quinta-feira, 7 de junho de 2012

Pré- memórias II

TÓPICOS


56 - Outra amiga e aliada : Georgina Dufois.
Uma dona de casa que Mitterrand trouxe para a política. Muito inteligente, uma mulher excepcional, generosa e aberta, com grandes preocupações sociais, protestante num país de maioria católica. Foi 1º Sec Estado da Imigração (nessa qualidade a conheci, em 83), Ministra dos Assuntos Sociais e porta-voz do governo. Carreira meteórica, terminada pelo caso do sangue contaminado (semelhanças com Leonor). "sinto-me responsável, mas não culpada" afirmou no julgamento. Tudo tramitara pela Sec de Estado da Saúde e creio que ficou provado que o principal culpado foi o director- Geral.
Mas ela afastou-se para sempre da política. tentei contacta-la, mas não consegui.

57 - Enquanto fui SEE e SECP, entre 83 e 87, sempre contei com ela.
A relação ficou mais no plano oficial, mas foi de uma grande sintonia. Emig -emig eram gente de quem gostávamos por igual e genuinamente. E éramos feministas, também.
Com Gradin fazíamos um trio na Europa, mas a ponte entre ambas era eu. Talvez a língua dificultasse  a verdadeira camaradagem entre elas. Anita fala um perfeito inglês, mas não o francês, e Dufois não é fluente em inglês.
Com Georgina fui Vice-Presidente de uma Conferência do Conselho da Europa - convidaram-nos porque sabiam dessas afinidades ideológicas e do bom entendimento pessoal, julgo eu. Também estive juntamente com Anita em Estrasburgo para a ª conf de ministros responsáveis pelas questões femininas (em 84?)
E em tantas outras ocasiões.
Tº conjunto, para mudar atitudes e preconceitos contra a emigração.

58 -Dufois já era ministra quando integrou a comitiva do 1º ministro em visita oficial a Portugal. Passamos horas e horas em negociações bilaterais... Depois, reunimos nós, no MNE, para prepararmos os temas da próxima comissão mista. Em 5 minutos acertamos tudo  -  agenda e  viabilidade de encontrar soluções. Dizia o que queria ela respondia indicando até onde podia ir.
(para espanto dos nossos diplomatas, pouco habituados a esta franqueza e pragmatismo)
Confidenciava-me ela à saída:
"Que diferença entre a nossa reunião e a dos homens. Eles gastaram horas para tratar menos coisas do que as que nós resolvemos em cinco minutos".
Eu poderia ter dito o mesmo - como Dupond e Dupont (je dirai même plus...)

59 - Creio que a última vez que Georgina veio a Portugal a meu convite foi para participar numa série de conferências com que inaugurámos um simpático auditório na Rua do Passadiço. (tudo isso depois desapareceria rapidamente, como o Fundo Documental e Iconográfico das Comunidades Portuguesas, o Centro de Estudos, as publicações... E não sei mesmo se sobrevive todo o material que foi então digitalizado, através de um protocolo com o Instituto Rainha Dona Leonor.

60 - Bem, passando a um tom mais ligeiro, seguiu-se um restrito jantar em que oa mulheres predominavam. Algum equilíbrio era dado pelo quarteto de fados de Coimbra - Berna e o seu grupo, voluntários, sem "cachet", mais uma vez.

61 - Falando de equilíbrio de género: houve, em Lisboa, por essa altura, uma comissão mista luso-alemã. em que, por acaso, a parte alemã era constituída só por homens e a portuguesa só por mulheres. Como estava fazendo sucesso a telenovela "Guerra dos sexos", a referência foi coisa inevitável. As negociações correram muito bem - como quase sempre acontecia com a RFA. porque nós defendíamos os emigrantes com dados e estatísticas deles (muito favoráveis!). Não participei nos trabalhos, porque era um grupo técnico, mas ofereci-lhes o jantar de despedida e glosei, para gáudio geral,  o tema da guerra dos sexos.
Falo demais dos jantares, mas a diplomacia não passa só, mas também passa pela mesa dos restaurantes.

62 - Não que eu goste muito de recepções os jantares oficiais, mas aguentava firme. E o certo é que quase nunca  me entusiasmava a perspectiva, mas, depois, divertia-me imenso.
Quanto mais informal era o evento, mais me agradava. E vice-versa.
No fundo da escala estavam os banquetes, quando o vestido comprido era obrigatório...
Lembro-me de ir inúmeras  vezes em direcção aos palácios da Ajuda,  Queluz ou, ocasionalmente, Sintra, no carro oficial, com o motorista, à hora em que as pessoas faziam filas longas nas paragens de autocarro. E eu pensava que eles me olhavam como uma privilegiada, querendo estar no meu lugar, enquanto eu queria estar no deles. Apanhar o autocarro e ir para casa jantar e ver tv, ouvir um disco ou ler um livro!
Depois, lá, sem recuo, nos salões do Palácio, encontrava amigos e sentia-me bem. Até nem recordo nenhum episódio menos simpático!

63 - Não foi desagradável, mas esteve perto disso, o caso do banquete no Kremlin, na comitiva do Presidente Soares. Segredou-me a Maria Santos a certa altura:
"Tens uma grande malha caída nas meias pretas, mas descontrai-te! Acontece, não tem importância".
E eu tive de me descontrair. Se o tempo estivesse bom, era mais fácil. Ía aos lavabos, e deitava as meias no caixote do lixo. Ali, com temperaturas negativas, não era solução.

