quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

COMUNICAÇÕES E RELATÓRIOS EM ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS ONU (1980) Intervenção na Conferência a meio da década das Nações Unidas à Mulher - Igualdade, Desenvolvimento e Paz, Copenhague, 15 de julho APCE (1981) Migrações portuguesas e cooperação internacional", exposição à reunião da Comissão das Migrações, dos Refugiados e da Demografia, Lisboa, Assembleia da República, 3 de setembro (1983) Intervenção na 2ª Conferência dos Ministros Europeus responsáveis pelas questões das migrações, Roma, 25 de outubro (1984) Comunicação ao Colóquio "Os estrangeiros - uma ameaça ou um trunfo?", organizado pela Comissão das Migrações, dos Refugiados e das Migrações. Estrasburgo, 20 de março (1984) Comunicação ao seminário sobre "As relações intercomunitárias", Estrasburgo, 8 de novembro (1988) ONU, Peticionária a favor de Timor Leste, Comissão de Descolonização. Nova York (1999) - Liens entre les Européens vivant à l' étranger et leur pays d' origine" (rapporteuses Manuela Aguiar et Ana Guirado), Commissin des migrations, des réfugiés et de la démographie (2001) - "Non-expulsion des immigrés de longue durée" (rapporteuse), Commission des migrations, des réfugiés et de la démographie (2001) - "Le droit de vivre en famille pour les migrants e les réfigiés", Commission des migrations, des réfugiés et de la démographie (2002) - "Séjour, statut juridique et liberté de circulation des travailleurs migrants en Europe: les enseignements du cas du Portugal", APCE, Commission des migrations, des réfugiés et de la demographie (2004) - "Droits de la nationalité e égalité des chances" (rapporteuse), Commission sur l' égalité des chances pour les femmes et les hommes (2005) - "Discrimination des femmes et des jeunes filles dans les activités sportives" (rapporteuse), Commission sur l'égalité des chances pour les femmes et les hommes AUEO (2001) - "European defence: pooling and srengthening national and European capabilities" (reply to the annual report of the Council), Defense Committee OCDE (1984) Comunicação à Reunião sobre "Aforro privado ao serviço do desenvolvimento da empresa nas regiões de emigração - o papel das instituições financeiras", Esmirna, 3 de abril (1986) "A experiência dos países europeus de origem", comunicação à Conferência sobre "L' Avenir des migrations, Paris, 13 de maio" OUTRAS COMUNICAÇÔES (1980) "Problemas e perspetivas da emigração portuguesa", exposição ao curso de Defesa Nacional, Instituto de Defesa Nacional, 10 de março (1981) Comunicação ao 1º Conselho das Comunidades Portuguesas, Lisboa, 2 de abril (1981) "Bases e prioridades da política relativa à emigração e às comunidades portuguesas", exposição ao Curso de Defesa Nacional, Instituto de Defesa Nacional, 5 de maio (1983) Comunicação ao 2º Conselho das Comunidades Portuguesas, Porto, novembro (1984) "A política de apoio ao emigrante português na conjuntura atual", exposição ao Curso de Formação para Emigrantes, Bona, 24 de fevereiro (1984) "As Comunidades Portuguesas no estrangeiro - situação atual e perspetivas futuras", exposição ao Curso de Defesa Nacional, Instituto de Defesa Nacional, 7 de março (1985) "Emigração: os regressos invisíveis", exposição ao Curso de Defesa Nacional, Instituto de Defesa Nacional, março (1985) Comunicação ao "1º Encontro de Mulheres Portuguesas no Associativismo e no Jornalismo", organizado pela SECP, Viana do Castelo, junho (1985) "A dupla nacionalidade dos imigrantes, do ponto de vista de um país de um país de emigração". Mesa redonda sobre Dupla Nacionalidade dos Migrantes, organizada pelo Governo Sueco, Estocolmo, 6 de setembro (1986) "Linhas fundamentais das politicas de emigração", exposição ao Curso de Defesa Nacional, Instituto de Defesa Nacional, 10 de março (1986) "Emigração e Regresso", exposição ao Curso Superior de Guerra Aérea, Instituto dos Altos Estudos da Força Aérea, 13 de março (1986) "Portugal na CEE - consequências para a emigração", colóquio organizado pelo Instituto Sindical de Estudos, Formação e Cooperação (1986) Intervenção no colóquio "A 2ª geração da emigração contemporânea no cinema" - Festival Internacional da Figueira da Foz, 20 de setembro (1986) Intervenção no II Congresso das Comunidades Açorianas, Angra do Heroísmo, 26 de setembro (1987) " Emigração portuguesa, fenómeno persistente - uma visão diacrónica", exposição ao Curso de Defesa Nacional, Instituto de Defesa Nacional, 9 de março (1987) Comunicação à III Conferência dos Ministros Europeus responsáveis pelas questões de emigração, Porto, 13 de maio (1988) " L' importance des liens des Européens de l'étranger avec leurs pays d'origine" - exposição à Assembleia Geral do Congresso dos Suíços no Estrangeiro" , Baden, 28 de agosto (1993) Comunicação à V Conferência dos Ministros Europeus responsáveis pelas questões das migrações, Atenas,18 de novembro (2015). "Políticas de Género na Emigração Portuguesa", Colóquio "Expressões de Cidadania no Feminino", organização da Mulher Migrante,Associação de Estudo, Cooperação e Solidariedade, da Universidade do Minho e da Câmara de Monção (2015) "Origem e Evolução do 1.º Conselho das Comunidades Portuguesas", Colóquio "Diálogos sobre Cultura, Cidadania e Género", Sorbonne Nouvelle, Paris (2016) "Políticas de Género e Movimentos Cívicos na Emigração Portuguesa", Colóquio "Mulheres em Movimento", Universidade de Toronto, Departamento de Espanhol e Português (2017) "O Conselho das Comunidades Portuguesas : institucionalização do Diálogo com o movimento associativo" - Colóquio "Dar voz à Diáspora - perspetiva diacrónica dos mecanismos de diálogo", promovido pela Comissão das Migrações da Sociedade de Geografia e pela "Mulher Migrante, Associação de Estudo, Cooperação e Solidariedade PUBLICAÇÕES (1987) "Política de Emigração e Comunidades Portuguesas", Série Migrações, Centro de Estudos, Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas (1995) "Portugal o Pais das Migrações sem fim", Lisboa, Cabográfica. (2004 ) "No Círculo da Emigração", Lisboa, Belgráfica (2005) "Comunidades Portuguesas - os direitos e os afetos", Gaia, Rocha Artes Gráficas. (2007) "Migrações - Iniciativas para a igualdade de género", (coord.) Edição Mulher Migrante, Associação de Estudo, Cooperação e Solidariedade (2006) Brasil-Portugal: a questão da reciprocidade (2009) "Cidadãs da Diáspora" (coord), Edição Mulher Migrante Associação de estudo, Cooperação e Solidariedade. (2009) Problemas Sociais da Nova Emigração (coord) Edição da Mulher Migrante, Associação de estudo, Cooperação e Solidariedade (2011) Encontro Mundial de Mulheres Portuguesas na Diáspora, Maria Manuela Aguiar e Maria da Graça Sousa Guedes (org) (2014) Entre Portuguesas 2014, Maia Manuela Aguiar, Graça Guedes, Arcelina Santiago, (coord), Ed Mulher Migrante Associação de estudo, Cooperação e Solidariedade (2015) Entre Portuguesas 2015, Maria Manuela Aguiar, Graça Guedes, Arcelina Santiago (coord), Edição Mulher Migrante Associação de Estudo, Cooperação e Solidariedade ARTIGOS RECENTES Aguiar, Manuela (2008) "Mulheres migrantes e intervenção cívica", em Maria Rosa Simas (org.), A mulher e o trabalho nos Açores e nas comunidades, Ponta Delgada, UMAR- Açores, pp. 1247-1258 Aguiar, Manuela (2009) "Formas de exteriorização da pertença", em Maria Beatriz Rocha Trindade (org.), Migrações, Permanências e Diversidades,Lisboa, Biblioteca das Ciência Sociais, pp.263-269 Aguiar, Manuela (2009) "O Conselho das Comunidades Portuguesas e a representação de emigrantes" em Beatriz Padilha e Maria Xavier, Migrações entre Portugal e a América Latina, Revista Migrações, Lisboa, outubro, pp.257-263 Aguiar, Maria Manuela (2010) "Emigração portuguesa - olhares sobre a ausência: uma perpetiva diacrónica" em Polígonos Revista de Geografia, nº 20, Departamento de Geografia, Universidade de León, pp 91-115 Aguiar, Maria Manuela (2012) "Portuguese republican women out of the shadows" em Richard Herr and António Costa Pinto (ed.), The Portuguese Republic at one hundred, Portuguese Studies Program, University of California, Berkeley. pp.181-196 Aguiar, Manuela (2014) "A questão de nas políticas de emigração portuguesa", em Joana Miranda e Ana Paula Beja Horta (org.), Migrações e Género - espaços, poderes e identidades, Lisboa, Mundos Sociais, pp. 75-93

