sexta-feira, 27 de novembro de 2015

FUNDAÇÃO AFRO LUSITANA

A Fundação Afro Lusitana foi um projeto pioneiro, inspirado por António Vilar, nos anos que se seguiram ao processo de descolonização, sinal de um tempo promissor de igualdade e democracia. Hoje, pode ser um precioso instrumento de diálogo e cooperação entre povos que tem, para além de um longo passado, um infinito futuro para viver em comum. Facto novo é, agora, o recrudescer de movimentos migratórias nos dois sentidos, de Portugal para a Africa lusófona e vice versa - para além das antigas e recentes comunidades de imigrantes cabo-verdianos entre nós, os portugueses procuram Cabo Verde, Moçambique, e, em grande número, Angola para trabalhar e investir. De um modo geral, a circulação de pessoas e bens, os empreendimentos e intercâmbios intensificam-se, um pouco por todo o lado, em cinco continentes, no imenso espaço geográfico, cultural, económico da lusofonia.
Este é mais o nosso mundo do que qualquer outro daqueles a que pertencemos, em razão de diferentes afinidades, ou, simplesmente, interesses e contingências.
Este é o mundo da nossa família mais próxima e natural, a da língua, a da história multissecular- família dispersa na distância, que as migrações têm o poder de reunir em insubstituíveis laços fraternais, libertos de ditâmes políticos ou de vínculos de dominação. Acredito que a sociedade civil pode, assim, aprofundar um paradigma de convivialidade, e, com ele, influenciar o melhor relacionamento das instituições públicas e dos governos entre si
A CPLP só ganha em ser, primeiramente, uma comunidade de povos, para ser, depois, uma verdadeira comunidade de países, dinâmica e atuante. E a Fundação facilmente se enquadra na construção da primeira, visando a estruturação da segunda, como força de paz, de tolerância e de bem-querer, num novo século tão carente destes valores civilizacionais.

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