segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Para Isabel Saraiva

Com este precioso livro que pertence mais do que a duas línguas, ou a duas artes, verdadeiramente a dois mundos, vem agora Isabel Saraiva abrir novas vias de diálogo intercultural luso-nipónico,  Com os seus poemas, a sua pintura...

Como escrevia Wanceslau de Morais," a pintura japonesa é como uma invocação [...] é como se dissesse que aquele pincel inteligente, não pinta, pensa e recorda".

As aguarelas suavemente polícromas e as estrofes breves e significativas dos poemas "hai-ku" de Isabel Saraiva convertem-se em talentosa invocação de um passado longo de atração recíproca entre dois países  e dois povos que tantos mares separam. 
 
 São, assim,  como que uma nova viagem por espaços que guardam memórias de naus e caravelas, do primeiro encontro desse pequeno junco perdido na tempestade, que, por providencial acaso, aporta em ilha tão acolhedora, da primeira "embaixada" que de Nagasaki, em 1582,  trazia dois jovens, os primeiros japoneses a verem à Europa...
 Nas viagens, se foram construindo pontes feitas de afinidades redescobertas, de convergência da visão de coisas essenciais - olhares e expressões que se cruzam num inesperado entrelaçamento de culturas, num mesmo sentimento de admiração pelas infinitas singularidades do outro, numa vontade de compreensão e de intercâmbio...
Nela se funda a amizade multissecular, indestrutível, entre o Portugal da odisseia  marítima e o "Dai Nippon", que a geminação do Porto e Nagasaki, cidades antigas e modernas, renova e simboliza.
Nas palavras de Isabel Saraiva,:

Traço de arco de uma ponte
comércio de olhares
 - rostos serenos

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