PAI DUAS QUADRAS DE S JOÃO

DO PAI - DUAS QUADRAS DE S JOÃO O Pai participou anos a fio nos concursos de quadras de S João do JN. Ganhou alguns prémios e menções honrosas, embora ganhar não fosse o mais importante. E nunca se esquecia de comprar o JN neste dia! . Aqui deixo uma das quadras premiadas: NA FOGUEIRA DOS TEUS OLHOS JÁ FUI LUZ. SOU CINZA MORTA MAS SE NA SOMBRA DOS MEUS/ TE SINTO MINHA, QUE IMPORTA? Outra, cuja sorte no concurso desconheço. mas de que eu gosto especialmente : ENCANTAMENTO. PERFUME. FOGO A ARDER - CINZA DORIDA... UM TREVO, ÀS VEZES, RESUME EM QUATRO FOLHAS, A VIDA

ANTEPASSADOS MATERNOS E PATERNOS

terça, 2/02, 17:43 pa .1 Francisco Ferreira Ramos Era filho de Alexandre Ferreira, da freguesia de Santa Maria de Pinguelo, e de Maria Pinto, da freguesia de São Cosme, neto paterno de Dionísio Ferreira e de Antónia Gomes, da freguesia de Santa Maria de Pinguelo, e materno de Domingos Ramos e de Maria Pinto, da freguesia de São Cosme, morava no lugar de Pinheiro de Além da freguesia de Valbom. Casou em 1793.07.11[1] na igreja paroquial de Valbom, com Catarina Alves, da aldeia da Culmieira da freguesia de Valbom, filha de Custódio Alves Martins, da freguesia de Pedroso, e de Quitéria Pinho, da freguesia de Valbom, neta paterna de António Alves e de Maria Antónia, da freguesia de Pedroso, e materna de Caetano Pereira e de Maria Luísa, da freguesia de Valbom. Foram testemunhas o Padre Doutor Pedro Pinto de Castro e Francisco de Oliveira. Celebrou o Padre João da Costa Santiago, abade. Viveram no lugar do Pinheiro de Além, da freguesia de Valbom. Filhos: 2.1 Joaquim Ferreira Ramos Nasceu em 1794.04.15[2] e foi baptizado pelo Padre Doutor António Francisco Ramalho, na igreja paroquial de Valbom, em 1794.04.16, sendo padrinhos José António Francisco e Maria Rosa …. Casou em 1818.05.20[3] na igreja paroquial de São Cosme, com Ana Pereira, filha de José Pereira e de Teresa de Almeida, neta paterna de António Pereira e de Maria Pereira, e materna de André da Silva e de Ana de Almeida, todos do lugar de Vinhal, da freguesia de São Cosme; foram testemunhas o Capitão Francisco Vieira Pinto e Manuel Ferreira, ambos do lugar de Quintã, e António, filho de Manuel Pinto, do lugar da Boca, todos da freguesia de São Cosme. Celebrou o Padre Manuel Martins. Viveram no lugar da Culmieira e no da Fonte Pedrinha, da freguesia de Valbom, e nos de Quintã e das Cavadas, da freguesia de São Cosme. Filhos: 3.1 Joana Nasceu em 1820.09.01[4] e foi baptizada pelo Padre José de Sousa Dias, na igreja paroquial de Valbom, em 1820.09.02, sendo padrinhos o Ilustríssimo António de Meireles Guedes e Dona Joana Flávia da Cunha Guedes e Vasconcelos,[5] da cidade do Porto, por procuração ao avô paterno, Francisco Ferreira Ramos, e a Francisco Alves. 3.2 António Nasceu em 1822.07.03[6] e foi baptizada pelo Padre José de Sousa Dias, na igreja paroquial de Valbom, em 1822.07.06, sendo padrinhos António de Meirelles Guedes de Carvalho e sua mãe, Dona Joana Flávia da Cunha Guedes e Vasconcelos,[7] com procuração aos avós materno, José Pereira, e paterno, Francisco Ferreira Ramos respectivamente. 3.3 Rosa Nasceu em 1824.07.11[8] e foi baptizada pelo Padre Jerónimo Gonçalves Valbom, na igreja paroquial de Valbom, em 1824.07.18, sendo padrinhos Manuel Martins e Catarina Martins, do lugar de Quintã da freguesia de São Cosme. 3.4 Joana Nasceu em 1826.12.11[9] e foi baptizada pelo Padre Jerónimo Gonçalves Valbom, na igreja paroquial de Valbom, em 1826.12.16, sendo padrinhos José de Meireles Guedes de Carvalho, e sua mãe, Dona Joana Flávia da Cunha Guedes e Vasconcelos,[10] residentes em São Cosme, com procuração a António Coelho e a António José, respectivamente. 3.5 Manuel Guedes Ferreira Ramos Nasceu em 1829.02.20[11] e foi baptizado pelo Padre Jerónimo Gonçalves Valbom, abade da igreja paroquial de Valbom, em 1829.02.24, sendo padrinhos Manuel Pinto da Silva … e D. Inácia de … da Silva Pinto, da cidade do Porto, com cujas procurações … baptizado, António Magalhães e António João, da cidade do Porto. Casou em 1849.11.18[12] na igreja paroquial de Valbom, com Maria Pereira, filha de Agostinho Pereira de França e de Maria de Sousa, do lugar de Quintã, neta paterna de Pedro Pereira de França e de Maria Fernandes de Jesus, do lugar de Pevidal, e materno de Manuel Alves Pinto e de Catarina de Sousa, todos do lugar de Quintã da freguesia de São Cosme. Celebrou o Padre Joaquim Martins de Castro, coadjutor. Viveram no lugar de Quintã da freguesia de São Cosme. Filhos: 4.1 António Nasceu em 1850.10.09[13] e foi baptizado pelo Padre Manuel Pinto Tavares, na igreja paroquial de São Cosme, em 1850.10.16, sendo padrinhos António José Mendes Guimarães e Rosa Maria Mendes da Conceição, da cidade do Porto; foram testemunhas o avô paterno, Joaquim Ferreira Ramos, e o pai do baptizado, Manuel ferreira Ramos. 4.2 Joaquim Nasceu em 1852.09.03[14] e foi baptizado pelo Padre Joaquim Martins de Castro, coadjutor da igreja paroquial de São Cosme, em 1852.09.04, sendo padrinhos o avô paterno, Joaquim Ferreira Ramos, e Mariana dos Santos, do lugar de Quintã da freguesia de São Cosme; foram testemunhas o avô paterno e António da Silva, do lugar da Pedreira da freguesia de São Cosme. 4.3 João Nasceu em 1854.11.09[15] e foi baptizado pelo Padre Damião Martins, na igreja paroquial de São Cosme, em 1854.11.14, sendo padrinhos João Rodrigues Pereira e a avó materna, Maria de Sousa e Silva; foram testemunhas e o padrinho e o pai do baptizado, Manuel Ferreira Ramos. 4.4 Amélia Nasceu em 1857.02.11[16] e foi baptizada pelo Padre José Martins de Oliveira, coadjutor da igreja paroquial de São Cosme, em 1857.02.15, sendo padrinhos Manuel José Gonçalves Basto e sua mulher, Maria Pereira, da cidade do Porto; foram testemunhas o padrinho e o pai da baptizada, Manuel Ferreira Ramos. ? ? ? ? 3.6 Maria Nasceu em 1831.02.20[17] e foi baptizada pelo Padre Jerónimo Gonçalves Valbom, na igreja paroquial de Valbom, em 1831.02.23, sendo padrinhos José Pereira de Castro e Maria Pereira, do lugar da Culmieira da freguesia de Valbom.[18] 3.7 José Nasceu em 1833.06.17[19] e foi baptizada pelo Padre Manuel Martins, na igreja paroquial de São Cosme, em 1833.06.19, sendo padrinhos José Fernandes da Cunha e sua mulher, Ana dos Santos; foram testemunhas o padrinho e o pai da baptizado, Joaquim Ferreira Ramos. 3.8 Carolina Nasceu em 1837.12.31[20] e foi baptizada pelo Padre José Martins de Oliveira, na igreja paroquial de São Cosme, em 1833.06.19, sendo padrinhos António dos Santos Pereira, do lugar de Ementão, e Ana, solteira, filha de Maria Martins, do lugar de Quintã, todos da freguesia de São Cosme; foram testemunhas p padrinho e o pai da baptizada. 3.9 Pompeu Nasceu em 1839.06.08[21] e foi baptizada pelo Padre José Martins de Oliveira, na igreja paroquial de São Cosme, em 839.06.10, sendo padrinhos o “Ilustríssimo Senhor” Pompeu de Meireles Guedes Garrido e a “Exma. Senhora” Dona Carolina Augusta de Meireles, por procuração a António José da Cruz e ao “Ilustríssimo Senhor” Joaquim Correia de Magalhães Neiva, respectivamente 3.10 Joaquina Nasceu em 1841.10.25[22] e foi baptizada pelo Padre Joaquim Martins de Castro, na igreja paroquial de São Cosme, em 1841.10.28, sendo padrinhos António Cardoso e sua mulher, Maria Coelho, do lugar de Aguiar da freguesia de São Cosme; foram testemunhas Joaquim Martins de Castro e Joaquim Ferreira Ramos. 