domingo, 21 de março de 2010

O "centenário" da Deolinda Adão, em Berkeley

Pela mesma lógica, posso dizer assim.
( o "meu" centenário de Espinho, o "centennial"
dela na Califórnia...).
Se não fosse a iniciativa da Deolinda não teria, com certeza, havido uma comemoração em Berkeley, integrada no programa nacional.
Que eu saiba, isso não aconteceu em mais nenhum lugar do mundo, fora do nosso território. Deus queira que aconteça - seria excelente, como sempre é, quando se olha a história, com preocupação de saber e de guardar ensinamentos...
É claro que, depois da Deolinda ter a ideia, não faltam homens ilustres para com ela partilharem os louros. Nada de mal nisso. O importante é que as coisas aconteçam!
Acho que a Deolinda assim pensa, também.
E no que respeita à inclusão do tema das "mulheres na república", o mérito é 100% dela - e, se calhar, sem grande entusiasmo dos parceiros masculinos...
Não podendo a Drª Mª Barroso estar presente, por causa do acidente (pois para Berkeley não se pode ir de comboio...) a Deolinda e eu fomos as apresentadoras da "questão de género" - ela no que concerne às mulheres de Letras, eu às da política (as minhas queridas, e inspiradoras sufragistas).



6 comentários:

  1. O Centenário de Berkeley (Departamento de Estudos Portugueses e Espanhois, Centro de Estudos Europeus) teve o apoio da Comissão Nacional, da FLAD, da Luso-American Educational Foundation e de outras várias entidades.
    Foram "co-chairs" o Professor Emérito Richard Herr, grande especialista de história peninsular (sobretudo espanhola, mas também portuguesa) e o Prof António Costa Pinto, que eu só conhecia dos debates da TV (um dos meus comentadores preferidos!).
    Em simultâneo, realizava-se a conferência anual da Luso-American, voltada para professores de português, da qual eram co-chairs a Prof Deolinda e o presidente dessa fundação.
    Na 1ª fotografia estão ambos em 1º plano, conversando.

    ResponderEliminar
  2. Disse-me a Deolinda que tanto poderia falar em português como em inglês.
    Pensei que havia tradução simultânea, mas não...
    E, embora a maioria, incluindo os americanos, fosse bilingue, alguns não eram e toda a gente optou pelo inglês. Não quis ser a excepção. Mas isso causou alguns problemas, em matéria de "timing", porque fazia muitas citações em português e mantive-as no original, traduzindo-as de seguida. Como de costume, tinha apenas notas, nada escrito, e por isso acabei no período salazarista, sem chegar ao 25 de Abril. Em boa verdade, não foi grave, porque o meu tema era mesmo a 1ª República...

    ResponderEliminar
  3. Não comecei à americana com um toque de humor,
    mas acabei mais ou menos nesse tom.
    Quando me deram a notícia de que os meus 25 minutos estavam esgotados, pedi só mais um minuto, para "acabar" com Salazar:
    "Let me finish with Salazar!"
    Todos ficaram bem dispostos...
    E afinal o ditador foi mesmo quem deu o direito de voto (restrito, embora...)às portuguesas.

    ResponderEliminar
  4. Para mim, era importante dar voz àquelas mulheres
    extraordinárias, na sua própria língua, que ali quase todos entendiam.
    Não tive tempo, "em cena", mas em conversa de tertúlia, lembrei a sessão parlamentar de 8 de março de 1988, em que as deputadas de então deram justamente voz a essas precursoras, a quem o mundo político, isto é, o hemiciclo de São Bento foi sempre vedado.
    Uma sugestão de Natália Correia, aceite com entusiasmo, na Comissão da Condição Feminina, a que, então, eu presidia.
    Pessoalmente, consegui escolher quem queria: Ana de Castro Osório.
    Natália, a brilhante autora da ideia, preferiu fazer-nos uma surpresa e recitar um poema seu, dedicado às Mães. Esplendor em S. Bento!
    Que saudades do tempo em que havia Natália no parlamento...

    ResponderEliminar
  5. Por coincidência, Natália foi uma das escritoras presente na intervenção de Deolinda e já antes, em Newark, Glória de Melo recitara o famoso "truca-truca" - embora não soubesse que fora feito, de improviso, no hemiciclo, em resposta a um deputado ultramontano, do CDS, chamado Morgado!
    O debate era, salvo erro, sobre procriação e aborto...
    Segundo Morgado, sexo (truca-truca na linguagem da deputada poetisa) só para procriação... Como o Morgado tinha apenas uma filha, logo se imagina o que lhe disse Natália, em forma poética...

    ResponderEliminar
  6. Na última foto, eis-me com o emérito professor Richard Herr, no almoço de despedida.

    ResponderEliminar