64 - Em 1980, no 1º  jantar de gala do governo AD, no Palácio da Vila, em Sintra, ia morrendo de frio! Mas sobrevivi.
Por acaso, até tinha mandado perguntar ao protocolo se as salas do Palácio eram aquecidas e a resposta foi positiva.
Resolvi, confiadamente, levar um vestido (comprado na Ayer) de chiffon azul, muito bonito e muito fresco... O Palácio era um gelo! Havia alguns pequenos e pré-históricos aquecimentos a gás, tão inestéticos quanto inúteis. Eu nem queria acreditar...
A noite estava frigidíssima, mas eu levava um casaco de peles comprido. Cá fora, tudo bem. Só que, claro, deixei o casaco no vestiário...

65 -  O convite era do Primeiro Ministro e Senhora de Sá Carneiro. Por um momento pensei que Sá Carneiro tinha cedido a pressões e chamado a primeira mulher, ida do Porto para a ocasião.  Mas isso era inconcebível.,, À entrada, lá estavam a receber os convidados, dois casais; Snu e Francisco, Mizé e Diogo, Que alívio!
Foi aí que conheci Snu. Como não havia mais convidados a chegar, nessa altura, fiquei a conversar, mas já sem casaco de peles. Foi Snu (bem agasalhada e lindíssima!) que me aconselhou sagement a ir lá para cima para não me constipar. No átrio, de facto, estava ainda mais frio do que nos salões gelados do piso de cima!

66 - Falei das mulheres, minhas aliadas na emigração. Mas houve um homem, que acabou por merecer também essa qualificação, no masculino: Jean Claude Junkers, que era, então, Secretário de Estado da Imigração (do Trabalho e da Imigração, suponho) do Luxemburgo.
muito jovem e já muito promissor.
Vai ser um futuro 1º Ministro, achava o nosso embaixador. Não se enganou!

67 - Coube-lhe vir a Portugal transmitir as reservas do seu governo à liberdade de circulação dos emig. Na chamada sala dos embaixadores do Palácio das Necessidades conversações em linguagem franca e dura de parte a parte.  Para mim era mais importante garantir todos os direitos da cidadania europeia aos já residentes no Lux do que facilitar a ida de novos emig. Como lhe disse, sem rodeios, eu até preferia outros destinos na emig por causa das dificuldades das crianças e jovens num sistema de ensino dado em várias línguas difíceis...
Ele era, de facto muito novo, parecia introvertido, áspero, inflexível. E eu, se não parecia também era... Acordo impossível. Não era razão para não o tratar o melhor posssível, fora da sala de reuniões. O almoço foi o absoluto contraste da reunião. Descobri logo ali um homem inteligente, comunicativo e com um surpreendente sentido de humor. Descontraímos, falamos de coisas agradáveis e encontramos sintonias... De volta às negociações, mais do mesmo. Ninguém cedia. Na conferência de imprensa não disfarçamos as fundas divergências - nenhum de nós era pessoa para isso. Assim o desentendimento nos aproximou. Os povos do norte, ao contrário dos sulistas, preferem sempre a verdade à hipocrisia democrática, às palavras redondas. neste aspecto, sou excessivamente nórdica e entendo-me bem com eles.
Na altura, o Lux impôs a clausula de salvaguarda, mas JCJunkers iria ser um dos defensores dos trabalhadores portugueses, e, a prazo, a questão resolveu-se sem "invasão" do território pelos portugueses, embora sejam muitos (uma elevada percentagem do total de estrangeiros no mercado de tº)

68 - JCJ esteve mais vezes em Portugal, fez questão de estar presente na Conf de Ministros do SE no Porto. mas o contacto perdeu-se qd saí do governo em agosto de 87. Continuei mais solicitada pelas comunidades que representei como deputada antes de 87 - a de fora da Europa.
reencontro com JCJ cerca de 15 anos depois em Estrasburgo, qd discursou no hemiciclo na qualidade de 1º mº.
admiti que nem me reconhecesse.
mas não foi o caso. fez-me  grande manifestação de amizade. Mª Elisa, então deputada contou tudo com pormenores na sua crónica semanal do DN

69 - Um choque, ler, ao deitar-me, quando folheava o Expresso, o obituário de João Aurora, pór Cutileiro.
Muitos Embaixadores que conheci no MNE,  foram meus amigos,  receberam-me em casa, como família, mas de nenhum guardo recordações, a um tempo, tão saudosas e tão alegres! Cutileiro dá essa nota perspicaz: mesmo nesta hora mais triste em q sabemos a notícia da sua morte é em histórias divertidas que pensamos. Porque ele era um verdadeiro Senhor do Minho - cheio de uma vivacidade muito minhota, sempre a fazer acontecer as coisas mais inesperadas! Um aristocrata de uma encantadora simplicidade, sem o mais leve traço  de snobismo (snobismo em que, contrariando a significado pa palavra, incorrem tantos descendente da nobreza pátris, de alto a baixo...).
Ficam para sempre entre os melhores momentos da minha vida os dias que passei no se palácio de Ponte de Lima. Ainda não recuperado, como viria a ser, mas, por isso mesmo, de umamhospitalidade mais descomtraída. Era Abril e fazia um frio medonho e no quarto, lá estava um pequeno aquecedor a gás, mas tudo o resto era grande, antigo e precioso,  a começar pela colcha bordada de Castelo Branco. Pouco observadora que sou, não consigo descrever o resto - só mesmo a colcha em tons dourados.

70 - Ocorreu esta visita a propósito da organização do dia 22 de abril - comemoração do dia da Comunidade Luso-Brasileira, celebração de tradições  no Brasil, mas que oficialmente, por iniciativa da SECP - ou do MNE - acontecia pela primeira vez. Muito encorajada, evidentemente, pelo Embaixador João Sá Coutinho, então Secretário-Geral do Ministério. Não me recordo com rigor, mas a idéia de sedear a festa em Ponte de Lima foi certamente dele, em conversa comigo, por acaso. Devia estar eu ainda indecisa quanto ao lugar "onde", dei-lhe conta da indecisão -  e ele terá feito a proposta. Da minha parte, a probabilidade era apontar para o Porto...