3.11 Carolina Nasceu em 1844.02.20[23] e foi baptizada pelo Padre Joaquim Martins de Castro, na igreja paroquial de São Cosme, em 1844.02.22, sendo padrinhos Manuel e Joana, irmão da baptizada. Casou em 1870.05.02[24] na igreja paroquial de São Cosme, com Joaquim Mendes Barbosa, escrivão da Administração do concelho de Gondomar e residente em São Cosme, filho de António Mendes, da freguesia de Madalena, e de Joaquina Rosa da freguesia de Bitarães, ambos do concelho de Paredes; foram testemunhas o Padre Manuel Pereira Barbosa Malheiros, coadjutor da igreja de São Cosme e morador no lugar de Pevidal, e Jerónimo Moreira dos Santos, lavrador caseiro, morador no lugar da Igreja, todos da freguesia de São Cosme. Filhos: 4.1 4.2 4.3 4.4 4.5 4.6 4.7 4.8 Maria da Conceição Barbosa Ramos Nasceu em 1888.08.06[25] e foi baptizada pelo Padre José Martins de Oliveira, na igreja paroquial de São Cosme, em 1888.08.12, sendo padrinhos Américo Mendes Barbosa, solteiro, estudante, e Rozaura Mendes Barbosa, ambos irmãos da baptizada- 2.2 Maria Nasceu em 1795.07.06[26] e foi baptizada pelo Padre Doutor António Francisco Ramalho, na igreja paroquial de Valbom, em 1795.07.08, sendo padrinhos José de Castro, da freguesia de São Cosme, e Maria Rosa, da freguesia ----------------------------------------------------------- A TIA LENA NA CASA DA LÉ A las cinco in punto de la tarde ... chegou a Tia Lena a casa de Lélé, para tomar um cházinho. Ontem, sábado, dia 17, o dia dos anos do Mário, de quem nos lembramos muito. A Joaninha foi busca-la, ao outro centro da cidade. Convidadas foram sobrinhas de várias gerações. A Tia queria, em especial, estar com as criancinhas! Umas gostariam de ter ido, de fora de Gondomar, mas não tiveram transporte. Felizmente, a Manela meteu-se ao volante, e lá esteve com as suas meninas. E, assim, a Maria Isabel foi apresentada à Tia, com as suas poucas semanas de vida, e a saltitante mana Beatriz ao lado. Uma tarde muito animada, naturalmente. Um chá acompanhado de doces deliciosos, uns feitos pela Tia Lena, outros pela Lélé. Não se esqueceram de tirar fotografias - como é costume na família - para agora, todos nós, podermos partilhar esses momentos felizes Publicada por Docas em 15:53 2 comentários: Lé disse... Pois, pois, como sempre uma tarde bem passada na companhia da tia Lena! Teve de nos dar a receita da sua espantosa bôla! Já agora aproveito para reforçar o meu pedido de partilhar, com os seus sobrinhos netos, as suas deliciosas receitas. Obrigada tia Lena pela sua doce companhia, Bjinhos da Lélé domingo, 25 outubro, 2009 Maria Manuela Aguiar disse... Estava a olhar estas fotos, da Tia Rozaura, depois da Tia Lena e reparei que têm, mais ou menos, a mesma idade: 84, 85 anos!... sexta-feira, 13 novembro, 2009 O Pai com 23 anos A foto andava perdida, foi encontrada há muito pouco tempo Publicada por Maria Manuela Aguiar à(s) 16:43 Publicada por Maria Manuela Aguiar à(s) 16:10 Ancestors of Maria Manuela Aguiar Dias Moreira (11 generations) Exported from Geni.com on 13 Feb 2019 at 11:16 AM 1. 1. Maria Manuela AGUIAR DIAS MOREIRA b. 9 June 1942, Vila Maria, Rua 25 de Abril, nº223, São Cosme, Gondomar, Porto, Portugal 2. João Fernandes DIAS MOREIRA c Maria Antónia B AGUIAR b. 6 June 1918, Outeiro, Avintes, Vila Nova de Gaia, Porto, Portugal; d. 7 April 1996, Espinho, Espinho, Aveiro, Portugal 3. António Carlos Pereira de AGUIAR b. 20 February 1880, São Cosme, Gondomar, Porto, Portugal; d. 10 July 1926, São Cosme, Gondomar, Porto, PortugaL c . Maria da Conceição Barbosa Ramos Aguiar b. 6 August 1888, Boca, São Cosme, Gondomar, Porto, Portugal; d. 28 March 1979, São Cosme, Gondomar, Porto, Portugal 3 - Manuel DIAS MOREIRA c Olívia Fernandes CAPELLA b. 8 October 1890, Paço, Avintes, Vila Nova de Gaia, Porto, Portugal; d. 22 November 1971, Mafamude, Vila Nova de Gaia, Porto, Portugal b. 5 November 1899, Foz do Sousa, Gondomar, Porto, Portugal; d. 13 February 1980, Sé, Porto, Porto, Portugal 4. João DIAS MOREIRA c Quitéria FRANCISCA PINTO 5. Manuel DIAS MOREIRA c. Maria PINTO (5. António Pinto Soares 5. Maria Francisca Pinto Soares) 4. João Fernandes CAPELLA b. 17 April 1877, Jancido, Foz do Sousa, Gondomar, Porto, Portugal; d. 11 March 1952, Avintes, Vila Nova de Gaia, Porto, Portugal c Joaquina Gonçalves da Rocha b. 26 March 1879, Jancido, Foz do Sousa, Gondomar, Porto, Portugal; d. 30 April 1965, Avintes, Vila Nova de Gaia, Porto, Portugal 5. Manuel Fernandes CAPELLA b. circa 1848, Foz do Sousa, Gondomar, Porto, Portugal c Maria de Jesus de CASTRO MELLO b 9 october 1846, jancido foz do <<<<<<<<<<<<<<<< 6. João Fernandes CAPELLA b. Jancido, Foz do Sousa, Gondomar, Porto, Portugal; d. 20 July 1880, Jancido, Foz do Sousa, Gondomar, Porto, Portugal 7. António Fernandes CAPELLA 7. Rita de SOUSA 6. Vitorina Fernandes da Rocha b. Zebreiros, Foz do Sousa, Gondomar, Porto, Portugal 7. Manoel Fernandes da ROCHA 7. Quitéria Rosa NUNES ( 6. José de Oliveira b. Foz do Sousa, Gondomar, Porto, Portugal ) (7. Joaquim de Oliveira) 8. Manoel Joaquim dos Santos de OLIVEIRA c? Helena dos SANTOS (7. Maria Joaquina de Oliveira b. Jancido, Foz do Sousa, Gondomar, Porto, Portugal= (8. Manoel de Oliveira) 9. Manoel de Oliveira 9. Maria de SOUSA (8. Custódia Alves) 9. Manoel Martins de ALMEIDA 9. Maria Alves 6. Joaquina de CASTRO MELLO b. 10 August 1819, Jancido, Foz do Sousa, Gondomar, Porto, Portugal (7. Manuel de Sousa Cunha 8. Manoel da Silva Cunha ) 9. José da SILVA 9. Clara dos SANTOS (8. Ana de Sousa 9. Manoel de Oliveira ) (9. Custódia de Sousa ) (7. Marianna de Castro Mello b. 25 January 1796, Jancido, Foz do Sousa, Gondomar, Porto, Portugal; d. 15 August 1882, Jancido, Foz do Sousa, Gondomar, Porto, Portugal) ) 8. Manoel de Castro ) 9. António de CASTRIO 9. Maria de Castro 8. Maria de Sousa Mello 9. António de Sousa Mello 10. José de SOUSA b. Arnelas, Olival, Vila Nova de Gaia, Porto, Portugal 10. Maria dos SANTOS b. Atães, Jovim, Gondomar, Porto, Portugal (9. Maria João de Sousa Mello ) 10. Manoel João b. Jancido, Foz do Sousa, Gondomar, Porto, Portugal 10. Ana dos Santos b. Jancido, Foz do Sousa, Gondomar, Porto, Portugal (4. Joaquina Gonçalves da Rocha b. 26 March 1879, Jancido, Foz do Sousa, Gondomar, Porto, Portugal; d. 30 April 1965, Avintes, Vila Nova de Gaia, Porto, Portugal )5. José Ramos de Sousa b. circa 1847, Foz do Sousa, Gondomar, Porto, Portugal 6. Manuel Ramos de Sousa b. Foz do Sousa, Gondomar, Porto, Portugal 6. Ana de Sousa b. Foz do Sousa, Gondomar, Porto, Portugal 5. Miquelina Gonçalves da ROCHA b. 27 October 1852, Formiga, Medas, Gondomar, Porto, Portugal; d. 23 December 1933 6. Francisco José Dias, Júnior b. Formiga, Medas, Gondomar, Porto, Portugal 7. Francisco José Dias 7. Maria Luís (6. Margarida Gonçalves da Rocha b. Lomba, Gondomar, Porto, Portugal 7. Manoel da Roch) (7. Maria de Sousa 3. António Carlos Pereira de AGUIAR b. 20 February 1880, São Cosme, Gondomar, Porto, Portugal; d. 10 July 1926, São Cosme, Gondomar, Porto, Portugal 4. Manuel Pereira d'AGUIAR b. Lagoa, Valbom, Gondomar, Porto, Portugal c Rosa Pereira d AGUIAR 5. Miguel Pereira d'AGUIAR c Maria de SOUSA 6. João Pereira d'AGUIAR c? Maria PINTA (5. Maria de Sousa) (6. António MOREIRA 6. Thereza de SOUSA (4. Rosa Pereira de Aguiar, s Cosme) (5. José Pinto) (6. Custódio José Pinto 6. Maria da Silva) ( 5. Anna Maria Pereira) (6. Pedro Pereira 6. Maria Fernandes) 4. Joaquim Mendes BARBOSA b. 1 July 1839, Vilela, Madalena, Paredes, Porto, Portugal c . Carolina Barbosa Ramos b. São Cosme, Gondomar, Porto, Portugal 5. António MENDES Joaquina Rosa Barbosa 6. José MENDES 6. Maria Rosa 5. 6. António José Barbosa 6. Maria Bernard

terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

MEMÓRIAS DE SÁ CARNEIRO IN DEFESA DE ESPINHO dez 2020

