem a uma encomenda por ela feita de 100 jornais "As Artes entre as Letras" (a encomenda era de 200, mas com a entrega de 100 a edição esgotou). Não foi nem sequer sugestão minha....
Como eu , muito recentemente, lhe lembrei essa dívida, surpreende-me que não seja citada neste "relatório". Como poderão calcular não é pela importância em si e pela atitude.
.
Um abraço para todas
3 - Mulher Migrante Associação ECS
20/01/2019, 23:00 (há 16 horas)
para eu, Filipa, Ana, virginia_estorninho, luisa, nelma, Berta, gracaguedes, Victor, Maria
Caras amigas,
Desculpem nas só hoje vim ao email e, por isso, estou só agora a responder.
Queria esclarecer uma questão que foi mencionada pela Manuela Aguiar porque a achei despropositada - a insinuar algo que não gostei.
Na verdade, quando referi as dívidas, referi-me ás que são obrigatórias e mensais da AMM tal como pagamento de renda à CM, Luz e água, e ainda a coima à A. tributária que se não tivessem sido assumidas pela Filipa e Dr Gil seria muito mau porque implicaria o corte dos serviços ou despejo, acréscimo de coimas.. foi essa a minha grande preocupação e enfoque quando me referi a dívidas.
Não referi, na verdade, o valor que foi adiantado e pela Manuela Aguiar - aquisição de jornais para uma ação que foi proposta pela própria Manuela sobre a comemoração do centenário do nascimento de Natália Correia que terá lugar mais adiante.
Na verdade, achei muito interessante e propus que se avançasse com a aquisição de alguns números para serem distribuídos ou vendidos na altura das sessões ( Lisboa , Porto). Ventilamos isso em conversa telefónica embora como eu referi fosse mais simpático darmos do que vendermos, mas dependeria dos membros da direção.
Pelo desculpa, mas a intenção não foi a " Presidente" esquecer ou anular esta dívida, direi antes empréstimo, que a Manuela fez como poderia ter sido eu, até porque a ação não foi um segredo ou combinação entre nós, mas publicamente apresentada e registada em dezembro, por email, onde fiz consulta a todos os membros da direção, ou seja, todos sabem . Assim, agradeço que não fique receosa pois será pago o empréstimo que gentilmente se prontificou a fazer.
Volto a referir que esse valor será pago à Manuela e voltará a entrar na conta quando forem vendidos os jornais nas sessões.
O mesmo foi comunicado por mim à contabilidade da AMM de imediato e também já solicitei ao Jornal Artes Entre as Letras o respetivo recibo /fatura.
Com amizade
4 - Maria Manuela Aguiar
Boa noite
Esclareço apenas que não propus a compra dos jornais. Se encontrar os emails sobre o assunto envio e verá...
Não, Arcelina, não ficarei à espera da venda dos jornais, um a um, dois euro hoje, mais dois amanhã, Que ideia!!!
Esqueça.
Vou oferecer eu própria , em meu nome, à pintora e a alguns amigos. Os 200 euros não me fazem assim tanta falta.
As minhas saudações
Arcelina Santiago
5 - Arcelina Santiago
08/12/2018, 15:01 (há 7 dias)
para eu
Cara Manuela,
Não seria melhor a Manuela falar à Nasselete para fazer mais alguns exemplares para poderem ser
vendidos nas sucessivas apresentações da iniciativa dedicada a Natália correia ? Poderá até dizer-lhes
que eventualmente poderá ser aceite pela direção ( vamos contactar o parecer dos membros ) a
compra de alguns? Isto porque será na impressão da edição que terá de ter tomada em conta o total de
exemplares porque depois , fazer nova edição já ficará mais caro , ou não - sou eu a pensar alto .
Bjnho
Arcelina
Sobre A proposta enviada através do Antonio Pacheco vamos aceitar reunir ou entsinpor conferência via Skipe .
6 - Maria Manuela Aguiar
08/12/2018, 16:22 (há 7 dias)
para arcelina
Olá Arcelina
Falei com ela ontem sobre isso. A edição está a ser um sucesso, tem imensas encomendas suplementares. O máximo que nos pode reservar é 100 exemplares, que poderemos vender ou oferecer
Bjinhos
7 Maria Manuela Aguiar
05:47 (há 10 horas)
para virginia_estorninho, luisa, nelma, Berta, Maria, Ester
Com um abraço, dados sobre este imbróglio da compra de jornais para oferecer ou vender pela AMM. Não vai haver problema. Eu fico com todos os exemplares para oferecer em meu nome. Umas dezenas largas vão logo para a pintora do retrato de Natália.
Bjinhos
Manuela
ET Viram a lua castanha, às 5.12). Eu decidi fazer uma noitada a contemplar o alto dos céus. Foi diferente, Da minha idade há que aproveitar a visão destes fenómenos
8 - Arcelina Santiago
14:05 (há 1 hora)
para eu
Manuela,
Nunca disse que não fui eu que tive a ideia. Tudo para bem da iniciativa e Amm , e ajuda a nassalete . veja o email que me enviou navyeoca de correspondência ; uma edição extra seria mais caro e aí seria para anular a ideia.
Nunca ficou decidido naquela altura se seria para vender ou dar até porque eu disse a minha opinião : era mais simpático dar . A direção decidiria . Mandei email que lhe remeti também . Ninguém respondeu.
Nunca mais me meto noutra, é caso para dizer para tanta confusão e gasto de energias.
Vamos esquecer isto e avançar pois eu não tenho paciência nem tempo para estas confusões
.
9 Maria Manuela Aguiar
14:50 (há 1 hora)
para gracaguedes, Filipa, Ana, virginia_estorninho, Berta, luisa, Maria, Ester, luisa, Arcelina
Estamos de acordo. também não tenho paciência nem saúde para estas confusões.
Quem encomenda. paga, como sempre aconteceu com a sua saudosa antecessora Rita Gomes.
A AMM tem conta bancária que suporta esta despesas e muitas mais, desde que tenham base estatutária e sejam viáveis e úteis
A opção de oferecer e de não vender a revista, era a mais simpática, como diz. Concordo. Mas se assim fosse, como é que eu recebia o pagamento à medida que os exemplares fossem vendidos, como refere no seu email? (aliás, é coisa que nunca aceitaria, por considerar um método inadmíssivel).
Repito: não se preocupe com estes 200 euros!.
Já paguei, como é dever de quem encomenda. Assumo a encomenda (embora não fosse ideia minha, como reconhece). Vou oferecer os exemplares a quem, e quando, eu entender
As minhas saudações
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Contactos errados da exposição MULHERES E CIDADANIA
Caixa de entrada
Artistas de Gaia - Cooperativa Cultural, C.R.L.
segunda, 21/01/2019, 12:36
para mim, Luisa
Bom dia, Drª Manuela Aguiar e Pintora Luísa Prior
No caso da artista Ariana Papaciu - arianapapucciu@hotmail.com, depois da várias tentativas veio sempre como endereço não encontrado. Não foi possível enviar a carta/convite.
Veio também devolvido, como endereço não encontrado, o e-mail enviado a Patrícia Morris - pamrorkis@gmail.com.
Os outros foram corrigidos e reenviados. Acho que ficou resolvido.
Aguardo instruções.
Cumprimentos,
José Costa
Maria Manuela Aguiar
segunda, 21/01/2019, 15:46
para C.R.L.
Caro Amiga
Obrigada. Vou ainda tentar obter o email correto de P Morris, pois e o tinha manuscrito, pode ter havido engano meu.
Quanto às outras, nada a fazer..
Cordiais saudações
Manuela
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306 de 1 298
SUBVENÇÃO VITALÍCIA - DECLARAÇÃO REFERENTE AO ANO DE 2018
Maria Manuela Aguiar
Anexos
segunda, 21/01/2019, 14:17
para cga
Ex.mo Senhor Diretor
Apesar de não ter ainda recebido o ofício de V Ex.cia, solicitando os dados sobre as condições para o pagamento da subvenção vitalícia, nomeadamente o não recebimento de quaisquer remunerações no ano passado, venho, desde já, informar que a minha situação se mantém. Auferi apenas, como no ano anterior, pensões do Estado e a subvenção vitalícia, mantendo-se tudo o mais idêntico. Não recebi quaisquer remunerações, por qualquer forma de trabalho, no sector privado ou público, ou atividade profissional.
.
Hoje mesmo, segue, por correio registado, com aviso de receção, carta para V excia, que envio em anexo
.Apresento a V Ex.cia os meus melhores cumprimentos
Maria Manuela Aguiar Dias Moreira
Pensionista nº 529459
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A LUA
Maria Manuela Aguiar
segunda, 21/01/2019, 05:19
para gracaguedes, rosa, Victor
Boa noite
Fiquei acordada para contemplar a lua vermelha às 5.12. Valeu a pena, porque a bola escura via-se bem ,mesmo à saída de minha casa. No meu tempo de vida não mais veria esta singularidade...
Grande abraço
Manuela.
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GRANDE ENTREVISTA OBSERVA MAGAZINE
Grande entrevista - Maria Manuela Aguiar OBSERVA Magazine 2
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> Quem é Manuela Aguiar? Uma Senhora ainda recordada como exemplo de vida na notoriedade que conferiu à Diáspora portuguesa. Assumiu a Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas, no VII Governo Constitucional liderado por Pinto Balsemão, em 1981. Encontrava-se a assumir a pasta do Ministério dos negócios estrangeiros, André Gonçalves Pereira.
>
> OM: Muito agradecidos por nos conceder a honra desta entrevista
>
> M A: Eu é que tenho de agradecer a possibilidade de partilhar com todos os leitores de Observa Magazine recordações de tempos e acontecimentos que vivi, há tantos anos!.
>
> Assumi a SEECP, a convite do Dr Francisco Sá Carneiro, nos primeiros dias de janeiro de 1980. Era Ministro dos Negócios Estrangeiros o Prof Freitas do Amaral. Não os conhecia pessoalmente até esse dia, em que que reuni com eles, na Rua Gomes Teixeira, na altura em que preparavam a formação do VI Governo Constitucional. Conversámos como amigos de longa data, de um modo informal e descontraído. Foi o início de uma caminhada vertiginosa, em que Sá Carneiro impunha o ritmo e todos dávamos o máximo, num ambiente de coesão e de solidariedade, que nunca mais reencontrei na vida pública. Até 4 de dezembro, 1980 seria o meu melhor ano de sempre, até hoje!
>
> Intervir na política, não estava no meu horizonte. Sentia-me bem em trabalho de gabinete, como assessora do Provedor de Justiça. Antes tinha sido assistente de um Centro de Estudo Sociais e de várias Universidades. E fizera, em 1978/79, uma passagem por um breve governo de independentes presidido pelo Prof Mota Pinto - na pasta do Trabalho. Tinha quadrante ideológico - era "social-democrata à sueca" - mas não filiação partidária. Não fui pressionada a inscrever-me no partido, mas fi-lo, impulsivamente, devido à minha perfeita sintonia com as posições de Sá Carneiro . E com isso, me tornei a primeira mulher do PSD a ocupar um cargo governamental. Depois, acabei por perfazer o total de 5 governos, e por ficar na Assembleia da República quase duas décadas e na Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa por cerca de 14 anos.
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> OM: Estando interessados em tentar escrever a história e as histórias desta importante e nobre função de quem assume uma secretaria que permite e fomenta o contacto com as comunidades portuguesas espalhadas pela Diáspora portuguesa, conte-nos qual o primeiro impacto com essa realidade.
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> M A - Foi, antes de mais, a verdadeira descoberta de um "outro Portugal", que os portugueses recriam no estrangeiro e que é largamente ignorado, dentro do País. Tive, a preocupação de fazer viagens em que circulava, de cidade em cidade, entre comunidades, com o objetivo de conseguir, mais depressa e melhor, uma perspetiva ampla do universo da emigração, estabelecendo comparações, e podendo transmitir experiências de umas para as outras. Queria estabelecer as singularidades e as constantes, no que respeitava a realizações, problemas carências, para definição de prioridades, e procura de formas de articulação e parcerias viáveis, .
>
> Na primeira visita, em 20 dias, corri os EUA e o Canadá, de costa a costa. Na segunda, o Brasil - da Amazónia, do Pará e de Pernambuco ao Rio Grande do Sul. E, depois, os muitos países onde está a nossa emigração. Como os programa de visitas se centravam nas associações, igrejas, escolas portuguesas, clubes, no pujante movimento associativo, quase não via as cidades, as paisagens circundantes, e voltava com a espantosa sensação de não ter saído da minha terra, apesar de ter feito tantos milhares de quilómetros. Era como se Portugal fosse imenso! E, de facto, é, se olharmos a sua gente para al+em do seu território..
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> O M : o que mais a comoveu nesse contacto direto?
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> M A: O genuíno portuguesismo das pessoas! A paixão por manter tudo o que consideravam identitário, que lhes permitia unirem-se e criarem espaços culturais de presença nacional, com os seus modos de estar, as suas tradições de convivialidade. Encantou-me, desde esses primeiros contactos, a hospitalidade com que era recebida, tanto em salas modestas, como em grandiosos salões, que pareciam transplantados das várias regiões de Portugal, com o seu ambiente de tertúlia, a sua gastronomia, dança, música, celebrações religiosas... Ver isto com os meus próprios olhos foi uma revelação poderosa, inspiradora. Afinal, o que eles faziam pelo país era infinitamente mais do que o que País jamais fizera por eles, como exigiaJF Ken nedy. Assim pensei e, décadas depois, continuo a pensar.
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> OM: Como definiria um traço ou uma característica inerente (de todas as comunidades espalhadas por todos os continentes) à vontade/ necessidade de emigrar no período em que exerceu funções?
>
> MA: Julgo que mais a necessidade do que a vontade. O êxodo migratório do século XX deveu-se, sobretudo, à pobreza, ao desemprego, aos baixos salários. Foi, em percentagens muito elevadas, clandestino - sobretudo na segunda metade do século, quando de dirigiu, sobretudo para a Europa (a emigração "ilegal" passou a média de um terço, que vinha de épocas recuadas e chegou a ultrapassar os 50%). A melhoria das condições de vida dos que haviam partido contribuía enormemente para familiares e vizinhos verem na fuga para o estrangeiro a única solução de futuro. Como hoje, os que atravessam o mediterrâneo, arriscando a vida! A situação não é tão diferente como poderá parecer. É apenas ainda pior, mais difícil, porque, no pós guerra mundial, o ciclo de desenvolvimento económico permitia uma rápida legalização e integração. Os Portugueses, depois de um início difícil, ganharam, quase todos, a aposta na aventura da emigração. Eduardo Lourenço disse dos protagonistas do "salto", nas décadas de 50 e 60, que foram "uma geração de triunfadores". É uma citação que uso, muitas vezes, porque é, globalmente, verdadeira e, além disso, expressa a homenagem, que o país se esquece, tantas vezes, de lhes prestar. .
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> OM: Qual a faixa etária que emigrava? Quais as suas qualificações académicas e profissionais?
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> M A: Jovens do sexo masculino, pouco qualificados. Era esse o perfil da nossa emigração tradicional. Mas não a dos governos a que pertenci. Quando, a partir de 1974, as leis e a Constituição Portuguesas vieram, por fim, consagrar plenamente o direito à emigrar, os outros países fecharam as fronteiras, após a crise petrolífera.... Na década de oitenta, registámos os mais baixos números de saídas de todo o século XX. (e deste começo de Século XXI). Os países desenvolvidos praticamente só permitiam a entrada para reunificação familiar às mulheres e filhos dos trabalhadores. Falava-se, e bem, de "feminização da emigração". Foi, por sinal, um movimento da maior importância, porque quase todas as portuguesas conseguiram aceder ao mercado de trabalho, ganharam uma autonomia profissional, que não tinham nos meios rurais de onde provinham, e deram um impulso fundamental aos projetos migratórios, do ponto de vista económico (pois contribuíam com um segundo salário) e social, (porque se converteram, de facto, com inesperado êxito, em mediadoras da inserção do núcleo familiar). Estavam, maioritariamente, inseridas no setor dos serviços, com contactos mais próximos na sociedade local e isso deu-lhes a compreensão das suas especificidades, tal como da necessidade de proporcionarem aos filhos as vantagens da educação e formação, que eles não tinham. A emigração feminina influenciou, assim, decisivamente,a reconversão cultural e o sucesso económico dos projetos migratórios de 50 e 60. Na altura, ninguém o podia prever. Hoje essa avaliação está cientificamente demonstrada (vejam-se os trabalhos pioneiros da Profª Engrácia Leandro, na década de noventa, na região de Paris).
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> OM : quais eram os países eleitos pelos portugueses para se emigrar?
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> MA: A Suiça foi, a partir de 80/81, uma exceção no panorama europeu. Nesses e nos anos seguintes, recrutou dezenas de milhares de trabalhadores portugueses ,maioritariamente, homens, para a agricultura, construção civil, a hotelaria... Novos destinos, que geraram expetativas, (depois não confirmadas), foram alguns países do sul do Mediterrâneo e do Médio Oriente. Os números nunca viriam a ser elevados e corresponderam a contratos bem remunerados, mas temporários.
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> Outra situação nova, com que me vi confrontada foi o enorme afluxo de regressos, em média 30.000 a 40.000 por ano. O retorno dramático dos portugueses de Angola e de outras colónias estava ainda bem presente na memória coletiva e este segundo retorno provocava nos "media",na opinião pública, e até na classe política uma inquietação indisfarçável. Vi-me muitas vezes isolada, e mal compreendida, ao explicar que se tratava de um processo radicalmente diferente, um movimento voluntário, planeado pelos próprios emigrantes, dirigido, sobretudo, para as regiões de origem e, por isso, desejável, essencial mesmo, para o repovoamento e progresso do interior (desertificado pelo êxodo migratório das décadas anteriores). Os apoios à reinserção, (medidas fiscais, isenções, empréstimos a juro bonificado). foram utilizados habilmente, e o País ganhou muito com os que vieram (mais de meio milhão só nessa década de que tratámos) sem perder os que se que fixaram lá fora, formando as comunidades extra-territoriais, que corporizam a nossa "Diáspora".