71 - Em termos de comemoração foi o maior êxito, praticamente impossível de igualar  - com conferencistas como Alberto da Costa e Silva, um orador sublime, José Augusto Seabra e outras sumidade das nossas Letras.
Claro que houve episódios de susto, mas tudo por detrás dos bastidores - alguma desorganização, deram um copo de àgua gelada a Seabra, que quase ficou afónico,  o discurso do MNE, que não chegava, etc etc

72 - Eu gosto de organização e não de improvisação.

Mas não conseguia converter os mais próximos, os serviços. Sempre a mesma coisa - um stress, luta contra o tempo, erros à mistura, às vezes intervenções minhas de salvação in extremis, mas, depois, tudo parecia fruto de um trabalho muito bem gerido...
Bem eu dizia:  Prefiro que se organizem e falhem, do que assim , a fazer tudo sobre a hora, mesmo que acabe por correr bem...
Não houve maneira...

73 - Em todo o caso, o grande mistério do desaparecimento da declaração do MNE, não foi culpa do meu staff...

Na verdade, foi perdido por uma de duas pessoas: o Emb João Sá Coutinho ou eu...
Ìamos nós, muito despreocupados, para o centro da cidade, quando, ao sair do carro, me lembrei do discurso ministerial . Achamos boa ideia lê-lo e o Embaixador foi buscá-lo ao automóvel. Antes de abrir o envelope, disse-me:
"Vai ver que começa assmi: Aproveito o ensejo para me associar... "
Eu também imaginava o Pires de Miranda a escrever (ou alguém por ele) uma trivialidade semelhante, mas quando Sà Coutinho começou a ler o papel, em voz alta, e as palavras eram precisamente aquelas, começamos os dois às gargalhadas, em simultâneo e em uníssono. Caminhamos, lado a lado, a rir imenso, imparavelmente, pelas ruas velhas de Ponte de Lima. Até que, quando eu quis guardar a mensagem que devia declamar nessa tarde, ele já não a tinha. mas eu também não! Procuramos tudo - as carteiras, os bolsos dos casacos... fizemos o trajecto em sentido contrário, olhando as ruas, espreitando até as sargentas. Voltamos ao carro, que foi inspeccionado ao milimetro...
Nada ... A mensagem sumira! Levara-a o vento, com certeza...
Houve que pedir cópia a Lisboa, com urgência. Isto aconteceu antes da era do fax. Chegou por telex, com vogais duplas. Foi lido assim mesmo, não houve tempo de mandar dactilografar...

74 - Pequenos almoços memoráveis, prolongados por quase toda a manhã. Com ele, a mulher Teresa e a cunhada, Mª Antónia, uma grande portista, que num dos dias até cantou o hino do FCP, a acompanhar as torradas.
Era um bom pretexto para conversarmosfinalmente, a repetir o café, por várias vezes. Nesta fase, Sá Coutinho levantava-se, ía ao jardim, voltava com uma flor que nos oferecia, e contava mais uma história incrível, acabada de acontecer...

75 -  Se ele tinha graça, a Mª Antónia também tinha ( a Teresa era encantadora, mas um pouco menos loquaz).
Recordo-me que me mostrou todos os perfis genéticos dos povos que se sucederam no Minho, através dos criados da casa - iberos, celtas, suevos, vickings...
Veja aquela  - é sueva pura! (grande e loira)
A outra ali, celtibera...

76 - E as histórias de aldeia: o pilha galinhas . vai conhecê-lo amanhã, no almoço.
Conheci (Olhe é aquele!) Era um empregado de mesa, distintíssimo! (o roubar fazia parte de um ritual de gerações, não era por mal, segundo a pr´pria Mª Antónia...).

77 -  Teresa e Mª Antónia eram filhas de um grande constitucionalista de Coimbra, que foi meu professor no 1º ano da Faculdade de Direito (Moreira)
Lembro-me de o ouvir referir-se à filha, que era casada com o Conde de Aurora. Nos meus tempos de caloir, não poderia prever que os iria conhecer a todos em tão felizes circunstâncias!

78 - Foi Coimbra que determinou o meu último encontro com João Aurora. Ele veio a um almoço organizado pela asociação dos antigos estudantes de Coimbra em Braga - homenagem a 10 mulheres formadas por Coimbra (uma das quais eu). Estivemos à conversa - ele com um ar ainda e sempre jovem , a dizer-me que tinha vndo de propósito para me encontrar. Tão simpático!

79 - Voltando a 85: óptimo também o jantar oferecido pelos Sá Coutinho a Vera e Alberto da Costa e Silva.
Eles estavam há pouco em Lisboa - deve ter sido a 1ª visita fora da capital...
Verinha trazia um casaco sumptuoso, para se proteger do frio. Ao tirá-lo comentou: "É bem quente, mas faz-me parecer muito mais gorda".
Resposta de uma das senhoras minhotas - já não sei qual:
"Isso até é bom. Quando tira o casaco,as pessoas pensam: afinal e muito mais magra do que parece".
Verinha era linda, mas, ao contrário de Alberto, não era magra.

80 - Outro minhoto diverdido era o Embaixador Villas Boas. Uma vez passei um serão inteiro a rir na sua residência de Capetown. Algumas das história mais delirantes, eram à volta da crença aldeã nas almas do outro mundo... Que oena não ter gravado - ou pelo menos registado...