1 - Há precisamente 30 anos que não escrevo uma linha sobre Sá Carneiro, apesar de o ter bem presente na minha memória, o que é igual a dizer, na minha vida. Não me revejo em quase nada do que se escreve sobre ele e não tenho influência bastante para os induzir a ir além dos "lugares comuns " em forma de adjetivos ("frontal, corajoso, determinado", quando não "teimoso" ou "irascível...), ou contrariar a incorreta caraterização ideológica, e as invocações partidárias de uma grande ignorância ou hipocrisia (nesta categoria incluo todas as que definem o PSD como um "partido de direita", aceitam como natural a sua integração no PPE, para onde Marcelo Rebelo de Sousa o levou no início deste século, ou admitem coligações com políticos assumidamente racistas e xenófobos). Nos anos 80 e 90, participei em muitas sessões e colóquios sobre o pensamento e a ação de Sá Carneiro, mas nunca fiz menção à experiência de trato com este Homem singular - que foi. aliás, breve e ocorrida em circunstâncias incomuns, na qualidade de Secretária de Estado (pela sua mão, a primeira mulher do PSD num governo da República). Hoje, abro aqui uma exceção para contar como o vi, muito subjetivamente, ao longo desse ano de 1980. No dia 3 de janeiro, estava eu no Serviço de Provedor de Justiça, quando a telefonista me passou uma chamada, anunciando: "É o Primeiro Ministro"...e logo, do outro lado, a voz que conhecia dos "media", rápida e apressada, me cumprimentou e me pediu que fosse ao seu gabinete, de tarde, às 5.00. Fiquei um pouco enervada e apreensiva, antes de mais, porque ele me pareceu preciso, seco e distante. Como sua incondicional admiradora desde os dias da "ala liberal" e dos "Vistos" do Expresso, receava não gostar do meu herói mítico, enquanto homem real.... Poderia a velha devoção resistir a uma novíssima antipatia pessoal?.. 2 - Fiz questão de chegar às cinco em ponto, embora estivesse convencida de que teria de esperar largos minutos. Não... mal cheguei, conduziram-me ao gabinete e à porta, com um imenso sorriso, que começava nos luminosos olhos azuis, estava o Dr Sá Carneiro. Cumprimentei-o, cerimoniosamente, com o protocolar "Senhor Primeiro Ministro" e a primeira coisa que me disse, enquanto nos sentávamos, foi: "Por favor, não me chame Primeiro Ministro". Resposta minha, incontida: "Senhor Primeiro Ministro, desculpe-me, mas eu esperei tempo demais para o poder chamar assim e, agora, esta forma de tratamento dá-me imenso gozo!". Ele continuava sorridente, dando a impressão de estar bem informado sobre o meu pouco secreto e entusiástico "Sá Carneirismo" Com tudo isto, ficou criado um clima de boa disposição e inesperada proximidade. Sendo uma figura carismática, não deixava ninguém indiferente - ou inibia ou desinibia o interlocutor e eu via-me nesta segunda alternativa. Recordo todos os detalhes da conversa, que aqui tenho necessariamente de sumariar. Antes do mais, perguntou-me, pragmaticamente, se falava francês e inglês , e depois, foi direto ao assunto: " O que pensa de ser Secretária de Estado da Emigração?".Reagi, alarmada:"Nem pensar! Não posso ir para o Ministério dos Negócios Estrangeiros, ando sempre mal vestida e mal penteada. E é um cargo difícil demais para mim".O Dr. Sá Carneiro contra argumentava: "Como pode dizer isso, se já foi Secretária de Estado do Trabalho?". A presença de uma mulher naquela pasta, no ano anterior, em tempo de agitação e greves tinha causado um certo espanto e igual efeito provocou a minha afirmação seguinte: "Não, Senhor Primeiro Ministro, isso foi fácil". E expliquei, detalhadamente porquê - a tecnicidade das matérias num setor que me era familiar, diálogos e decisões tomados em comités e gabinetes.... A certa altura, disse-me que ia chamar o MNE Freitas do Amaral para participar na conversa. E ele veio, e não sei o que terá pensado do heterodoxo perfil da jovem que lhe era proposta para a Emigração, mas entrou naquele alegre andamento do diálogo, com o seu contributo de bom-humor. Ambos insistiram numa resposta positiva e urgente (tive 24 horas para decidir...), Despedi-me a exclamar: "Senhor Primeiro Ministro, eu, por si, faço tudo- vou de escadote colar o seu retrato nas paredes, vou, de balde e pá, pintar AD nas ruas... tudo, menos ser Secretária de Estado da Emigração!". Contudo, acabei por dar o meu "sim" dentro do prazo, não sem reafirmar que, a meu ver, me ia sair mal da ordália, levando o Dr Sá Carneiro a assegurar, no tom jocoso a que já estava habituada: "Não se preocupe, eu assumo total responsabilidade pela escolha". Certo é que intuiu que eu não estava apenas a fazer graça quando sublinhava a falta de engodo pelos palcos da política, a timidez e relutância em discursar para multidões e em aparecer na TV... E, por isso, durante o período de "tirocínio", tive o privilégio de ser apoiada e incentivada por frequentes telefonemas seus...Usava sempre uma linha direta, mas, às vezes, trocava o número e ligava às minhas secretárias, facto nunca antes visto, pois as personalidade muito importantes não prescindem da mediação do secretariado, a fim de assegurar a presença do interlocutor, à espera, do lado de lá da linha... Na primeira chamada, quis prevenir-me de que os emigrantes recrutados para a Suíça, através da Secretaria de Estado e das entidades patronais daquele país, não eram previamente informados sobre o conteúdo dos contratos, o local e a empresa de destino. Tinha sabido isso por uma antiga empregada, que acabava de partir, mas não me indicou o seu nome - não estava preocupado com ela (uma mulher desembaraçada...), mas sim com todos os portugueses, achando que um tal tratamento atingia a sua dignidade. Agradeci a inesperada notícia, garantindo que ia atuar, de imediato. Meu dito, meu feito, pois, por acaso, tinha à minha frente, a despacho corrente, o Diretor-Geral da Emigração. Pelo teor das minhas respostas, conseguira aperceber-se da questão suscitada e, mal desliguei, indagou, solícito: "Como se chama a empregada do Senhor Primeiro-Ministro?". "Não faço ideia! - disse... "o Primeiro Ministro está preocupado com o tratamento dado a todos os portugueses, não especialmente com a empregada". Interpelado sobre os procedimentos em vigor, justificou-os com uma prática de muitos anos: "É assim que querem os suíços!". Ao que eu respondi, terminantemente: "Mas não é assim que quer o Governo português!. A partir de hoje, daqui as pessoas só emigram com o contrato de trabalho na mão!". Espantado, o alto funcionário foi dali negociar com os suíços, e, curiosamente, obteve pronta concordância para a mudança... Afinal, nem era complicado - só exigia a consciência do problema e firmeza para o resolver. Ao fim de algumas semanas, à medida que eu ia mostrando segurança no exercício concreto das novas funções, os telefonemas da rua Gomes Teixeira, foram, naturalmente, rareando.... 3 - O perfil do cargo levava-me a constantes viagens ao estrangeiro e o convívio pessoal com o Dr. Sá Carneiro foi, por isso, bem mais limitado do que o de outros membros do Executivo, mas a sintonia com ele e, também, com o Doutor Freitas do Amaral era perfeita. Em todos os encontros havidos, só me lembro de ver um Sá Carneiro fulgurante, com o seu olhar magnético e sorridente. A última vez foi a 2 de dezembro num salão de hotel, com centenas de participantes da campanha de Soares Carneiro. O avião que trazia dos Açores os outros oradores, o General e o Doutor Mota Pinto (seu mandatário), chegou com bastante atraso e o Dr Sá Carneiro preencheu mais de uma hora de espera, contando episódios insólitos e divertidos do seu quotidiano, em tempo de luta e afrontamentos. Finda a sessão, todos o queriam cumprimentar. Eu estava de pé, encostada a uma parede, à conversa com José Gama, deputado do CDS, e propus-lhe: "Vamos poupar o Dr Sá Carneiro a mais cumprimentos - deve estar cansadíssimo!". Mas, no meio de tanta gente, não sei como, viu-nos e abriu caminho, em linha reta, para vir, ele, cumprimentar-nos! Essa imagem ficaria, indelével, na memória, a última tão forte como a primeira... 1980 fora, até ao dia 4 de dezembro, o ano mais feliz da minha vida, num governo, como não existiu outro em Portugal, porque tudo era claro, tudo fazia sentido - fins, meios e prioridades. Nunca tive de perguntar o que devia fazer, ou como... Havia muita pressa e muito rigor, Eu conhecia bem o Político, porque acompanhara o seu percurso, desde que o momento em que surgiu na vida pública. Nesses onze meses vertiginosos, foi grato reconhecer que o Homem era igual - igual nas duas vestes!. A mais esquerdista das minhas secretárias, (da área da UEDS), logo depois das eleições de outubro, confidenciou-me que tinha votado AD, impressionada com a simplicidade e simpatia de Sá Carneiro e com o estonteante ritmo de trabalho do seu governo. Em poucas palavras, uma bela síntese desse projeto/aventura política em que seguíamos um Líder e um Amigo