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> um O M: No seu entender quais foram os países que mais se esforçaram por justamente atribuírem a lusodescendentes cargos decisores, nomeadamente de responsabilidade política?
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> MA: O Brasil, sem dúvida. É um país tão próximo, que os portugueses na sociedade brasileira tendem a ser tratados como nacionais. Desde 1971, o Tratado de Igualdade de Direitos e Deveres entre Portuguese e Brasileiros concedeu direitos políticos aos imigrantes do outro País. a nível nacional, enquanto, por exemplo, o estatuto de cidadania europeia, ainda hoje, limita a capacidade eleitora e ativa e passiva, ao nível local. Em 1989, os Constituintes brasileiros foram ainda mais longe, atribuindo aos portugueses, sob condição de reciprocidade, todos os direitos da nacionalidade brasileira, equiparando-os a brasileiros por naturalização. A luta pela dação da reciprocidade por parte de Portugal foi a minha " causa maior", enquanto deputada e prolongou-se por cerca de 13 anos. Foi conseguida numa revisão extraordinária da Constituição em 2001 - e graças ao apoio de Políticos sensíveis às particularidades do universo da lusofonia - caso de Durão Barroso e de Mário Soares, que foi absolutamente decisivo. Desde essa data, o estatuto de cidadania luso-brasileira consolidou-se como o mais avançado nível universal, atualmentel! E, se, entre nós, ainda não vemos os imigrantes brasileiros em lugares de destaque, no Brasil são muitos os Portugueses que ocupam altos cargos na Magistratura judicial e na política, a todos os níveis, local, estadual e nacional. Uma ascensão que vem de trás e em que as mulheres fizeram história. No século XX, a médica Manuela Santos foi a primeira Secretária de Estado no Rio de Janeiro e a atriz Ruth Escobar a primeira mulher eleita à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo e a primeira representante do Brasil nas Nações Unidas para o acompanhamento de Convenção contra todas as formas de discriminação das Mulheres. Uma e outra, eleitas ou nomeadas ao abrigo do "Tratado", isto é, apenas com a nacionalidade portuguesa. Hoje , na Europa, com a França em destaque, e também no Canadá, EUA e outros países, a participação política vem crescendo, gradualmente.
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> OM: Que actividades económicas e que tipos de trabalho procuravam os portugueses que emigravam?
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> Com o mesmo (baixo) nível de formação, os portugueses que emigravam para países economicamente desenvolvidos encontravam trabalho não qualificado nos setores que referi (construção civil, a agricultura, os serviços, nomeadamente, no caso das mulheres), enquanto nos países "em desenvolvimento" muitos se transformavam, rapidamente, em pequenos empresários, quando não, no fim do percurso, em investidores de topo. No século XX, são inúmeros os que atingiram esse estatuto- no Brasil, obviamente, mas também na Venezuela ou em diversos países de África.Um exemplo histórico: nos EUA, no começo do século passado, foi muito mais rápido o enriquecimento dos nossos imigrantes no Hawai ou na Califórnia do que na costa leste, então com índices de industrialização mais elevados. É um contexto em que a ascensão é sempre mais lenta, mas não impossível. Veja-se o que aconteceu na França, onde a partir da adesão de Portugal à CCE, com o direito de estabelecimento, se multiplicou, de forma impressionante, o acesso dos nossos compatriotas a segmento do pequeno comércio e da restauração. E, em casos mais invulgares, a grandes negócios e lendárias fortunas, semelhantes às do Brasil ou África..
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> MA: eram defraudadas relativamente ao que esperavam do país de acolhimento?
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> M A: De início, em muitos casos, sim. Eram enganados por redes de engajadores, explorados como trabalhadores indocumentados. moravam nos tristemente célebres bairros de lata dos arredores de Paris. Um quadro assustador!. Mas, progressivamente, a sua situação foi mudando. A legalização era facilitada (penso em primeira linha na França, que representava mais de 80% do total), e empregos não faltavam. Eduardo Lourenço, testemunha presencial desse período negro fez, como disse, lapidarmente, o balanço final. Nenhuma outra imigração foi aí tão bem sucedida como a nossa.
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> Desde a crise de 2008 e, mais ainda, nos anos de intervenção externa (da "troyka") , a emigração em massa não só recomeçou, como bateu todos os recordes. Nesses quatro anos, cerca de meio milhão abandonou o País... Fala-se de uma "nova emigração", de jovens altamente qualificados, quadros, cientistas, mulheres e homens. Nunca tal acontecera no passado, em números significativos, em massa, mas, na verdade, no total, são ainda uma minoria (nem por isso a situação de "braindrain" imparável deixa de ser uma constatação tremenda!). Contudo, a maioria da nossa emigração continua a ser predominantemente masculina, pouco qualificada e envolvida em contratos temporários.. Uma questão que agora se coloca é a de saber se haverá mais riscos de insucesso (relativo) para a "nova emigração". Creio que em algumas profissões - engenheiros, médicos, enfermeiros - o êxito estará, quase sempre, garantido, em termos de promoção na carreira, de vencimentos. O risco, a meu ver, é o de não regressarem. Porém, em outros setores, por falta de reconhecimento e aproveitamento dos seus títulos académicos, poderão acabar acantonados a empregos precários ou insatisfatórios. Face a expetativas mais ambiciosas, podem ver-se num percurso descendente - ao contrário da geração de 50/60. Esperemos que sejam poucos os perdedores!. E esperemos, também que sejam muitos os que decidam voltar. Isso vai depender muito do País, das condições que saiba reunir para o seu regresso e para pôr fim às partidas maciças. Até hoje, como tenho dito muitas vezes, Portugal já conseguiu garantir aos cidadãos o direito de emigrar, mas não ainda o "direito de não emigrar"...
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> OM: Qual a sua experiência no contacto com associações ou outro tipo de organizações em que os portugueses se uniam e reuniam?
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> MA: Há pouco, ao referir primeiro contacto com emigrantes, logo o centrei nas associações, porque foi aí que encontrei, desde o primeiro momento, os portugueses. Quer se chamem assim, ou não, são verdadeiras "Casas de Portugal". Foram criadas, algumas há mais de 150 anos, para preservação da língua e da cultura e para defesa e proteção dos compatriotas, que se viam completamente abandonados pelo Estado, mal transpunham as fronteiras do país. A nossa única política de emigração, ao longo de séculos, foi a regulação dos fluxos de saída, quase sempre no sentido de os limitar! Os próprios emigrantes colmataram as omissões do Estado, um pouco por todo o lado, unindo-se em coletividades para a entreajuda (sociedades fraternais, caixas de socorros mútuos, hospitais), para a valorização cultural (Gabinetes de Leitura, grémios literários, centros culturais) e para o convívio (clubes recreativos e desportivos). Até aos fins do século passado, em todos os ciclos migratórios, em todas as latitudes, deparámos com formas de organização semelhantes para atingir os mesmos objetivos (a tipologia "beneficência, cultura, recreio"). Com notável eficácia, diga-se, em diferentes contextos e com meios maiores ou menores. O governo de 1980 não foi, certamente, o primeiro a ter em atenção os méritos do associativismo, mas foi pioneiro no enfoque que deu ao desenvolvimento sistemático de formas de parceria, de co-participação na definição e execução de medidas e programas para a emigração e as comunidades. O Estado não pode alhear-se dos problemas deste Portugal fora de fronteiras, mas tem de respeitar a autonomia da "sociedade civil", que se soube substituir à sua antiga e costumeira inércia. É um equilíbrio que é fundamental conseguir nas políticas públicas neste domínio!.
Nos governos a que pertenci, o principal instrumento dessas políticas foi uma assembleia consultiva, formada por representantes eleitos no universo associativo, o Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP). Entre 1981 e 1987 (data em que deixei definitivamente o governo), o Conselho funcionava a nível de cada país e em reuniões mundiais e regionais. Procurava ser um grande "forum" do movimento associativo português, que era muito forte dentro de cada sociedade de acolhimento, mas não tinha uma estrutura internacional, ao contrário de todos os outros países europeus de emigração. E ainda hoje não tem! O CCP é atualmente eleito por sufrágio direto, tendo perdido, assim, a sua essencial faceta interassociativa..
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> A minha ligação afetiva ao associativismo que dá corpo e alma às comunidades, enquanto comunidades orgânicas, vem dum tempo em que estava no auge. Sempre vi nele a generosa marca do "percurso coletivo" dos portugueses, tão importante para o País como o sucesso individual, a que costuma dar muito mais atenção. E por isso me preocupa o seu futuro num mundo em espantosa mudança, com as novas tecnologias, a economia e a cultura digitais, formas de relacionamento, de trabalho e de diversão inimagináveis há apenas algumas décadas. Como resistirá o associativismo tradicional e o seu património às infinitas transformações a que assistimos ? .
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> OM: Existe um número, ainda que aproximado, que nos possa adiantar de portugueses emigrados em 1981?
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> M A: As médias de saídas eram baixíssimas, em comparação com as do passado recente e com as do presente. Talvez, uns 8000, (não sei exatamente os números, mas são dessa ordem de grandeza). Atualmente estão acima dos 100.000. Uma diferença abissal.Vivemos, atualmente, um recomeço de ciclo, de èxodo.
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> OM: A Língua portuguesa significava um entrave à integração dos portugueses nas diferentes comunidades?
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> MA: O conhecimento de um idioma, nunca é entrave à aprendizagem de outro. Pelo contrário! Esse é um erro em que caíram alguns pais portugueses, que consideravam necessário que os filhos falassem apenas a língua local, que eles tinham dificuldade em aprender. Não compreendiam que o bilinguismo, para além de manter os laços à cultura pátria é sempre um enriquecimento, e mais ainda numa das línguas mais ricas e mais espalhadas no mundo. Mas esta visão nunca foi predominante. Mesmo pessoas com baixa escolarização, souberam, em regra, valorizar a preservação da língua-mãe, ensiná-la em casa, na escola pública, ou a partir do movimento associativo..
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> OM: Quais as medidas que foram implementadas para que os emigrantes e os lusodescendentes, nomeadamente de segunda geração tivessem acesso em contexto escolar ao idioma de Camões?
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> MA: Perante a multi-secular indiferença do Estado Português foram as associações e as paróquias católicas que criarem escolas ou cursos de português, com os seus´próprios meios, como disse. De facto, a preocupação dos governos com a aprendizagem do português só se manifestou, quando a emigração passou a dirigir.se para o nosso continente. Por largas décadas, manteve-se a dualidade, com uma rede oficial de professores na Europa, articulada, ou não, com os governos dos países europeus, em contraste com a não concessão de apoios às escolas comunitárias da emigração transoceânica. Nunca aceitei esta discriminação, mas tive dificuldade em a combater, porque, nessa altura a política do ensino para as comunidades estava sediada no Ministério da Educação e não no Ministério dos Negócios Estrangeiros 8MNE). Durante os governo a que pertenci. só na África do Sul foi possível estender, de algum modo, a rede oficial, com aulas extra-curriculares, gratuitas e dadas por professores do nooso ensino oficial nas escolas sul-africanas
>
> A transição do Instituto Camões para o MNE é coisa relativamente recente. Hoje há mais equilíbrio, mais rateio de meios entre as comunidades, de "àquém e além mar", mas a situação está longe do ideal e as escolas associativas continuam a desempenhar, em muitas comunidades., um papel de primeiro plano. Dar cursos de língua e cultura, continua a ser o obetivo de um sem número de organizações - e o que mais atrai as mulheres à intervenção na vida coletiva! É de realçar que em muitos casos tem resultado o esforço do nosso governo junto de outros, para conseguir a integração curricular do português. A meu ver, a multiplicação e a conjugação de várias ofertas de ensino é de incentivar. Nunca será demais.....
>
> OM: Quais as dificuldades da Lei eleitoral à data se refletiam no voto por parte das comunidades, nas diversas eleições portuguesas?
>
> M A: Tudo hoje é mais fácil e mais consensual entre partidos da direita à esquerda. Em 80, não. Até a dilatação do período de recenseamento de um para dois meses foi polémica e inviabilizada no parlamento! A votação era limitada à eleição de 4 deputados para a Assembleia da República e o voto por correspondência perdia-se, frequentemente, sobretudo em países onde os correios eram lentos e pouco fiáveis, ao contrário dos nossos. Infelizmente o número de deputados não se alterou, mas o voto alargou-se às eleições presidencial e europeias e a alguns "referenda". E o universo eleitoral, independentemente de recenseamento, passou a abranger todos os emigrantes que possuem cartão de eleitor.
>
> OM: Tem algum episódio que nos queira contar do contacto com alguma «Mãe ou Pai da Saudade
>
> M A: São tantos os que já partiram, deixando saudades... O mundo das comunidades era, então, a nível de dirigentes, de interlocutores, quase 100% masculino, e, por isso, o meu círculo dos amigos e aliados homens era imenso, tornando a escolha complicada, ao contrário do que acontece com as raríssimas mulheres, que lideravam associações, "media", ou grandes movimentos cívicos. Matriarcas como a mítica Dona Benvinda Maria, diretora do jornal "Portugal em Foco" do Rio de Janeiro, Maria Alice Ribeiro, fundadora e diretora do "Correio Português" de Toronto (aí, o mais antigo jornal na nossa língua), Mary Giglitto, presidente do Festival Cabrilho em São Diego (Festival de homenagem ao descobridor da Califórnia, que sem nossa Mary seria, provavelmente, considerado castelhano...), a Fernanda Ramos, de Minas Gerais, empresária e primeira presidente do Elos Clube Internacional, a Manuela da Luz Chaplin, advogada dos indefesos, em Newark... Todas foram vozes fortes, arrebatadoras, que mobilizaram os compatriotas e engrandeceram as suas comunidades. Contar episódios passados com elas ou com eles, dava outra grande entrevista! Mas há um, que acaba de me ocorrer agora mesmo, talvez por ter trazido à conversa a desigualdade de género na emigração dessa altura. Estava, um dia, a almoçar com um jornalista de rádio de San Diego, Paulo Goulart, e ele disse-me que, entre os muitos políticos que visitavam a Califórnia, só dois tinham a simpatia da comunidade, o Dr João Lima e eu (assim se vê que ele era meu amigo - nem todos seriam dessa opinião.é claro...). Fez uma pausa, com ar de quem está a refletir e acrescentou: "Pensando bem o João Lima até tem mais valor, porque para ele é muito mais difícil, por ser homem e socialista". De facto, a América tinha, então, fortes preconceitos anti-socialistas. Essa parte era óbvia. Não assim o facto de ter vantagem como mulher! A frase, a que achei imensa graça, dita com evidente franqueza e sinceridade, constituiu a pista que me faltava para compreender o enigma de me ver bem aceite em comunidades, no seu conjunto, tão conservadoras. Creio que Paulo Goulart me terá convencido de que é mais difícil a uma mulher chegar ao cargo, do que, depois, exercê-lo. Aqui deixo a hipótese, para futuro estudo
>
> OM: Deseja fazer alguma saudação especial dirigida aos milhões que a vão ler?
>
> MA: Sim, com muito prazer, aproveito para mandar um abraço a todos os emigrantes que deixaram o seu país , mas o levaram consigo, em espírito e , assim, apesar da ausência física, são uma presença cultural.
>
> OM: A OBSERVA Magazine agradece-lhe novamente a honra desta entrevista
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Maria Manuela Aguiar
domingo, 20/01/2019, 00:44
para Daniel
Caríssimo
Não pude felicita-lo pessoalmente, porque tinha em casa a minha mãe sem companhia e se não viesse no comboio das 1855 só teria outro, dos mais lentos, depois das 20.00 e só estaria de volta cerca das 9.00... É o meu problema dos fins de semana... As minhas desculpas pela saída prematura.
Mas gostei imenso, aprendi imenso!. Confesso que não conhecia a poesia de Judith Teixeira.
Não me surpreendeu que ela nâo tivesse tido apoio nem mesmo das nossas sufragistas, porque, em 1923, o movimento já estava em declínio, dividido, descrente de uma República que, como muito bem disse, nunca soube reconhecer os seus direitos-
E outra coisa jogava, também contra a "ousadia" de Judith - é que as grandes líderes do movimento. Ana C Osório, Cabete, Carolina Beatriz Ângelo (que, aliás, tinha morrido em 2011) etc, etc, eram revolucionárias no domínio da intervenção cívica e política, mas conservadoras nos costumes... Com uma ou outra exceção, uma delas açoriana (que admiro, mas cujo nome, neste momento, não me ocorre,)
Grande braço
Manuela
Parabéns!
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URGENTE CONVOCATÓRIA AG
Caixa de entrada
Maria Manuela Aguiar
sexta, 18/01/2019, 23:09
para gracaguedes, arcelina, Bcc:Maria, Bcc:Ester, Bcc:Victor
Caras Amigas
Reenvio um draft para a convocatória, decalcado no do ano passado. Para realizar a AG até fins de março, como é vosso desejo, lembro que o prazo se está a esgotar. A 28 a Graça não pode, depois é fim de semana, pelo que já estamos a olhar para 25, 26 ou 27 de maio.
Na próxima 2ª feira já é dia 21...
Um abraço
Manuela...
Aqui vai o draft, decalcado no do ano passado. Há que decidir a data e enviar, com, pelo menos, 60 dias de antecedência
Bjinhos
27ª REUNIÃO DA ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA
Convocamos V Ex.cia para a Assembleia Geral Ordinária da Mulher Migrante - Associação de Estudo, Cooperação e Solidariedade, a realizar em Lisboa na Rua Maria Pia, lote 4, etc, no dia x de março de 2019, pelas 17.00, com a seguinte ordem de trabalhos:
1 - Apreciar e aprovar os Planos de Atividades e Contas da Direção relativos ao ano de 2018, bem como o respetivo parecer do Conselho Fiscal
2 - Discutir e aprovar o Plano de Atividades e o Orçamento para 2019
3 - Eleger uma nova mesa da Assembleia geral, em conformidade com os Estatutos
4 - Deliberar sobre a admissão de novos associados e associadas, ou associadas e associados Honorários ou Apoiantes
5 - Repensar as condições de funcionamento do Conselho de Rpresentantes e de outras formas de reorganização interna
6 - Outros assuntos
Se, à hora marcada para a reunião, não houver o "quorum" requerido, a Assembleia Geral realizar-se-à, qualquer que seja o número de associadas/os presentes, 30 minutos depois.