81 - Durão Barroso e a não ida a JNB

Era ele SENE e eu VP da AR.
Eu tinha convite da org do 10 de Junho e ele foi, depois, indicado como representante do governo nas cerimónias.
Para evitar dúvidas ou incidentes protocolares, telefonei-lhe, dizendo que não haveria problema, porque eu insistiria numa presença a título partticular. Mesmo assim ele, homem muito prudente, achava que era melhor eu não ir. Preveni que poderia o cancelamento da minha visita causar perturbações, qualquer que fosse a elegante desculpa dada à última hora...Os meus amigos eram gente esplêndida mas reagiam mal a este tipo de situação...
Aconteceu tudo conforme as minhas previsões - ou pior ainda... Choveram piadas - no jantar de gala deixaram uma cadeira vazia, com o meu nome em frente. Bastante mau para todas as partes.
Mas DB percebeu que eu tentei, o mais possível, evitar o desastre e penso que foi daí que nasceu uma duradoura relação de confiança mútua.
Dou-me muito bem com transmontanos! São farncos e directos, como eu...

82 - Falando de transmontanos: uma sorte ter podido conhecer Adriano Moreira.!
Um dos mais brilhantes portugueses nascidos no século XX. Pena Portugal não ter sabido dar-lhe mais oportunidades na coisa pública... A verdade é que quase não há políticos com a sua inteligência e capacidade de pensar e executar. Não usar os melhores, em democracia, dá no que vemos. A queda no abismo.
Adriano Moreira é, no convívio, semelhante a Barbosa de Melo: com eles é impossível conversar sem aprender , como nas aulas de grandes Meestres (que é coisa que ambos são, por gosto!)
Além disso são ambos - embora muito diferentes - dotados de um muito especial sentido de humor.
AM sabe sempre uns ditados antigos, que cita, bem a propósito, como estes (quando há uns anos falávamos da gente que nos governava nessa altura, não muito diferentes dos que nos governam hoje...):
"Descofiai de paredes velhas e autoridades novas. Caem-nos sempre em cima".

83 - Conheci-o por intermédio de Zé Gama, meu amigo, meu irmão.
Acabada de chegar à SEECP, tinha de criar, a partir do zero, de imediato, o Conselho das Comunidades. Quem melhor para nos ajudar do que o grande mentor e organizador dos Congressos Mundiais das Comunidades dos anos 60?
Foi de uma grande abertura e generosidade. Deu-nos as lições da sua experiência. E que privilégio ouvir relatos desses congressos fantásticos, tão esquecidos infelizmente..
Tenho as actas - e quantas intervenções plenas de actualidade, apesar da diferença de contextos desse Portugal para o de hoje... Mas qundo é pela cultura que se vai, são as constantes que se encontram...
Que coisa rara é ter políticos que são homens de cultura...E não só em Portugal.
A sua falta explica a falência da Europa, tal como a nossa própria...


84 - Génios no feminino: Aguastina, Amália.
Agustina: Quem terá conseguido levá-la ao 1º Encontro de Mulheres Portuguesas da Diáspora em Viana, 1985?
Será que alguém sabe? Há que perguntar a Mª Luisa, que era presidente do IAECP. Foi ela que levou Lúcia Lepecki a um 22 de Abril, em Guimarães 86 (foi quase tão fantástico como o de Ponte de Lima em 85) . Ma s Agustina não sei...
Ela já era, para mim, a maior (ou o maior) escritora (escritor) do nosso tempo, mas mesmo assim, ganhava em ser conhecida de perto. Tal como Amália era, na convivência, uma anti-vedeta.
Geniais, mas comaquele ar e conversa de pessoas com nós, comuns mortais. Ambas, sendo mais velhas do que eu, me pareciam as minhas queridas tias. Agustina semelhante,a té no aspecto físico, à Tia Celestina (Dá Mesquita). Amália parecia mais uma tia Aguiar - muito Aguiar mesmo! A Tia Lola, ou a cristina, morenas, bonitas, cheias de garça e vivacidade, como ela.

85 - Dede 85, Agustina participou em várias iniciativas da SECP. Sempre disponível, sempre brilhante.
Em Amarante, por exemplo. Numa série de conferências, já não sei bem sobre quê. Emigração, evidentemente, como tema genérico.
Inesquecível o final dos seu discurso:
"Como se termina um encontro feliz? Não terminando....


86 . Vi-a pela última vez, até agora, em Fortalza, há uns anos (2002? 2003?).

Ela estava na mesma, não tinha envelhecido - linda e garciosa, muito senhora do meio século XX português - e comentou com a Rita Gomes que a preocupava muito a minha magreza (tinha de facto emagrecido quase 15 quilos....)
Uma querida tia, mesmo!
Adoro Agustina. - tanto a escritora como a pessoa.


87 - Estava num seminário organizadao pelo Com Aníbal de Araújo, jornalista e homem de todas as comunidades, que ali reunira o Zé Lello, o Sec Estado Feliciano Barreiras Duarte, o Emb Dario Castro Alves (tão querido, também!) e muitos mais.
Agustina estava , por acaso, no mesmo hotel - a convite do governo brasileiro, suponho, (ou enviada pelo nosso?)

88 - Com Saramago apenas um encontro, num avião. Éramos os dois únicos passageiros de 1ª classe ou de Executiva, num voo de NY para Lisboa, já não sei de que companhia.  Foi muito cordial, trocámos palavras de circunstância, ele estava de bom-humor, tinha sentido de humor. Muito mais alto do que supunha! E tão magro como parece nas fotos. Não voltaria a vê-lo.