MULHERES MIGRANTES PORTUGUESAS (RJ 2006) PREFÁCIO

omum e tem parte igual de esforço, de coragem, de mérito no curso dos acontecimentos e nas transformações operadas, são a metade da narrativa ausente - esquecida, silenciada... E, por isso, para repor toda a verdade dos factos é preciso dar-lhes a palavra para que falem de si próprias, da sua visão da sociedade em que se integram, do projeto que as levou ao estrangeiro, das mudanças extraordinárias que a transição para um novo meio provocou nas suas vidas. O depoimento de tantas dezenas de emigrantes transforma esta publicação num instrumento de combate ao silenciamento ou à subavaliação do papel das mulheres e constituiu um contributo original e eficiente para aprofundar o conhecimento das nossas comunidades do Brasil e, em especial do Rio de Janeiro. O Rio, a mística terra da promissão para sucessivas gerações de portugueses, que atravessaram o Atlântico, rumo ao sudoeste e que ficaram paa sempre ligados à construção da maior das nações lusófonas, "sob outro céu e outras estrelas". Não vamos negar a importância de elaborar a história destas migrações, de fora, do lugar do observador que estuda o fenómeno com o rigor, o distanciamento,a disciplina metodológica que a ciência , para a compreensão, num quadro global, dos factores de ordem tão diversa (social, cultural, económica), que estão na origen de constantes movimentações humanas, ao longo dos séculos e no espaço largo do mundo inteiro, assim como do seu impacto no desenvolvimento do nosso país e no daqueles para onde se dirigiram. É um enfoque no coletivo, em que cabem a regra e a exceção - tanto trabalho recompensado, mas também tantas desilusões... Muitos são os homens e mulheresque se reconhecem nos traços desse imenso fresco, nos contornos que a mole humana aí vai assumindo - na descrição, nos registos, números e tendências gerais, a que subjazem os seus sonhos e realizações. Porém, só quando individualizamos alguns rostos e escutamos algumas vozes que detalham experiências muito pessoais podemos recuperar ou desvendar a dimensão vivencial dos planos e expetativas, da solidão e dos afetos, das oportunidades, e das realizações, e, com tudo isso, vislumbrar a infinita riqueza das singularidades de que se tece a tipificação, a fria estatística, a imagem ou o estereótipo de grupos ou categorias de expatriados De algum modo, é como se fossemos à procura das lágrimas de Portugal". dissolvidas no "mar salgado" do "mar sem fim" dos poemas Pessoanos. Lágrimas, sentimentos de mágoa, de saudade... Nesta obra coletiva se consegue, assim, na primeira pessoa e no feminino, uma significativa revelação da história vivida pela nossa gente, num dado tempo e lugar. Ficamos à espera de mais, em outras comunidades, países, continentes. Qual de nós não gostaria de receber resposta a perguntas que já não pode fazer a antepassados que pertencem a uma época finda? O testemunho destas protagonistas da nossa emigração contemporânea é aqui oferecido, não só aos seus amigos de agor, mas, também, a gerações futuras para que se revejam e se orgulhem das suas avós - tal como eu própria relembro minha avó materna, de quem tive a felicidade de ouvir, de viva voz, inesquecíveis contos do Rio de Janeiro dos inícios do século passado. Acredito que pelas confidências e mensagens nele sentidamente expressas, este livro será para guardar na casa da família, para passar de pais para filhos e netos. como testemunho de uma herança cultural, que é muito sua, embora pertença, em simultâneo, ao Brasil e a Portuga

AVÓS, RAÍZES E NÓS (2020) - A AVÓ MARIA

A AVÓ MARIA In "AVÓS, RAÍZES E NÓS" . A Avó Maria Aguiar era figura pública proeminente em Gondomar, vila antiga, na fronteira sudeste do Porto. Os seus sete filhos, incluindo minha mãe, e todos os netos eram referidos, falados e considerados em função dela, para sempre umbilicalmente ligados à aura e ao nome da matriarca, quase sem luz própria, por mais brilhantes que fossem. Nasci na sua casa, cercada de jardins murados, com um mirante florido na frente de rua e pomares e vinhedos a perder de vista, por detrás da mansão grande de "brasileiro", de cor rosada e venezianas verde-escuro. A Vila Maria. Aí, com ela e meus Pais, fui tão feliz quanto se pode desejar, nos primeiros anos de vida. Com ela, aprendi a gostar de histórias, (e mais de narrativas engraçadas sobre si e a família do que de contos infantis), a declamar poemas de Guerra Junqueiro, exercitando a memória em alguns dos que parecem intermináveis ("O melro, eu conheci-o, era preto, brilhante e luzidio... ), a bordar pequenos quadrados de linho a ponto de cruz, com o mínimo possível de habilidade inata. E a comportar-me surpreendentemente bem, tanto em procissões e novenas de Igreja, como nos lanches das confeitarias portuenses, a Villares ou a Ateneia, onde lhe fazia boa companhia. Criança rebelde, com reputação de indomável, várias vezes, emboscada atrás de um móvel, ou de uma porta, ouvi a Avó levantar a voz para me defender, dizendo: "Ninguém compreende esta menina! É preciso explicar-lhe a razão das coisas. Se ela perceber, aceita tudo muito bem". Na verdade, eu gostava de satisfazer expetativas, era sempre muito capaz de corresponder, na ação imediata, ao pior ou melhor que esperavam de mim... A esta persuasiva pedagoga e querida Avó devo algumas das mais extraordinárias alegrias da infância, entre as quais se contam: a compra de uma carteirinha de verniz vermelho, usada a tiracolo, (a contragosto dos pais, naturalmente...), a oferta de um grande boneco pretinho, por muito tempo mirado e namorado na montra do bazar de Sá da Bandeira, e o traje de anjo amarelo, de grandes asas brancas, com que desfilei pelas ruas de São Cosme, em procissão, depois de vencida, uma vez mais, pela avó a relutância de mãe e pai em satisfazer tão ardente e desvalorizada ambição infantil. Todavia, à Avó devo, igualmente, a remota origem do meu feminismo - o que não era, de todo, resultado que ela desejasse. De uma família de mulheres fortes, as mais heterodoxas das quais pareciam saídas de romances de Agustina, herdeira da sua fibra, era, porém, ela própria, um assumido expoente de conservadorismo e da prática das virtudes consideradas femininas, primeiro durante um casamento de dezasseis felizes anos, e, depois, ao longo de uma sofrida viuvez de mais de meio século. A sua influência na "res publica", crescera circunscrita ao pequeno círculo bem frequentado e bem visto das obras paroquiais, onde debutou, e extravasou, numa dinâmica natural, para o da comunidade, como um todo, do campo da assistência e do atendimento de casos sociais, ao da cultura, organizando peregrinações, a par de récitas e concertos beneficentes, cujos ensaios, muitas vezes, decorriam na sua sala do piano (piano que era emprestado para os espetáculos, fazendo, entre a Vila Maria e o Cine Teatro Nun' Álvares, uma curta e improvável viagem em carros de bois, necessariamente seguida de intervenção de um afinador). Outras vezes, as arcadas e a espaçosa adega do