Lisboa, x de março de 2019
Maria Manuela Aguiar
ET
Segue. em anexo, nota sobre formas de delegação de poderes para quem não posso estar presente, assim como sobre os modos de pagamento de quotas.
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Colóquio em monção
Caixa de entrada
Arcelina Santiago
sexta, 18/01/2019, 18:09
para Graça, mim
Amigas, reuni hoje com presidente e vereador ( houve um emcontro pois esteve cá o ministro da economia , mais secretário do de estado do turismo e desporto ) .
Sempre desejam manter o colóquio mas só pode ser aquela data de 5 de abril . Escolheremos a casa museu ( já os contactei ) já que Eprami não pode . Escolas estarão envolvidas . Contactei diretor e para a semana encontrar-me - ei com professores envolvidos e dia 24 com universidade sénior .
Bjnho
Arcelina
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Arcelina Santiago
quinta, 10/01/2019, 14:53
Vamos encerrar este assunto, certo? . Como ficou falado na reunião da assembleia eu não iria a Lisboa e trataria aqui em Espinho. O mesmo se falou quanto à Este
Maria Manuela Aguiar
quinta, 10/01/2019, 16:11
para gracaguedes, Arcelina
So duas palavras
Uma para dizer que a Ana Paula costuma responder muito prontamente a tudo quanto se lhe pede, QUANDO SE LHE PEDE. (A ata sempre foi feita pela Rita e, este ano, por mim sobre uma notas incompletas da Arcelina).
Outra para lembrar que a AMM me deve 200 EUROS de um aquisição de jornais decidida pela Srª Presidente, (que até tinha encomendado à Nassalete 200 exemplares, número de que ela já não dispunha, pois a edição esgotou).Não fui eu que fiz a encomenda, apenas a paguei e guardei os jornais em casa.
Agradecia que fornecesse `à Nassalete os dados da AMM para que possa passar o recibo.
A verba a pagar, como todas as outras, será paga quando a Senhora Presidente resolver a situação bancária da AMM.
Como referiu outros débitos da AMM e se esqueceu de mencionar este, venho lembra-lo,
Um abraço
Mnauela
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ersão corrigida - NARRATIVA
Maria Manuela Aguiar
sexta, 11/01/2019, 14:45
para gracaguedes, Bcc:Maria
MARIA MANUELA AGUIAR DIAS MOREIRA
Nasci em 1942, na casa grande da avó materna - uma das chamadas “casas de brasileiros” - no centro de Gondomar. Aí vivi os anos felizes da infância, num ambiente em que o Brasil estava bem presente e mais nas memórias, nas narrativas, na música, na gastronomia do que na traça do edifício.
Aguardei, com impaciência, a entrada na escola, onde me sentia realizada a aprender as letras e os números. Depois de dois anos na escola pública, sete no colégio do Sardão (onde tinha ótimas condições para a prática do desporto, que era a minha paixão maior) e dois no Liceu Rainha Santa Isabel (que significou liberdade, aventura bem sucedida), fiz o curso de Direito na Universidade de Coimbra. Era excelente aluna, estudava por gosto e com entusiasmo, embora sofresse por demais em todos os exames, que acabavam por correr a contento. Terminei o liceu com 18 valores, em 1960, e Direito com 17, em 1965.
Voltei à vida de estudante, como bolseira da Fundação Gulbenkian, em Paris, entre 1968 e 1970. O lugar e o tempo certo para me iniciar na Sociologia do Direito, em mais do que um sentido... Conclui o ano de "titularisation" na École Pratique des Hautes Études, com Alain Touraine, vários certificados na tumultuada Vincennes e o "Diplôme Supérieur d' Études et de Recherche en Droit" na conservadora Faculdade de Direito do Instituto Católico. Residi na cidade universitária, (um ano na Casa dos Estudantes Portugueses, outro na Fundação Argentina). Senti-me em vários países simultaneamente, e em todos bem integrada, fazendo amigos, com facilidade. Parafraseando António Vitorino de Almeida sobre a Áustria e Viena, direi que "Paria é a minha cidade, mas a França não é o meu país". Aquando dessa espécie de feliz imigração parisiense, já era Assistente do Centro de Estudos do Ministério das Corporações e Segurança Social (1967/1974). Tinha colegas que foram, e são, nomes prestigiados na comunidade académica e na política, (em quadrantes vários) e dois sucessivos diretores de boa memória, que me deram liberdade de expressão e de circulação (com bolsas da OIT, da OCDE, das Nações Unidas, do Instituto Sueco de Informação...). Um era, ideologicamente, homem do regime (Cortez Pinto), o outro um professor cultíssimo, progressista e muito divertido (António da Silva Leal).
Os meus incipientes estudos de sociologia trouxeram-me um inesperado convite de Álvaro Melo e Sousa para ser sua assistente na Universidade Católica. Um segundo convite de um estimado Professor, Eduardo Correia, igualmente inesperado, levou-me para a Faculdade de Economia de Coimbra, onde tomei posse no dia 24 de abril de 1974, e fui Assistente de Boaventura Sousa Santos, e um terceiro, pouco depois, para a "minha" Faculdade de Direito. Fui Assistente de Rui Alarcão, futuro Reitor, e de Mota Pinto, futuro Primeiro-ministro. Uma época agitada e auspiciosa, em certos aspetos como a vivida a de Paris, nos dias e meses seguintes a uma revolução... Não tinha partido, era social-democrata "à sueca", como Sá Carneiro e os meus amigos de Coimbra, influentes ideólogos do PPD.
Em 1976, antecipando saudades sem fim, troquei a Faculdade por uma instituição de inspiração nórdica, completamente nova entre nós, o Serviço do Provedor de Justiça. Fui assessora de dois históricos democratas, o primeiro Provedor, Coronel Costa Braz, e o segundo, o advogado José Magalhães Godinho, exemplo raro de humanismo e de alegria de viver.
Só na década de noventa me reencontrei em salas de aulas, como docente convidada da Universidade Aberta (Mestrado de Relações Interculturais), a convite de Maria Beatriz Rocha –Trindade, nome incontornável no estudo das nossas migrações..
A experiência nas três universidades foi esplêndida e ajudou-me a rejuvenescer e a interagir com audiências estimulantes e numerosas. Uma aprendizagem sem a qual não teria conseguido fazer caminho no terreno mais agreste da política - coisa que, devo acrescentar, não estava nos meus planos. Desde sempre gostei de discutir questões políticas no círculo da família e dos amigos, e era uma feminista declarada nas tertúlias de café. Talvez, por isso o Doutor Mota Pinto me lançou, em 1978, o desafio de passar à ação, colocando-me perante um dilema: ou aceitava o cargo de Secretária de Estado do Trabalho ou seria responsável pelo défice feminino do seu governo (de independentes). Aceitei. Era "serviço público", por alguns meses apenas, com eleições já no horizonte.
Em agosto de 1979, reocupei o meu gabinete na Provedoria, tendo deixado pronto para publicação, na Praça de Londres, o diploma que criava a Comissão para a Igualdade no Trabalho e Emprego (CITE) - inspirada no "Ombudsman para a Igualdade" da Suécia. Contudo, não resisti a uma nova e surpreendente chamada para o governo de Sá Carneiro, na pasta da emigração. Fui e fiquei em quatro governos e no parlamento durante mais de duas décadas, ligada às questões da emigração, da igualdade de género, dos Direitos Humanos.
Entre 1987 e 1991, com quatro sucessivas eleições para Vice-Presidente da Assembleia da República, tornei-me a primeira mulher a presidir a sessões plenárias ou a delegações parlamentares (começando por uma visita oficial ao Japão). Em 1991, fui eleita para a Delegação Portuguesa à Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa (APCE) e à União da Europa Ocidental (AUEO), nas quais seria, durante cerca de 14 anos, membro, presidente de diversas subcomissões, presidente da Comissão das Migrações, Refugiados e Demografia, Vice-presidente da UEO, e da bancada parlamentar do Grupo Liberal e Reformista, e, nos três últimos anos, Presidente da Delegação Portuguesa, Um trabalho gratificante, em assembleias onde se pensa o futuro e até é permitida a utopia, sem nenhum dos constrangimentos dos parlamentos nacionais. Quando o PSD trocou o Grupo Liberal pelo PPE era frequente os colegas desse grupo votarem contra os meus relatórios e vice-versa.
Saí, quando quis, da Assembleia da República, em 2005. De 2005 a 2011 fui Vereadora na Câmara de Espinho. Desde então e até hoje, continuei o meu trabalho cívico, nos mesmos domínios de intervenção, sem abrandar o ritmo. Este percurso de vida, que, no início, não fora escolha minha, acabou sendo, talvez, uma boa escolha. Foi feito de movimento, de incontáveis "viagens de descoberta" pelo do mundo das comunidades da emigração, de encontros, diálogo e amizades em tantos países e continentes, mais do que em Portugal. E de convívio inesquecível, com os grandes protagonistas da história da Cultura e da Democracia, na minha geração, os que já mencionei e outros Homens (o General Eanes, Mário Soares, Jorge Sampaio, Freitas do Amaral, o general Sarmento Pimentel...), e Mulheres como Maria Barroso, Natália Correia, Agustina Bessa Luís, Amália, Ruth Escobar...
E ainda me restou algum tempo livre para coisas de que tanto gosto, como futebol, cinema, praia, música, um bom livro, os meus cães e gatos (muitos!).
Livros, publiquei alguns sobre emigração (o último dos quais, em 2005, com o título "Comunidades Portuguesas, os Direitos e os Afetos", quando os afetos ainda não eram virtude na ação ou no discurso políticos), e coordenei a publicação de revistas e atas de congressos, nomeadamente da AMM.
As condecorações vêm, em regra, no último capítulo, dos CV's. Muitas são as que recebi em função de cargos oficiais, mas aqui referirei só as que me foram atribuídas de forma mais personalizada, como a Grã-Cruz da Ordem do Infante Dom Henrique pelo Presidente Sampaio, a Grã-Cruz da Ordem do Cruzeiro do Sul (Brasil), a Grã-Cruz da Ordem do Rio Branco (Brasil), a Ordem da Estrela Polar (Suécia) no grau de Grande Oficial, o título de "Cidadão do Rio de Janeiro", a Ordem Tiradentes, a Medalha de Mérito Cívico da Câmara de Gaia (classe ouro), o "Dragão de ouro" do FCP, a Medalha de Honra da Câmara de Espinho. E. nos meus tempos longínquos de juventude, uma distinção do Rotary Club do Porto, o Prémio Nacional (no Liceu Rainha Santa) e o Prémio Beleza dos Santos, (de Direito Criminal, Universidade de Coimbra)
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PROJETO DESPORTO GÉNERO E CIDADANIA
Maria Manuela Aguiar
domingo, 6/01/2019, 22:41
para Adelaide
Querida Amiga
Votos de Feliz Ano para toda a Família!
Aqui envio a primeira apresentação do projeto, com um grande abraço
Manuela
DESPORTO, GÉNERO e CIDADANIA -AS PRÁTICAS DESPORTIVAS DAS PORTUGUESAS EM PORTUGAL E NA NOSSA DIÁSPORA
Estudo comparativo entre a região Porto, USA, Canadá, Brasil e França
PROJETO
INTRODUÇÃO
O comportamento social da mulher e o desenvolvimento dos mecanismos responsáveis pelo seu ajustamento, ocorre em função da cultura, que parece funcionar como elemento determinante do seu bem–estar.
A auto-estima e o auto-conceito da mulher ocidental, reflete o efeito de uma forte influência social, agindo como fonte de possíveis desajustamentos ou de conflitos interpessoais, com repercussões na sua imagem corporal e na sua saúde mental.
As diferenças de género, bem impressas nas estruturas sociais e mentais (Bordieu,1996), potenciam-se ainda hoje no âmbito da Atividade Física e do Desporto.
Num diálogo intercultural, as mulheres e as jovens da diáspora portuguesa têm utilizado ATIVIDADES FÍSICAS em forma de DANÇA, que é dinamizada nas Associações portuguesas espalhadas pelo mundo.
O associativismo na diáspora portuguesa constituiu uma forma de conjugar indivíduos com interesses ou gostos análogos, que tem favorecido a implementação de objetivos comuns: convivência social, prossecução de práticas culturais, recreativas e desportivas, para além da defesa de interesses nos centros de saúde, do trabalho, das condições de vida, da política (Guedes, 1995).
As Associações portuguesas espalhadas pelo mundo, podem efetivamente ser consideradas como um processo globalizante de interpretações sociais e um meio privilegiado para o estabelecimento de um diálogo intercultural, que se alicerça no fortalecimento dos seus próprios valores culturais.
O elevado número de associações que abrange todos os continentes, reflete a espontânea necessidade em manter e cultivar a sua própria identidade, de forma a criar mecanismos próprios para defesa dos seus interesses, bem como para manifestar uma presença ativa no país de acolhimento. Nestes espaços de convívio que os portugueses criaram em todo o mundo e que se destinam à sua sobrevivência cultural, são desenvolvidos diferentes tipos de atividades. Pode haver algumas diferenças, dependentes das suas motivações, mas em quase todas elas há Desporto e há Folclore.
No Desporto, a participação feminina não será significativa, não porque tenham sido levantados dados relativos a este tipo de envolvência, mas por conhecimento pessoal obtido nas visitas às Associações. Há certamente muitas jovens que praticam desportos e ao mais elevado nível, como também de outras atividades culturais. Estarão provavelmente distantes da comunidade portuguesa e não utilizam as suas performances para atraírem e motivarem os mais novos para as práticas que dominam. Mas estas jovens podem ser agentes excelentes para as dinamizarem nas Associações portuguesas.
Consequentemente, estes espaços ficariam enriquecidos com a presença constante das novas gerações e de novas atividades, que arrastariam os amigos e potencializariam cada vez mais estes magníficos espaços portugueses espalhados pelo mundo.
Importa conhecer quantas, em que desporto, aonde.
Para que os jovens e as jovens de origem portuguesa continuem a desempenhar este papel, é necessário providenciar motivações, também com atividades desportivas adequadas e atrativas, para que frequentem estes espaços portugueses e continuem o papel desempenhado pelos seus pais, com igual dinamismo e vontade de preservar a língua e a cultura portuguesa.
Nestes espaços aonde estão inseridas, ficariam enriquecidos com a presença constante das novas gerações e de novas atividades, que arrastariam os amigos e potencializariam cada vez mais estes magníficos espaços portugueses espalhados pelo mundo em prol do DESPORTO E DA CIDADANIA.
Para tal, importa que as suas Direções consciencializem a importância destes práticas, que irão dar continuidade ao contributo notável que têm dado para a concretização de um processo globalizante de interpretações sociais neste meio privilegiado onde se estabelece um diálogo intercultural, alicerçado no fortalecimento dos seus próprios valores culturais.
Conhecer a realidade portuguesa, em Portugal e no espaço da língua portuguesa, destacando as preferências desportivas em questão de género, será o propósito da nossa investigação que terá o apoio da Prof. Doutora Paula Silva, da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.
Trata-se de uma investigação pioneira, que contribuirá para novos conhecimentos acerca do envolvimento da mulher do mundo português nas práticas desportivas, propiciados por novas investigações que se venham a desenvolver nas universidades envolvendo questões de género, desporto e cidadania.
OBJETIVOS
QUAL SERÁ A REALIDADE NO GRANDE PORTO?
O QUE SE PASSA NA COMUNIDADE PORTUGUESA ESPALHADA PELO MUNDO?
Estes serão os OBJETIVOS do nosso estudo, cujos dados poderão ser comparados cm os das comunidades portuguesas..
RECOLHA DE DADOS
Os dados serão recolhidos no grande Porto (Matosinhos, Maia, Gaia, Vila do Conde e Gondomar) e nas comunidades portuguesas (EUA – Newark e San José; Canadá – Toronto; Brasil – Recife, João Pessoa, Maceio, Rio de Janeiro, Curitiba, Maringá, Rio Grande do Sul; França - Paris), a partir de um questionário (em Anexo), já validado para a população portuguesa (Mota & Escalcas, 2002) contendo questões simples e de fácil resposta, mas reveladoras das informações necessárias: número de praticantes, modalidades desportivas, frequências de prática, localização das práticas.
CONCLUSÃO
DESPORTO, GÉNERO E CIDADANIA, será o título de um Colóquio a realizar para apresentação da investigação desenvolvida e enquadrada por conferencistas que alicerçarão concetualmente a temática desenvolvida.
DESPORTO, GÉNERO E CIDADANIA, será o título de uma publicação a editar pela Associação Mulher Migrante, reunindo todas as intervenções no Colóquio, tal como ao longo de 25 anos tem sido feito com eventos que realizamos e sempre patrocinadas pela Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas.
Maria da Graça Sousa Guedes
Secretária Geral
QUESTIONÁRIO DE ATIVIDADE FÍSICA Este questionário pretende conhecer os teus hábitos relativos à atividade física. LÊ com atenção e responde colocando um X na quadrícula correspondente IDADE: _______ SEXO: MASCULINO FEMININO 1. Fazes atividades desportivas fora da escola (num clube, no núcleo de desporto escolar ou noutro sitio)? Se sim, que modalidade(s)?____________________________________________________________________________ Nunca Menos de uma vez por semana Pelo menos uma vez por semana Quase todos os dias 2. Participas em atividade física de lazer ou recreação (sem integrar nenhum clube)? Nunca Menos de uma vez por semana Pelo menos uma vez por semana Quase todos os dias 3. Para além das atividades letivas (nas aulas) quantas vezes praticas atividade física ou desporto, pelo menos 20 minutos? Se sim, que modalidade(s)?___________________________________________________________________ Nunca Menos de uma vez por mês Entre uma vez por mês e uma vez por semana 2 ou 3 vezes por semana 4 ou mais vezes por semana 4. Fora do tempo escolar quanto tempo dedicas à prática de atividades físicas e desportivas ao ponto de ficares ofegante (a respirares depressa ou com dificuldade) ou transpirado/a? Nunca Entre meia hora e 1 hora 2 a 3 horas 4 a 6 horas 7 horas ou mais 5. Participas em competições desportivas? Se sim, de que modalidade(s)?___________________________________ Nunca participei Não, mas já participei Sim, no núcleo desport
Projeto Desporto e Cidadania
Maria Manuela Aguiar
domingo, 6/01/2019, 22:20
para MJ
Querida Amiga
Um feliz ano de 2019!