89 - Também vi Collor de Mello apenas uma vez. Em Lisboa, pouco depois da sua eleição. Um almoço na Embaixada do Brasil. Homem atraente, mas com um discurso de plástico. Nada de comparável a Tancredo (que só vi de longe, a falar no Hemiciclo de S Bento) ou a Sarney (fantástico, emocionante (na Sociedade de Geografia? Penso que sim, em Lisboa, em qualquer caso). Ou mesmo a Fernando Henrique Cardoso. Tão simpático! Para além de sessões de cumprimentos, acompanhei, uma vez, Durão Barroso,(presidente do PSD, ainda não 1º ministro), a Brasília e participei numa reunião no seu gabinete. Extrema cordialidade. E, a pedido de DB, antecipou a audiência por umas horas. Que outro PR no mundo faria essa alteração, de véspera, sem problemas, mudando a agenda, que era naturalmente intensa?

90 - Houve também um almoço, oferecido pelo VP. Muito religioso, tinha na sala uma imagem de Nossa Senhora da Aparecida. Mais outra sintonia Brasil - Portugal, pois é uma outra imagem de Nª Sª da Conceição,  nossa padroeira. Pelo menos foi isso que lhe disse - acho que não estou enganada...
Foi amabilíssimo!

91 -Mas charme, charme genuinamente francês tinha Jacques Chirac!
Fui na comitiva de Cavaco na sua visita oficial a Paris, (em 1987?). Estivemos várias vezes em reuniões, almoços e jantares nesses 3 dias.
Eu não gostava nada da sua imagem,nem do seu discurso político. Pois bem! Converti-me, pelo menos à pessoa.
Tão bem disposto e tão especialmente simpático comigo! Talvez intuísse que eu o achava tão interessante . Espontâneo, directo, divertido. Tudo qualidades que eu prezo no topo de uma lista...
eu, se calhar, fazia a diferença, no gripo português todo ele mais formal e introvertido, a começar por Cavaco Silva

92 . A certa altura, voltou-se para mim e perguntou-me:
"Qual é o maior problema para os emigrantes port em França?"
Respondi que era o montante dos abonos de família para os jovens que estavam em Portugal (queríamos que recebessem o mesmo que era pago aos que viviam em França com os pais).
"Vou resolver isso" - garantiu-me.
Bernard Bosson, Ministre-adjoint disse-me que  ele era homem para cumprir a promessa - se o  papel lhe chegasse às mãos. Eu poderia ter enviado o pedido através de Bernard, mas isso não foi possível... Em Portugal há canais onde as coisas ficam e a diplomacia (pela parte dos políticos, não dos bons diplomatas...) não gosta de diplomacia paralela. Não consegui fazer o"by pass", com o que perderam sobretudo os nossos emigrantes...

93 Bernard era Maire de Annecy - especialista de assuntos Europeus, grande amigo de Portugal. Grande anfitrião em Annecy, linddíssima vila antiga! Feérica, nas festas da cidade, onde estive, evidentemente, a seu convite...

94 - Bob Wong -o simpático Ministro do multiculturalismo do Ontário... Até discursei num com+icio da sua campanha em Toronto...

95 - Virgílio Teixeira.
Que homem encantador! Que cidadão exemplar!
Que espantoso director dos serviços das Comunidades Madeirenses. Que outro famosos actor de Hollywood, regressaria à sua pequena ilha de origem e se ofereceria para trabalhar pelos emigrantes - sem cuidar de honrarias e de fama. Tão simples, tão generoso.
Anos de colaboração constante! Que grande amigo...
muitas histórias para contar sobre ele
 1ª visita ao MNE
O CCP
Visitas ao Funchal
A homenagem
A Vanda e o Pedro
D Benvinda e o rancho Português (Neuza Amaral)
Tex em Hollywood - a autobiografia que não escreveu
Ultimo encontro com vanda e apedro no Funchal

96 - Prof Soares Amora ao encontro de Sarmento Pimentel

97  -  Mécia de Sena em Santa Barbara - como em dois dias se faz amizade para sempre.
Aquela mansão de portas abertas  - e tantos jovens
Mª Lurdes Belchior
(ma bonne elle est française)
Com Docas em rota para LA

98 - Natália Correia
Única e irrepetível
uma improvável amiga, que o foi...
(dentro de 100 anos deste parlamento fica a Natália. os outros estarão todos mortos...)

99-  F Sousa Tavares
A minha época de ouro, na AR, graças a ele e Natália...
 VP do grupo parlamentar( bem queria que eu aceitasse,,,)
Vizela...

100 - Em 1968 - o curso na OIT Genebra
O eslovaco, o russo, os paquistaneses, a Docas...
Chamonix com nevoeiro cerrado
O japonês Maeda e as pedtas
Sekanina e o sonho da França
A primavera, a luta de classes
O cavalinho sans soucis
O carro vermelho
Yemelianov - quem fala russo?
A visita a Lyon

101 - Anos 90
A amizade com Russel
1ª conversa sobre zulus
Sintonias balcãs e outras
o seu discurso como Presidente da APCE
na fronteira com a Austria

102 - Passeio de jangada no mar do Recife...

103 Uma medalha para Roberto Leal
S Paulo-palco de emoções... O incrível aconteceu

104 - medalha para o SC deT
O engano
O fato semi-bordeau ( Luis Duque)

105 -  o FCP de Toronto
No mesmo ano, duas festas no mesmo local . a do FCP de Toronto e a do Sporting Clube de Toronto. Fantásticas festas, com centenas de participantes - 800, 1000 -  onde fui, como deputada e não como adepta.
E, por acaso, do ponto de vista protocolar, fui muito mais bem tratada pelo Sporting. O que tem a ver com a visão das coisas e das pessoas dos dirigentes locais, como é evidente.
Antes assim! Ali não houve clubismo - apenas a forma como se encarou a deputada, numa iniciativa da comunidade.
Muito bem o SCT! (que era, e acho que continua a ser, uma das maiores colectividades portuguesas de Toronto).

