quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Defesa de Espinho entrevista

 Em jovem uma das frases lapidares que me servia de lema era esta: "E mesmo que o mundo terminasse amanhã, eu continuaria a plantar as minhas árvores".
Trata-se aqui de um fim de mandato anunciado, que obedece ao mesmo lema -o trabalho é para cumprir, com o mesmo gosto, até ao último momento. Sairei em princípios de Julho, e, até lá, muitas coisas vão acontecer.

É uma decisão por razões pessoais, mas num sentido que não é aquele que os políticos costumam evocar em ocasiões semelhantes.
Não se trata de ir "gozar a vida" nem de trocar este lugar por outro qualquer - até porque é extremamente aliciante. E, para mim, os mandatos são para levar a bom termo - em mais de 30 anos de vida política, é a 1ª vez que deixo um a meio...
Por razões pessoais, no sentido de não estar habituada e de não me adaptar ao "sistema de governo", a nível local. Estive no governo do País durante cerca de 7 anos, em duas diferentes Secretarias de Estado e em cinco governos da República, sendo três deles de coligação. Habituei-me a ter o meu espaço de decisão, delimitado evidentemente, pela delegação de competências do Ministro. Dentro desse espaço, tomava as decisões como queria, ao meu ritmo, à minha maneira, com os meus colaboradores, que só de mim dependiam, com livre gestão dos meios humanos e patrimoniais ao meu dispôr, isto é, com as minhas prioridades. Não sei nem gosto de trabalhar de outra forma. Nas Câmaras, tudo se complica, multiplicam-se os centros de decisão, retirando à função muito conteúdo e autonomia: o pessoal é com um vereador, a comunicação social ou o orçamento é com outro... Impossível, por exemplo, o vereador da Cultura decidir o simples "design" de um cartaz para um evento organizado pelos seus serviços... Ou a transferência de um funcionário. Ou o cuidado dos terrenos circundantes de um qualquer dos edifícios emblemáticos da Cultura (veja-se caso do FACE, que, neste aspecto, é o mais esquecido...).
Isto não é para o meu feitio - eis a minha "razão pessoal" para sair.

`É uma pergunta difícil, para a qual eu própria não tenho resposta. Sabendo da resolução há muito tomada de abrir caminho à minha sucessora, acho que, poderão entre, outras motivações, ter querido mostrar que não há problemas de natureza pessoal entre nós, o que é verdade.
O diploma vem também assinado pelo Dr. Luís Montenegro, que eu considero um "velho" amigo e por quem tenho uma grande admiração. Mas, devo acrescentar que, embora seja um conhecimento recente e de tipo institucional, o relacionamento com o Dr Pinto Moreira e com os seus vereadores é excelente. (entendo-me, como disse, bem com as pessoas, mas mal com o "sistema".
Posso afirmar que não esperava a homenagem, mas, que de facto, teve um significado muito especial, por ser de Espinho.
Não escolhemos o lugar para nascer, mas podemos escolher o lugar para viver. Eu escolhi Espinho, muito embora também goste muito da minha terra de origem.
Antes de me radicar nesta cidade, em definitivo, há quase 40 anos, já Espinho era, desde sempre, o meu paraíso de férias, de mar, de cinema... de liberdade!
O tempo mais feliz em cada ano, desde o primeiro, aqui era passado!

Homenagens A título póstumo, às Doutoras Isabel de Sousa e Beatriz Matos Fernandes.

 O Museu, o Forum vão fazendo caminho e história cultural em Espinho. Mas é ainda apenas o modesto início da trajectória de vivências que se deseja...
Desde o verão de 2010, grandes artistas plásticos têm encontrado o seu público no Museu, nas Galerias agora chamadas Amadeu Souza Cardozo. Até então, por muito bons que fossem, ali ficavam na solidão de um magnífico espaço pouco frequentado pelos espinhenses. Temos assistido ao "cruzamento das artes" ali mesmo nas galerias, com boa acústica convidativa para concertos: os duetos com os violinos Domingos Capela, bandas, Jazz, a Camerata Novnorte, que se anuncia como mais um grupo "residente, depois da Banda de Espinho e do Teatro de Marionetes Mandrágora. Talvez, em breve, se concretize um outro interessante projecto, no domínio do jazz... A instalação de uma delegação do Museu Nacional da Imprensa, com uma vertente de imprensa regional e dos media da lusofonia e da emigração, depende apenas de questões orçamentais, para acontecer... E tem havido "workshops", cursos de fotografia, de pintura, concertos, debates, colóquios... Recentemente, a sessão comemorativa do 2º aniversário do Jornal "As Artes entre as Letras".
Umas coisas, ou umas pessoas, foram trazendo as outras. O espaço é tão bonito, que cativa e as ideias, as propostas surgem, assim, numerosas...
Para o 2º aniversário do FACE enchemos as salas ainda vazias e os átrios, com magníficas exposições temporárias. É um período transitório, em que as potencialidades estão à vista...
Mas acho que fazem muita falta as cafeterias, ainda nem sequer colocadas a concurso. A verdadeira vida do FACE, com os seus recantos de convívio e tertúlia, começará depois...