piso térreo transformavam-se em estaleiros de produção de carros alegóricos, enfeitados de flores de papel, confecionadas, aos milhares, por ruidosos bandos de meninas, a que as netas tinham licença de se juntar. Para tudo havia regras, naquele mundo que se movia, sob o impulso de Maria Aguiar, a intransigente defensora do recato e das "boas maneiras" feminis, ao serviço das quais, tantas vezes, brandamente, me repreendia: "as meninas não fazem isso!". Isso sendo o que era permitido aos primos da minha idade, como subir às árvores do jardim, ou até aos telhados, saltar de carros eléctricos em andamento, jogar à bola com os garotos da rua... Enfeitar altares ou colar florzinhas de papel colorido em painéis, ao som de canções populares, sim, eram tarefas de meninas... O plural "as meninas" intrigava-me... A argumentação da Avó, neste capítulo, não me soava convincentemente, não respondia aos meus "porquês"... Achei por bem provar, a mim mesma e aos outros, pela "praxis", que "as meninas" podiam tornar-se, com o continuado exercitar, tão aptas como os rapazes a cumprir objetivos nos muitos domínios interditos. E assim me converti, a partir dos seis ou sete anos, ainda que sem consciência clara da existência das questões de género, em feminista praticante... Por sinal, os homens da família, o pai e o avô paterno, o inesquecível Avô Manuel, cedo me iniciaram na paixão pelo cinema, pelo teatro e pelo futebol, não mostrando partilhar as preocupações da avós, ambas a Avó Maria e a Avó Olívia, em completa sintonia nas suas teses sobre a construção cultural do feminino... . Numa altura em que tanto já ressentia, em causa própria, as discriminações de sexo, não me ocorreu, nunca, indagar o porquê da posição singular que a Avó Maria ocupava na sociedade local, a tal ponto a via como decorrente de uma autoridade natural, de um estatuto seu, inquestionável. Só muito mais tarde me apercebi de que o ganhara num trabalho incansável, e interminável, que, mais do que vocação, fora destino, fatalidade de se ver mulher só, ter de encontrar os modos de se realizar numa outra vida. Ela e a “sua circunstância”… ................... Maria da Conceição Barboza Ramos era a mais nova de oito filhos de Carolina Ferreira Ramos, (de uma família enraizada, há séculos, em Gondomar) e de Joaquim Mendes Barboza, o tabelião, que viera do norte (Bitarães, Paredes), para nunca mais deixar a terra de adoção. Em tudo fora menina do seu tempo e condição social. Depois da escola primária, recebeu, em casa, os ensinamentos dos pais e professores, à espera de encontrar noivo. Das três raparigas, só uma, Glória, se formou na Escola do Magistério, no Porto, e nunca exerceu. A tuberculose levou-as aos 21 anos. O curso, pela raridade, bastou para que fosse uma das poucas mulheres biografadas na monografia “O Concelho de Gondomar”, ao lado do pai, irmãos e vários parentes masculinos, com largo “curriculum” de intervenção cívica e política. A Maria, jovem inteligente, prendada, e lindíssima, não faltaram pretendentes. A sua escolha recaiu num conterrâneo emigrado no Brasil. António Carlos Pereira de Aguiar, nas suas próprias palavras, pessoa “muito ilustrada”, homem bonito, com enormes e expressivos olhos verdes, como nunca vira outros. O Avô António partira para o Rio de Janeiro em 1996, com 16 anos, levado por um dos seus quinze irmãos, João, bastante mais velho, quase com idade para ser seu pai, e, por essa altura, já um próspero joalheiro. O jovem António Carlos, revelando-se exemplar discípulo do melhor mestre, numa época áurea de desenvolvimento do país, como foi, para o Brasil, o início de novecentos, fez fortuna rápida e honesta, e era, então, o dono de uma joalharia da moda, na rua do Ouvidor. Sendo a Avó Maria uma incondicional entusiasta de viagens e excursões, de muita movimentação e convívio social, até aos seus últimos dias dos seus mais de noventa anos, é possível que a perspetiva de viver, por uns anos, no mundo novo brasileiro, com frequentes visitas à sua terra, a bordo de esplêndidos paquetes, tenha sido fator de peso na aceitação daquele pedido de namoro, logo depois convertido em pedido de casamento. Da parte do Avô Aguiar, fora o "coup de foudre", "amor à primeira vista" e até que a morte os separou... No mais clássico modelo de papéis conjugais, com rígida divisão de tarefas, uma união perfeita! Dos oito filhos, só três nasceram no Rio. Maria preferia ter os meninos em São Cosme, no conforto da casa materna... Vinha o marido, de bom grado, trazê-la e buscá-la e, durante o tempo de separação, escrevia-lhe extensas cartas de amor, em tudo idênticas às dos tempos idos de noivado...O noivado durou dois anos e está documentado por uma preciosa sucessão de postais ilustrados, com breves mensagens, que diríamos uma espécie de “tweets” do início do século passado, que serviam para troca de saudações amorosas e anúncio do próximo envio de longas cartas, infelizmente, quase todas desaparecidas. A Gondomar regressaram em 1920, e viveram, por breves anos, na terra e na casa dos seus sonhos. A morte súbita do Avô António, aos 46 anos, deixou a viúva num estado de depressão profunda, que ameaçava eternizar-se. A senhora elegante e mundana das salas de festas transformou-se em vulto negro e austero (não menos elegante) dos salões paroquiais... Os retratos contam, sem necessidade de palavras, a tragédia da sua vida, pela forma e colorido dos chapéus, das abas imensas das capelines floridas da senhora casada aos pequenos chapéus de viúva, rentes à testa, enfeitados por uma simples "aigrette" (a que chamávamos, na sua ausência, "os quicos da Avó"). O momento da grande mutação foi o da perda do papel de esposa perfeita, em que teve de se assumir como mãe e o pai de sete crianças (difíceis e desafiantes...), com idades entre os dois meses e os catorze anos. Do torpor de muitos, muitos meses saiu, buscando orientação na fé, nas crenças e práticas religiosas, fonte inesgotável de novas energias, e razão de viver, intensamente, para a família e para os outros. Fora a mulher do empresário António Aguiar, que o seu caráter extrovertido e generoso, tornara tão estimado e popular no Rio de Janeiro, como em Gondomar. Enquanto a sua memória permanecia entre os daquela geração, foi a sua respeitabilissima viúva. E, por fim, ela própria, Maria Aguiar, líder no feminino, universalmente querida e admirada. Protetora dos pobres, confidente e conselheira nas horas difíceis. Do seu apostolado de leiga, da organização de peditórios, peregrinações, festividades religiosas, passara aos domínios adjacentes da cultura, organização de concertos beneficentes, deixando, vir, de novo, à superfície o seu gosto pela música, poesia e teatro, num mesmo quadro de voluntariado socialmente aprovado para as senhoras. Latente, sempre, o culto do marido, simbolizado na sobriedade dos trajes escuros (em que se permitia o roxo e o cinza), ou no cuidado com que podava, por suas mãos, as rosas, com as quais ele se apresentava em exposições, (nunca filhos e netos, nem os criados (alguns ex- reclusos, pequenos ladrões mais ou menos regenerados) lhes puderam tocar). E no uso do seu apelido Aguiar… O nome que, hoje, descendentes de quarta e quinta geração continuam a usar, preterindo outros, do ramo materno e paterno, apenas por ser o dela. E não só por ter sido essa notável cidadã. Mais ainda, por ter sido a nossa Avó, a prodigiosa contadora de histórias, a grande matriarca, a força que reunia à volta da mesa na casa, que, sendo dela, era de todos, a família inteira, na intimidade das ceias de Natal ou nas festivas visitas do compasso pascal, em casamento e batizados e em todas as festas que se inventavam para estarmos juntos. Na mais completa fragmentação familiar, que se seguiu ao seu tempo, é ainda, afinal, a memória da Avó Maria Aguiar, que nos reúne, à volta do seu nome, numa árvore genealógica de afetos.