106 - Um altura houve em que era convidada frequente do Benfica de Toronto! E porque não?
Eu era SECP . todos tratados por igual e retribuindo a simpatia recebida...

107 . 1º visita ao Canadá em 1980. programa muito bem gizado pelo Embaixador Góis Figueira. Intenso! Grande Embaixador: Ministro Axworthy em Ottawa . Reunião com vários ministros e directores- gerais (nunca mais houve nada de semelhante...). Em Toronto. 1º Ministro, Mayor, Encontro com a comunidade na Rua Augusta, no Clube Transmontano - tarde inteira a responder a perguntas, depois, actuaram os pauliteiros (excelente grupo . mais tarde foi lá o Dr Moutinho de duas Igrejas,a mwu pedido para lhes dar apoio  -  foram aprovados com 20 valores).

108 - Emb Navega e o leão da Rodésia (o 1º que conheci  - em JNB - era do Carlos Teixeira da Mota e eu tomei-o por um simpático e alentado perdigueiro . uma sorte ele ter confraternizado comigo , antes de eu saber que não era um manso perdigueiro...). depois, já ermos amigos...

109
Milú e eu ficamos na residência em Pretória ( O Emb Coutinho convidou-a, tb. qd se apercebeu de que ele era toda a comitiva que me acompanhava...) e na do Cônsul- Geral em JNB. O Leão da Rodésia acrrdava a casa inteira a ladrar ao leiteiro, às 6-00 da manhã...

110
No Brasil, nesse ano, o Emb era o Dr Menezes Rosa.  Cuidou de me alertar para a necessidade de adaptar o modelo do CCp à realidade  luso-brasileira...
foi com ele que visitei o Ministro da Justiça Abi-Hakel? Antes de eu dizer palavra já o Ministro me assegurava que a nova lei de estrangeiros não atingiria os portugueses. Bons tempos - antes de Portugal levantar tantos obstáculos aos brasileiros em Portugal (sobretudo com o caso dos dentistas e com as expulsões mediáticas do 2º governo de Cavaco), que levou o Brasil a retaliar...

111
primeira visita ao Brasil logo a seguir à da América do Norte
(o Brasil deveria ter sido a 1ª e só não foi porque eu, mulher tímida e pouco à vontade em público, quis fazer o tirocínio nos países que julgava serem mais informais. Mas por acaso, o protocolo nos States e Canadá, até é bem mais exigente . tinha de discursar por todo o lado. Foi bom! comparativamente a América do Sul pareceu fácil...
Casa Das Beiras no RJ para o dia da Comunidade Luso.brasileira, com António Gomes da Costa.
Fiquei com a Milú e Garcez palha no palácio de São Clemente. grandioso, mas vazio de mobiliário que tinha voado para Brasília...
Brasília, para onde tb voei - conheci o comendador Guilherme Silva, que enriqueceu a vender frascos de terra da nova capital - impressionante,,,
SP  -  grande recepção na "Portuguesa de SP"
Santos - os Elos Clubes...


112
os jornais brasileiros ressaltavam o avanço de Portugal, por ter uma Vice-Ministra ... Quase não havia brasileiras na política. Hoje têm uma presidente e uma participação feminina esplendorosa, em comparação connosco...

113
primeira visita à Venezuela, nesse ano, pelo 10 de Junho. Festa no Clube Português de Caracas, inauguração da Av Camões (tive de saltar o muro para descerrar a placa, porque ninguém mais o fez e a bandeira emperrara...)
 Emb Walter Rosa decide passar a cassette com o discurso do PR num pequeno aparelho minable, com um som horrível, um despropósito em pleno cocktail!
Perante o insólito insisti em ler uma mensagem de Sá Carneiro, que levara para disrribuir pelos media... isso foi divertido. porque o emb não queria... Guerrilhas políticas...

114
2ª visita a Caracas, na afortunada ausênciado Emb o Encarregado de Negócios Rosa Lã conseguiu um reunião com o Vice Ministro Aristigueta - Gramko, para a legalização de imig port.
(mantida em segredo, como era essencial, resultou, para além das expectativas, com ganhos para os paises e os cidadãos...). Para mim, segredo é para manter . nem aos dirigentes do IAECP eu dei conhecimento da diligência. Já lá vão mais de 30 anos  . precreveu a obrigação de sigilo...

115
Buenos Aires Emb Lencastre da Veiga (irmão de Alexandra, que eu conhecia da RTP)
reunião com dirigentes vindos do Uruguai)

Visitas aos clubes, às sedes campestres,,,
Ficamos num hotel pequeno (o pior que vi na Argentina - talvez estivesse tudo cheio...) Em plena  Florida . onde se podia passear dia e noite, em segurança...

116 - 1985?  La Vilette
Festa de uma cª de seguros. Casa cheia. Emb Gaspar da Silva, cônsules da região. Um preveniu-me que se preparava manif contra mim - pediu-me que não fosse ao palco. Claro que agradeci o conselho, mas fui. Assobiadela monstruosa, com excelente acústica. Resisti, sempre de braços erguidos a agradecer. Metade do teatro começou a aplaudir. Até que os assobios se calaram e eu falei. Curto, como convinha! Ali estava na festa, como noutras ocasiões estava para ouvir os problemas dos emig...
Antº Sala que fazia as apresentações estava lívido... Tudo acabou bem
No dia seguinte uma pequena notícia do DL informava que a SEE tinha sido impedida de falar em La Vilette (manchete não ousaram). E não era verdade...
Verdade foi o que fizeram ao PR Eanes exactamente no mesmo local, mas noutra data--- As Câmaras mostraram...

