quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

VIVER O NATAL, em 2010

Em cada ano temos de preparar um Natal diferente, capaz de dar resposta aos problemas que se colocam na sociedade em que convivemos, em situações que de nós exigem decisões e gestos muito concretos.
O Natal, como sinónimo de nascimento, como símbolo de esperança de mudança e vontade de busca de novos caminhos e novos relacionamentos, parte sempre do ponto em que estamos e vai em direcção a projecto que queremos cumprir.
Em 2010, o tempo é de incerteza e de maus presságios na velha Europa, e muito em particular em Portugal. A União Europeia mostra-se desunida, parece prestes a abandonar Estados que a bordejam a sul e a oeste, em risco de comprometer os princípios e ideais que presidiram à sua fundação e de se perder como o todo de solidariedade e cooperação, que ainda é.
Há já quem profetize para o curto prazo a falência de alguns Estados e o dramático empobrecimento dos seus Povos - com a “crise” de que tanto se fala, a recessão, o desemprego, a miséria, o êxodo provável, como única saída... É a ameaça que pesa sobre o desnorte e a inabilidade da gestão financeira dos governos mais frágeis, como se mostram os do sul da Europa. De volta parece estar o pior do nosso passado secular de emigração forçada pelas circunstâncias, que se julgava definitivamente vencido, e que, afinal, vem agora lançar uma sombra de fatalidade sobre os horizontes de futuro imediato.
Há muito não havia um Natal assim… Para gente da minha geração, e, naturalmente para as mais jovens, é, na verdade, uma conjuntura inédita, que não pode deixar-nos de braços caídos. Bem pelo contrário. É em tempos como este que mais preciso é acreditar e agir - acordar para uma realidade em que temos de dar a medida da nossa consciência social, do desprendimento das coisas acessórias e da imaginação e energia na criação de formas e estruturas de apoio aos que necessitam. Multiplicam-se já as iniciativas da Igreja Católica, e de muitas instituições beneficentes.
É urgente pôr em prática a mensagem idealista do Natal: fraternidade entre os Povos, entre as pessoas, com a esperança de que o seu exemplo contagie os poderes constituídos - os Estados. Talvez a Europa ainda consiga reencontrar-se na União. Talvez a nossa preocupação connosco nos torne mais sensíveis para com as carências dos povos de todo o mundo… Talvez a CPLP, com o Brasil em posição central, possa tornar-se num novo paradigma de cooperação. Talvez Portugal consiga acordar forças inertes para fazer reformas profundas na sua realidade, como Nação e Estado.
Talvez o próximo Natal possa, na situação que se afigura a pior, transformar-se, no melhor momento para reagir, para apelar à boa vontade e generosidade, pelas quais passa a única saída possível. É preciso viver o momento com a capacidade de mudar as pessoas, por dentro, para mudar o mundo, por fora. Só assim acontecerá o Feliz Natal 2010, que a todos desejo, com amizade.

Maria Manuela Aguiar

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