OS CAMINHOS DA POESIA - PREFÁCIO (2020)

exta-feira, 7 de agosto de 2020 CAMINHOS DA POESIA prefácio e meus versos OS CAMINHOS da POESIA O Prefácio e os meus versos Prefaciar a nova coletânea galaico portuguesa de poemas e de lendas, narradas numa toada poética, foi convite inesperado, que recebi como uma honra, e aceitei como meio de me associar, em simples prosa, a um projeto tão conseguido nos seus vários propósitos, confluindo harmonicamente na finalidade maior de fazer futuro de duas comunidades geradas numa mesma língua antiga. Gente há quase um milénio separada pelos acasos da História, e por uma mera fronteira política, sem que se haja desfeito a magma de uma unidade antecedente... Aqui, em cada folha, vem impressa a voz livre e impetuosa dos Poetas, assumindo o papel de atores sociais de uma reaproximação pela amizade, renascida e reforçada, de encontro em encontro, pelos Caminhos da Poesia, assentes no mais recôndito, amplo e consensual denominador comum, que é sempre a Cultura! Mulheres e homens, portugueses e galegos, qualquer que seja lugar onde nasceram ou habitam, as suas ocupações ou títulos académicos, estão juntos na consciência de pertença a um mesmo universo cultural em expansão. Cada um se apresenta de uma forma livre, alguns preferindo falar quase só pelos versos, outros dando-nos a síntese de "curricula" profissionais, breves traços biográficos ou uma simples saudação de irmãos.Partilham, essencialmente, a vontade de intervenção num mesmo movimento de fraternidade, institucionalizado, ou não, numa significativa pluralidade de grupos e tertúlias - movimento que das Letras, numa amável luta, parte para os afetos, e neles redimensiona, afinal, a própria identidade. Como diz a Poeta:"Veño dunha estirpe/guerreira, como a gran Boudice/levo no sangue a loita/as minhas armas são pluma e tinta" No "país lendário, que começou a norte e se estendeu a sul", o caminho do meu próprio sentimento de identidade galaico-portuguesa, fez-se em dois andamentos, primeiro nas visitas à Galiza, onde tudo me parecia familiar, veredas de aldeias, casas de pedra, a hospitalidade, a confraternização nas esplanadas e nas ruas da cidade, os rostos das pessoas e até a forma de falar, que entendia, espontaneamente . Mais tarde, rumando a sul, ao Algarve. encontrei, (Infinita surpresa...), pinceladas de exotismo na cor ocre das falésias, nas casas brancas de barras azuis ou amarelas, nos pátios mouriscos, nos modos de estar... E, assim, ainda menina, num simples olhar em volta, me apercebi de que Portugal, tal como a Espanha, (e não ao invés, como pretende uma certa corrente), é uma sociedade multicultural, de tradições, de reminiscências muito diversas (admirável diversidade!), que se constitui numa outra unidade, singular e indestrutível, no seu território e na sua Diáspora.Todavia, mil anos de fronteiras, em que a Nação Portuguesa se forjou em Estado, não lograram esbater as eternas afinidades naturais do norte com a Galiza, ou do Algarve com a Andaluzia...Sintonias que se somam, sem antagonismos... E é (e, nesta ordem de das coisas, porque não haveria de ser?) um poeta andaluz, Manuel Machado, que vem proclamar a Galiza "Espanha madre de la Espanha entera"... E nós acrescentamos: da Espanha, sim, e, ainda mais, de Portugal. Avançamos, tendo "por lema a poesia dunha mátria sen fronteiras"... Ou, como diz outro Poeta: "que Galícia sexa luz en Lisboa"/Luz que ven dos fillos das terras nosas" Um dos aspetos mais salientes e inovadoras desta terceira coletânea é a incursão nos domínios do nosso riquíssimo património lendário e mitológico, via privilegiada de uma demanda identitária, que anima o projeto poético coletivo. Aos Autores foi proposto que recriassem as nossas lendas, em versão de autor e linguagem de uma beleza e melopeia poética, e não admira que a ideia fosse tão apelativa e alcançasse tão abundante e excelente materialização! E, com ela, o trajeto se inicia mais atrás, mais perto das origens, em diálogo com a ancestralidade profunda da cultura popular, suas crenças, memórias, valores, enigmaticamente envoltos na penumbra do fantástico e do mistério pressentidos e anunciados. Foram, agora, convocados os Poetas na veste de mediadores da intelecção de uma vida primordial, que nos oferece o seu imemorial cortejo de deusas, espíritos, sereias, mouras encantadas, mágicas metamorfoses de homens e animais, trocando de pele ou de condição, o sobrenatural enlace dos vivos e dos mortos... Vestígios de histórias intangíveis que, sob a aparência do irracional e do absurdo, guardam a Verdade de outras idades. Há Poetas que, nesse relance retrospetivo, se interrogam: "Como teria sido essa outra vida/ vida que foi a nossa em outro tempo?"... E há os nos dotam de certezas: "Somos o Povo que fomos em tempos ancestrais"... Filhos da Suévia e do Miño co mar por padrinho”.E, antes de suevos, nos redescobrimos celtas, lusitanos, "querreiras e guerreiros, filhos da Deusa de que emana a vida", no imaginário, entrevendo as "Xacias" que: "Lapexan na Auga/no Miño e nos regueiros/bañandose nas pozas frías/enxugandose ao vento". Como Navia, a Deusa lusitana, e astur- galega, que se acolhe nas pontes, nas lagoas e rios... Presentes se fazem, vindos da Natureza, os espíritos: "materializados em chovia arribam nos vales /multitudes de espíritos a conviver aos mortais". E os mortos, fugazmente, reunidos aos seus, na súbita diafania das dimensões ocultas e espectrais: "abrense as portas entre o Alén e este mundo/e veñen as ánimas dos devanceiros/ camiñar entre os vivos… E, tão temidas e malignas, a norte e a sul do Minho, eis as bruxas, com seus "talismáns diabólicos": "Chegarón as bruxas vellas/ nas suas vassoiras rápidas como lóstregos/os gatos negros, as curuxas, os sapos". Quando não o diabo em pessoa, o "picaro diaño", um dia aparecido nas terras de Becerreá... Nas ingénuas estórias do ilógico e do impossível pode assomar o lobo bom que fala à menina assustada, a jovem transmutada numa "serva branca", que só na morte recuperará a forma humana, a moura capaz de comer, todos os dias, um boi inteiro, e a outra que, com o filho ao colo, transporta a pedra colossal, a "pedra má"…Ou a xacía, que "ergue castelos na area/entre colo de lúar", e uma outra "loira e fermosa, que vive nas augas do Miño"... Muitos dos nossos “Poetas-contadores-de-lendas” buscaram inspiração no legado mitológico das suas terras:Teixido, de onde trarás, com o amuleto, a "maxia por sempre contigo", Béade e a sua moura Mariña, que ali toma marido, a Feira, e o castelo da Princesa Lia, enamorada de um gentil mouro, Serradelo e o seu São Caetano, pronto a castigar os ímpios com a fúria dos temporais, Tabuado, onde se lembra como San Cristovo perdeu a capela votiva, Silvalde e a Bicha das sete cabeças, pelo povo cortadas, uma a uma, ou ali perto, em Esmojães, o vilão Catafula, herói improvável, morrendo em glória, na resistência ao invasor gaulês. Do mesmo modo, mais remotamente, o domínio romano em terras galaico- portuguesas permanece viveiro de Imortais, os bravos de Castro de Medeiros, o insubmisso Viriato. a merecer alturas de epopeia, a ardilosa donzela de Monsanto sitiado, qual outra Deu-la-Deu, a derrubar