quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

Inauguração Biblioteca

Este é, certamente, um dia para a História de Espinho. Antes do mais, porque, na data do centenário do seu nascimento, prestamos homenagem a José Marmelo e Silva, na Biblioteca, à qual de hoje em diante dá o nome. Um nome, como teria de ser, com um grande significado para nós: o significado da pertença a Espinho de um génio das Letras portuguesas, que foi também um exemplo de afirmação da cidadania em tempo de ditadura e que soube fazer da escrita uma via de transformação da sociedade e de dignificação da condição humana. Podemos dizer, com todo o rigor, que o distinguimos desta forma, que o escolhemos, porque primeiramente, ele mesmo nos escolheu – elegendo Espinho para viver e conviver, para ensinar gerações e gerações de jovens, para compor obras-primas em língua portuguesa. Fizemo-lo por decisão unânime do Executivo da Câmara Municipal, a revelar a consciência havida da dimensão cultural que José Marmelo e Silva acrescentou à cidade, como Espinhense no afecto e na vivência. E queremos prolongar este acto de comemoração, simbólica e exultante, num reencontro incessante, quotidiano com o pensamento, a escrita, a mensagem deste Autor que vale a pena ler e reler. Vale a pena conhecer melhor o Homem que ousou denunciar o imobilismo - a trave mestra do regime - cumprindo a sua parte num afrontamento sem medo aos limites impostos, porque, como lucidamente enunciou, “a anquilose atinge um povo, como uma pessoa. Atinge a humanidade (não havendo quem se oponha) ". O Autor que, na expressão de um dos seus personagens mais comoventes, na hora de maior infortúnio, nos deixa uma exortação que serve qualquer tempo e qualquer lugar: “Tende esperança! Tende esperança!” Mais ou menos utópica ou realista é sempre de um pouco de esperança que se alimenta a vida. Foi José Marmelo e Silva quem nos disse: "a vida... que coisa contrastante e apesar de tudo irresistível”.