E, no que respeita à AMM. esperemos que seja um período de muita atividade, com a Rita gostaria que fosse.
A Arcelina não quis desistir de fazer alguns pedidos de subsídio para projetos concretos, nomeadamente o de Desporto. Depois da forma como o DGACCP tratou o caso da publicação das 225 histórias de vida da nossa Amiga Manuela, eu não estou muito otimista, mas tudo bem! Vamos a ver.
Entretanto, com ou sem subsídio, este projeto é para avançar. Aqui vai uma primeira apresentação sintética.
Bjinhos
Manuela
DESPORTO, GÉNERO e CIDADANIA -AS PRÁTICAS DESPORTIVAS DAS PORTUGUESAS EM PORTUGAL E NA NOSSA DIÁSPORA
Estudo comparativo entre a região Porto, USA, Canadá, Brasil e França
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Boas Festas
Caixa de entrada
mba-home@sapo.pt
domingo, 23/12/2018, 17:18
para Manuel
Cara amiga,
O que quer que seja que as Festas do Natal signifiquem para cada um de nós, creio que todos reconheceremos que um dos seus valores mais fortes é o da afetividade e da proximidade junto e com aqueles que nos são mais queridos, normalmente a família. Dessa afetividade andamos todos muito carentes. Se assim for contigo, desejo que essa ânsia seja plenamente satisfeita.
O que quer que te faça mover neste período, espero que dele sais de peito bem mais cheio.
Adicionalmente aspiro a que mantenham e renovem o ânimo para continuarem a prosseguir o trabalho em busca de uma maior justiça e harmonia entre os Homens.
Um grande abraço do
Manuel (MBA)
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Com Natália em São Bento
“Os militantes
de todos os partidos
têm pele de camisas
enforcadas”
(A Ilha de Circe - Prólogo)
MARIA MANUELA AGUIAR
1ª MULHER VICE-PRESIDENTE ASSEMBLEIA
DA REPÚBLICA
Natália é uma de duas deputa
das que tem busto de mármo
re no Parlamento Português. Es
culpido por Cutileiro. A
Assembleia conserva, nas pá
ginas do Diário das Sessões, a
magia da sua palavra, porven
tura a mais fulgurante, e, não
raro, a mais agreste que algum
dia se ouviu no hemiciclo. Con
tudo, não lhe ocorreu ainda reu
nir em coletânea as suas inter
venções, ao contrário do que
acontece com os notáveis tribu
nos masculinos, com ou sem lu
gar na estatuária do Palácio de
São Bento...
Foi nos “Passos Perdidos” que
a conheci. Falámos, por sinal,
só de leis – de uma em particu
lar, já nem sei qual, que passa
ra pelo meu gabinete de res
ponsável pela emigração, e que
ela defenderia, em sede parla
mentar, no dia seguinte. Com
binámos que, para análise de
todos os detalhes, lhe enviaria
a casa um distinto jurista.
De lá voltou o especialista
mais impressionado do que se
tivesse privado com figuras his
tóricas, como Catarina da Rús
sia, ou a Marquesa de Alorna.
Ainda por cima, ela elogiara
aquele modo de colaboração –
que deveria ser a regra, mas não
era - entre governo e bancada
parlamentar. Talvez tenha vis
to nisso uma das diferenças que
podem fazer as mulheres na re
pública dos homens.
De longe a longe, nos reen
contrámos no Botequim (que,
não sendo eu notívaga, não
podia frequentar assidua
mente), e, depois, entre 1981
e 1983, no quotidiano da ban
cada da AD que, desapareci
do Sá Carneiro, entrara no seu
ocaso anunciado.
Como é lidar com o mito no
quotidiano? É inevitável a sua
“normalização”? Com Natália,
de modo algum! Tinha as qua
lidades que “humanizavam” a
sua grandeza, sem a diminuí
rem. No convívio era amável,
solidária, imensamente diver
tida e imprevisível - sempre for
Manuela Aguiar e Natália Correia, Assembleia da República,1987
va, o seu gosto pelo distancia
mento dos aparelhos partidá
rios e até a sua simpatia pelo ge
neral Ramalho Eanes – que, à
época, não abundava entre Sá
carneiristas.
midável, não intimidava. Antes
da minha primeira intervenção
formal, sentindo-me nervosís
sima e muito hesitante, não ou
sando improvisar, escrevi umas
linhas, que submeti ao parecer
crítico de Natália. Graças ao seu
“nihil obstat” subi à tribuna com
alma nova!
Porém, como opositora, num
frente a frente, siderava qual
quer um, sem exceção, com se
cos e contundentes argumen
tos ou com tiradas ribombantes
e não menos contundentes – or
dálio a que, felizmente, nunca
tive de me submeter. A sua dia
tribe mais mediática foi, sem
dúvida, a que incendiou o de
bate sobre o aborto, fulminan
do, em prosa e verso, um fun
damentalista religioso do CDS,
que se atreveu a propugnar o
sexo exclusivamente para pro
criação da espécie – o famoso
“truca-truca” do procriador de
uma pequena prole de dois des
cendentes. Assisti ao clamor
que se seguiu, em lugar privile
giado, muito perto da Oradora.
Após integrar governos su
cessivos e breves, (como foram
todos. até ao surpreendente
advento das maiorias absolutas
de Cavaco Silva), regressei a São
Bento e às conversas com Na
tália, então já no PRD (como in
dependente, é óbvio). Nada que
nos afastasse - afinal, partilha
Estávamos em agosto de 1987
e eu acabava de me tornar a pri
meira mulher eleita vice-presi
dente da Assembleia. Poucos
dias depois, aconteceu a temi
da inevitabilidade de ser cha
mada a dirigir a sessão – sem
pompa nem anúncio prévio, a
meio de um discurso de Basílio
Horta, apenas para o Presiden
te Crespo fumar um cigarro nos
bastidores. Tanto melhor para
mim, que queria passar des
percebida... Mas eis que Natá
lia se levanta em aplausos, logo
seguida por Helena Roseta e
pelos demais deputados e, fi
nalmente, por Basílio, que con
tinuara a intervenção, sem sa
ber o motivo por que a Câmara
inteira aplaudia de pé. Um mo
mento feminista para a histó
ria parlamentar!
Não menos feminista foi ou
tro, que, igualmente, se lhe ficou
a dever: a ideia de homenagear
as pioneiras do movimento su
fragista português, a 8 de março
de 88. Precisamente oitenta anos
depois da criação da Liga da Mu
lheres Republicanas, elas tive
ram, enfim, o direito de serem
ouvidas em longos e expressivos
discursos, citados por deputa
das da geração das suas netas.
Ali, na casa-mãe da democra
cia, a que uma democracia im
perfeita lhes vedara acesso.
Em 1991, o Partido Renova
dor perdeu representação par
lamentar e, com isso, a Assem
bleia da República perdeu a
Mulher que a ressuscitaria da
hibernação na mediocridade
em que estava caída. A Mulher
capaz de transformar, por
exemplo, um simples jantar de
portistas em S. Bento em ter
túlia erudita, discorrendo bri
lhantemente sobre desporto,
deuses e mitos, para concluir
que a serpente da antiga Lusi
tânia e os dragões da “cidade in
victa” pertenciam a uma mes
ma matriz.
Inesquecível! Nesses tempos,
quantas vezes, da terceira fila
do hemiciclo, onde Natália
também se sentava, olhei em
redor, pensando: “Daqui a cem
anos estamos todos mortos -
todos, menos a Natália”. E lem
bro-me de lho ter dito uma vez,
perante um silêncio compla
cente e o esboço de um sorriso.
A profeta de futuros longín
quos era ela, eu apenas ousava
uma incursão em terreno proi
bido ao comum dos mortais.
Sorte de principiante: a profe
cia vai a caminho de se cum
prir. ♦
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BRASIL PORTUGAL OS TRATADOS
Comunidade Luso Brasileira
Maria Manuela Aguiar
sábado, 29/12/2018, 20:55
para Maria
A comunidade luso-brasileira é uma realidade humana, histórica, sociológica, linguística, cultural, afetiva, em suma, uma história de famílias, e, com elas, de nações, (enquadradas num Estado, primeiro, seguidamente em dois), que antecede em séculos a sua consagração na esfera do Direito interno e internacional
É esta supra estrutura jurídica, assim como a formação da vontade política que lhe deu a sua arquitetura atual, num e noutro país, que vamos, de uma forma necessariamente sumária, trazer hoje a debate.
A nível bilateral, as primeiras negociações tiveram lugar nas décadas 50 e 70 do século passado. A elas se seguiu, em 1988, uma iniciativa unilateral brasileira, que, em sede constitucional levou a um extraordinário aprofundamento do estatuto de direitos políticos dos portugueses, plenamente equiparados a nacionais, sob condição de reciprocidade para os brasileiros. Não se tratou de consagrar a dupla cidadania, mas de lhes conceder todos os direitos da nacionalidade brasileira, na qualidade de imigrantes portugueses. Um inciso à medida das aspirações de uma grande comunidade, a nossa, que nunca se considerou estrangeira no "país irmão". O poderoso movimento associativo, que é seu porta-voz, e muitas personalidades influentes na sociedade e na vida política do país, uniram-se para lutar pelo objetivo de transpor o estatuto de igualdade à sua última fronteira. E lograram alcançar o que se afigurava pura utopia e que passou a constituir uma absoluta singularidade em matéria de direito comparado. Esperava-se um procedimento convergente, fácil e consensual em Lisboa, no hemiciclo de São Bento. De facto, em Brasília, no desenrolar do complexo processo de feitura da Constituição de 1988, o capítulo da nacionalidade, fora o mais controvertido, com uma única ressalva: os direitos atribuídos aos portugueses, que foram votados sem discussão e por unanimidade! Contra as expetativas, porém, a resposta dos deputados portugueses não foi nem rápida nem fácil, criado que foi um ambiente partidário de incompreensão e de desconfiança, de polémica e dissenso, que se arrastou por três processos revisionais, comprometendo gravemente o relacionamento entre os dois países.
Começaremos por uma breve referência aos processos de negociação. a nível governamental, para abordar, depois, mais detalhadamente, a chamada "questão da reciprocidade", que se suscitou com a transposição do processo legislativo para o âmbito parlamentar,
I-1-O TRATADO DE AMIZADE E CONSULTA
A Comunidade luso-brasileira foi formalmente reconhecida pelo "Tratado de Amizade e Consulta",
O "estatuto de cidadania luso-brasileira" consagrado nesse Tratado abrangia o direito de livre circulação, de residência e de estabelecimento dos nacionais de um país no outro e a concessão dos direitos da nacionalidade, que não fossem incompatíveis com as respetivas Constituições. Aplicava-se, de igual modo, aos naturais do continente, das ilhas atlânticas e das colónias, ou regiões ultramarinas, e não exigia a prévia residência no território, pelo que tanto podia ser invocado durante uma estadia transitória (art. 4), como para o livre estabelecimento de domicílio no país (art. 5).
Um acordo bilateral absolutamente pioneiro, em termos de Direito comparado, fundamentado na realidade de uma comunidade preexistente, que as leis de um e outro dos Estados Lusófonos se limitavam a subsumir e reconhecer na sua letra. Comunidade alicerçada na língua e nas afinidades culturais, nascidas do incessante movimento migratório, de que se fez a história comum, antes e depois da independência do Reino Unido, até meados de novecentos. Ao longo dos séculos, e, sobretudo, a partir do século XVIII, emigrar era, praticamente, emigrar para a imensa colónia sul- americana. Em vão, o poder régio, desde as Ordenações Filipinas até à legislação limitativa ou proibitiva de oitocentos, (que a República, e a Ditadura continuaram...), tentou travar o êxodo considerado excessivo. Desse "excesso" se fez percurso e convívio de gente comum, mais igualitário e fraterno do que o que é regra estabelecer entre colonizador e colonizado, entre a Administração e o povo. "Excesso" avaliado no imediato, que, a longo prazo compensou todo o mundo futuro da lusofonia, fazendo a singularidade do Brasil, composto de uma multiplicidade heranças culturais num todo marcadamente luso-brasileiro na língua, na miscigenação e nos afetos.
Assim o diz, por outras palavras, o Tratado, falando de "afinidades espirituais, morais, éticas e linguísticas", de que resulta "uma situação especialíssima para os interesses recíprocos dos dois povos".
Este notável documento foi assinado no Rio de Janeiro, a 16 de novembro de 1953, pelo Embaixador António de Faria, por Portugal e pelo Ministro das Relações Exteriores Vicente Reo, pelo Brasil.
I - 2 - CONVENÇÃO DE IGUALDADE DE DIREITOS E DEVERES ENTRE PORTUGUESES E BRASILEIROS (1971)
Em 1969, uma emenda à Constituição brasileira veio reconhecer explicitamente aos portugueses direitos civis e políticos a nível local, estadual e federal, incluindo o sufrágio nas eleições legislativas. Portugal deu a reciprocidade de tratamento aos brasileiros com a celebração da "Convenção de Igualdade de Direitos e Deveres entre Portugueses e Brasileiros" em 1971
O seu art. 1º estipula que : "Os Portugueses no Brasil e os Brasileiros em Portugal gozarão de igualdade de direitos e deveres com os respetivos nacionais".
Cada cidadão passa a gozar do "Estatuto geral de igualdade", que tem de ser requerido à entidade competente, pressupondo somente a capacidade civil e a "residência permanente no território, e o "Estatuto especial de igualdade de direitos políticos", que exige a residência principal e permanente há mais de cinco anos e a prova de que não se encontra privado de direitos políticos no país de origem.
Em relação ao Tratado de 1953, constatamos que se avançou no campo da intervenção política, designadamente, com a expressa concessão do direito de voto no que respeita a um órgão de soberania, assim como do acesso à magistratura judicial. Todavia, a Convenção como instrumento de consagração de direitos de imigrantes, de residentes no país, deixa de se aplicar à generalidade dos naturais dos dois países e não prevê a liberdade de circulação e de imigração.
Neste período, note-se, cessara já a emigração em massa de portugueses para o Brasil, e era praticamente inexistente a de brasileiros para Portugal, que se iniciaria somente duas décadas mais tarde. Era, assim, especialmente, às nossas comunidades radicadas em todo o Brasil, que se dirigia a Convenção. Haviam sido elas a reivindicar o estatuto de igualdade, de que se sentiam merecedores, junto das mais altas instâncias do país. Esta realidade explica que tenha sido sempre o Brasil a desencadear os processos negociais, a que Portugal não pode deixar de corresponder - como fez, paradoxalmente, melhor, então, durante a Ditadura do que, depois, em Democracia.
Numa primeira comparação entre o conteúdo do estatuto de cidadania luso brasileira, resultante da Convenção de 71, e o da "cidadania europeia": constatamos que, embora não inclua o direito de livre circulação (aliás, concedido com fortes limitações dentro da EU…), é equivalente no que concerne aos direitos civis dos imigrantes e vai muito mais longe no campo dos direitos políticos!
A UE ainda não resolveu, e não se vê como e quando venha a ultrapassar o tabú em que está convertida a ideia da partilha de soberania com a abertura à participação dos estrangeiros, cidadãos europeus, na escolha democrática dos seus órgãos de soberania, Parlamento e Presidência da República. Coisa encarada como natural entre Brasil e Portugal, já em meados do século XX (é de salientar que, antes da independência das colónias, a Convenção de 71, tal como o Tratado de 53, englobavam, efetivamente, todo o universo da lusofonia, só depois se limitando ao espaço luso-brasileiro).
...
II -A QUESTÃO DA RECIPROCIDADE
II -1 A Iniciativa dos Constituintes Brasileiros
Em 1988, como dissemos, a Assembleia Constituinte da República Federal do Brasil, tendo com Relator o Constituinte Bernardo Cabral, tomou a iniciativa de ampliar o estatuto de direitos políticos dos portugueses, equiparando-o ao dos brasileiros por naturalização
Nos termos do parágrafo 1º, do art. 12º:
“Aos Portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor dos Brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes aos brasileiros natos, salvo os casos previstos nesta Constituição”
O parágrafo 3º enumera os cargos políticos exclusivos dos brasileiros natos, como são o de Presidente da República e os que estão na sua linha de sucessão, a carreira diplomática, o posto de oficial das Forças Armadas.
Aos portugueses são reconhecidos o direito de voto em todas as eleições, a possibilidade de serem deputados, membros do governo, ou juízes dos tribunais superiores.
No Brasil de então eram já muito significativos os exemplos de vivência concreta do estatuto de igualdade, caso de Ruth Escobar, hoje aqui homenageada, que, tendo sempre exclusivamente a nacionalidade de origem foi a primeira mulher eleita deputada à Assembleia do Estado de São Paulo e a primeira representante do Brasil nas Nações Unidas, para o acompanhamento da Convenção contra todas as formas de discriminação feminina.
Entre nós, tantos anos após a entrada em vigor do mesmo Estatuto, ainda não conhecemos Brasileiros em cargos políticos de idêntico relevo, numa comunidade que cresce desde a década de 90…
II – 2 A Dação de Reciprocidade por Portugal
Ao tempo em que foi conhecido o texto da Constituição brasileira, preparava-se em Lisboa a segunda revisão da Constituição de 1976. Todavia, nenhum dos projetos subscritos pelos partidos cuidava de introduzir no art.15 as alterações exigidas no Brasil para a entrada em vigor do novo Estatuto de Igualdade de Direitos políticos.