117 - O grupo de Bernardino... Em boa verdade um fenómeno de revivalismo coimbrão - ou de extra-territorialidade: sempre em Coimbra, onde quer que estivessemos

118 - O relatório da UEO que bateu o record de emendas (dos italianos sobretudo). Mas mantive o essencial. defesa da não diluição da UEO na UE, enquanto esta comportasse países neutrais. Que sentido faz uma aliança defensiva compaíses que não assumem qualquer compromisso de entreajuda.
 Mas assim se fez esta união em imparável queda para o abismo...( e lá se foi a UEO - mas não ainda então...)

119 -Sociedade Civil /Estado - como fazer de conta que se faz, utilizando os contactos e serviços da SEE para o organização e. depois, nem um convite fazer aos parceiros... No Porto. Valada...  Fiquei surpreendida. Nunca tal tinha acontecido, nem voltou a acontecer.

120 - Málice - jornalista, mulher líder, raridade ainda agora, muito mais em 80. Em Toronto.
monárquica, Foi através dela que conheci Dom Duarte  de Bragança. Fomos os 3 jantar e, depois, até ao Botequim.

121 - Paris - um escol de Padres, como "colegas", bolseiros residentes na Cidade univ em Paris: Mº Lages. Michael Pereira e Januário Torgal Ferreira - um Bispo com o qual estou muito frequentemente de acordo (e sempre estive).

122 - 1950 o passado remoto
Exame da 4ª classe em Gaia. Discussão com a profª que me examinava sobre quem mais manda: Deus ou Américo Tomas. Ela por Tomás e eu por Deus. Incrível. Como é possível? Não pode!!! Uma adulta  afrontando a crença de uma criança. num exame ?
No fim, passei sem distinção (um choque) e as freirinhas choravam e tratavam-me como quase mártir da fé!!!

123 -  1957 Verão em Miramar em casa do D Cândida e sr Pacheco, antigo colega do Pai na Câmara de Gaia - peripécias e quase romances...
Qd a minha bicicleta começou a largar parafusos e o Manel Valle "desapareceu" do pelotão - porque os ia apanhando à medida que caíam...

124  -  1958 verão em Brighton e Hove . com uma família de judeus prósperos - como au pair
Missão: tratar de crianças. Incompetência e sucesso... eu não gostava das crianças e elas adoravam-me...
Passar uma camisa de homem a ferro, sem nunca ter antes pegado num ferro. Grande queimadura na parte de trás. Comentário de Mr Bailin: não tem importância. Nunca tiro o casaco no escritório. Era advogado.

125 - 1960   Férias no Alentejo litoral Vila Nova de Milfontes - o risco de afogamento contra afalésia, com Docas e Nestó a remarem contra a corrente e eu a ajudar relativamente, enquanto a Manica, que não sabia nadar, gritava, gritava. Qd me relataram essa parte fiquei admirada. Não tinha memória do ruído: só da imagem dos rochedos e da praia, longe. E o Tio Eduardo, o grande nadador,  de perna engessada...

126 - Por essa época já usava óculos - e os meus pretendentes - não namorados, porque eu achava que era nova demais - manifestavam a sua afeição, limpando as lentes dos meus óculos, sempre muito sujas, suponho. Todos faziam o mesmo gesto. deviam ver a poeira em que eu nem reparava...

127 - Tratava-os bem, ao contrário da Lecas, que tinha imensos e os mantinha à distância.
Mas alguns irritavam-me demais... Não os maneis, os 3, que eram muito simpáticos  (dois deles muito divertidos).
Por ex. o cientista sueco ou o colega francês do curso de verão de Estocolmo - inspector dos impostos, o mais graduado do curso, mas gordinho, calvo e ultra conservador... Um dia, clamou que se sentia um homem do sec.XVIII. No dia seguinte, disse que era um homem do sec XIX. Respodi, de imediato: De ontem para hoje recuperou um século...

128 - 1971 - Connaissance de Suède . assim se chamava o curso, org pelo Inst de informação e pela Univ de Upsalla. Eum sempre prósueca era das mais entusiastas. Os franceses, nem tanto - para eles, France d'abord
Acabei por ser uma das escolhidas para ser entrevistada sobre o curso e , claro, elogiei aquela social democracia. E eles preocupados: Será que vai ter problemas com a PIDE, ao regressar? Eu achava que não. Quem ia ver um programa sueco. Pouco provável...
Não tive qualquer problema. Pelo contrário. Geraldes Cardoso - meu ex colega no Centro de Estudos -  quis que lhe organizasse um curso semelhante (enfim tanto qt possível) O que fiz em 1972, com a colaboração de Antº Mega Ferreira - muito jovem e muito promissor ( le gauchiste de Mr le Directeur Général, dizia um dos participantes) "Plein feux sur le Portugal" se chamava essa versão portuguesa do curso de verão
Mais tarde o modelo sueco inspirou os cursos de verão da Sec de Estado da Emigração, desde 81 - ao longo da década

129 -  Havia uma participante romena - essa, sim, com um ar assustado. mas predominavam franceses, belgas (um jovem casal simpático)...
 Alojamento em Lidingo, em instalações de um sindicato da LO. Esplêndidas!
Um verão magnífico, calor e sol".
 Refeições óptimas. Aprendemos a etiqueta sueca  - a fazer os brindes, os discursos. Visitamos Museus, o barco submerso Gustavo Vasa IV (ou I?), estúdios de cinema (vimos o filme "os emigrantes" . emig para Minesotta), sindicatos, uma paróquia...
Paróquia entregue a uma pastora, a 1ª numa zona"bem" de Estocolmo". A co -adjutora era uma jovem, muito jovem Forte impressão!