a força pela astúcia. Na luta hábil contra um Poder maior e prepotente, o mesmo alcançam as duas padeirinhas, no fogo do seu "forno sagrado" sacrificando o vil alcaide... No sulco histórico de uma religiosidade bárbara se insere a Lenda do Ferro em brasa, e, também, numa trama de contornos pitorescos, a do Galo de Barcelos, em ambas as ordálias, a justiça divina sobrevindo pelo milagre. Mais milagres revisitamos numa variante da saga arturiana da procura do Santo Graal, acontecida na capela de Cebreiro, onde se guarda "o cáliz e o relicário/dentro de duas ampolas/ feitas de vidro e de prata". E o suave "milagre das rosas" da Rainha Santa, que por ele, é mais venerada do que por feitos muito concretos, justificativos da mesma consagração de uma grande mulher política e paladina de uma Igreja dos pobres,segundo a doutrina joaquimita. Do repositório lendário desta coletânea, referência ainda à singeliza da narração da vida e morte da "Vella Maruxa" , no andar dos seus últimos passos: “Marucha silente no seu camiñar/passiño a passiño achega-se al mar"... Tantas são mulheres viventes neste outro universo!...Bem se podem dizer que, no feminino, sobejam em crónicas mitificadas, e, mais latamente, no imaginário poético, as figuras e os feitos extrordinários, que faltam nos anais da História, de onde andam desaparecidas. Em tão original antologia, onde a Verdade, mitos, anseios e medos se abraçam em versos, que percorrem séculos ou milénios, num virar de páginas, a actualidade sofrida no planeta inteiro, neste ano fatídico de 2020, é assinalada com a curiosa introdução da palavra COVID, no léxico poético. A peste do século, que leva os homens como “bolboretas” deixadas no "almacén dos mortos"! Um apocalipse: "feche-se a gente e todos os eventos serão cancelados"... Um pesadelo: "Vinte dias do ano vinte vinte/Vinte dias sem abraços, sem beijos...".quedando-se "os amantes em quarentena"... Contudo, os Poetas da distopia dividem-se entre sentimentos de finitude ("Suspende-se a vida. Vive-se a morte"), e a sua denegação:("Confinado fisicamente/ mas livre como uma ave")... De semelhantes contrastes se vai compondo o roteiro desta longa e variada viagem, entre paisagens do mundo exterior ou interior, paisagens de alma... Há os que conseguem "atravessar o mundo inteiro/nesta, mais uma, página do diário da vida" e os não encontram o seu rumo: "Perdi-me num ir e vir de sentimentos, vividos, sufridos". E aqueles que vão além dos limites da perda, porque lhes deixa "tão pouco que torna o nada enorme"...Os que à noite pedem: "abreme a friesta/que quero ver as estrela", Os que nela se quedam: solitários "O silêncio tomou conta da noite/Já entrouhá tanto tempo na nossa casa"... E os que tomam conta do quietude: "Não quero ruído que destrua a voz deste meu silêncio" Falam a muitas vozes os poetas...ouçamo-los!. Os Poetas do Mar... Mar, fonte inesgotável de inspiração no "mundo de marinheiros", que é o nosso... "E o mar! Miña querida/ Noiva de sal e espuma (...) Cántate cual sereia/en rocha firme retida". Assim começa o dolente poema dedicado aos que no mar ficaram... Em mar se volver é utopia de grandeza, que em verso se permite: “Eu nacín sendo regato/Soñando com ser u mar/Dormir contando as estrelas/ E vendo a lúa brillar” (...) Ninguém podera parar/os soños e a fantasia/ e ainda muito menos/se istos son poesia". Mais triste é o mar sem horizontes, no claro-escuro de areia e bruma: "macera este mar...a areia e a bruma que encerra noites longas". Tantas são as formas de o cantar, "mar de letras, sonho de ideias"... Os Poetas da Terra... Os Poetas da Terra, de Natureza fecunda e graciosa, estão, hoje, mais a norte do que a sul do Minho - labregos, filhos de labregos (no sentido nobre da palavra, que se desvirtuou num Portugal a abandonar, na miragem da cidade ou na dura saga da emigração, os seus campos e aldeias). Na Galiza muito do que viram os olhos da Poeta, que é a maior de todos, ainda nós o poderemos ver e sentir :: "Cheira a ti, Rosalia/Cheira a tua presença/ á tua vida, ao teu leito/ É tudo teu, é tudo nosso!". São "aldeiñas de choros e risas", aldeias ainda vividas, não apenas sobreviventes na memória : “terra, terra/eco da vida que nos guarda a auga/que âncora as nosas árbores/e que espera a fin dos nossos corpos/ terra amada/lugar/orige/pátria/terra/terra/terra”. Campos onde a vista se espraia em contemplação: “baixo un arbore cansado/de corroída corteza/sintome enamorado/de toda a Natureza”. Numa Galiza, para sempre "chea de sacras ribeiras regadas pela auga dos deuses/ a reverter de arte, de música e de grandes festas". Desta vida não se apartam: "non me leves/ ao teu mundo/ que nel/ non quero ficar". À mulher se pede: "nunca marches da terra/porque tu eres a terra/ da nossa amada terra Galega". Mulher, Mãe:: "Serás madre, emerxente de súa raiz/encherás os espaços ocos, os movementos /de sempre, as formas, o recanto no fogar . À cidade. chegou o outono: "Só este sentir Portuense/do Outono que chega e te leva/ só este lamento... O Porto, de onde sempre se espera novas da Galiza, porque "é de lá que sopram/os ventos da esperança" Os Poetas do Amor O amor em que se gerou a lírica galaico-portuguesa: "Non me pídas a lúa a que non chego/ Pídeme amor, amor sinxelo". Amor que se quer reviver: "Tenho saudade do amor que era/ Mas quem sabe possa ainda ser" ..Ou de que se morre: "cando vexo que se morre/ por a pessoa querida/xa sei que é poesia".Amor sem limites:."Amar, só amar-te a construir/amor e mais amor no amor já feito". Amor universal: "querer amar os outros, com o amor que nos temos".Amor de uma galega por Portugal: "Deixei lá um bocadinhos de alma"... Os Poetas do Caminho "Posso mostrar-te o instante para além do instante?" No tempo e no espaço, a caminhada não terá fim.. “A ponte que me leva/ é infinita/ando correndo nela/mais non chego”: A ideia do longe, que não se alcança, pode bem ser a força que nos leva em frente: “vagabundo de sonhos/quanto mais os estreito/mais deles me aparto"..É preciso, apenas, dar ao caminho o sentido das nossas causas: "O Poeta olha-se ao espelho e vê o mundo/Veste-o com os sonhos replicados dos seus". Causas e crença: : "creo firmemente que a poesia transforma o mundo e faino muito mellor"... "Em cada poema que deixámos voar"! .. Citações colhidas um pouco ao acaso, que mais não pretendem do que salientar a pluralidade de leituras a que a coletânea nos chama - não apenas a puramente literária, que não esteve no centro destas breves considerações, mas, também a etnográfica, política, (na sua sede eminentemente cultural), a feminista (tantas são as mulheres, nas suas faces humanas ou divinas... ), histórica - num duplo olhar retrospetivo e prospetivo, Acompanhando os que pensam que a história que mais importa é a do futuro, sublinharemos o papel que vem assumindo, a publicação anual das coletâneas, lançadas em magnas assembleia de Poetas, alternadamente, na Galiza e em Portugal. Por elas, pela Poesia se faz a prova da existência desta comunidade de iguais, cheia de afetos e de sonhos, que habita em todo o espaço das línguas nascidas do mesmo tronco, movida pela força matriz da Galiza e, (como diria Pessoa), por um Ímpeto de Portugal.