Era o primeiro indício da insensibilidade dos partidos face ao alargamento dos contornos da cidadania luso-brasileira. Dos partidos, não dos deputados…. Como antiga Secretária de Estado e Deputada eleita pela emigração fora da Europa (ao tempo eleita pelo Porto, cidade que guarda o coração de Dom Pedro I do Brasil e IV de Portugal), levei o caso à Comissão de Negócios Estrangeiros, onde, de imediato, foi obtida votação unânime para uma recomendação de alteração do nº 3 do art.15, dirigida à Comissão Eventual para a Revisão Constitucional (CERC)
“Aos cidadãos dos países de língua portuguesa podem ser atribuídos, mediante convenção internacional e sob condição de reciprocidade, direitos não conferidos a estrangeiros, salvo o acesso à presidência de órgãos de soberania, e das Regiões Autónomas, as funções de Ministro de Estado, o serviço das Forças Armadas e a carreira diplomática”.
Enquanto na Comissão de Negócios Estrangeiros se verificara a espontânea reação de cada um dos deputados, na CERC eram as posições de cada um dos partidos que prevaleciam. Aquela recomendação foi ignorada. Quando os projetos dos partidos subiram a plenário, foi pela mão de 57 deputados de todos os partidos, a título individual, que a emenda ao art.15 foi apresentada. Entre eles estavam os nomes de Adriano Moreira, Pedro Roseta, Natália Correia, Manuel Alegre, Jaime Gama, Luísa Amorim e até do líder parlamentar do PS (António Guterres) e do Vice.presidente da bancada do PS Pacheco Pereira. A proposta não obteve a necessária maioria de 2/3, devido à abstenção ou ao voto contra de PSD, PS e PCP. A favor só CDS, PRD, independentes, como Corregedor da Fonseca e Helena Roseta, os deputados subscritores e outros, que tiveram a coragem de divergir dos seus partidos.
O eco mediático desta falta de reciprocidade portuguesa teve naturalmente grande impacto do outro lado do Atlântico.
Na revisão Constitucional de 1996/97 a modificação do art.15 não constava do acordo extra parlamentar dos dois maiores partidos, mas, então, já por oposição do PS, completamente isolado na sua recusa de reciprocidade. Mais exatamente, por oposição inultrapassável do Presidente da Assembleia e Presidente do PS, Almeida Santos. Homem que fizera vida e carreira em Moçambique, recusava o reconhecimento de um tal estatuto não só ao Brasil, como, sobretudo, a todos os PALOPS, rejeitando, aliás, mais fortemente o acesso à magistratura judicial do que à participação política
Por isso, de novo, me vi na contingência de apresentar uma proposta, que foi assinada por colegas de todas as bancadas, incluindo alguns notáveis socialistas. Proposta que já só o PS inviabilizou, criando um clima de grande tensão no relacionamento luso-brasileiro, que foi visível na visita de estado do presidente Sampaio ao Brasil – não obstante ele se manifestar um apoiante da reciprocidade, como os seus antecessores Ramalho Eanes e Mário Soare
Foi um risco a correr obrigatóriamente, não um dilema, pois a ignorância desta magna questão constitucional poria da mesma forma em causa o estatuto da igualdade.
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Re: Envio mensagem do assessor do SECP - Dr jorge Santos
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Manuela Bairos
segunda, 3/12/2018, 20:36
para mim
Querida amiga,
Espero que esteja tudo bem consigo e com a sua mãe ... e desculpe a demora na reação, a verdade é que fui uns dias a Bruxelas e vim doente, talvez com uns mexilhões não sei...
Sobre o livro fui contactada há pouco mais de uma semana pela Dra Margarida Lages do Instituto Diplomático, creio que terá sido abordada pelo gabinete do Ministro ... vou reencaminhar lhe a troca de emails para seu conhecimento ...
Receio que ela não tenha entendido que o livro está pronto ... é só levar o ficheiro à Grafica e pagar... Nāo sei se pretendem fazer alterações, eu gostaria que não ficasse muito diferente do que ja está...
Fico satisfeita por ver a preocupação do gabinete do GSECP. Aliás o SECP foi uma das primeiras pessoas a quem falei do projecto em NY e ele achou muito interessante, mas melhor seria que tivesse alguma mão na burocracia do DGACCP julio vilela que colocou tudo em risco com a sua arrogância burocrática...
Acho até inacreditável que um livro destes possa sair com o logo do Instituto Diplomatico e não com o das Comunidades Portuguesas... mas se o SECP quiser dar um apoio que possa justificar a inclusão do logo das Comunidades .. poderá articular com o Expediente o envio dos livros por mala diplomatica, mas esse aspecto eu falarei com o Paulo Domingues que é agora Chefe de gabinete e é uma excelente pessoa.
Quanto à minha colega em NY a questão não é sequer dar-lhe creditos de um projecto que nada teve a ver com ela, mas a forma como ela tem enviado telegramas para lisboa a denegrir no meu trabalho, nas “gavetas de perdidos e achados” que ela lá encontrou, enfim coisas tão ofensivas que nem vale a pena pensar nelas...
Acabando numa nota mais feliz: há dias fui jantar com o Juiz do Supremo de Chipre, Sr Nicolatos , e com a filha que às tantas me perguntou se eu conhecia a avó que trabalhara nas Comunidades, nem mais nem menos do que a Dra Rita Gomes, percebi que era segundo casamento do avô mas ela falou dela com tanto carinho e saudade. Também a conheciam, então combinamos que tinha de nos vir visitar... o mundo é muito pequeno...
Enfim, vamos ver o que diz o Instituto Diplomatico...
Um beijinho e muito obrigada por tudo
Manuela
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On 3 Dec 2018, at 21:12, Manuela Bairos wrote:
Sent from my iPad
Begin forwarded message:
Querida Amiga
O Secretário do SECP veio lembrar-nos que está a esgotar-se o prazo para solicitar à `DGACCP o subsídio para a publicação das 225 histórias de vida. É claro que a AMM não vai fazer solicitação alguma que passe pelo Consulado.geral de NY, com a sua atual titular.
A menos que a Manuela entenda que essa é uma boa via.
A outra seria conseguir um patrocínio do Instituto Diplomático? Confesso que não sei.
A AMM dispõe de uma verba de cerca de 1500 euros, que ficou afeta à publicação, caso seja necessário.
O que acha?
Quando vem a Portugal?
Será ótimo ter uma conversa sobre essa região do mundo e o seu novo trabalho!
Um beijinho
Manuela
Arcelina Santiago escreveu no dia quarta, 28/11/2018 à(s) 17:27:
Olá Manuela , na segunda feira ligou a lembrar-nos que o prazo para a candidatura para a verba destinada a publicação estava prestes a terminar .lembrei-lhe que não era esse o caminho dado que uma nova candidatura iria atribuir o mérito de quem realizou o trabalho - Dra manuela Bairos a outra pesssoa agora no cargo. Lembrei-lhe a nosssa sugestão de ser através do instituto . Pediu depois contacto da pessoa que assistiu ao testemunho da Dra manuela Bairos e que poderia ajudar : Dra Teresa Paulo
Ontem esteve no MNE e agora mesmo envia esta mensagem :
Sugiro que refresque o contacto, pois o assunto está parado. Envio o contacto teresa.paulo@mne.gov.pt
Voltamos a explicar toda a situação a esta senhora para ela fazer avançar o assunto? Afinal a ação do SECP não resultou . ..
bjnho
Arcelina
Maria Manuela Aguiar
domingo, 30/12/2018, 23:43
para Manuela
Querida Amiga
E assim o ano termina com boas notícias! Para falar com toda a franqueza, fico contente por ser o Instituto Diplomático a o departamento que encabeça o apoio à`publicação. O vilão Vilela não merece de todo figurar no projeto, nem mesmo por interposta pessoa do SECP...
Fiquei com a impressão de que ele não queria ficar de fora, mas só pode queixar-se de si próprio. Incrível a forma como se despojou de todo o poder face ao DGACCP.
Contra a minha opinião, a Arcelina Santiago apresentou duas candidaturas a "subsídios -Vilela" - uma para um levantamento da situação de desigualdade das mulheres no desporto e outra para avaliar as condições de integração de jovens vindos da Venezuela,
A AMM tem sido tão mal tratada por esta gente que não devia sujeitar-se , a meu ver, às regras de jogo que impõem. Mas a Arcelina, aparentemente tão suave e branda, é muito teimosa, muito "quero, posso e mando", e ´na verdade, a presidente é ela. Na AMM a presidente da direção manda tanto como o Vilela na DGACCP...
Enfim, pequenas querelas internas, sem importância.
Os meus votos de um esplêndido ano de 2019!
Bjinhos
Manuela
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USE 2018
Maria Manuela Aguiar
sábado, 29/12/2018, 20:42
para Maria
stou muito grata pelo convite para dizer umas breves palavras na abertura do ano académico, na data especial do encerramento das comemorações do 20º aniversário da USE. É um verdadeiro privilégio poder partilhar, assim, um momento importante na sua já longa e brilhante história, que pertence à história de Espinho, ao conjunto das suas mais relevantes instituições.
Escolhi o tema "Viver a cidadania em todas as idades", porque diretamente me leva olhar e a enaltecer o papel das universidades séniores que, no nosso país, tem contribuído, singular e poderosamente, para dar voz e visibilidade à ativa participação cívica dos mais velhos. Não ainda a visibilidade e o reconhecimento que corresponde à obra feita e às infinitas possibilidades da obra a fazer, mas já no bom caminho.
Até hoje, a revolução de mentalidades na sociedade portuguesa está por desencadear e o Estado não tem sabido considerá-las na sua enorme diversidade e potencialidade, em múltiplos contextos e numa infinidade de terras. Limitou-se a fazer o fácil, convertendo em parceiro único uma cúpula federativa, uma rede que, por muito mérito que tenha - e tem! - engloba e cura, apenas, de parte de um universo vastíssimo e em contínua expansão, do norte a sul, do litoral ao interior do continente, nas ilhas do Atlântico e até já em algumas comunidades da Diáspora, onde a USE tem servido de modelo inspirador.
Creio que em mais nenhum país do mundo se conhece fenómeno de dimensão e relevância semelhantes no desenvolvimento de uma política ocupacional, uma política verdadeiramente cultural para os idosos, de que o Estado se não tem incumbido, ao contrário de algumas autarquias locais, que o têm compreendido e acompanhado mais de perto e muito melhor. Todos nos regozijamos, certamente, com as palavras do Senhor Vice-presidente da Câmara de Espinho e o seu compromisso de ir mais longe no apoio às condições de funcionamento desta grande e benemérita ONG
Na definição lata de universidades seniores se abarca, de facto, um extenso leque de modelos, desde simples iniciativas de animação lúdica em "centros de dia", lares residenciais, pequenas tertúlias até à estruturação de comunidades de ensino, reflexão e debate de elevada qualidade, umas promovidas por instituições preexistentes, por paróquias católicas, ou mesmo por departamentos municipais, e outras independentes - do ponto de vista jurídico autênticas ONG's - impulsionadas por seniores, que se colocam no centro dinâmico da vida das suas urbes e assumem um especial protagonismo, como agentes de intervenção e mudança nos destinos da "res publica". É o caso paradigmático da USE!
Em Portugal, o discurso corrente de governantes, de académicos, de "opinion makers" tem-se centrado, sobretudo, no envelhecimento como "fardo" para a sociedade, para as novas gerações, ao pôr o acento no custo das pensões, das prestações de saúde, da dependência social ou na pirâmide demográfica, onde uma componente passiva pesa, segundo eles, sobre as faixas dos ativos, dos laboriosos, dos jovens. Visão incompleta, distorcida, que ignora a pluralidade de contributos de toda a ordem, nomeadamente no campo das artes, da ciència ou da economia (desde logo, como consumidores, como investidores) de que são capazes os cidadãos em todas as fases de uma idade avançada, em que gozam de boa saúde - e tanto melhor quanto mais ativos e produtivos se conservam!.
Resposta muito convincente a prognósticos catastrofistas vem sendo corporizada em atos para além das palavras, por este movimento de "seniores para seniores", norteado pela vontade de revelar os aspetos positivos da dita "terceira idade," pela aptidão para se converter em bandeira de diálogo intergeracional (nomeadamente apelando à presença de jovens no seu corpo docente), para se transformar em prova tangível de criatividade, energia, entusiasmo e eficácia - panóplia de qualidades que a má leitura da realidade. o preconceito liga à mocidade...
"Os atuais 70 são os antigos 50" - é uma frase realista e expressiva que entrou na linguagem comum.
Estamos de acordo, mas falta tirar da asserção as devidas consequências. Em primeiro lugar,pôr fim à incongruente aposentação obrigatória aos 70 anos, garantindo aos funcionários o direito de continuar no ativo, voluntariamente, como acontece no sector privado ( o que nada tem a ver com a manutenção da idade mínima de reforma, note-se). E o mesdmo se diga de outras normas e práticas discriminatórias. O historial recente neste domínio é inquietante, as restrições e obstáculos postos ao labor dos mais velhos acentuaram-se a partir de 2009 e, sobretudo, de 2011, quando o Executivo ultrapassou os limites do imaginável, ao vedar aos pensionistas qualquer serviço, ainda que desinteressado, benemerente, prestado a título gracioso. Proibição tão escandalosa que bastou um comentário televisivo, uma contundente e corajosa diatribe de um antigo Ministro das Finanças, para o legislador, à míngua de razão e de argumentos, revogar o inciso legal de imediato.(O comentador foi o Dr Bagão Félix, por sinal da mesma área deológica do governo, não. evidentemente, da mesma geração…).
Este episódio não deve ser esquecido para que nunca mais se repita! Ainda que falhado, foi o mais radical ensaio de excluir os idosos da participação na "res publica", Mas não foi , antes pelo contrário, um caso isolado. Na mesma época, o poder judicial, a maioria dos juízes do Tribunal Constitucional, aceitou como boa a determinação do govern de penalizar os reformados pela via de uma "contribuição especial de solidariedade”, em tempo de crise, a que nenhum outro cidadão ficava sujeito. Na Espanha, um partido da mesma família ideológica isentava todos os reformados de qualquer aumento de impostos. Gritante contraste no espaço peninsular, que talvez se explique porque a discriminação em função da idade tem, na sociedade portuguesa, um triste passado, na “praxis”, quando não na letra da lei.
A propósito, recordo o caso de um amigo que, pouco depois de tomar posse da pasta do Trabalho, há mais de um quarto de século, em 1991, me disse, num tom melancólico: " Acabo de constatar que, entre os colegas de governo, sou o segundo mais velho. Nos EUA, neste momento, seria o terceiro mais novo"
.Destas formas larvares de exclusão dos mais velhos, que são barreiras ao exercício pleno da cidadania, muito pouco se fala. Por isso, hoje, aqui, eu quis romper o silêncio contra uma segregação real, mas quase invisível porque vista como "natural". Numa sociedade envelhecida como a nossa, isso significa, afina, a incomensurável perda das contribuições negadas a uma parte da população, gente capaz, experiente, e útil.
Por feliz coincidência, posso sublinhar estas virtudes da idade, referindo que há apenas 48 horas foi anunciado o prémio Nobel da economia para um professor de Yale, de 77 anos, William Nordhaus, que se seguiu à atribuição do Nobel da Medicina a um professor da Universidade de Tóquio, Tasuko Hanjo, da mesma idade. Em Portugal, ambos estariam há 7 anos impedidos de investigar ou de ensinar, nas universidades públicas! E o que dizer do Doutor Arthur Arshwin, um investigador americano de 96 anos, com quem o cientista japonês partilhou o Nobel de Medicina de 2018? Obviamente, teremos de concluir que génio, saber ou.criatividade não têm data limite de validade...
Na verdade, a maior ou menor valorização da sabedoria e do engenho dos idosos tem a ver, essencialmente com padrões de cultura. A África e o Oriente perpetuam tradições respeito e reconhecimento dos mais velhos, que o" novo mundo", as Américas, cultiva bem melhor do que" velho continente", a Europa. Basta ver, num outro domínio, o da política, a diferença de médias etárias dos eleitos nos EUA, que é não só muito superior à de Portugal, como até, globalmente, às da UE.
Contudo, na Europa, há o que me parece faltar ainda em Portugal – a progressiva tomada de consciência da urgência de tomar medidas que facilitem a plena participação societal dos mais velhos,
Permitam-me breves citações de um parecer do "Comité Económico e Social Europeu", neste campo, que coincide no tempo com a referida tentativa portuguesa de cercear o direito a qualquer forma de trabalho, mesmo que "pro bono" dos pensionistas no setor público.
Já em 2012, esse parecer recomenda que (cito):
- "Se coloque a tónica na capacidade e no contributo dos idosos e não na sua idade cronológica, e que os governos, as ONG's e os media realcem estes elementos através de declarações positivas";
- "Se apoie a participação ativa de todos os grupos etários na sociedade e o aumento da solidariedade e cooperação intergeracional e dentro de cada uma das gerações." :
- "Se preveja a possibilidade de os idosos permanecerem no posto de trabalho até à idade legal da reforma e memo depois, se assim o desejarem;
- "Se incite os idosos a candidatarem-se a eleições e a participar como membros dos conselhos de administração das empresas, organismos públicos e ONG's (fim de citação).
Em Portugal, no que respeita a políticas públicas, neste domínio, pouco se tem avançado. Mais atento à nova realidade do envelhecimento bem mais tardio parece estar o mundo empresarial. E os meios de comunicação social, também. Por exemplo, o caderno de economia
do semanário "Expresso", no mês passado, abordou, em sucessivas edições, diferentes ângulos desta problemática. A 16 de setembro, destacava que a "senioridade au
menta pressão nas empresas" e que o envelhecimento da população já começa a colocar desafios às empresas na gestão dos seus quadros... "As empresas têm necessidade de valorizar os mais velhos". No número seguinte do caderno de Economia refere a criação do grupo "experienced management" de CEO 's de grandes empresas portuguesas e internacionais, de universidades como Oxford ou a Católica de Lx , com o objetivo de constituir uma plataforma de especialistas seniores, todos escolhidos pela sua experiência de gestão e liderança para dirigirem projetos ou ações de formação de jovens - a solicitação de qualquer um dos membros do grupo (que integra nomeadamente grandes empresas do PSI 20).
