segunda-feira, 7 de maio de 2012

ACADEMIA DO BACALHAU DE PARIS . encontro em Puteaux

Fui, desde a primeira hora, uma incondicional admiradora das Academias
de Bacalhau. Ou seja, desde a tomada de conhecimento do modelo
associativo que representam e do primeiro contacto com  os Fundadores
da Academia "mãe de todas as outras", que é a de Joanesburgo. Foi o
próprio Dr Durval Marques quem me explicou o modo de funcionamento, os
grandes objectivos e as grandes realizações que, já então, numa fase
ainda inicial, levavam a cabo os auto denominados "Compadres".
Estava, sem sombra de dúvida, perante um desenvolvimento absolutamente
original e extraordinário do movimento associativo português na
Diáspora. A ideia era genial: partir do convívio de amigos, festivo e
informal, enquadrado, porém, em rituais inspirados em divertidas
"praxes" de inspiração académica, para recolher fundos que permitissem
responder a projectos culturais e a necessidades e problemas sociais
sentidos na comunidade. Mas, claro, não bastava a "ideia" - para lhe
dar vida eram necessários os "idealistas". Ora, felizmente, desde o
momento da criação da primeira Academia até aos nossos dias, foi o que
nunca faltou!
As Academias não precisam ,para funcionar, de sedes de pedra e cal -
elas estão onde está a sua gente, actuante e dinâmica, pronta a reunir
em encontros que podem acontecer em qualquer lugar  - à imagem do
próprio País, que é mais a sua Cultura, a coesão de um projecto
nacional, o seu Povo, a sua Diáspora, do que o seu pequeno
território...
Achando o esquema perfeito, não podia, porém, nessa época, adivinhar o
crescimento e a dimensão universal que este paradigma associativo
assumiria no futuro. Uma feliz evolução, que se iniciou, de uma forma
espontânea e natural, quando emigrantes regressados da África do Sul
trouxeram consigo a boa tradição convivial e benemerente das
Academias, que logo se espalharam pelo País. E, nesse "élan", não
pararam nas nossas fronteiras geográficas, depressa chegaram às
comunidades da Diáspora. E aqui assumiram um papel singular e
verdadeiramente único no domínio do movimento associativo português,
que é forte por todo o lado, grandioso, mesmo, em vários países e
continentes, mas ao qual faltava, o que existe nos outros países
europeus de emigração: a vertente de diálogo e de ligação
internacional entre comunidades dispersas no mundo inteiro.
Hoje, os Congressos das Academias do Bacalhau são verdadeiros
congressos universais de Portugalidade, de afirmação da cultura e da
solidariedade.
Que fantástica história de sucesso!
E como mostra virtualidades de responder aos desafios dos novos
tempos, em França, na Europa e em outros continentes, agora que emerge
uma emigração portuguesa tão diferente da que marcou o século XX!  Uma
emigração inesperada (pelo menos para alguns, para os mais desatentos)
nas características, no volume, na forma de de relacionar com a
sociedade de destino e com a terra de origem.
O associativismo tradicional tem o seu lugar, com um património
histórico e uma capacidade demonstrada de estruturação da vivência
colectiva de muitos, mas novas fórmulas são essenciais para trazer
outros, também muitos e cada vez mais, para a vida comunitária. A
Academia da Bacalhau de Paris está numa verdadeira "linha da frente"
para atrair e congregar uma nova geração de mulheres e homens, capazes
de grandes empreendimentos pessoais e, também, colectivos, se tiverem
ao dispor os instrumentos adequados.
Foram momentos inesquecíveis, os que passei, com os Compadres e
Comadres da Academia de Paris numa dessas belas Associações, que chamo
"tradicionais", em Puteaux, e espero que encontros nas "casas
portuguesas" da Diáspora possam, assim, prosseguir - em boa harmonia e
cooperação.
Agradeço essa oportunidade de convívio inesquecível, e também, a de
lhes poder dar a minha visão pessoal da importância de todas as
"Academias" e da de Paris em particular.
Celebrar alegria de viver, num círculo de amigos, e fazer beneficência
e progresso no círculo alargado dos que de nós precisam, é um belo
projecto, que convosco partilho.

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