130 - Daí segui para Oslo, por uns dias, com a Gesinne Fast. Tb muito calor!
Comecei a ver pintas saltitantes  - um susto, Cá ficaram até hoje... o Mário tranquilizou-me. Coisa normal,  em míopes, sobretudo...


131 . Cursos portugueses da SEECP gizados  pela MªB RochaTrindade e pelas universidades. Évora, Vila Rea (Portugal-Tradição e Futuro) em 81. Depois de norte a sul...
sempre que podia, assistia aos cursos, ficava o dia inteiro. Em VR conheci numa das aulas o Padre Fontes, que, depois, me levaria a visitar Pitões das J. (tivemos um acidente na volta. Saí pela janela, pois o carro tombou sobre um dos lados)- Há poucos anos, em Toronto, o Padre Fontes contou a história com imensos pormenores. Que boa memória!


132 -  Férias nunca tive no governo, porque em Agosto chegavam os emig e havia solicitações demais... Depois, já não dava, havia a agitação normal


133 - Publicações de trabalhos de investigação dos candidatos aos cursos - dezenas... Interessantes ainda hoje, mas esgotados, desaparecidos. Acho que nem a SECP tem a colecção completa. dizem-me que deitaram caixotes de livros ao lixo...País bárbaro...


134 -  Na política, quantos amigos (ou conhecidos) de fora da política: Virgílio Teixeira, Amália, Agustina, Mécia de Sena, Maestro António Vitorino, David Mourão Ferreira, Gilberto Freyre, Austragésilo de Athaíde, Cutileiro, Cargaleiro, Mestre António Joaquim, Vera Lagoa, Roberto Leal, Tony de Matos...Saramago, Lídia Jorge, Sophia de Mello Breiner, Agostinho da Silva, António Quadros, Eduardo Lourenço, Sarmento Pimentel, Fernando Gomes, Victor Baía, Eusébio, Artur Agostinho, Àlvaro Guerra,, o Bispo Tutu, Maria Kodama, Ruth Escobar, Fáfá de Belém, Neuza Amaral, Ruth Escobar


135- Victor Gil, jovem e brilhante funcionário, mal classificado num concurso, que eu tive de homologar, qd voltei à SEE em 1983. dados lançados, provas orais com a subjectividade implícita...Como provar a injustiça? Sabia que era injustiça, mas não via forma de a corrigir. Homologuei. Mas ele argumentava em contrário. Como jurista, não via como negar a homologação, mas pu-lo à vontade para recorrer do meu despacho. E ele assim fez!
De seguida, reparei a injustiça, a meu modo. Não o podendo promover na carreira, promovi-o a um lugar de escolha política: a Vice-Presidente do Instituto de emig (IAECP), com vantagens de vencimento e poder... deve ser caso raro. um governante promover assim um funcionário que levou um seu despacho a tribunal...


136 - Dei algumas boleias interessantes: a Eusébio - à saída de um lançamento de livro de Amália. A Sophia e Agustina, à saída de um jantar no pal´cio das Necessidades. Ouvi-as comentar (enquanto recolhíamos os casacos no vestiário) que ninguém se lembrara de que elas não tinham carro e não sabiam como apanhar um táxi ali, àquela hora. Ofereci-lhes o meu.
Olharam-me embaraçadas - "Não nos lembramos de que agora já há senhoras com carros de Estado"...


137 - Os anos sempre passados pelas comunidades, na véspera do Dia nacional, sempre sem dizer nada a ninguém (e o gabinete proibido de revelar...)
Só desobedeceu a Virgínia estorninho - cantaram-me os parabéns em JNB, num jantar de 500 pessoas (fico sempre pouco à vontade...)
Nos meus 50 anos também - juntou-se ao coro a voz de Amália (aí sabia, foi uma organização de Fernanda Ramos)
Nos meus 60, no preciso dia (um domingo), era Marshall da parada do Dia nacional em Newark - mas sem que dessem pela coincidência...
Aos 69, em Espinho,  no fim de um concerto de música de Fausto Neves, não escapei aos "parabéns a você"... 


138 - Curta a passagem pela vereação da Câmara de Espinho (diferenças de geração), Sai um mês depois desse concerto, também a um ritmo de música alegre. O Executivo decidiu dar-me a medalha da cidade, a 16 desse mês. O filme projectado, como é da praxe, não foi nada do que é costume. Em vez dos testemunhos de amigos, um série de fotos privadas, desde o berço, e de intervenções públicas na cidade. O efeito foi hilariante, com selecção do talentoso Filipe Couto (Espinho TV). Nunca vi coisa mais heterodoxa e divertida.
Depois, para maior surpresa os amigos do BE apresentaram na Assembleia Municipal um voto de louvor, que foi aprovado por unanimidade.  foi uma despedida, com singularidades -  até parecia um daqueles jogadores que saem antes do fim do jogo, para receberem os aplausos do público...


139 - Uma sorte o "timing" da minha chegada a esse executivo, em Novembro de 2009 - isto é, qd se avizinhava o centenário da República. Apesar de monárquica foi um ocasião de repensar  Espinho, Portugal, o mundo, em inúmeros colóquios, expo's, tertúlias, saraus - uma festa permanente...  mais de 30 eventos em  12 meses, com participações sempre multipartidária.  Nesse aspecto muito surpreendente. Feminismo e mulheres republicanas no centro de muitos debates.
Aliás, em Espinho só havia em preparação uma expo "rostos da República" para o 5 de Outubro.
Claro que dei luz verde -  a isso, e a tudo o mais que estava em curso no meu pelouro, onde havia gente de alta competência. (em Portugal há o gosto de romper com tudo o que vem de trás, uma das causa maiores do nosso atraso).


































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