O referido parecer do"Comité"não esquece o papel das ONG'S na transformação de mentalidades e de práticas de que se fará um novo equilíbrio intergeracional. Neste espaço de dinamização da sociedade civil, bem poderemos destacar as universidades seniores,em geral, e a de Espinho, em especial. De facto, um pujante movimento senior tem tudo para ser o parceiro privilegiado dos poderes públicos na construção das "cidades futuras", mais abertas, mais justas, mais dinâmicas, onde a cidadania possa ser vivida em todas as idades
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Fwd: projeto para opinar sobre ele
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Arcelina Santiago
terça, 18/12/2018, 17:29
para Graça, mim
Aqui está o parecer da Milu.
Eu acrescentaria o apoio da AMM para a mobilização do associativismo com protagonismo para as mulheres dado que estas estão mais isoladas .
Fico a aguardar o vosso parecer .
Bjnho
Arcelina
---------- Mensagem encaminhada ---------
De: Milu Almeida
Data: ter, 18/12/2018 às 16:32
Assunto: Re: projeto para opinar sobre ele
Para: Arcelina Santiago
Querida amiga, o projeto parece-me excelente, somente aconselho a não colocar a palavra deslocações e pagamento simbólico. O nosso SE é uma coisa, mas os da DGACCP implicam por tudo. Estou a tentar ligar mas está ocupado. Bjnhos
El mar., 18 dic. 2018 a las 15:51, Arcelina Santiago () escribió:
Cara amiga , aqui vai para dar o seu parecer, mudar , acrescentar.
BJnho
Arcelina
dados para a CANDIDATURA
documentos: Estatutos ; Ato de constituição ( falta);
Plano de atividades ( enviar ata da ultima reunião da assembleia geral de agosto onde consta este plano para 2019) ;
Relatório de atividades do ano anterior assinado( 2017/2018) ;
Mapa de contas do ano anterior ; parecer do conselho Fiscal
Certidões comprovativas de situação contributiva e tributária regularizadas – Finanças e segurança social
Declaração sob compromisso de honra de não condenação da pessoa ou dos titulares dos órgãos sociais por factos relativos à prossecução do seu objeto , por sentença transitará em julgado , nos conciliar anos que precedem a candidatura nos termos constantes do formulário da candidatura
Declaração sob compromisso de honra da veracidade das informações prestadas nos termos constantes do formulário da candidatura .
Do programa do projeto com cronograma valores
Formulário no portal das comunidades on line
Os ficheiros seguem para os respetivos emails
Um projeto Desporto , Género e Cidadania irá para o consulado Portugal nos Estados Unidos
O outro, comunidade luso-venezuelana : retorno e integração irá para o consulado de Valencia na Venezuela
Órgãos Sociais
ASSEMBLEIA GERAL
Manuela Aguiar
Maria Beatriz Rocha-Trindade
Carlos Álvares de Carvalho
Natália Correia
Ana Paula Mendes Almeida
DIREÇÃO
Arcelina Santiago
Ana Paula Beja Horta
Berta Guedes
Filipa Menezes
Virgínia Estorninho
Luísa Prior
Nelma Patela
CONSELHO FISCAL
Ester de Sousa e Sá
Cristina Viveiro
Teresa Menezes
Sarolta Lazlo
Flávio Borda d'Água
SECRETÁRIA GERAL
Graça Guedes
Dados para o formulário
Entidade
Nome: A Mulher Migrante – Associação de Estudo Cooperação e Solidariedade ( AMM)
Data de constituição: A Mulher Migrante – Associação de Estudo, Cooperação e Solidariedade, mais conhecida por Associação Mulher Migrante, foi constituída por escritura notarial em 8 de outubro de 1993, no 16º cartório notarial de Lisboa – Lº 290 – E – fls. 74). Contou com a presença de 17 proponentes fundadoras e passou a atuar a partir de janeiro do ano seguinte. Os Estatutos da AMM foram publicados no Diário da República iii série, nº 255, de 30 de outubro de 1993 e no jornal O Público de 19 de dezembro de 1993.
. Nº Segurança Social 233550205
. Identificação de Registo Nacional de Pessoas Coletivas: 503061484
Morada: Rua Maria Pia, Lote 4 - Loja 1
Código postal : 1350-208 Lisboa
Contactos telefónicos:916164946;933426794;917533411
CANDIDATURA Proposta por Maria Arcelina Santiago, Presidente da Direção da AMM
Morada: Rua Gaspar Corte Real, 121,
Código postal :3885-580 Esmoriz
Contacto telefónico: 916164946; 933426794; 917533411
Correio eletrónico: arcelinasantiago@gmail.com
Sobre o Projeto para o consulado da Venezuela
CV da proponente
ARCELINA SANTIAGO
Licenciada em Filologia Germânica pela Universidade do Porto, com pós-graduação em Formação Pessoal e Social na Universidade de Aveiro e aí também Mestre em Ciências Sociais, Políticas e Jurídicas – com investigação em questões do género: o género a academia e a gestão . Docente do ensino secundário e superior foi Diretora do Centro de Formação das Escolas de Espinho, consultora de Formação, Formadora com certificado passado pela Conselho Científico da Formação contínua de Professores , Orientadora Pedagógica, Membro da direção de Escola, Deputada Municipal, defensora de causas e fundadora de diversas Associações e Movimentos Cívicos. Foi também Coordenadora de Projetos de âmbito Europeu, com artigos publicados e comunicações em seminários e colóquios.
É atualmente presidente da direção da Associação de Estudo, Cooperação e Solidariedade- Mulher Migrante e foi uma das organizadoras da publicação anual da Mulher Migrante
BREVE AORESENTAÇÃO DA AMM
A Mulher Migrante - Associação de Estudo, Cooperação e Solidariedade (AMM)
constituída em 1993, comemora este ano 25 anos de atividade no domínio das migrações, da luta pelos direitos humanos , em especial, pelos direitos das mulheres.
Destaca-se por ser uma Associação defensora dos direitos humanos, em especial, das mulheres portuguesas ou estrangeiras, dentro e fora de fronteiras.
Esta Associação teve um papel singular por preencher uma lacuna no acompanhamento da situação das emigrantes portugueses, até então esquecidas pela Comissão da Igualdade, centrada nas mulheres residentes no território, e também pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros/Secretaria de Estado da Emigração, que depois do 1º Encontro Mundial de Mulheres no Associativismo e no Jornalismo, que organizou em 1985, não lhe deu sequência em novas políticas públicas de mobilização para a igualdade, nomeadamente através de uma associação agregadora das mulheres portuguesas no mundo. Em 1993, perante a ausência de políticas para a igualdade na emigração, assim como de iniciativas das próprias emigrantes, algumas das participantes e das organizadoras do mítico "Encontro de Viana", decidiram instituir a AMM, uma ONG destinada a colocar na ordem do dia as questões da emigração feminina e a repensar o papel das mulheres na Diáspora.
A história do já longo percurso desta Associação, da sua transformação em parceira de uma rede de organizações internacionais e de sucessivos governos (com a organização dos congressos mundiais de mulheres da diáspora de 2011 e 2013 e de conferência e colóquios nos vários continentes da nossa emigração até 2018, inclusive) para a execução de políticas de género, é a demonstração da capacidade de dar corpo a um projeto consistente, agregando vontades e talentos, de mulheres e homens, por igual, à volta da problemática tradicionalmente marginalizada das migrações femininas, em geral, e, em particular, do objetivo da igualdade, pelo não à discriminação e pelo aumento dos níveis de participação cívica e política das mulheres, dentro do movimento associativo português (onde tradicionalmente não tinham voz, e não ascendiam à liderança).
Caracterizando a AMM, poderemos dizer que se trata de uma Associação singular. Na lista das singularidades desta Associação destacamos: o ter nascido voltada para a Diáspora feminina, dentro do país; o não ser uma associação feminina, mas mista, aberta aos dois sexos, a todos os que se preocupam com as particularidades de género, do género nas migrações e com quaisquer formas de discriminação e xenofobia. Esta absoluta singularidade, converte-la-ia, numa fase inicial, em parceira importante da Comissão da Igualdade e, depois, também da Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas, a partir de 2005, data em que passou a desenvolver, sistematicamente, políticas de emigração com a componente de género.
De forma associativista, juntaram-se homens e mulheres movidos por estas causas, acreditando que poderiam promover mudanças, mesmo enfrentando constrangimentos. Trata-se de uma ONG aberta e plural, um coletivo de homens e mulheres em defesa de causas, partilhando uma visão humanista/feminista das transformações necessárias no domínio da defesa dos direitos humanos.
Missão e objetivos
A Mulher Migrante - Associação de Estudo, Cooperação e Solidariedade (AMM) tem como missão o estudo do fenómeno migratório e o combate das desigualdades e discriminação, que atingem as mulheres e, de forma especial, as mulheres migrantes e as minorias étnicas.
Considerando a divisa da AMM - Não há estrangeiros numa sociedade que vive os direitos humanos - determinamos a nossa missão: contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Assim sendo, definimos os seguintes objetivos:
. Contribuir para a existência de políticas do género dentro e fora de fronteiras
. Aprofundar o conhecimento de realidades variáveis de comunidade para comunidade da emigração, aproximar essas comunidades entre si, promover as condições para a cidadania plena em cada uma delas, lutar pela igualdade e cidadania das mulheres;
. Promover a integração dos emigrantes portugueses que regressam ao seu país de origem;
. Estabelecer redes de aproximação de mulheres de diferentes comunidades e delas com a AMM, assim potenciando uma vertente internacional;
. Dar especial incentivo a uma participação cívica e política das mulheres emigrantes, seja pelo seu acesso ao patamar do dirigismo associativo geral, seja, em alternativa, pelo desenvolvimento de movimentos cívicos;
. Denunciar situações e promover a mudança;
. Analisar e debater estudos científicos que nos permitam uma rigorosa interpretação da sociedade onde as mulheres ainda não tem iguais oportunidades;
. Dar relevo ao papel das mulheres em várias dimensões de cidadania;
. Motivar as mulheres para a consciencialização do seu papel na mudança de esteriótipos socialmente construídos;
Metodologia de ação da AMM:
Combinação da componente investigação (em diversas áreas, de acordo com a investigação científica desenvolvida nas universidades e centros de investigação), com o serviço público, o jornalismo, a arte, a literatura, o desporto, o associativismo, a música, a academia, a política… A divulgação é realizada em Congressos, Encontros, Colóquios, Tertúlias, Mesas Redondas – pontos de encontro para reflexão e apresentação de propostas e, sempre que possível, publicados em edições próprias da Associação MM.
A AMM e o enquadramento do Projeto “A comunidade luso-venezuelana: retorno e integração”
Assim, a missão e os objetivos da AMM integram-se perfeitamente no âmbito legislativo determinado pelo Decreto Lei nº124 de 2017 de 27 de setembro, nomeadamente,
enquadrado no artigo primeiro , ponto 3 do Decreto Lei 124 de setembro “Em casos excecionais, nomeadamente os que digam respeito aos países identificados no âmbito do Plano Nacional de Regresso, podem vir a ser apoiados outros projetos ou ações, desde que estejam devidamente fundamentados quanto aos seus objetivos e destinatários e relevem pela sua qualidade."
O projeto agora apresentado visa o retorno dos nossos compatriotas que já começaram a chegar e se prevê um fluxo ainda maior de regresso nos próximos tempos. E, apesar de haver iniciativas e planos de integração por parte dos organismos políticos, a nível nacional, este apresenta-se como um Projeto de proximidade, integrando-se nos estudos existentes sobre a escolha dos locais de fixação dos que chegam.
Na verdade, há estudos, citados na recente iniciativa do MNE e SECP “ III Encontro de Investidores da Diáspora” realizada em Penafiel nos dias 13, 14 e 15 de dezembro de 2018, que nos revelam que, a grande maioria de portugueses quando regressa ao seu país, escolhe como destino as suas raízes, as suas freguesias de origem. Sabemos relativamente ao retorno dos luso-venezuelanos que esse território está devidamente identificado, centrando-se especialmente nos concelhos de Estarreja, Santa Maria da Feira , Espinho e Vila Nova de Gaia Será esta a área de intervenção do projeto, apresentando um conjunto de iniciativas que primam pela proximidade o que será uma mais valia neste processo de acompanhamento de uma integração que se pretende ser de respeito e de aplicação de direitos de cidadania aos que regressam ao seu país.
PROJETO
A comunidade luso-venezuelana: retorno e integração
Introdução
A emigração esteve sempre presente na nossa história enquanto nação. Como refere Maria Beatriz Rocha-Trindade, investigadora do CEMRI, Universidade Aberta e associada da Mulher Migrante, “Só os povos com tradição marítima souberam formar impérios para além dos mares e oceanos tal como o povo Português (…) Graças ao empenhamento e esforço humano e material, mas também da inovação científica e tecnológica, foi possível a odisseia da circum-navegação e daí, o encontro histórico com as terras do Brasil. Depois, seguiram-se outros fluxos migratórios do qual se destaca o destino da Venezuela. Este país foi considerado como o mais favorável pelo potencial de oportunidades de trabalho e de negócio que apresentava e até pela presença de uma língua de grande proximidade, a facilitar a comunicação entre os que chegavam à procura de concretiza sonhos e obter melhores condições de vida. Nesse país, aconteceu a fixação de milhares e milhares de emigrantes portugueses, uma comunidade de referencia, que se afirmou pelos valores de trabalho, empreendedorismo e cidadania. Infelizmente, a situação problemática do país tem levado ao retorno doloroso dos portugueses que, receosos, regressam ao seu país de origem. Com este regresso arrastam consigo memórias e vidas deixadas para trás e à sua espera deparam com problemas de uma integração que tem sido particularmente difícil. Cabe ao poder político, mas também à sociedade civil, como as ONGs, caso da AMM, desempenhar o seu papel de solidariedade e cooperação algo que a tem caracterizado ao longo da sua existência, procurando por um lado conhecer melhor a comunidade que regressa para melhor intervir proporcionando uma integração com dignidade.
Assim, a AMM ciente de que pode desempenhar um papel de apoio ao Plano de Retorno da comunidade luso venezuelana que agora regressa delineou este projeto que tem como lema: conhecer para intervir. Assim, propõe-se reunir todos os mecanismos que tem ao seu alcance para conhecer melhor e dar a conhecer a comunidade que regressou ao seu país e propor uma conjunto de iniciativas que visem uma melhor integração numa dinâmica de proximidade, a saber:
1. Recolher dados para um conhecimento eficaz da realidade: reunir com a comunidade espalhada pelos concelhos assinalados; recolher informação oficial da movimentação de regresso.
2. Promover ações que visam o melhor acolhimento e integração, a saber:
2.1. Ateliês da memória
A recolha de narrativas de vida do lado de lá e/ ou do lado de cá pode ser uma forma de aliviar a tensão da partida / chegada , promover a auto-estima e resolução dos problemas que ela concentra em si mesmo. Além disso, serão testemunhos importantes que marcam uma emigração enquanto fenómeno sociológico. Através desta iniciativa, a ser lançada nos jornais locais e nos Agrupamento de Escolas dos vários concelhos / Universidades Seniores, no final do ano letivo (para que conste do plano de atividades e poderem ter início no próximo ano letivo), poderemos conhecer melhor a motivação, causas da partida, as vivências, o sucesso ou insucesso, momentos marcantes ou simples de uma experiência de emigração, do lado de lá e/ou do lado de cá. Estas perspetivas que denominamos de poliédricas por se tratarem de pontos intermináveis reúnem aspetos fundamentais em termos sociológicos. Deste modo, reconstituiremos a história, feita de estórias de pessoas que são parte da nossa longa história da diáspora.
Início: junho de 2019 – publicação das histórias,
Total : 2200 euros - Atividade de divulgação nos media e Boletim da AMM, e publicação
2.2. A integração dos Jovens e Idosos
- Meio escolar: Levantamento da situação de sucesso/ insucesso ; apresentação de propostas de acompanhamento a nível pisco- social, económico e cultural ; programa de Formação de professores / famílias para o aplicativo do projeto "Portugal mais perto ", de forma gratuita, para melhorar a aprendizagem da língua e promover melhor integração na escola / emprego ;
Início Junho de 2019 para ser aplicado no ano letivo de 2019/2020
Total : 2100 euros ( quota do aplicativo digital do Programa da Porto Editora )
- Universidades seniores - Integração dos mais idosos em atividades das diversas academias para ocupação dos tempos livres, de forma gratuita;
Total: 1000 euros ( quotas de frequência)
2.3. Promover Encontros entre responsáveis dos vários gabinetes de apoio ao emigrante ( GAE) existente em vários municípios para debate e apresentação das boas práticas.
Total: 1250 euros - Deslocações, aluguer de instalações, material didático, publicitação
2.4 . Promover diversos Encontros entre especialistas / formadores da sociedade civil (sociólogos psicólogos, juristas , economistas, assistentes sociais, gestores financeiros) e a comunidade , no sentido de prestação de esclarecimentos e orientações sobre temáticas de caráter jurídico, económico, social e cultural incidindo sobre as seguintes áreas: habitação, associativismo, emprego, empreendedorismo ,direitos de trabalho e segurança social…
Total: 8.550 euros ( pagamento simbólico a especialistas e aluguer de instalações, deslocações, material de apoio)
2.5. Criação de uma plataforma de ciberdúvidas para resposta a dúvidas sobre diversos temas nomeadamente na área do trabalho, segurança social, correspondência de diplomas, arrendamento...
Total: 950 euros ( apoio tecnológico)
- Divulgação das iniciativas em alguns números do Boletim da AMM e em jornais nacionais e da comunidade
Total: 1200 euros (publicação em jornais - divulgação )
Assim, se por um lado , a AMM tem uma forte vertente de voluntariado , por outro, precisa de suporte financeiro para levar avante o cumprimento da sua missão em prol dos nossos compatriotas que regressam e merecem a nossa melhor atenção e solidariedade . O apoio financeiro aplica-se aos seguintes pontos de intervenção: recolha de informação sobre a comunidade; constituição de uma equipa de especialistas pronta para apoiar os nossos compatriotas em áreas de aconselhamento como o direito, a gestão, a economia, apoio social, direitos de cidadania plena no seu próprio país; organização de iniciativas já mencionadas para a promoção de encontros, debate e divulgação em torno das várias vertentes; recolha e divulgação de histórias da diáspora Venezuelana.
