Escrevi há dias que há qualquer coisa com o Futebol Clube do Porto que transcende
o Futebol Clube do Porto! E há! Tanto assim é que no ultimo Domingo, de Paços de
Ferreira, chegou ao seu nicho perpétuo e exclusivo na Nobre Cidade Invicta mais
um luzido Troféu -- beijado mil vezes durante a curta viagem -- , que veio afagar os
portistas com a maviosidade de um “oceano de algodão”, fazendo-os sentir melhor
de alto a baixo, por fora e por dentro, abrindo-lhes o apetite sem os ares do Caramulo,
incitando-os a sorrir “à Hollywood”, ajudando-os a adormecer como santos, aliviandolhes a depressão sem recurso ao comprimido.
Sei o que digo porque, por exemplo, nos anos 60 do século passado -- graças ao meu
gloriosíssimo Sport Lisboa e Benfica e não obstante haver decorrido uma “eternidade -
-, recordo-me de haver sentido a mesma doçura do tal oceano de algodão a afagar-me, a
convidar-me a dormir como bebé, a escudar-me contra o temível prejuízo do abatimento
moral, pois os campeonatos, as grandes vitórias e a superioridade nos estádios brotavam
em jorro desse meu inesquecível e tão saudoso Benfica. E eu, graças ao inigualável e
imortal Eusébio -- e quejandos -- sentia-me no Everest …
E o Futebol Clube do Porto, a meu ver, conquistou a nossa última prova maior com
pezinhos de lã, assim como quem não quer a coisa, como se nunca quisesse ganhá-la,
deixando para o fim, quase até o ultimo instante, o assalto letal à carótida, a erupção
vulcânica, o dramatismo da peça teatral, não sem que do Dragão não tivesse soprado,
ora hoje ora amanhã, como “aviso à navegação”, um escaldante “siroco”, anunciando
a probabilidade de nova conquista, determinada inexoravelmente ou por inelutável
fatalismo ou pela real valia do competidor.
Prevaleceu a última.
Com o abraço de sempre de um vaidosíssimo benfiquista, filho de um Portista, para uma
apaixonadíssima portista, filha de um Portista.
Edmundo Macedo
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