O Dr Carlos Gaio e as duas Senhoras, que já lembrei, como merecedoras da nossa gratidão! Perdas imensas para a vida cultural da cidade, para a própria Câmara, que, serviam, com diferentes estatatutos, mas igual mestria e dedicação.
A Drº Isabel, a drª Beatriz trabalhavam directamente comigo. Não imagina como , ainda hoje, sinto a falta delas em cada nova reunião de trabalho, à volta de uma mesa redonda - que era sempre como preparavamos os planos a desenvolver (de facto e não só simbolicamente). Eram amigas, como continuam a ser a Drª Idalina ou o Dr Bouçon. É um espanto haver na administração local gente de tanta qualidade!
No pelouro da cultura, são muito poucos, mas muito bons!


 O público acorreu ao Largo da Câmara: um verdadeiro "mar de gente"! E a qualidade das Estátuas, nomeadamente das vencedoras, justifica a fama que Espinho se arroga de ter o 2º melhor festival do mundo.
Para darmos o salto qualitativo e alcançarmos a internacionalização do festival, ultrapassando tudo e todos, é preciso investir em convites para a participação dos estrangeiros mais premiados. E os nossos, também é necessário levá-los lá fora. Es Espinho, muitos oriundos do teatro ou do bailado, abundam talentos!

 Um dos meus objectivos, no início de funções, era, para além de fazer coisas inéditas, continuar, prestigiar, desenvolver os grandes eventos que marcavam já o calendário cultural em Espinho. Julgo que isso foi conseguido. Aí estão, capazes de se renovar e de crescer, ainda à espera do que falta, que é ganhar nome e dimensão fora das fronteiras da cidade...
O mais incrível é que seja uma equipa de apenas 4 pessoas (a Drª Idalina Sousa e três colaboradoras) a organizar todos estes festivais - marionetas, "Tucá, tu lá", Estátuas vivas, Body painting (pela 1ª vez!), "Vir a Banhos", Cinanima (em parceria), para além de muitas outras acções, que seria longo enumerar.
E no Museu, no Arquivo, a situação não difere muito... Na Biblioteca José Marmelo e Silva, veja-se, por exemplo, o esforço colectivo posto na transferência do espólio das velhas para as novas instalações... No que deste serviço dependeu, para a abertura da nova sede, não foi preciso mais de um mês...
Poucos, mas fantásticos!

 É verdade que a minha vida tem sido uma correria pelo mundo, sem pausa para descanso... A última é mais uma acção de divulgação da exposição "Rostos da República" - no feminino - acompanhada de uma conferência sobra o feminismo português na 1ª República.
Aquela exposição e o seu catálogo em duas línguas, são notáveis realizações da "equipa do Museu", que seria pena deixar fechada numa arrecadação... Tenho procurado a sua divulgação, dentro e fora do país. A componente dos rostos femininos já foi apresentada no Museu Martins Sarmento em Guimarães, no INATEL do Porto, seguindo em breve para o Município de Arcos de Val de Vez.
Uma outra série de paineis(de perfis de homens e mulheres) está em circulação em França: da cidade geminada de Brunoy (maison des Arts), transitou para o Palácio da Cultura de Puteaux, para a sede da CGD nos campos Elísios, encontrando-se, agora, na delegação da CGD junto à Opera de Paris. É, também, para além dos seus fins didácticos, um cartaz turístico e cultural de Espinho, pois no estrangeiro, juntamos-lhes, naturalmente, cartazes com informação sobre a cidade.

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