Mapa de despesas ( fata fazer apanhado geral )
Honorários a Formadores especialistas em diversas áreas
Quotas para integração nas universidades seniores
Programa gratuito de aprendizagem da língua portuguesa “ Português mais” - Acompanhamento de um profissional
Internet e social manager
Material tecnológico
Publicações, divulgação, produções
Material de apoio, fotocópias
Taxas
Utilização de espaços para realização de vários encontros ( GAE, comunidade e especialistas) em vários locais
Deslocações
Formação de profissionais para apoio aos alunos ao programa de português
Quota anual para aquisição do serviço gratuito "português mais" ( 40 euros / utente )
TOTAL :
Receita das entidades:
MNE/SECP/ (DGACCP) /Consulado geral de Portugal em Valencia
Maria Manuela Aguiar
terça, 18/12/2018, 18:53
para Milu, Arcelina, gracaguedes
Muito bem explanado. Excelente.!
Em relação aos que eu própria apresentei no passado há apenas estas diferenças:
- eram textos muito mais sintéticos, nunca tínhamos de explicar o que era a AMM, pois era uma entidade parceira, bem conhecida dos Secretários de Estado e dos DGACCP desses tempos passados,( gente muito menos burocrática ou complicativa):
- as estimativas de despesas eram mencionadas com grande precisão, Qt a deslocações, por ex. eu eu pedia orçamentos muito detalhados (e quase sempre certeiras) a uma agência de viagens competente, designando numero de viajantes, destino, hotéis, transfers, etc)
- nunca me lembro de termos pago um euro a qualquer colaborador de um projeto, exceto coisas "a latere!, como cartazes ou fotografias. Foram sempre VOLUNTÁRIOS a 100%. aos quais só se pagava mesmo as despesas comprovadas por recibos de hospedagem e meios de transportes
Só houve um projeto, com este governo, que implicava pagamento (pela SE Igualdade) de uma formadora - foi um fracasso, aliás, por culpa da DGACCP que se recusou a financiar as deslocações da formadora, (uma simpática vereadora do PS numa Câmara nortenha). Acho que , no fundo, a Rita até ficou aliviada... O esquema ia contra as nossas tradições de voluntariado puro
Bjinhos
Manuela.
Bjinho
Manuela
troca de emails sobre a edição do Jornal AEL (completos
Maria Manuela Aguiar
sábado, 15/12/2018, 13:52
para gracaguedes
Cara Manuela,
Não seria melhor a Manuela falar à Nasselete para fazer mais alguns exemplares para poderem ser vendidos nas sucessivas apresentações da iniciativa dedicada a Natália correia ? Poderá até dizer-lhes que eventualmente poderá ser aceite pela direção ( vamos contactar o parecer dos membros ) a compra de alguns? Isto porque será na impressão da edição que terá de ter tomada em conta o total de exemplares porque depois , fazer nova edição já ficará mais caro , ou não - sou eu a pensar alto .
Bjnho
Arcelina
Sobre A proposta enviada através do Antonio Pacheco vamos aceitar reunir ou entsinpor conferência via Skipe .
Bjnho
Olá Arcelina
Falei com ela ontem sobre isso. A edição está a ser um sucesso, tem imensas encomendas suplementares. O máximo que nos pode reservar é 100 exemplares, que poderemos vender ou oferecer
Bjinhos
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Natália
Caixa de entrada
Maria Manuela Aguiar
Anexos
quarta, 5/12/2018, 12:35
para Nassalete
COM NATÁLIA EM S. BENTO
Natália é uma de duas deputadas que tem busto de mármore no Parlamento Português. Esculpido por Cutileiro. A Assembleia conserva, nas páginas do Diário das Sessões, a magia da sua palavra, porventura a mais fulgurante, e, não raro, a mais agreste que algum dia se ouviu no hemiciclo. Contudo, não lhe ocorreu ainda reunir em coletânea as suas intervenções, ao contrário do que acontece com os notáveis tribunos masculinos, com ou sem lugar na estatuária do Palácio de S. Bento...
Foi nos "Passos Perdidos" que a conheci. Falámos, por sinal, só de leis - de uma em particular, já nem sei qual, que passara pelo meu gabinete de responsável pela emigração, e que ela defenderia, em sede parlamentar, no dia seguinte. Combinámos que, para análise de todos os detalhes, lhe enviaria a casa um distinto jurista. De lá voltou o especialista mais impressionado do que se tivesse privado com figuras históricas, como Catarina da Rússia, ou a Marquesa de Alorna. Ainda por cima, ela elogiara aquele modo de colaboração - que deveria ser a regra, mas não era - entre governo e bancada parlamentar. Talvez tenha visto nisso uma das diferenças que podem fazer as mulheres na república dos homens.
De longe a longe, nos reencontrámos no Botequim (que, não sendo eu notívaga, não podia frequentar assiduamente), e, depois, entre 81 e 83, no quotidiano da bancada da AD que, desaparecido Sá Carneiro, entrara no seu ocaso anunciado.
Como é lidar com o mito no quotidiano? É inevitável a sua "normalização"? Com Natália, de modo algum! Tinha as qualidades que "humanizavam" a sua grandeza, sem a diminuírem. Na convívio era amável, solidária, imensamente divertida e imprevisível - sempre formidável, não intimidava. Antes da minha primeira intervenção formal, sentindo-me nervosíssima e muito hesitante, não ousando improvisar, escrevi umas linhas, que submeti ao parecer crítico de Natália. Graças ao seu "nihil obstat" subi à tribuna com alma nova!
Porém, como opositora, num frente a frente, siderava qualquer um, sem exceção, com secos e contundentes argumentos ou com tiradas ribombantes e não menos contundentes - ordália a que, felizmente, nunca tive de me submeter. A sua diatribe mais mediática foi, sem dúvida, a que incendiou o debate sobre o aborto, fulminando, em prosa e verso, um fundamentalista religioso do CDS, que se atreveu a propugnar o sexo exclusivamente para procriação da espécie - o famoso "truca-truca" do procriador de uma pequena prole de dois descendentes. Assisti ao clamor que se seguiu, em lugar privilegiado, muito perto da Oradora.
Após integrar governos sucessivos e breves, (como foram todos. até ao surpreendente advento das maiorias de Cavaco Silva), regressei a São Bento e às conversas com Natália, então já no PRD. Nada que nos afastasse - afinal, partilhava, o seu gosto pelo distanciamento dos aparelhos partidários e até a sua simpatia pelo general Ramalho Eanes - que, à época, não abundava entre Sácarneiristas.
Estávamos em agosto de 87 e eu acabava de me tornar a primeira mulher eleita vice-presidente da Assembleia. Poucos dias depois, aconteceu a temida inevitabilidade de ser chamada a dirigir a sessão - sem pompa nem anúncio prévio, a meio de um discurso de Basílio Horta, apenas para o Presidente Crespo fumar um cigarro nos bastidores. Tanto melhor para mim, que queria passar despercebida... Mas eis que Natália se levanta em aplausos, logo seguida por Helena Roseta e pelos demais deputados e, finalmente, por Basílio, que continuara a intervenção, sem saber o motivo por que a Câmara inteira aplaudia de pé. Um momento feminista para a história parlamentar!
Não menos feminista foi outro, que, igualmente, se lhe ficou a dever: a ideia de homenagear as pioneiras do movimento sufragista português, a 8 de março de 88. Precisamente oitenta anos depois da criação da Liga da Mulheres Republicanas, elas tiveram, enfim, o direito de serem ouvidas em longos e expressivos discursos, citados por deputadas da geração das suas netas. Ali, na casa-mãe da democracia, a que uma democracia imperfeita lhes vedara acesso.
Em 1991, o Partido Renovador perdeu representação parlamentar e, com isso, a Assembleia da República perdeu a Mulher que a ressuscitaria da hibernação na mediocridade em que estava caída. A Mulher capaz de transformar, por exemplo, um simples jantar de portistas em S. Bento em tertúlia erudita, discorrendo brilhantemente sobre desporto, deuses e mitos, para concluir que a serpente da antiga Lusitânia e os dragões da "cidade invicta" pertenciam a uma mesma matriz.
Inesquecível! Nesses tempos, quantas vezes, da terceira fila do hemiciclo, onde Natália também se sentava, olhei em redor, pensando: "Daqui a cem anos estamos todos mortos - todos, menos a Natália". E lembro-me de lho ter dito uma vez, perante um silêncio complacente e o esboço de um sorriso.
A profeta de futuros longínquos era ela, eu apenas ousava uma incursão em terreno proibido ao comum dos mortais. Sorte de principiante: a profecia vai a caminho de se cumprir.
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Arcelina Santiago
sábado, 8/12/2018, 15:01
para mim
Cara Manuela,
Não seria melhor a Manuela falar à Nasselete para fazer mais alguns exemplares para poderem ser vendidos nas sucessivas apresentações da iniciativa dedicada a Natália correia ? Poderá até dizer-lhes que eventualmente poderá ser aceite pela direção ( vamos contactar o parecer dos membros ) a compra de alguns? Isto porque será na impressão da edição que terá de ter tomada em conta o total de exemplares porque depois , fazer nova edição já ficará mais caro , ou não - sou eu a pensar alto .
Bjnho
Arcelina
Sobre A proposta enviada através do Antonio Pacheco vamos aceitar reunir ou entsinpor conferência via Skipe .
Bjnho
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(sem assunto)
Maria Manuela Aguiar
domingo, 2/12/2018, 13:35
para gabrielacarrascalao
Cara Amiga
Também para mim foi realmente um prazer reencontra-la ao fim de 36 anos e exatamente como era, com a mesma simpatia, inteligência, e mundivisão.
Uma bela noite de convívio, e de fado maravilhosamente cantado pelo José Cid!.
Obrigada por ter entrado em contacto, depois de eu perder, de forma misteriosa, aquela receita clínica dos gatos, que tinha no verso os nossos telefones e emails...Já estou habituada a perder papéis, mas é sempre coisa arreliadora...
Ontem falei com o diretor do Forum de Arte e Cultura de Espinho (FACE), sobre uma possível exposição sua. Ele conhece a obra, ficou encantado.
Como é ano de Bienal, inaugurada a 25 de abril, ele tem as galerias preenchidas até então e ao longo do ano. Mas o Face é grande e é já habitual organizar exposições em alguns dos seus espaços. que têm muita luz, boas condições. Tudo depende das dimensões das telas.
Nesses espaços, a exposição poderia até coincidir com a Bienal de Mulheres d' Ártes (que este ano, vai, pela primeira vez, ser aberta a homens, - espero que, ao menos, em moldes paritários...). O átrio de acesso às enormes galerias é o mais usado para exposições, e quase sempre é ocupado pela própria
Bienal. Se assim for, talvez seja preferível escolher outra data.
O ideal é vir cá ver os locais (até 15 de dezembro, mantém-se a expo dedicada a Amadeo, que tem apenas um quadro dele. Os outros são evocativos, incluindo um belo retrato de Do Carmo Vieira.
Depois, telefono. É mais fácil explicar as coisas de viva voz..
Beijinhos
Manuela
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328 de 1 269
AMM
Maria Manuela Aguiar
quinta, 15/11/2018, 21:55
para Maria
Boa tarde, Cara Engª Paula Carvalhal
Tentei telefonar-lhe, na 6ª feira, para o Museu, mas não estava e, de qualquer modo, o que tenho a dizer não é urgente.
Sei que enviou um ofício à Presidente da AMM, Mestre Arcelina Santiago, e que ela vai responder, dando informações sobre o que importa aclarar no respeitante à (não) conexão entre a Bienal e a Cimeira de Mulheres Portuguesas, proposta pela AMM.
Pela minha parte, queria reafirmar que entendo não existir, nem fazer sentido, uma ligação direta dos dois eventos. Qualquer realização no quadro da Bienal, por convite a dirigentes da AMM. deve obviamente cingir-se aos objetivos e às diretrizes dessa esplêndida organização da Câmara de Gaia.
Na reunião em que estive presente em setembro, no Museu Teixeira Lopes, apenas se aventou que a "Cimeira" pudesse coincidir, temporalmente, com a Bienal - em fins de maio - o que me pareceu colher geral assentimento. Mas nenhum inconveniente havia em que a data fosse outra: A meu ver, de um ponto de vista da AMM, o ideal seria outubro, data do seu aniversário.
Ao contrário da Bienal, o Encontro é uma iniciativa da AMM, que começou num desafio que o SECP Mestre José Luís Carneiro me lançou, (durante um convívio de portugueses, em Sacramento, Uruguai, em novembro de 2017): organizar uma nova conferência mundial de migrantes
A falta de verbas disponíveis no MNE para esse fim, obrigava a procurar parcerias, eventualmente, ao nível local. Por isso, em maio ou junho deste
ano, numa conversa com o Vice-presidente da Câmara de Gaia, me lembrei de perguntar se via hipótese de acolher um acontecimento dessa natureza na cidade de Gaia. A resposta foi afirmativa. Depois, não voltei a ter ocasião de falar com ele, e seria a pintora Luísa Prior, dirigente da AMM, a contactar as Senhoras Vereadoras, com quem reunimos em setembro (ótima reunião!).
Entretanto, quanto ao " Encontro" primeiramente delineado, outra podendo vir a ser a fórmula adotada pela SECP, a "Cimeira" passou a projeto nosso, sabendo que poderemos, seguramente, contar com o alto patrocínio do Secretário de Estado, na perfeita relação que nos une, há 3 anos, em volta de valores e objetivos cívicos partilhados.
Creio que, durante o telefonema que recebi da Senhora Engenheira, no mês passado, lhe terei posto a questão nestes termos, talvez não com tantos pormenores.
Estive na construção do "modelo" da "Cimeira", e continuarei a acompanhar a sua preparação pela direção da AMM, onde e como se mostre mais viável prosseguir. Gostaria que fosse em Gaia, é claro, mas se não for, nem por isso estaremos menos disponíveis a colaborar em novas iniciativas. Por exemplo, no que respeita ao levantamento das questões de género no desporto, na recolha de histórias de vida nas Univ Seniores, ou na homenagem à "Drª Maria Barroso".
Cara Amiga: pode contar comigo! E pode, certamente, contar com a Associação.
Terá havido somente uma interpretação errada do teor de uma conversa entre a Senhora Vereadora e a pintora Luisa Prior - equívoco que será certamente esclarecido com facilidade.
Cordiais saudações
Maria Manuela Aguiar
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331 de 1 267
Fwd: Cimeira Mundial de Mulheres Migrantes - proposta da AMM
Caixa de entrada
Arcelina Santiago
Anexos
sexta, 9/11/2018, 11:25
para mim
---------- Mensagem encaminhada ---------
From: Antonio Fidalgo
Data: sex, 9 de nov de 2018 às 11:12
Assunto: RE: Cimeira Mundial de Mulheres Migrantes - proposta da AMM
Para: Arcelina Santiago
Cc: Vereadora Marina Ascensão , Presidência , Vice-Presidência
Exma. Senhora Dra. Arcelina Santiago,
Considerando o email abaixo e em conformidade com as superiores instruções da Exma. Sra. Vereadora do Pelouro da Cultura e Programação Cultural, Engª Paula Carvalhal, remete-se em anexo oficio VPC/1800196/GV relativo ao assunto em epígrafe.
Gratos pela atenção, subscrevemo-nos com os melhores cumprimentos.
De: Arcelina Santiago [mailto:arcelinasantiago@gmail.com]
Enviada: terça-feira, 16 de outubro de 2018 10:15
Para: Vereadora Marina Ascensão; Antonio Fidalgo
Cc: Presidência; Vice-Presidência
Assunto: Cimeira Mundial de Mulheres Migrantes - proposta da AMM
Exma Senhora Dra Marina Ascenção
Exmo Senhor Dr Fidalgo
Numa primeira reunião das Senhoras Vereadoras Marina Ascensão e Paula Carvalhal e as dirigentes da Mulher Migrante, Associação de Estudo, Cooperação e Solidariedade (AMM), Maria Manuela Aguiar e Luísa Prior, no dia 12 de setembro passado, foi apresentado, nas suas linhas gerais, um projeto da Associação de realização de uma "Cimeira de Mulheres Lusófonas", de preferência, em maio, durante o decurso da Bienal, embora não integrado, naturalmente, no seu programa: um diálogo entre mulheres das várias Diásporas e as portuguesas de dentro do país. O objetivo principal seria fazer um ponto de situação sobre o estado das questões de género em vários domínios, como a Ciência, as Letras e as Artes, o Jornalismo (imagem e papel das mulheres nos media), o Associativismo, a Política, o Desporto.
As Senhoras Vereadoras manifestaram interesse na iniciativa, nomeadamente no convite a grandes nomes femininos em cada uma dessas áreas. Foi agendada para 4 de outubro uma segunda reunião já com programa e nomes em concreto, assim como estimativa de custos. Nisso trabalhamos ao longo de três semanas. De Monção veio expressamente, na véspera, a presidente da AMM, Arcelina Santiago. Nessa altura, foi-nos comunicado o adiamento do encontro, sem nova data.
Uma outra reunião nos foi proposta para 8 de outubro, pelo gabinete da Senhora Vereadora Marina Ascensão. Estivemos presentes, juntamente com dirigentes da ASI, ,e com a Drª Olívia Rito, à volta de temas como o associativismo e a interculturalidade. São assuntos que se enquadram perfeitamente nos nosso fins estatutários e, também, nas nossas prioridades e mostrámos todo o empenho em colaborar. Foi uma aliciante troca de impressões. Contudo, ficou muito claro que não há qualquer possibilidade de enquadramento de uma "Cimeira de Mulheres da Lusofonia", na semana dedicada aos migrantes de Gaia, em fins de maio..
Em conversa informal, havida no sábado, dia 13 de outubro passado, a Senhora Vereadora Paula Carvalhal informou a dirigente da AMM Luísa Prior de que não haverá colaboração do seu pelouro na organização da "Cimeira". Esta está. assim, inviabilizada - já que, em larga medida, nos termos propostos, se centrava em questões culturais, científicas e políticas.
Se não for este o entendimento da Senhora Vereadora da Cultura, muito agradecemos comunicação e urgente agendamento de uma reunião, nesta ou na próxima semana. A partir de então, vamos equacionar a organização da cimeira noutra cidade.
À Senhora Vereadora Marina Ascensão e à Senhora Drª Olívia Rito, reiteramos o desejo de colaborar em projetos de que também falámos a 4 de outubro, como "os ateliés da memória", envolvendo as universidades seniores, a integração de jovens regressados da Venezuela nas escolas de Gaia (de S. Félix da Marinha, nomeadamente), a avaliação da igualdade de género no desporto escolar, envolvendo a comparação com comunidades portuguesas, por exemplo, as de New Jersey (Newark, Elizabeth), a violência doméstica, a cidadania dos migrantes. E bem assim, como dissemos, toda a cooperação na semana dedicada aos imigrantes.
Fazemos notar que a ideia de realizar em Gaia um Encontro Mundial de Mulheres Migrantes surgiu, ainda antes do verão, num encontro entre o Senhor Vice-presidente da Câmara de Gaia e Manuela Aguiar, pelo que desta comunicação damos conhecimento à Presidência da Câmara de Gaia.
Aguardando oportunidades de futura colaboração, apresentamos a Vossas Ex.cias os nossos melhores cumprimentos
Arcelina Santiago
Presidente da AMM
Luísa Prior
Membro da Direção da AMM
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ANOS DE FREQUÊNCIA DO LICEU
- Frequentei o Liceu RSI em 1958/59 e 1959/60, nos meus últimos anos do ensino secundário,, o 6º e o 7º, - o então chamado "curso complementar do liceu", que dava acesso direto à universidade . Foram apenas dois anos, mas decisivos pelo que aprendi, como adolescente, na transição para a idade adulta, e não só, mas também como aluna.
O QUE REPRESENTOU PARA SI TER FREQUENTADO ESTE ESTABELECIMENTO DE ENSINO
- A passagem de um internato católico, o Sardão, onde passara sete anos, (da antiga 3ª classe ao antigo 5º ano) para o ensino público teve, para além da grande mudança, em si mesma, teve, para mim, um significado muito especial, por se tratar de uma escolha pessoal contra a vontade da família inteira. Um desafio, uma "ousadia" porque era uma boa aluna num colégio prestigiado pela qualidade pedagógica, pelo acompanhamento dado a cada uma das meninas e pelos resultados obtidos, que o colocavam no topo do "ranking", a nível nacional, (como hoje se diz) e ninguém parecia acreditar que conseguiria manter o mesmo estatuto num liceu do Porto. Fora daquele mundo fechado, seguro e protegido, (onde fizera tão bem um percurso de aluna e desportista) não acreditavam em mim e ainda menos acreditavam que pudesse continuar a ter acesso a qualidade de aprendizagem semelhante.
Enganaram-se duplamente...
Da minha parte não havia certezas, nem temores. Aos 16 anos, queria experimentar, saber do que era capaz. Com esperança, face ao desconhecido. Sem quaisquer referências sobre a realidade de funcionamento do "Raínha Santa", sem qualquer contacto prévio com uma só professora ou estudante. Era simplesmente a escola secundária que englobava a área do Marquês de Pombal, onde os pais tinham arrendado um andar. Morar no Porto, a "nossa" cidade maravilhosa, era um sonho que minha irmã Madalena e eu acalentávamos desde a infância, apesar de assim trocarmos casa grande e grandes jardins por um pequeno apartamento, na Rua Latino Coelho. A opção por aquela área não foi feita pelo pais ao acaso - era a dois passos do Colégio da Paz, pertencente à mesma Ordem religiosa do Sardão, as Irmãs Dororeias .
Partia de um meio onde era positivamente uma veterana, com uma imagem de dinâmica participante na sala de aulas e nos campos de jogos, para outro onde iria principiar do zero, no mais completo anonimato. Deixava, na expressão que se popularizou, nesta década do século XXI, a "zona de conforto", migrava - embora para perto. geograficamente.
O LICEU MARCOU, DE ALGUMA FORMA A SUA VIDA?
Sim, porque acabei por ter na aventura da descoberta de mim própria num novo mundo, aquilo que buscava - caminhei pelo meu pé, assumir a responsabilidade pela minha agenda, pela divisão entre a parte do estudo e a parte lúdica, acentuei o meu interesse pelas causas sociais, pelo feminismo, pelo debate de ideias, pelos modelos de progresso que nos vinham da Europa, da Suécia, em particular,. Lembro-me da minha "cruzada" contra a pena de morte (nos EUA - vesti de luto aquando da execução de Chessman), e embrenhei-me na leitura de autores como Virgil Gheorghiu.
.O Liceu ofereceu-me um excecional elenco de professoras de Filosofia, de História, de Literatura, que me abriram horizontes em anos cruciais para o desenvolvimento do espírito, como são os 16/18 anos. Vi-me numa comunidade humana coesa e fraterna. Estávamos em pleno Estado Novo, seria de esperar clivagens políticas, autoritarismo e outros tiques do regime. Não senti nada sido, o à vontade no relacionamento entre alunas e professores era a regra... Poucas vezes vi a Reitora, figura imponente, mas amável.Tanto quanto me apercebi não interferia - o que avultava era a personalidade das professoras. Nunca me senti objeto de rigores disciplinares ou de tentativa de manipulação política, nem mesmo nas aulas de "organização política", onde me iniciei, com uma excelente pedagoga na abordagem ao mundo jurídico, ao Direito constitucional. É disciplina de que poucos gostam e que eu apreciava justamente como iniciação ao curso que escolhera (não sem hesitações...).
QUAIS AS RECORDAÇÕES MAIS SIGNIFICATIVAS QUE RETÉM
O meu primeiro contacto com a instituição foi através dos funcionários da secretaria. Estava muito indecisa entre matricular-me na alínea de Direito ou na de Letras (Germânicas). e mudei três vezes antes do início das aulas, cedendo a influências de dentro da família próxima e alargada, dividida a meio nesta matéria. Numa normal repartição pública, aparecer repetidamente a obrigar a alterações da ficha de inscrição não me tornaria muito popular. Ali, sim! A funcionária, mesmo antes de eu dizer ao que ia, com um enorme sorriso cúmplice, exclamava: Vem mudar de alínea, não?
Foi ela a primeira imagem da simpatia e da hospitalidade daquele estabelecimento de ensino. Muitas outras se seguiriam...do primeiro ao último dia.
( devo acrescentar que ainda fiz uma última e final alteração, muito saudada na secretaria. já com duas ou três semanas de aulas decorridas...).
Na minha nostálgica recordação da adolescência distingo sempre os dois tempos, o do "Sardão" e o do "Rainha Santa". No colégio também vivi bons momentos, com estimadas mestras e colegas, mas envolvi-me, não poucas vezes, em conflitos e contestação - do sistema, sobretudo. Não me dou bem em internatos, com a regulamentação de todos os minutos do dia - ou quase todos.
O Liceu foi sinónimo de plena liberdade.Pude ser eu e ver do que era capaz num sistema mais aberto, mais competitivo, mais parecido com o que me esperava na universidade. Ali, tudo excedeu as minhas expetativas, e.não me lembro de uma única disputa, de uma única zanga...E as notas, tão superiores às do colégio...
Passei dois anos no paraíso. Acho que nunca fui tão feliz. Acabei o curso com 18 valores e ganhei o "prémio nacional". Como estávamos em 1960, ano das Comemorações do Infante D Henrique, ao prémio veio acoplada uma viagem de grupo ao norte de África - Ceuta, Tânger. e até a Alcácer Kibir, lugar da tragédia nacional e berço do mito - Vinha, pois, de um colégio privado e elitista, com ótimo ensino, e meios excecionais para a prática de desportos ( minha maior paixão) e muitas amigas de infância e estimadas professoras. O Liceu era uma casa antiga, de bela traça, mas em mau estado de conservação. Faltavam espaços, salas de aulas, até o ginásio fora sacrificado e, com ele, as aulas de educação física. Ficava longe do meu andar na Rua Latino Coelho, sem transportes diretos, pelo que o meu exercício físico quotidiano era fazer uns quilómetros em passo de corrida... Isso e tudo o resto era fantástico! O ambiente humano compensava a falta de condições materiais. Ali, o ensino público era tão bom ou melhor do que o melhor da esfera privada. Recordo todas as mestras e todas as aulas com saudades. e, em especial, as fascinantes lições de Filosofia da Dra Assunção Carqueja, que eu nunca queria que acabassem, e as da Drª Adelaide Aleixo, que nos levava consigo, através de milénios da História de povos e civilizações, pela força da sua palavra eloquente. Lembro-me, muito em especial, da primeira das suas aulas a que assisti. O ano letivo começara há já três semanas, e eu acabava de trocar o inglês pela história (ou seja, Letras por Direito...). Tinham-me dito que ela não gostava de quem chegava,assim, com atraso, que era muito severa, que eu ia ter imensos problemas naquela cadeira. Preparei.me para o pior. História fora sempre a minha disciplina preferida e continuaria a ser. A Drª Adelaide falava, nessa manhã, da cultura grega, da estatuária, e eu ouvi-a, encantada - prudentemente, na última fila... Era a mais idosa das docentes, mas envelhecera bem, oradora enérgica e carismática, feições muito bonitas, cabelo todo branco (parecia uma linda e sábia avó). Como eu era a retardatária, olhava, frequentemente, para mim, o que tanto podia ser de bom como de mau agoiro. Na verdade, foi o primeiro dia de uma grande amizade de professora/aluna e de avó/neta, e de duas entusiastas pela memória .
Amizade fácil de cimentar, também, com as outras professoras e com as alegres companheiras de turma!.Não me lembro de uma única disputa, de uma única zanga, mas sim das longas conversas com a Ana Luísa Janeiro, (com quem fiz um trabalho sobre as Descobertas portuguesas no período Henriquino), ou com a Adília, que era a mais politizada de nós (e à esquerda, posição que eu ocupara no internato e ali perdia para ela). E, coisa não despicienda, as notas, em média, foram sempre superiores às do colégio...Passei, assim, dois anos no paraíso! Nos exames finais tive média de 18 valores, e a História 20, tal como a Ana Luisa (a Drª Adelaide bem o merecia!). Ganhei o "prémio nacional" pelo meu Liceu, e, como estávamos em 1960, ano das Comemorações do Infante D Henrique, com o prémio veio, por acréscimo, uma viagem de finalistas do Secundário ao norte de África - Ceuta, Tânger, e até a Alcácer Kibir, lugar de tragédia nacional e berço do mito sebastianista.
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Apresentação do livro _ Aurora Cunha
Caixa de entrada
Aurora Cunha
Anexos
quarta, 29/08/2018, 18:21
para mim
Querida Amiga,
Dr.ª Maria Manuela Aguiar
É com muito prazer que lhe envio o convite para me acompanhar na apresentação do meu livro "Aurora Cunha: uma vida de paixões".
Seria uma honra ter a sua presença no próximo dia 7.
Um abraço amigo,
Aurora Cunha
Maria Manuela Aguiar
quarta, 12/09/2018, 00:26
para Aurora
Querida Amiga
Eu é que tenho de agradecer o convite, que me permitiu viver momentos inesquecíveis, Foi uma apresentação perfeita e emotiva de uma biografia espantosa.
E levou-me a por de novo o foco no domínio onde considero que é ainda particularmente grave a discriminação de género - o desporto. Foi o tema do meu último relatório na Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa, em 2005. Quando lancei o tema, todos tendiam a considerá-lo como coisa menor, mas à medida que debate se aprofundou despertou o maior interesse e entusiasmo e foi naturalmente aprovado por unanimidade (em regra, os relatórios são discutidos em comissão especializada e reformulados quatros ou cinco vezes, avançando, coletivamente, com sugestões e propostas de cada um dos participantes e, por fim, discutidos e votados em plenário da Assembleia Parlamentar).
Para mim, a igualdade no desporto é uma questão chave de cidadania. E a biografia da Aurora, neste como em outros aspetos, é exemplar, porque antes de vencer os adversários, teve de vencer os preconceitos sociais. E conseguiu o que parecia impossível, com uma coragem e uma força fantástica!
Estou a pensar em incluir o tema da vivência da igualdade e da cidadania pelo desporto, nas próximas iniciativas da Associação Mulher Migrante para as comunidades portuguesas, tentando atrair tanto académicos como dirigentes associativos do estrangeiro, isto é, no plano da ação concreta, tal como na área da investigação. Uma das minhas afilhadas, que é uma prima de 3ª geração, vai fazer a sua tese de mestrado em Ciências da Educação neste campo, embora centrada só na realidade dentro de fronteiras. O que me deixa muito feliz, tal como o facto de ela ser uma verdadeira portista, assídua frequentadora do Dragão e do Dragão Caixa.
Claro que estou à espera do autógrafo no livro!. Para mim é muito importante. Na 6ª feira ainda estive no 3º andar, mas tive de sair por vota das 19.30, porque a essa hora já só há um comboio por hora para aqui.
Fico à espera de uma próxima visita a Espinho. Tenho muito gosto em a convidar para almoçar ou, se não puder, para um cafézinho numa esplanada.
Parabéns pelo merecido êxito do lançamento da auto-biografia. Esplêndida de todos os pontos de vista, pelo conteúdo antes de mais, mas até também pela qualidade gráfica e estética e pela cor do mais bonito azul!
Beijinhos
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APOSENTAÇÃO COMPULSIVA AOS 70 ANOS. UM CASO DE INCONSTITUCIONALIDADE?
1- Vejo a aposentação compulsiva dos servidores do Estado, (em sentido lato), como uma espécie de sentença de "morte profissional" aos 70 anos, e considero a sua imediata abolição uma forma de restituir a plena dignidade humana aos trabalhadores do setor público.
Nunca compreendi o "porquê" deste regime excecional e discriminatório, que contrasta, em absoluto, com a regra da liberdade de trabalho, sem limite etário, aceite tanto no setor privado, como na política, não obstante a sua natureza de serviço público.
É, a meu ver, uma limitação atentatória do princípio de igualdade entre todos os cidadãos, consagrado no nº 1 do artº13º da Constituição da República, em tudo semelhante ás que vêm expressamente mencionadas no seu nº 2 (ascendência, sexo, raça, instrução, condição social, etc, etc ). Bom bom seria que, em próximo processo revisional em São Bento , o fator de discriminação "idade" fosse acrescentado a essa enumeração..
Só a falta de capacidade física e mental para o exercício do cargo pode ser fundamento da cessação do vínculo laboral pois, como sabemos, a presunção de incapacidade aos 70 anos choca com a verdade da vida e da ciência! E não se invoque o argumento da necessidade de renovação geracional, pois esse valeria, do mesmo modo, para a política, aos vários níveis, e para o setor privado.. A renovação é precisa, mas acontece, naturalmente, como comprovam estes dois domínios.
2 - Não estamos a falar, como alguns com grosseira demagogia têm insinuado, de aumento da idade de reforma/aposentação. O prolongamento forçado ( sublinho, "forçado") da vida ativa vem sendo imposto por motivos essencialmente economicistas, para retardar a passagem dos contribuintes a beneficiários do sistema de pensões, como expediente para assegurar a sustentabilidade, ao que dizem posta em causa, do edifício da segurança social, e, com ele, do futuro das pensões dos atuais contribuintes,
A questão que nos ocupa não é do foro da economia ou da contabilidade - para a qual a opção de continuar para além dos 70 será até positiva . É, sim, uma questão de princípio, de fundo humanista, personalista e libertário, que recoloca a pessoa no centro da decisão, dando-lhe a escolha de retardar a data do fim da carreira.
Para tal, bastará revogar uma medida, que foi instituída há cerca de um século, quando a esperança média de vida era, de facto, inferior à da barreira estabelecida. Uma atualização para o equivalente a essa média, no presente, elevaria a fasquia da aposentação compulsiva, em cerca de uma década, ao menos no nosso país.
Não é o que propomos, em nome dos direitos de cidadania dos seniores. A mera dilatação do prazo continuaria a corporizar o mal de uma imposição arbitrária, desde logo, porque o processo de envelhecimento não é uniforme. Nada há de mais relativo do que o peso da idade no declínio efetivo de faculdades de pensamento e de ação. O prematuro "abate" ao ativo de funcionários, ainda pujantes de sabedoria e experiência, é um perfeito paradigma de desperdício.
3 - Há, ainda os que invocam como decisivo para, sem mais discussão, se manter o "status quo" a simples constatação de serem poucos, (três ou quatro centenas em muitos milhares), os que, atualmente, permanecem em funções até ao preciso momento de "expulsão" do serviço público. Expulsão - não tenhamos medo de palavras tão contundentes quanto verdadeiras!
Ora, o número é coisa totalmente irrelevante, quando se trata de fazer justiça. Reconheçamos que uma esmagadora maioria tem pressa de ir para casa, ou porque sente o fardo da idade ou do labor em si mesmo, ou do ambiente em que é exercido. Admitamos, também, que a maioria dessa maioria é facilmente substituível por uma nova vaga, e que muitos dos que a integram, teriam gostado de se retirar aos 40 ou 50 anos. Não é desses que curamos, é dos outros - para lhes garantir a livre opção por saída mais tardia. Só dela aproveita quem quer. Serão, sobretudo, elites académicas, professores, cientistas, diplomatas, médicos... Médicos! Talvez esta iniciativa do governo tenha sido desencadeada pela recente aposentação compulsiva do famoso cirurgião de Coimbra, Doutor Manuel Antunes, que tudo disse e tudo fez para continuar a sua missão e foi obrigado a sair para o setor da medicina privada, certamente, em relutante competição com o serviço público de excelência, que ele próprio criou. Um absurdo, que constituindo drama pessoal, semelhante a outros menos conhecidos, ganhou particular visibilidade
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